Discurso durante a 134ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Insatisfação com as recentes notícias de corrupção na Petrobras.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CORRUPÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).:
  • Insatisfação com as recentes notícias de corrupção na Petrobras.
Publicação
Publicação no DSF de 17/09/2014 - Página 22
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CORRUPÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SENADOR, DEPUTADO FEDERAL, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ASSUNTO, CORRUPÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), DEFESA, INSTAURAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Wilson, Senador querido que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, Rádio, TV, Agência Senado, Jornal do Senado, senhoras e senhores, eu venho rapidamente, aqui, Presidente, para dizer da minha tristeza com os últimos acontecimentos de que nós estamos tendo notícia através da imprensa, no caso, da Petrobras.

            Não se passa, neste País, um mês sem termos uma notícia ruim para o País. Não é bom para a oposição, podem ter certeza. A oposição não está contente, o meu partido não está contente com o que está acontecendo, nós estamos sangrando porque é a imagem do Brasil, é a imagem do político brasileiro, do homem público que está sendo desgastada. Agora, até quando nós vamos assistir ao que estamos assistindo?

            Eu hoje, quando vejo o Senador Cristovam dizer que já foi do PT, até entendo por que ele não está mais nesse partido; porque o PT tinha uma origem a que nós rendíamos nossas homenagens, um partido de oposição, mas era uma oposição consistente naquela época, e aos poucos ele foi mudando.

            Hoje nós vemos o nosso País enlameado, e aqui eu assisti, nesta tribuna, a defensores do Governo, Senadores do Estado de Pernambuco, dizendo que era um ato político que a oposição estava fazendo com o caso da Petrobras. E agora nós estamos vendo qual é o ato político. Que era eleitoreiro. Eleitoreiro? Nós estamos vendo o que está acontecendo. E nós temos que esclarecer isso a fundo.

            Amanhã nós vamos ter a CPMI. Com certeza, nós não vamos ter novidades. Eu acho que esse cidadão, por estar pretendendo a delação premiada, vai se abster de falar; certamente, acredito eu.

            Mas as coisas estão muito sérias e muito feias. Nós não podemos deixar isso passar em branco. Se quiserem até que isso não aconteça antes das eleições, não há problema, para não mostrar que isso é eleitoreiro. Agora, é sério. É sério, Senadores envolvidos, governadores envolvidos, ministros envolvidos, Deputados envolvidos. Isso não é brincadeira. Cadê o pessoal do PT para vir aqui agora e defendê-los? Onde estão? O mensalão foi uma farsa? O mensalão foi sim, agora virou um troco. Diante dessa história, o mensalão virou troco.

            Aonde nós vamos chegar com este País, senhoras e senhores? O que se pretende com isso? Ou se passa este País a sério, e a justiça seja feita, doa em quem doer, e se houver alguém, de qualquer partido, do meu ou de qualquer um, que seja penalizado, mas penalizado para valer, não um único homem que conseguiu levar à cadeia alguns poucos. Há muita gente que assim o merece, muita gente. E é uma vergonha para o povo brasileiro. É uma vergonha para nós, como políticos, estarmos assistindo a isso.

            Talvez, Sr. Presidente, esta tenha sido uma das piores legislaturas que houve aqui no Senado Federal. Primeiro, que nós não tivemos o direito de legislar, de discutir. Fomos governados por medidas provisórias. Isso é muito triste, porque não se chega a uma conclusão e não se chega, não conseguimos levar ao plano das ideias. Podemos perder, mas que seja discutido. E essa oportunidade não nos foi dada, foi negada, na maioria das vezes. A supremacia de um partido de situação e seus coligados é tão grande que nós não conseguimos ter o menor diálogo em nenhuma comissão.

            Então, eu digo que esse desequilíbrio é muito ruim para a Nação. Seja neste Governo ou no próximo, naquele que vier, tem que haver um equilíbrio, para que não tenha esse desmando, para que não tenha esse loteamento a que estamos assistindo no País, um loteamento que foi feito à custa de barganha.

            Gente, nós precisamos levar isso com seriedade. Isso não pode acontecer.

            Está, aqui, um ex-governador que é um exemplo, do Mato Grosso, o Senador Blairo Maggi, que fez do Estado dele um Estado de referência. Era um Estado, como o meu, também de periferia. Pôs ordem na casa, porque é um empresário competente e foi, também, um governador competente.

            Então, nós podemos legislar, sim; nós podemos ter um Executivo com competência, sem essas maracutaias todas. Agora, não queiram varrer isso para baixo do tapete e nem queiram, através dos marqueteiros, dissimular o que está acontecendo.

            Ficam, aqui, o meu repúdio e a minha tristeza.

            Antes de ser um político, um Parlamentar, eu sou um cidadão e sinto, hoje, quando encontro os meus amigos, os meus parentes... Netos meus me perguntam: “Vô, o que está acontecendo neste País? O que está acontecendo? Isso é assim? Foi sempre assim?”

            Gente, vamos refletir um pouquinho. Eu acho que é o momento de a gente passar este Brasil a limpo, independentemente de qualquer problema partidário. Não levo aqui essa questão para nada. Levo aqui, sim, um sentimento de patriotismo que nós estamos perdendo.

            Vamos repensar este País. Este País não merece passar pelo que estamos passando, não merece ter essa imagem que está sendo pintada. Estamos sendo achincalhados fora do Brasil.

            Nós precisamos de gente competente e nós temos gente competente para isso.

            Então, eu peço, neste momento, muita reflexão e que sejamos, principalmente este Senado, este Congresso, muito duros nessa CPMI.

            Se quiserem fazê-la depois das eleições, aqui faremos, mas vamos fazer isso com o sentido de honestidade, sem defender e, doa a quem doer, condenando todos esses culpados.

            Obrigado, Sr. Presidente, pela paciência.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/09/2014 - Página 22