Pela Liderança durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alegria com a eleição de José Ivo Sartori para o Governo do Rio Grande do Sul e com a preferência dos eleitores gaúchos, no segundo turno, pelo candidato à Presidência da República Aécio Neves; e outros assuntos.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL, ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA. IMPRENSA, DIVIDA PUBLICA. :
  • Alegria com a eleição de José Ivo Sartori para o Governo do Rio Grande do Sul e com a preferência dos eleitores gaúchos, no segundo turno, pelo candidato à Presidência da República Aécio Neves; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2014 - Página 151
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL, ELEIÇÕES. PRESIDENTE DA REPUBLICA. IMPRENSA, DIVIDA PUBLICA.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, VITORIA, GOVERNADOR, APOIO, AECIO NEVES, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, ELEIÇÕES, DIFAMAÇÃO, CANDIDATO, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, POPULAÇÃO, DEFESA, NECESSIDADE, EXTINÇÃO, REELEIÇÃO, MOTIVO, UTILIZAÇÃO, PODER PUBLICO, OBJETIVO, CAMPANHA ELEITORAL.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, EX GOVERNADOR, RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, DECLARAÇÃO, IMPRENSA, ASSUNTO, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA PUBLICA.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Caro amigo Senador Paulo Paim, caros colegas Senadoras e Senadores, nossos telespectadores da TV Senado, servidores públicos que, no Brasil inteiro, hoje celebram o seu dia, cumprimentos desta Senadora e de todos os cidadãos que valorizam os servidores públicos brasileiros. Hoje, desde a primeira manifestação nesta tribuna, do primeiro orador até o último seguramente, falaremos sobre o processo eleitoral.

            Eu já havia feito um relato do que aconteceu no Rio Grande do Sul. E eu renovo agora o agradecimento aos eleitores e às eleitoras do nosso Estado, Senador Paim, por terem tomado a decisão democrática e soberana de me manterem aqui, no Senado Federal. Estamos já trabalhando intensamente para defender os interesses do nosso grande, bonito e corajoso Rio Grande.

            Tivemos um resultado eleitoral que nos gratifica sob todos os aspectos, porque dei apoio incondicional ao candidato vencedor no segundo turno, o ex-Prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori, que fez a maior diferença num segundo turno da história, desde que existe segundo turno no período pós-redemocratização, no Rio Grande do Sul. Fico muito grata, porque humildemente transferi - como disse: humildemente - todos os meus votos sem nenhuma condição ao José Ivo Sartori.

            E a vitória do Sartori foi complementada com outra vitória, para mim, Senador Kaká Andrade, muito, muito significativa e emblemática: a vitória no Rio Grande do Sul do candidato que eu apoiei, este jovem, talentoso e brilhante político Aécio Neves, nosso colega Senador, que fez mais de 51 milhões de votos. É muito voto. Um recado preciso das urnas com a sabedoria do eleitorado brasileiro que disse que queria mudança.

            Houve esse episódio todo, com tudo o que aconteceu, com a forma nem um pouco convencional, ao limite da irresponsabilidade, da calúnia, da difamação, que não responde nenhum pouco àquilo que o brasileiro e a brasileira esperam de lideranças políticas num embate tão significativo para os destinos dos nossos Estados e para os destinos desta Nação tão fantástica, que é o nosso imenso Brasil.

            A primeira vítima foi o Eduardo Campos. A segunda vítima foi a Marina. E o Aécio, a cada batida, levantava mais a cabeça, como só altivos são os estadistas, os verdadeiros políticos que não se deixam intimidar pela calúnia ou pela difamação.

            Eu não baixei a cabeça ante a calúnia e a difamação. Não baixei a cabeça! E nem vou discutir se tinham que responder ou não por tudo que fizeram, porque penso que tudo o que nos acontece nos favorece. Essa é uma frase de D. Hélder Câmara e que eu uso agora, assim como o Aécio, com o refinamento político que teve ao final do último debate na TV Globo, a que eu tive a honra de assistir pessoalmente a convite dele. Quando reconheceu a vitória da Presidente Dilma Rousseff, repetiu aquela frase também emblemática de São Paulo: “Combati o bom combate. Cumpri a minha missão e não perdi a fé”.

            Eu, da mesma forma, combati o bom combate. Fiz uma campanha respeitosa e propositiva, uma campanha alto-astral, de união dos gaúchos. E conseguimos um resultado extraordinário no Estado: a vitória do Sartori e a vitória do eleitorado gaúcho, que também queria mudança. E a vitória do Aécio no Rio Grande do Sul foi aquele compromisso firmado lá naquele momento em que, com adversidades todas à frente, nós apoiamos a candidatura dele por confiarmos no Aécio.

            Também sei, Senador, que, em Brasília, os telefonemas vinham desesperados do Nordeste de cidadãos chamando os parentes aqui: “Se você votar no Aécio, eu vou perder tudo o que aqui tenho”. Havia caminhões de som passando nas cidades com ameaças, todo o aparato do poder.

            Por isso, a reeleição hoje é um mal que nós temos que combater. Acho que reeleição deu. Nós temos que evitar exatamente o uso da máquina pública, o que engessa o Governo, que fica seis meses paralisado, porque todo ele fica concentrado para atender ao interesse da reeleição, haja vista a própria legislação, com o uso de todos os instrumentos, porque a pessoa, para ser candidata à reeleição, não sai do seu cargo. Então, há todo o aparato: aviões, helicópteros, comboios. Tudo isso é pago pelo cidadão, e o adversário tem que suportar e financiar tudo o que ele gasta. Tudo! Então, de fato, nós temos que agora, assentada a poeira, fazer uma reflexão sobre isso.

            O Senado será uma Casa diferente, muito diferente da que encerrará este exercício legislativo de 2014. Será um Senado com personagens novos que vêm - alguns já conhecidos, já passaram por esta Casa - com uma atuação que vai mudar o curso e o rumo da história política recente do nosso País.

            E, por isso, exatamente, com uma oposição revigorada por figuras notáveis que voltam aqui, é que penso que deveria haver um gesto de grandeza do vitorioso - no caso da Presidente Dilma Rousseff, no dia em que ela falou de união, poderia ter sido por Aécio ter ligado para cumprimentá-la. Lá, no Rio Grande do Sul, a primeira coisa que José Ivo Sartori, do Partido do Senador Valdir Raupp, do PMDB, disse quando se apresentou foi: “Acabo de receber um telefonema do Governador Tarso Genro me cumprimentando pela vitória”. Esse foi um gesto elegante do Governador que havia sido derrotado por Sartori. São esses gestos que distinguem os líderes. Lá se revelaram a personalidade, a generosidade e a grandeza de Sartori ao dar relevo ao telefonema que havia recebido do adversário. Nós somos adversários, nós não somos inimigos, nem no Rio Grande, entre os gaúchos, nem no Brasil. A convivência governo/oposição é necessária e fundamental, não só porque oxigena a democracia, mas porque constrói a democracia. Então, penso que omitir a mensagem que Aécio passou à Presidente poderia ter sido evitado. E o gesto daria maior grandeza à manifestação da Presidente naquele momento. Talvez possa haver até aquelas coisas que não podemos avaliar: a emoção, o estresse da campanha. Mas esse é um gesto de elegância política, de atitude e de respeito com o adversário. E há também a própria manifestação de reconhecer à oposição um papel relevante no processo político brasileiro.

            Na tarde de hoje, vimos um embate que, diria, foi extremamente revelador do clima que se estabeleceu na eleição, com o desabafo do Senador Aloysio Nunes Ferreira mostrando tudo o que foi feito e como foi alvo de um ataque criminoso. O que mais me gratificou veio depois daquilo que me preocupou. Sobre uma parte daquelas acusações, daquelas calúnias assacadas ao Senador Aloysio - que todos nós conhecemos e respeitamos -, o Senador Humberto Costa, Líder do PT, veio e hipotecou sua solidariedade, dizendo que o Partido não era responsável por aquilo e que é preciso apurar as responsabilidades e punir exemplarmente os responsáveis.

            É claro que nós não podemos usar uma régua só para um ou para outro. A régua tem que ser a mesma para todos os excessos. Quem caluniou, quem difamou, quem cometeu o crime da injúria ou da calúnia tem que ser responsabilizado, esteja de que lado estiver, no meu Partido, o PP, no PSDB ou no PT.

            Feito isso, eu queria agora dizer algo ao Senador Paulo Paim. E este é um compromisso inarredável nosso da Bancada gaúcha, que sempre está junta, que sempre está unida em defesa do interesse do Rio Grande do Sul. Senador Pedro Simon, Senador Paulo Paim e eu nunca, em nenhum momento, faltamos à solidariedade e ao dever constitucional, porque o art. 53 da Constituição diz que nós representamos os interesses dos nossos Estados aqui. E nunca, em nenhum momento, faltaram ao Governador Tarso Genro o empenho e o apoio em todas as demandas do Estado.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senadora Ana Amélia, se me permitir só um detalhezinho...

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Pois não, Senador.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Até porque estávamos em campos opostos, eu quero adiantar que isso não faltará para o seu candidato eleito, o Ivo Sartori.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Maioria/PP - RS) - Muito obrigada.

            É exatamente isso.

            Aliás, no domingo, no dia 05, quando foi conhecido o resultado de que eu não estava no segundo turno, eu disse: “Agradeço aos eleitores gaúchos e quero assumir um compromisso: ganhe quem ganhar terá o meu inteiro apoio para as demandas do nosso Estado”.

            Eu agradeço, Senador Paulo Paim, porque o Sartori, como assim nós o chamamos, o conhece - o senhor é de Caxias como ele -, conhece o Senador que está chegando, Lasier Martins, me conhece e sabe que nós teremos essa responsabilidade.

            Agora, há algo que é lamentável. O Governador, que está se despedindo, poderia ter a grandeza de evitar o que declarou hoje à imprensa, ignorando os três Senadores - um do seu Partido, o PT -, ignorando o trabalho do Senador Pedro Simon. Nem falo do meu trabalho, porque a sociedade gaúcha sabe o que eu fiz aqui. E invoco o testemunho do Senador Luiz Henrique da Silveira, que é o Relator, do que nós fizemos aqui, todo o ano passado, para votar o PLC nº 99, que trata de alterar o indexador da dívida.

            Todas as audiências públicas necessárias para essa matéria, nós as fizemos. Sou relatora de um projeto do Senador Luiz Henrique que pega 20% do que os Estados comprometem com a União para aplicar em investimentos em mobilidade urbana. Criativo e generoso, melhora o compartimento das responsabilidades. É muito criativo, porque, hoje, os Estados e o Rio Grande do Sul estão asfixiados, sem condições sequer de fazerem qualquer investimento por conta dessa asfixia provocada pelo acordo da dívida.

            E qual é a promessa? Espero que as palavras do Ministro Miguel Rossetto se confirmem. Foi feito um acordo para que se votasse agora, em novembro, mas, como vários acordos para votar essa matéria não foram cumpridos, isso me deu sempre o direito de duvidar. Mas obtivemos, hoje à tarde, o Senador Paulo Paim e o Senador Pedro Simon, nessa mesma cadeira onde V. Exª está, com a presença do Presidente do Senado Renan Calheiros, o compromisso de votarmos agora, no mês de novembro, enfim, o acordo da dívida. Penso que daremos uma resposta para a sociedade gaúcha, não para o Governador, não. Daremos uma resposta para a sociedade gaúcha do que estamos fazendo pelo nosso Estado, o que é nosso dever.

            Lamento profundamente esse desprezo, esse descaso, esse desrespeito por parte de um Governador que foi Ministro de Estado, que presidiu o Partido, que, hoje, é Governador do Rio Grande, eleito no primeiro turno, que não teve sequer a correção com a verdade. Nem falo em generosidade, porque algumas pessoas não têm generosidade, não são capazes de um ato de generosidade. Mas ele teria o compromisso com a verdade expressa.

            Senador Petecão, parabéns pela vitória lá, pela meia vitória!

            Ressalto a forma como ignorou propositalmente o nosso trabalho. Mas daremos uma resposta adequada às pessoas que tratam dessa forma uma questão tão importante quanto a da dívida do Estado com a União. Faremos o nosso trabalho de cabeça erguida, cumprindo com o nosso dever, apenas isso.

            Quero dizer aqui, publicamente, que o Rio Grande do Sul merecia outro tratamento, bem como a sociedade gaúcha e, especialmente, a bancada na Câmara, que fez o dever de casa. A Câmara aprovou, e, aqui, nós também faremos da mesma forma.

            Então, faço este registro hoje, aqui, para dizer: não se preocupe, Governador! Pode ir para casa tranquilo, porque faremos nosso dever de casa. O senhor, certamente, não fez o seu dever de casa, porque, se não fosse assim, não teria levado esse banho de votos que levou em relação ao que ganhou José Ivo Sartori no segundo turno, no Rio Grande do Sul. É assim que os gaúchos e as gaúchas, que sabem muito bem votar, escolhem seus líderes.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2014 - Página 151