Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre os resultados das eleições gerais de 2014 com destaque para os desafios a serem enfrentados pelo Governo.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Comentários sobre os resultados das eleições gerais de 2014 com destaque para os desafios a serem enfrentados pelo Governo.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2014 - Página 185
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, ELEIÇÕES, REGISTRO, REELEIÇÃO, CANDIDATO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANUNCIO, DIFICULDADE, GESTÃO, ECONOMIA NACIONAL, REALIZAÇÃO, INVESTIMENTO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, IMPORTANCIA, POLITICA EXTERNA.

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco Maioria/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Caro Presidente, Mozarildo Cavalcanti, prezados colegas, não há dúvida de que nós estamos a sair de um pleito, de um pleito não só de assembleias legislativas, da Câmara dos Deputados, do Senado - que renovou 1/3 -, de governos estaduais, e, principalmente, também da Presidência da República.

            No último domingo, os brasileiros compareceram às urnas para exercer seu direito de voto, e numa eleição que entra para história do País, por diferentes aspectos, reeleger a Presidente Dilma Rousseff para mais um mandato.

            Eu diria que essa missão não será fácil, e a responsabilidade perante o País será imensa. O cenário econômico interno e externo exigirá, ao mesmo tempo, ousadia e austeridade para que possamos retomar o caminho do crescimento com desenvolvimento social, até porque o debate desta eleição mexeu com o Brasil em todos os sentidos.

            Foi uma disputa acirrada, uma disputa que praticamente dividiu o Brasil em duas tendências. Eu diria que a responsabilidade da Presidente da República aumentou, para encontrar os caminhos, para dialogar com o Brasil, para encontrarmos saída. Acho que a posição do Senador Aécio Neves foi uma grande contribuição. Tanto ele como o vice, o colega Aloysio Nunes, aqui na Casa, mexeram com o Brasil, do Oiapoque ao Chuí e do oriente ao ocidente do País. Nas últimas semanas, comentava-se no País: mexeu com todo mundo, e a coisa ficou efervescente.

            Houve a opção por continuar este projeto. Mas, para buscar o entendimento nacional, tem que trazer propostas que venham, não esperar para o ano que vem. Precisamos refletir sobre isso profundamente, sem dúvida alguma, até para acalmar o mercado, até para chamar o mundo externo, até para os países observadores pensarem no que fazer no ano que vem em relação a um país que fica na América do Sul, o Brasil, tudo isso, para ter este espelho na virada do ano.

            Eu diria que este tema é algo que, numa relação de cerca de 3% dos brasileiros - ficou nessa diferença -, mexeu com todo o mundo. Se, até então, as manifestações da Polícia e da sociedade eram esparsas, de conteúdo difuso, que se clarificavam somente através do voto, agora tudo é diferente. As redes sociais deram voz, palavras e imagens ao eleitor. A mensagem está lá, explícita, para ser vista e compartilhada por todos, com tudo o que isso traz de melhor e de pior.

            Registramos, com grande satisfação, discussões acerca de importantes temas nacionais: política econômica, independência do Banco Central, infraestrutura, relações exteriores, entre outros assuntos antes restritos a pequenos grupos de “especialistas” - eu diria entre aspas -, invadir as redes e migrar para conversas informais de amigos e familiares.

            Resta evidente uma muito saudável popularização do debate político, que, em última análise, implica ampliação da construção da cidadania, na participação e envolvimento na vida política do País. Que esse movimento se amplifique, tornando-se cotidiano.

            Infelizmente, o fenômeno revela também sua face sombria. Somados os dois fatores de acirramento e polarização na disputa com ampliação do debate eleitoral, vimos recriada uma velha dicotomia social, em nada desejável num País que se quer maduro e democrático.

            Foram colocados em oposição, muitas vezes, ricos e pobres, letrados e iletrados, Sul e Norte, Sudeste e Nordeste e assim por diante. Ouvimos uma quantidade preocupante de manifestações de preconceito, de xenofobia que em nada lembram a alma brasileira, que é múltipla, miscigenada e, por isso mesmo, única. Essa é a alma brasileira. Ela é única.

            Se as urnas mostraram, como disse antes, uma divisão numérica do eleitorado, tal fato não pode ser convertido numa divisão do País. A eleição de um mandatário se dá com votos de todo o Brasil, ainda que a diferença entre um Município e outro e entre um Estado e outro aconteça. A democracia é, acima de tudo, o respeito às escolhas da maioria. Passado o processo eleitoral, temos um representante, que, sem dúvida, é legítimo, que governará o Brasil para todos. Esse é o grande objetivo.

            A Presidente Dilma, pelo que manifestou em seu primeiro pronunciamento, logo após a confirmação do resultado, tem consciência da importância de unir a Nação nesse caminho.

            É preciso agir, sem dúvida nenhuma, de maneira republicana, defendendo, em primeiro lugar, o diálogo, que é fundamental para a consecução das medidas tão necessárias e urgentes que temos de enfrentar.

            Ainda há pouco, o Senador Walter Pinheiro aqui declinou suas preocupações. Ele, que é do Partido do Governo, da Base do Governo, defende algumas mudanças que precisamos enfrentar agora. Não há como deixá-las para o ano que vem, pois não há como transferir essas responsabilidades. Elas são prementes e estão aí na boca do pênalti para serem votadas, como o indexador das dívidas, a clarividência e as normas para os que vão assumir agora os Estados possam dizer:

“Vou pensar o meu Estado, vou pensar como enfrentá-lo, vou saber o que tenho de compromissos, como é que vamos delinear o desenvolvimento para buscarmos desenvolver e agir no Brasil como um todo?”

            Inegavelmente, Sr. Presidente, vivemos um cenário econômico recessivo no Brasil. Um crescimento em queda e inflação com tendência de elevação. Para 2015, sabemos que virão alguns reajustes já previstos que podem tornar a situação ainda mais complexa, como o preço dos combustíveis e as tarifas de energia elétrica.

            A reforma política, igualmente defendida pela Presidente - estava na pauta dos dois candidatos, inclusive -, é de fundamental importância, mas o Governo precisa, de uma vez por todas, assumir o compromisso com o crescimento do País. Somente uma ampla reforma tributária, aliada ao novo Pacto Federativo, como disse antes, terá o condão de colocar o Brasil nos trilhos, garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento da atividade econômica em condições de competitividade.

            Junto com o Poder Executivo, é importante destacar que o Congresso Nacional tem total responsabilidade nesse processo. São esses legisladores, eleitos pelo povo, que devem propiciar o arcabouço legal que dará sustentação ao nosso crescimento, exercendo seu poder/dever de legítimos representantes da vontade nacional.

            E, para finalizar, Sr. Presidente e caros colegas, gostaria de deixar uma mensagem aos colegas aqui presentes e aos que nos assistem pela TV ou ouvem pela Rádio: a missão é árdua, há muito por fazer, e, por isso, tenhamos fé no Brasil. Coragem! Temos que lutar. Acho que o que não podemos é parar e olhar pelo retrovisor.

            Muito obrigado, Sr. Presidente e caros colegas, pela oportunidade em trazermos essas reflexões, na tarde de hoje, aqui, na tribuna, logo após as últimas eleições, para colocarmos em pauta o que nós devemos cumprir, o que nós devemos levar ainda neste exercício...

(Soa a campainha.)

            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - ... para clarear vários pontos em relação ao Brasil do futuro.

            Muitas graças.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2014 - Página 185