Discurso durante a 140ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre as eleições de 2014 e apoio à eleição do candidato Aécio Neves.

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES, ATIVIDADE POLITICA. REFORMA POLITICA, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre as eleições de 2014 e apoio à eleição do candidato Aécio Neves.
Publicação
Publicação no DSF de 08/10/2014 - Página 42
Assunto
Outros > ELEIÇÕES, ATIVIDADE POLITICA. REFORMA POLITICA, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ASSUNTO, ELEIÇÕES, CRITICA, PROPAGANDA ELEITORAL, REFERENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, MANIPULAÇÃO, RESULTADO, PESQUISA, REGISTRO, APOIO, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AECIO NEVES.
  • DEFESA, REALIZAÇÃO, REFORMA POLITICA, OBJETIVO, MELHORIA, REPRESENTAÇÃO, ELEIÇÃO, COMENTARIO, SITUAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, EDUCAÇÃO, PERIODO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, é com muita satisfação que o saúdo, lembrando, inclusive, que nos ligam laços de profunda fraternidade, vez que o seu pai foi um grande amigo e companheiro de lides político-partidárias ao tempo em que exercemos o mandato de Deputado Federal. Esse fato me faz ligar-me profundamente à pessoa de V. Exª, desejando-lhe êxito na sua campanha política e que ocupe cargos de maior relevância na política nacional, porque V. Exª tem tradição e merece a consideração do povo brasileiro.

            Srªs e Srs. Senadores, senhores ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, senhoras e senhores que nos honram com a sua presença, me permita, Sr. Presidente, inicialmente, saudar, aqui, a presença do eminente Prefeito da minha cidade adotiva, Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul, que nos honra, neste instante, com a sua visita.

            Tenha V. Exª a certeza de que o Senado da República reconhece a figura de V. Exª como um homem público que, num momento difícil da história da nossa capital, Campo Grande, soube reunir as forças políticas no sentido não só de apoio a sua administração, mas de promover a confraternização de todos aqueles que desejam, realmente, o engrandecimento da nossa capital.

            Tenha V. Exª a minha manifestação de recebê-lo, com o maior prazer, aqui, no plenário do Senado da República, e que V. Exª tenha, na sequência da sua vida pública, sempre, êxitos, e terá, sem dúvida nenhuma, para isso, os aplausos desse modesto Senador, que, dentro de pouco tempo, também, como o Senador Maldaner, vai deixar esta Casa, mas não vai deixar de lutar pelo bem-estar do nosso povo e pela felicidade do nosso País.

            Meus cumprimentos a V. Exª, Sr. Prefeito.

            Mas, Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, no último domingo, graças a Deus, repeti um gesto que pratiquei inúmeras vezes ao longo dos anos desta minha extensa vida político-partidária.

            Sou eleitor desde 1950. Em todos os pleitos, tive a certeza de que se estava construindo uma democracia sólida. Desta vez, fui a minha zona eleitoral em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, com o mais profundo sentimento de cidadania. Diante da urna eletrônica, sozinho, na cabine, depositei o meu voto, de acordo com as minhas convicções. Votei nos representantes de cada cargo, com as expectativas do que cada um realmente pode fazer.

            Acima de me sentir como alguém que carrega, na trajetória da vida, o orgulho de ter participado da história política recente do Brasil, fui votar especialmente com o sentimento de cidadão que tem a consciência tranquila de quem lutou e luta por um Brasil melhor.

            Posso afirmar, Excelências, que o processo eleitoral do qual participei, defendendo o meu Partido, o PSDB, e nossos candidatos, possibilitou viver uma nova experiência de Nação. O brasileiro mostrou nas urnas que quer mudança real. Cerca de 57% dos votos válidos foram contra o projeto de governo que vigora no País há 12 anos. Esse resultado do primeiro turno sinaliza que a reeleição da Sra Presidente Dilma está longe de estar garantida. Vivemos um esgotamento histórico. A sociedade brasileira está cansada do atual sistema político. Reformas precisam ser feitas com urgência, conforme, há poucos instantes, salientou, com o brilhantismo que lhe é peculiar, o eminente Senador Maldaner.

            Pela primeira vez em nossa história, vi o povo indiferente às campanhas. Vi um imenso desinteresse em se discutir novos rumos. Vi esboroar a esperança pela construção de um lugar melhor para se viver. Senti as pessoas com os olhos opacos diante das denúncias de corrupção. Ouvi de cidadãos sábios palavras de perplexidade diante das propagandas enganosas do Partido do Governo, tentando nos mostrar um Brasil fantasioso, negando-se a apontar soluções consistentes para os problemas que perduram, tais como as desigualdades, a alta carga tributária e as diferenças regionais. Enfim, Srs. Senadores, vi no atual processo a formação de um caldo de cultura que tende a transbordar, caso não se promovam reformas profundas nos próximos anos. Mesmo assim, Excelências, afirmo que uma centelha de esperança fez-me votar para representantes de cada cargo com as expectativas de que cada um realmente possa contribuir da melhor maneira possível para plantar sementes que frutifiquem nas próximas gerações.

            É engraçado, Excelências, que em época de campanhas eleitorais, vemos Deputado Estadual prometendo atribuições do Presidente da República, Senadores prometendo ações de governadores, vereadores de prefeito, e assim por diante, numa confusão imensa entre as alçadas do Executivo e do Legislativo, do federal, do estadual e do municipal.

            O eleitor, ludibriado, acaba por acreditar no conteúdo cujo - entre aspas - "embrulho de presente" foi o melhor preparado por marqueteiros pagos a preço de ouro.

            Obviamente votei nos candidatos do meu Partido - o PSDB - à presidência da Republica, Aécio Neves e Aloysio Nunes Ferreira, nossos valorosos companheiros aqui neste Senado da República. Acima dos laços de amizade, companheiros que somos de Senado, reconheço neles, com profunda admiração, gestores públicos exemplares.

            O resultado surpreendente deste primeiro turno, com 33,55% dos votos para Aécio Neves, nos dá a convicção de que estamos diante da real chance de colocar o País no rumo certo.

            Mais de 57% da população votou contra a Srª. Dilma Rousseff e isso estará refletido no segundo turno. Ficou claro que não é possível confiar cegamente nas pesquisas de intenção de votos. A diferença de mais de dez pontos percentuais entre Aécio e Marina, certamente, não ocorreu apenas diante da urna eletrônica.

            É uma vitória do nosso Partido e de todos os aliados, bem como é a vitória individual de Aécio Neves, que não esmoreceu um segundo sequer, apesar da queda nas intenções de voto após a comoção com a morte do inolvidável Eduardo Campos. Como eu tinha imaginado na época, Sr. Presidente, o sentimento que tomou conta da Nação se arrefeceu ao longo do tempo e o brasileiro optou por Aécio Neves.

            Ele mesmo disse, em seu primeiro depoimento após o resultado do primeiro turno, que a sua candidatura não representa um partido ou um grupo político, mas todos aqueles que querem ver um país diferente, com a retomada do crescimento econômico.

            Basta analisar, Srs. Senadores, alguns dados do mercado para constatar que a candidatura das oposições traz novas esperanças: já nessa segunda-feira, ontem, diante da possibilidade de o PT sair do poder, o dólar caiu 2,45%, e a Bolsa subiu 7,24%.

            Praticamente em empate técnico, lá no meu Estado, Azambuja e Delcídio, do PT, disputam o segundo turno, ambos na casa dos 40% dos votos. Pelas pesquisas, Delcídio garantia uma diferença de quase 20% das intenções de voto em relação ao tucano. O erro gritante foi desmascarado pelas urnas: 42,9% para Delcídio, contra 39,09% para Reinaldo Azambuja. Ou seja, ambos estão no segundo turno em igualdade de condições. Neste momento, é impossível ao petista "cantar vitória".

            Aliás, Azambuja já havia sido prejudicado por institutos de pesquisa quando concorreu na eleição para prefeito da capital dois anos atrás. O chamado voto útil o tirou do páreo. Infelizmente a opção do eleitorado foi tão equivocada que o prefeito eleito, Sr. Alcides Bernal, acabou sendo cassado com pouco mais de um ano de mandato.

            Em relação aos cargos de Senador, Deputado Federal e Estadual, meu voto também foi para a coligação de meu Partido.

            Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, o que guardo dos meus sentimentos é que a conjugação das forças democráticas poderá conduzir os futuros dirigentes da Nação ao compromisso pelas reformas que foram ardorosamente proclamadas nos movimentos, autênticos e de rua, de junho de 2013.

            Isto é o que almejo, Srs. Senadores, e nesse sentido será a minha definição e a que pregarei no decorrer deste segundo turno, eis que o Brasil não poderá tolerar por mais tempo aqueles que, no poder, a título ilusório de pregar a justiça social, a degradam com as manchas da corrupção e a quebra de valores da cidadania.

            Todas as eleições têm um condão cívico extremamente importante. A que ocorreu em 5 de outubro teve um significado especialíssimo, não ocorrido nas anteriores, pois decorreu de um clamor popular que brotou espontaneamente em junho do ano passado, quando a juventude reivindicou nas ruas mudanças na gestão da coisa pública.

            Na semana passada, sete dias antes do pleito, a Folha de S.Paulo publicou reportagem interessante relatando que a Senhora Dilma deixou de cumprir 43% das promessas de campanha de 2010.

            A avaliação da reportagem desse importante jornal baseou-se no balanço de 69 propostas extraídas do documento "Os 13 compromissos programáticos de Dilma Rousseff", apresentado poucos dias antes do segundo turno de 2010.

           Em relação aos aspectos negativos, destaco especialmente a situação econômica do País. A promessa de manter o crescimento econômico ficou bem longe da meta. Para quem projetava um crescimento médio de 5,9% ao ano, encerrar o primeiro mandato com previsão de 1,6% não é nada alvissareiro.

            Além disso, os investimentos públicos ficaram estagnados e os privados caíram. A taxa de poupança caiu de 18,5% da renda nacional, quatro anos atrás, para 14,1% no segundo trimestre deste ano.

            A meta da inflação em 4,5% foi superada e só não rompeu o teto de 6,5% por causa do controle artificial das tarifas públicas. Ou seja, nota vermelha para quem prometia manter o crescimento econômico, ampliar investimentos, ampliar a poupança e manter o controle da inflação.

            Em relação à reforma política tão necessária - conforme salientou, há poucos instantes, desta tribuna, o Senador Maldaner - para melhorar a representação e as distorções eleitorais nada de concreto conseguiu ser feito. Para dar uma resposta aos protestos de junho do ano passado, - entre aspas - "mentes brilhantes" do governo petista decidiram elaborar um decreto e enfiar goela abaixo do Congresso Nacional criando os chamados conselhos populares, cujo cheiro é de peleguismo e controle estatal, muito distante do tão propalado incentivo à participação popular.

            Em relação à educação, as matrículas na educação básica tiveram uma pequena queda, o ensino médio estagnou e houve um corte de verbas nas pesquisas de pós-graduação.

            Sobre a segurança pública, não houve a articulação e integração entre as polícias, a não ser no período da Copa do Mundo. A Polícia Federal perdeu pessoal e reduziu as operações e hoje espera preencher 1.500 vagas, bem diferente do discurso presidencial de que tem investido muito na instituição.

            O sistema penitenciário continua caótico. E a ampliação das UPPs em parceria com os Estados não saiu do papel.

            Em outros setores, o jornal Folha de S.Paulo destacou avanços, mas em pontos substanciais para a vida nacional vemos estagnação ou retrocesso.

            Diante destes dados, Srs. Senadores, será que agora dá para confiar no - entre aspas: "seguir mudando" no que está sendo prometido para os próximos quatro anos? É uma indagação que nos fica, Senador Fleury, e que o Governo talvez não tenha condições de responder ou esclarecer.

            Aliás, faço aqui uma indagação face à atroz realidade. A campanha da Srª Dilma se concentrou tanto em criticar ferozmente e de maneira até covarde a adversária Srª Marina Silva, que deixou um pouco de lado as suas propostas do segundo mandato, que promete, entre aspas, seguir mudando. Estratégia de marqueteiro? Será que o PT vai manter a estratégia da metralhadora giratória em detrimento do rico debate de ideias com o presidenciável Aécio?

            Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, temos mais três semanas para apostar e lutar por uma mudança de rumos no Brasil. A hora de batalhar pela alternância de poder é agora. Estamos diante da possibilidade de varrer do poder esse grupo que há 12 anos tem tomado decisões equivocadas em diversos setores, especialmente na economia e na cegueira e surdez para os casos sórdidos de corrupção.

            O povo não agüenta mais isso. Tanto que, a despeito do uso indiscriminado da máquina pública, verificamos que, somados os votos do primeiro turno dos segundo e terceiro colocados e os brancos e nulos, temos um montante substancial dizendo, silenciosamente, "não!" à Senhora Presidente Dilma Rousseff.

            Portanto, Sr. Presidente, Srs. Senadores e ilustres personalidades que nos honram com a sua presença, destacando a presença do eminente Prefeito da minha cidade adotiva, Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, tenho que conclamar o cidadão brasileiro, aquele que nunca deixou de amar esta terra, para, juntos, dizermos um sonoro “chega!” ao PT!

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pela deferência e pelo espírito democrático com que ouviu o meu pronunciamento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/10/2014 - Página 42