Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise das eleições presidenciais de 2014 e satisfação pela eleição de Reinaldo Azambuja para o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul.

Autor
Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFORMA POLITICA. GOVERNO ESTADUAL, EDUCAÇÃO, SAUDE. :
  • Análise das eleições presidenciais de 2014 e satisfação pela eleição de Reinaldo Azambuja para o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2014 - Página 103
Assunto
Outros > ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFORMA POLITICA. GOVERNO ESTADUAL, EDUCAÇÃO, SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, ELEIÇÕES, CRITICA, COMPORTAMENTO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, TENTATIVA, DIFAMAÇÃO, AECIO NEVES, CANDIDATO, DEFESA, NECESSIDADE, MELHORIA, SAUDE PUBLICA, SEGURANÇA PUBLICA, REFORMA POLITICA.
  • CONGRATULAÇÕES, CANDIDATO ELEITO, GOVERNADOR, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, PROGRAMA DE GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), MOTIVO, PRIORIDADE, SAUDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA.

            O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, Srªs e Srs. Senadores, senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, senhoras e senhores que nos honram com a sua presença, não me lembro, em meus mais de 50 anos de atividade pública, de ter assistido a uma campanha eleitoral tão politizada e tão surpreendente. O Brasil viveu um fluxo de emoções inéditas, mobilizou milhares de corações e mentes, recolocou a política na ordem do dia, mostrando que sem ela o País não vai a lugar nenhum.

            Não me lembro, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, na transição dos meus 83 para 84 anos de idade, de ter visto um País tão dividido, tão cindido socialmente, tão antagônico em suas emoções e tão inseguro em relação ao seu futuro.

            Devo afirmar também que jamais assisti a uma campanha tão sórdida, com tantas mentiras sendo propagadas com o objetivo exclusivo de provocar o medo, o ódio e a divisão entre as pessoas.

            Vi amigos e familiares romperem suas relações pessoais. Vi pessoas agredirem-se de maneira primitiva nas redes sociais. Vi a infâmia destruir a generosidade. Vi a intolerância prevalecer e o diálogo democrático sucumbir diante de preferências partidárias e ideológicas, muitas das quais destituídas de conteúdo e padecendo do sentido humano de solidariedade.

            Vi um Brasil diferente. Vi um Brasil em crise de identidade. Vi um Brasil flertando perigosamente com o autoritarismo e perdendo as noções de civilidade em nome de causas que muitas vezes eram propagandas enganosas e palavras de ordem vazias.

            Mesmo assim, Exªs, ajudei o meu partido, o PSDB, a lutar o bom combate. Percorri o meu Estado levando a nossa mensagem, nossas propostas e nossas idéias.

            Senti nos eleitores um desejo sincero de mudanças. Senti nas pessoas uma vontade infrene de mudar o País. Temas como justiça social, corrupção e segurança eram os mais abordados.

            O povo brasileiro sabe o que quer, mas ainda não encontrou mecanismos concretos para realizá-lo. Chegaremos lá, tenho certeza. Chegaremos lá.

            Fomos vitoriosos em nosso Estado, o Mato Grosso do Sul. Venceu Reinaldo Azambuja, um homem honrado, competente, provado e comprovado na vida pública. Ele lutou com altivez contra a campanha negativa do PT, enfrentando mentiras, maledicências e calúnias. Teve a clareza de manter o sangue frio e de enfrentar o desafio com coragem e determinação.

            O PSDB de Mato Grosso do Sul criou um programa inédito para medir, entre aspas, a "temperatura" da comunidade: o Pensando MS. Iniciado um ano antes, percorreu todas as regiões do Estado, captando as deficiências e os anseios da população. O resultado aí está. O povo gostou de ser ouvido, sentiu que no programa de governo de Reinaldo Azambuja tinha muito do que havia sido discutido como alternativa para cada localidade de Mato Grosso do Sul.

            No fim, o povo deu a resposta: Reinaldo conquistou a maioria dos votos, com 143 mil votos de diferença, ou seja, 55% contra 44%. Com isso, pela primeira vez na história de Mato Grosso do Sul, o PSDB conquista o governo. Abre-se a oportunidade de executar o programa partidário, mostrando o jeito tucano de governar.

            Reinaldo irá priorizar a saúde, a educação, a segurança pública, dar estímulo às fontes de produção no campo e nas cidades, objetivando impulsionar o mercado de emprego e a elevação da renda salarial. Estará atento àquelas regiões de baixo desenvolvimento econômico, hoje refletidas no êxodo de suas populações, sobretudo a jovem, em busca de perspectivas de existência à altura de suas aspirações.

            Por isso fará um programa sustentado em incentivos que visem a alavancar oportunidades de emprego e de bem estar de vida aos que lá vivem. Importante ressaltar também, Srs. Senadores, que é proposta do novo Governador Reinaldo Azambuja criar estímulos para uma política de recuperação de terras degradadas pelo seu uso intensivo durante anos e de recuperação de áreas erodidas por voçorocas. Em meu Estado, Srªs e Srs. Senadores, há pelo menos um milhão de hectares nessa triste situação.

            O Governador Reinaldo se empenhará, desde o início, para superar os conflitos de terras com indígenas, estabelecendo condições para uma vida condigna desses nossos irmãos, o respeito ao direito de propriedade estabelecido em lei e o respeito por parte do Estado, quando tal se impuser, relativamente à justa indenização ou à compra das áreas conflitadas. Também vai retirar os atuais assentamentos rurais da situação de abandono econômico e social em que se encontram.

            Acredito que o Governo de Reinaldo Azambuja se constituirá num novo tempo. O PSDB de Mato Grosso do Sul está preparado para um governo moderno, sem discriminação, aberto a todos os segmentos sociais, convergindo propósitos, superando divergências pontuais e ideológicas, obedecendo estritamente às leis e aos poderes constituídos.

            Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, nossa mensagem ao Senador Delcídio do Amaral, que tem e terá sempre a minha admiração pessoal, adversário na recente pugna eleitoral pelo governo do meu Estado, é de respeito e de abertura sincera de intenções. Nossos propósitos por Mato Grosso do Sul se entrelaçam. Pessoalmente, muito acima de nossas distâncias político-partidárias, tenho por ele admiração e simpatia, reconhecendo sua altiva atuação como Senador da República, com a certeza de que sua participação será valiosa nesta augusta Casa e no Governo da República como contribuição para que os projetos de interesse do governo estadual tenham sua guarida e apoio. Aliás, justiça se faça, e dela sou testemunha, como tem feito ao longo desses 12 anos de exercício senatorial por Mato Grosso do Sul.

            Quero afirmar também que estamos nos sentindo vitoriosos com o resultado que obtivemos na eleição presidencial.

            A pequena diferença que nos separou da vitória eleitoral nos garantiu, em contrapartida, um grande êxito político.

            As oposições sentem-se mais fortalecidas. A grandeza e a tenacidade do Senador Aécio Neves ficarão para a história como um exemplo a ser seguido por todos aqueles que, enfrentando obstáculos considerados intransponíveis, não desistem, vão à luta, acreditam na sua força e na determinação de seus companheiros.

            Acredito que nenhum outro candidato à Presidência da República enfrentou uma campanha tão mesquinha. Poucas vezes em minha vida vi alguém ser atacado de maneira tão baixa e tão covarde. Mas, felizmente, Aécio se comportou como verdadeiro líder: com a visão de estadista, consistente, maduro, preparado. Senti orgulho em tê-lo como candidato de união das forças convergentes de novas propostas para o País.

            Vivemos uma democracia sólida. Temos que nos render à vontade do povo. Temos, inclusive, que saber interpretar os seus sinais. Temos que analisar profundamente os resultados do último pleito; temos que interpretar o recado das urnas; temos que perscrutar o Brasil em sua imensa diversidade para compreender o que a sociedade quis mostrar para a classe política com esse resultado.

            Quero repetir aqui, Srªs e Srs. Senadores: o Brasil, queiram ou não alguns de seus intérpretes, está dividido. Não se trata de divisões ideológicas, de classes sociais ou de regiões. Trata-se de divisão de conceitos e de propósitos, de valores e de princípios, de programas e de capacidade operacional. Os que assim não pensam são minoria e não entendem o que é democracia. São mundos que convergem e divergem. São esferas mentais que, por um lado, desejam manter as coisas como estão, e, por outro, pretendem avançar.

            O Brasil é um País complexo. V. Exªs entendem tanto quanto eu. Seus sonhos e desejos muitas vezes se expressam de maneira difusa, mas o resultado das eleições não deixa dúvidas: não podemos continuar desse jeito, não podemos repetir a mesma fórmula de baixo crescimento e inflação alta, não podemos aceitar os descalabros na Petrobras, não podemos manter os equívocos da política econômica. Não podemos nos aliar a concepções ideológicas que desagregam o sentimento do pan-americanismo, que desde Rio Branco nos concedeu uma inconteste liderança democrática em nosso continente.

            Temos que reformar o sistema de saúde e de segurança pública; temos que reduzir a zero o nefasto aparelhamento do Estado; fazer a reforma política, precursora das demais reclamadas; temos que alterar as relações com as bases congressuais; temos que reduzir os ímpetos bolivarianistas nas relações com a imprensa e com as oposições. O Governo deve tentar ouvir várias vezes o rugir das urnas e compreender com absoluta clareza o papel e a importância das oposições a partir de agora.

            Srªs e Srs. Senadores que me honram com a sua audiência, ouvi o discurso da Senhora Presidente Dilma Rousseff após o anúncio de sua tênue vitória eleitoral. Reconheço a sua legitimidade. Envio minhas sinceras congratulações a Sua Excelência. Envio meus parabéns e desejo sucesso ao seu Governo, mas confesso que não gostei do que ouvi. Sei que ela conclamou a Nação ao diálogo, pediu união nacional, abriu espaço para o desarmamento de espírito. Considero esses gestos fundamentais neste momento, mas não senti a manifestação a respeito às oposições. Quero repetir aqui: não senti manifestação de Sua Excelência a respeito das oposições. Não tive a percepção de que ela evoluiu para uma postura de humildade, de reconhecimento de seus erros. Continuei vendo a Senhora Dilma prepotente, carbonária, sem clareza sobre o real significado de um pleito eleitoral.

            Sua proposta de reforma política seguida de plebiscito, no meu entendimento, é inconsistente. As urnas não forneceram energia para que ela insista nessa tese. As urnas não geraram calor das massas para que ela possa tentar aquilo que foi feito na Venezuela e só gerou conflagração naquele país.

            A Senhora Presidente não me pareceu convencida da necessidade da pacificação da Nação. Metade do País está cuidando de suas cicatrizes. A hora é de paz nacional. Ninguém deseja ingressar numa aventura radical. O povo não deu cheque em branco a Senhora Dilma. Ela precisa escutar, precisa ouvir as novas forças políticas e criar consensos centrais para dar esperança ao povo brasileiro.

            O ano de 2015 é extremamente difícil do ponto de vista político-econômico. Atravessamos terríveis turbulências sociais. Além disso, há o esqueleto nos armários, há a Operação Lava-Jato, há escândalos submersos, há a própria "herança maldita" dos últimos dois anos.

            Enfim, viveremos um processo penoso e difícil. Somente um governo aberto, transparente, disposto a reconhecer seus erros e mudar de rumo poderá pacificar a alma brasileira. Caso contrário, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, viveremos os próximos quatro anos como uma nau sem rumo no meio de uma grande tempestade.

            Assim penso.

            Muito obrigado, Srª Presidente, pela atenção que me dispensou, concedendo-me um prazo razoável para concluir o meu discurso.

            Sempre reconheço a generosidade de V. Exª tanto na tribuna desta Casa quanto na nossa convivência pessoal também. Meus respeitos à senhora e meus agradecimentos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2014 - Página 103