Pronunciamento de Inácio Arruda em 29/10/2014
Pela Liderança durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa da atual gestão do Governo Federal como forma de aumentar o desenvolvimento e a soberania do Brasil e promover a distribuição de riquezas; e outros assuntos.
- Autor
- Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
- Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela Liderança
- Resumo por assunto
-
ELEIÇÕES, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
IMPRENSA.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
POLITICA ENERGETICA.
RELIGIÃO.:
- Defesa da atual gestão do Governo Federal como forma de aumentar o desenvolvimento e a soberania do Brasil e promover a distribuição de riquezas; e outros assuntos.
- Aparteantes
- Eduardo Suplicy.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/10/2014 - Página 284
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES, ATUAÇÃO PARLAMENTAR. IMPRENSA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA ENERGETICA. RELIGIÃO.
- Indexação
-
- AGRADECIMENTO, POPULAÇÃO, ESTADO DO CEARA (CE), MOTIVO, VOTAÇÃO, ORADOR, DISPUTA, CARGO, DEPUTADO FEDERAL.
- ELOGIO, ATUAÇÃO, JORNALISTA, MOTIVO, ANUNCIO, POSIÇÃO, RELAÇÃO, ELEIÇÕES, APOIO, CANDIDATO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MANUTENÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, MOTIVO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, INCLUSÃO SOCIAL.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, ALTERAÇÃO, LEGISLAÇÃO, ASSUNTO, REGULAMENTAÇÃO, MODELO, EXPLORAÇÃO, PETROLEO.
- ELOGIO, ATUAÇÃO, PAPA, REFERENCIA, QUESTIONAMENTO, CIENCIAS, RELIGIÃO, IGREJA CATOLICA.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, caro Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, quero destacar uma figura que não conheço pessoalmente, apenas dos escritos.
Antes, cumprimento o Senador Caiado, novo Senador eleito para a próxima Legislatura, e V. Exª que está acompanhando o Senador Caiado. Não sei se Caiado está alinhado com V. Exª ou se V. Exª está querendo se alinhar com Caiado. Há uma dúvida. Depois, vamos dirimir essa questão.
Quero cumprimentar a nossa Presidente Dilma Rousseff, eleita para o segundo mandato no processo de eleição do Brasil.
Quero destacar a atuação dos novos governadores, que foram eleitos num pleito muito disputado, especialmente no segundo turno, e a atuação daqueles que disputaram, mesmo não alcançando a eleição. Eles participaram dessa festa democrática que se consolida a cada dia no nosso País.
Quero registrar, Sr. Presidente, que não disputei eleição para o Senado. Eu disputei eleição para a Câmara Federal numa disputa, digamos assim, de última hora, substituindo um colega Parlamentar que, por condições de saúde, não pôde disputar. Entramos ali na metade do segundo tempo da disputa eleitoral e, mesmo assim, alcançamos a marca extraordinária de 55.403 votos no Estado do Ceará. Quero agradecer cada um desses votos e dizer que, mesmo não tendo sido suficiente para a eleição, eles são muito importantes na vida daqueles que se dispõem a disputar uma vaga para o Parlamento nacional, no caso a Câmara Federal. É muito importante para nós. E tenho certeza de que teremos condições de honrar esses votos com a atuação da nossa Bancada na Câmara Federal e aqui, no Senado, porque, nas grandes teses, nós agimos em uníssono. Então, quero agradecer a cada cearense por estes 55.403 votos. São muito importantes. E marcaram uma vitória. Não foi suficiente para a eleição, mas é uma conquista você entrar na reta final de uma eleição e conseguir essa quantidade de votos. Alguns acham pouco, mas é um contingente grande de eleitores do nosso Estado.
Sr. Presidente, feito esse registro da nossa batalha específica em que nós atuamos, de que nós participamos, queria, como disse logo no início, fazer um registro de uma pessoa que não conheço pessoalmente. Tenho concordância em grande parte com seus editoriais na sua revista, discordei já de muitos outros, mas quero destacar uma posição que demonstra o caráter das pessoas. Trata-se do jornalista Mino Carta. Essa figura, bem antes do pleito, anunciou a posição da sua revista dizendo o seguinte: “Aqui, faremos jornalismo, mas nós temos uma posição. A posição da revista é de apoio à Presidente Dilma Rousseff”.
Isso demonstra o caráter e marca o posicionamento de um órgão de comunicação privado, particular, não é uma concessão, como as grandes cadeias de televisão e de rádio que atuam no nosso País, que agem de forma cínica em apoio a determinados candidatos, mas que se vestem com uma roupagem como se fossem independentes, como se não tivessem posição.
Eu quero destacar essa posição de uma figura extraordinária que não conheço, que pessoalmente não sei quem é, cuja família não conheço. Conheço a sua posição descrita por seus editoriais do ponto de vista político. E acho que isso demonstra o seu caráter, uma pessoa que tem caráter. Ele diz: “Não, eu tenho uma opinião, tenho uma posição”. E firmou essa posição.
Isso eu digo para tratar da batalha central que ocorreu em nosso País, que foi a eleição presidencial, marcada por uma chuva meteórica de ações movidas pelos grandes veículos de comunicação. Era como se, no segundo turno, especialmente, nós tivéssemos uma disputa entre três candidatos, dois unidos de um lado e um do outro. Na verdade, os grandes veículos de comunicação, embora não tivessem anunciado a sua posição, atuaram como partido, agiram como partido, tramaram durante a campanha como um partido e se juntaram a um candidato contra a outra candidata.
É importante que fique clara para o povo brasileiro a posição dos grandes órgãos de comunicação do Brasil, que se posicionaram abertamente fazendo campanha, mas, cinicamente, disseram que não, que não estavam em campanha de ninguém, que estavam apenas informando a população. Então, isso é algo que precisa ser clareado no Brasil.
Por isso, fiz questão de destacar a posição de Mino Carta, porque esse teve caráter, esse deixou sua posição clara, a sua opinião clara, assim como outros jornalistas que atuaram não mais numa revista, mas nos blogues. Eles foram, em alguns momentos, até demonizados, mas eu quero destacar algumas figuras pelo papel que cumpriram e, em nome deles, esse conjunto de apoiadores da candidatura da Presidente Dilma, especialmente.
Registro a figura do Paulo Henrique Amorim, a figura do jornalista Rodrigo Vianna e a figura do Azenha. E também quero destacar a figura do Miro, no Barão de Itararé, um blogue importantíssimo da disputa política. Eles atuaram. Eles trabalharam de forma aberta em um combate sem trégua, permanente na chamada rede internacional de computadores. E eles agiram sem robô. Eles eram as pessoas agindo. Eles eram as figuras da vida política na área jornalista agindo diretamente, posicionados, sabendo o que estavam fazendo, sabendo qual era a razão da disputa política que acontecia no Brasil. E ganhou na disputa política. E é muito interessante como continua a batalha.
A Presidente já respondeu a uma posição explorada midiaticamente de que o País estaria dividido. Há pouco, eu vi exatamente nos blogues como se deu a eleição última do Barack Obama. Ele ganhou por uma merreca de votos, uma ninharia - acho que foi um percentual até menor do que o da Presidente Dilma, do ponto de vista da diferença. O Presidente Hollande, da França, também. Nenhum dos dois dividiu o seu país. Não. É um processo democrático. É uma disputa democrática. Se ganhar por um, ganhou. É aquele que leva, mesmo por um voto.
Não há que se estender a disputa num cabo de força, em que, eleita a Presidente, no caso, reeleita a Presidente Dilma, se mantenha a tentativa de transformar essa movimentação que foi o resultado da eleição num terceiro turno incessante e permanente, para impedir, como alguns disseram, que se governe. Esse é o problema.
E, na batalha que se trava no Brasil, o que temos em disputa é esta busca dos caminhos do Brasil: se nós continuarmos numa trilha que permite o Brasil se desenvolver, crescer, distribuir a riqueza ou se nós voltamos para a velha teoria do desenvolvimento subordinado, de tirar os sapatos, de tirar os chinelos, de soberania minguada ou se nós reafirmamos o nosso caminho. O País é continental. O País tem força, inteligência, capacidade, um grande mercado. Então, por que nós temos que insistir neste caminho que os neoliberais locais querem impor ao Brasil de subordinação ao modelo, que não é praticado nos países centrais? Eles mesmos não o praticam e querem praticá-lo entre nós! Eu acho que essa foi a batalha que foi travada entre dois caminhos: o do retorno às teses liberais do famoso neoliberalismo recente de esfrangalhar a capacidade do Estado de reagir à necessidade de desenvolvimento da sua nação - isso que foi posto como debate - ou se aprofundamos o caminho em que o Estado tem um papel destacado no projeto de desenvolvimento da nação. E não há como esconder essa necessidade entre nós brasileiros.
Examinemos, se alguns querem ser consistentes nas suas posições, o que ocorre nas grandes nações nos dias de hoje. Vamos ver! Olhemos o que ocorre nos Estados Unidos da América, se eles abrem mão do papel destacado do Estado para definir a política de desenvolvimento da sua nação. Vejamos a Índia, um país emergente como o nosso, ou a China, que deu saltos mais rápidos em relação ao seu projeto de desenvolvimento, ou a Alemanha ou outros países da Europa como França e Inglaterra. Eles abrem mão do papel do Estado do seu país, da sua nação para que outros ditem a regra do seu desenvolvimento?! Por acaso, algum desses defendem a teoria enviesada dos bancos centrais independentes nas suas pátrias?! Nenhum deles. É essa a questão que esteve no fundo do debate político do Brasil.
Acho que a Presidente tem razão quando diz que, no episódio da Petrobras, não deve sobrar pedra sobre pedra. Vai ser muito interessante a gente ver o resultado final dessa investigação. Mas há algo maior por trás do embate em relação à Pebrobras: é exatamente o fato de que, durante esse período mais recente de 12 anos, houve uma alteração substantiva no modelo de exploração de petróleo e gás quando se descobriu a camada do pré-sal. A camada do pré-sal tem uma distinção, porque se trata de campos gigantescos de petróleo. Com essa descoberta, o Presidente Lula considerou a hipótese de alterar a legislação.
Antes, no modelo de concessão, o que ocorria? Qualquer um, brasileiro ou estrangeiro, que participasse de um leilão, no modelo da concessão, ficava dono de 100% do óleo e poderia levar o óleo para onde quisesse, para qualquer lugar. Houve o episódio de uma empresa americana que ganhou um bloco no Município de Icapuí, na plataforma marinha de Icapuí, no Ceará. Ela colocou lá sua plataforma, tirou o óleo todo e não contratou um brasileiro sequer. Quando tirou o óleo, não deixando nem uma gota no Brasil, foi embora. Acabou-se. Esse era o modelo de concessão. Se, para áreas onde há algum risco, pode-se manter o modelo de concessão, na área em que não há risco nenhum, como a área do pré-sal, esse modelo não poderia prevalecer. Esse é outro problema de fundo em relação à Petrobras.
Aqui, a alteração que foi feita é de grande monta. Primeiro: no modelo de partilha, 100% do óleo pertencem ao Brasil - eu pago o serviço prestado por qualquer outro que se associe comigo para tirar o óleo. Então, primeiro, 100% do óleo são nossos. Segundo: há uma única operadora no pré-sal, uma única operadora que tem um nome e que se chama Petrobras. Esse é o problema, esse é o fundo da guerra. O óleo é 100% nosso e só há uma operadora chamada Petrobras. Terceiro: ainda se criou um fundo social do pré-sal. Então, essas alterações são muito fortes, elas criam perspectivas que vão além do pagamento dos dividendos das Bolsas de Nova York, de Londres, de Xangai e de São Paulo, elas vão muito além.
É isso que está sofrendo São Paulo agora, quando vendeu as ações da Sabesp, na Bacia das Almas: deixou o povo sem água. Mas, no caso da Petrobras, ao fazer um novo modelo de partilha, criou-se uma nova situação. A Petrobras tem que investir mais; ela tem que usar mais recursos na contratação de navios, de sondas, de plataformas, na construção das refinarias, para que a gente possa refinar o petróleo aqui.
Então, essa é uma nova realidade. Isso muda a realidade da exploração de petróleo e gás, no Brasil. Ajuda mais o nosso País. Melhora mais a capacidade dessa cadeia produtiva, da indústria e do petróleo em nosso País, essa alteração de grande valor, de grande substância, a que nós estamos assistindo no Brasil.
E digo para vocês, era esse modelo que estava no centro do embate político e que venceu, com grande mérito. Houve uma discussão sobre a discriminação dos nordestinos, infelizmente, mas é importante dizer que a tese defendida pela Presidente Dilma Rousseff foi vitoriosa no Brasil inteiro. No Brasil inteiro. Não houve um Estado em que ela não tivesse uma soma significativa de votos. E, dentre os maiores, se quisermos colocar os dois maiores, ou os quatro maiores colégios eleitorais do Brasil, ela ganhou em três, dos quatro maiores: perdeu em São Paulo; ganhou em Minas; ganhou no Rio; ganhou na Bahia. São os quatro maiores colégios eleitorais.
E evidentemente houve o banho nordestino. E, se quiséssemos fazer algum trocadilho, usando a gaiatice cearense, o banho nordestino foi o banho que os nordestinos deram - digamos assim - nos paulistas - não é? - para poder mostrar também a força do Nordeste. E qual é o problema da força do Nordeste na batalha política recente? É que, no Nordeste, o Produto Interno Bruto cresce acima da média nacional. Por quê? Porque também esse modelo mais estratégico de desenvolvimento não é que privilegie o Norte ou o Nordeste; é que essas Regiões, ao receberem incentivos, têm mais capacidade de crescer numa velocidade maior do que as Regiões já mais desenvolvidas.
Esta é a questão objetiva: ao receber incentivos da chegada de uma refinaria, de uma fábrica de automóveis, de uma siderúrgica, duas siderúrgicas, de uma transposição de águas, as condições de desenvolvimento do Nordeste se ampliam; regiões inteiras passam a ser regiões ricas do Brasil, desconhecidas ainda por parte de brasileiros.
Mas quem quiser ver o que significa o crescimento do Nordeste desça em Juazeiro do Norte, no Ceará, e fique de boca aberta lá, assistindo ao que está acontecendo no interior do Ceará. Desça em Petrolina para assistir ao que está acontecendo em Juazeiro e Petrolina. Ou em Caruaru, onde um arranjo produtivo local dá saltos de desenvolvimento naquela região. Então, o potencial instalado naquela região, as condições que foram oferecidas estão sendo aproveitadas pelo povo da região, com grande capacidade de trabalho.
Houve ampliação da presença das universidades na nossa Região, e, evidentemente, foram feitas universidades, construídas por Lula e Dilma em quase todo o Brasil. São Paulo mesmo, que podemos dizer, assim, entre aspas, “não precisaria”, também recebeu uma nova universidade federal. Minas Gerais, que poderíamos dizer também que não precisaria mais de universidades federais, também recebeu novas universidades federais. Mas a Bahia recebeu duas; Pernambuco recebeu mais uma; o Ceará recebeu duas. Então, espalhou-se a capacidade de formação, de preparação do povo nessa Região.
No meu Estado, o Ceará, havia uma única Escola Técnica Federal, agora, são 33 Escolas Técnicas Federais, que é o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, onde tive a felicidade de me graduar em dois cursos: de mecânica de máquinas e, depois, no curso de eletrotécnica. Era apenas uma na capital; hoje, são 32 no interior e mais a da capital.
Muda, isso muda. No meu Estado, isso tem um peso enorme, isso é investimento federal. Aconteceu no Ceará, mas aconteceu em todo o Nordeste, aconteceu em todo o Norte, aconteceu no Centro-Oeste, aconteceu no Sudeste e aconteceu no Sul. Esse que é o problema. Mesmo com precariedade, a infraestrutura também avançou com dificuldades.
Lembro dos embates que travamos na Câmara Federal ainda, quando começou a se discutir a construção ou se retomar a construção da Ferrovia Norte-Sul.
Foi uma confusão! Porque achavam que “não”. “Para que essa ferrovia?”. Isso só vai dar problema.” Porque essa ferrovia liga o Norte e o Sul do País; liga o Porto de Itaqui, no Maranhão, até São Paulo, o que permite um escoamento da produção larga em nosso País. É uma mudança grande!
Discutiu-se e começou-se a trabalhar o projeto da Transnordestina, da Leste-Oeste. Há uma ferrovia para ser construída ligando o oeste brasileiro aos países sul-americanos, ao Peru, atravessando por cima das cordilheiras, para ligar o País com os vizinhos. Essa é uma nova realidade. A integração forte interna do nosso País, que vai se dando ainda com dificuldades, porque sofre pressão para impedir. Determinadas regiões acham que o desenvolvimento deveria ficar parado só naquela região, que não deveria se estender para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Não! Temos que integrar o nosso País e o nosso Território inteiro num projeto de desenvolvimento arrojado. E isso quem tem coragem de fazer no Brasil é esse campo político, porque os setores conservadores, com a direita brasileira, demonstraram, ao longo da nossa história, desde a Independência até hoje, que não têm a capacidade, o compromisso e o arrojo para tocar um projeto largo de desenvolvimento.
Basta ver, meu caro Paim, que, sete meses depois da Independência, o Patriarca da Independência estava banido do País. Por quê? Porque tinha a ideia de um projeto arrojado de integração do Território, de desenvolvimento, de crescimento econômico e de independência e soberania do nosso País. Foi por isso!
Então, essa turma aí não tem condições de tocar um projeto arrojado de desenvolvimento. Isso é que estava no centro do debate, escamoteado, evidentemente, pelo cipoal de denúncias, porque ali é a forma de jogar areia nos olhos da população, para impedir que enxergue o que está acontecendo no nosso País, que são as condições novas, a escola técnica espalhada, a universidade espalhada, o ProUni, o Reuni, a ferrovia, a água que vai chegar do São Francisco, que antes ia parar no meio do mar, Paim, e que agora vai chegar no meio do Ceará. Essa é a nova realidade!
É a Norte-Sul concluída; são as refinarias no Nordeste brasileiro. Essa é uma situação nova, essa é uma política nova que está acontecendo no Brasil. É a taxa de desemprego menor da história do nosso País. E agora, recentemente, pressionado por um jornalista de uma dessas grandes empresas midiáticas, um analista de mercado, mas analista também de pesquisas sobre a taxa de desemprego, terminou dizendo: “Mas e esse desemprego? A juventude não está procurando emprego?”. E o analista disse: “É, é que a juventude está na escola, está estudando.” E vai sair de lá um profissional muito mais preparado, em melhores condições, com mais bagagem cultural, com mais conhecimento e em condições de ajudar mais no desenvolvimento do Brasil.
É isso mesmo, a juventude tem de estar na escola. Enquanto alguns pregam aqui, ali, alhures, que têm de reduzir a maioridade penal, nós temos é que colocar o jovem na escola profissional. Essa é a diferença, essa é a mudança, essa é a política nova, que sempre desejaram esconder do nosso povo. Só a campanha eleitoral permitiu que a Presidente pudesse falar da política nova que estava em curso no País, ou voltar a falar da política nova que está em curso no País.
Acho, Sr. Presidente, que esse era o debate que estava sendo travado. Foi vitorioso aquele que a população compreendeu melhor como projeto que tinha mais capacidade de aprofundar as mudanças de que o País necessita para se manter, primeiro, como País soberano; segundo, como País desenvolvido; terceiro, com capacidade de distribuir a riqueza para o nosso povo através de mecanismos, tendo como principal a valorização do salário mínimo.
Aproveito para pedir a V. Exª que a gente faça um movimento forte para, na próxima semana, pedir aos relatores... V. Exª já relatou na Comissão de Assuntos Sociais o projeto de lei que amplia o prazo de permanência da atual política de salário mínimo, do ano de 2015, para o ano de 2019. V. Exª já relatou, agora está na Comissão de Assuntos Econômicos com a Senadora Gleisi Hoffmann, que pode relatar isso na próxima semana, e a gente já votar essa matéria como um dos compromissos, porque este foi um dos compromissos que a Presidente Dilma Rousseff assumiu com todas as centrais sindicais de trabalhadores do País: manter a atual política de valorização do salário mínimo na nossa Nação.
Então, Sr. Presidente, queria fazer esses registros da grande batalha travada pelo povo brasileiro.
É claro que um ganha e outro perde, e a Presidente Dilma ganhou. Ela é a Presidente legítima do nosso povo, consagrada pelos eleitores da nossa Nação. Com todo o respeito aos adversários, que travaram e usaram todas as armas que podiam. Todas! Aliás, as que podiam e até as que não podiam, porque o trabalho feito de boca de urna sendo usado por uma revista, na verdade, é caixa dois, que deveria ser apurado pelo Tribunal Eleitoral e pelo procurador eleitoral imediatamente. Deveriam fazer esse trabalho imediatamente, saber quem pagou, como foi feita aquela armação, porque aquilo ali é não só boca de urna, como caixa dois sendo usado para ajudar um candidato na disputa eleitoral.
Então, Sr. Presidente, eu faço esse registro para mostrar como foi a batalha do nosso ponto de vista. E é preciso que ele seja externado no sentido de esclarecer e, ao mesmo tempo, de mostrar que a Presidente está legitimada pelo voto popular do povo brasileiro para cumprir mais quatro anos de governo. E a nossa expectativa é de que esses quatro anos aprofundem o projeto de mudanças com mais arrojo na nossa Nação, permitindo um crescimento econômico mais eficaz, tratando essa política de juros, câmbio e superávit primário de forma que permita um crescimento que interesse mais ao nosso País, interesse mais ao Brasil e, ao mesmo tempo, que mantenha e fortaleça os laços com os nossos vizinhos.
A eleição da Presidente Dilma foi recebida de forma calorosa, posso dizer, por quase 100% dos países da América do Sul. Todos estavam nessa expectativa dessa vitória da Presidente Dilma, porque ela dá sentido e reforço ao movimento que ocorre em toda a América do Sul e em parte significativa da América Latina, porque são governos democráticos e populares, permitindo que o crescimento das suas nações ofereça também mais oportunidades aos povos dessa região do mundo.
A América Latina vive um momento, portanto, muito interessante da sua história, que é de governos do campo popular, democrático e de esquerda, comprometidos com o desenvolvimento e com uma melhor distribuição da riqueza.
Sr. Presidente, eram essas as questões que eu queria levantar, agradecendo, mais uma vez, aos eleitores do meu Estado pelos votos que me ofereceram, 55.403 votos, que, para mim, significam uma grande vitória. Tive uma eleição curta, só um mês e meio praticamente de eleição, e, assim mesmo, o eleitorado da nossa cidade, do meu Estado, da capital e também do Estado do Ceará me ofereceu uma votação muito significativa.
Quero deixar esse registro especialmente em relação à Presidente Dilma Rousseff. Ela sabe que vai poder contar com o PCdoB no Senado, com a nossa querida Senadora Vanessa Grazziotin, e na Câmara Federal, com a nossa bancada, para poder lutar ao lado dela por esse projeto de desenvolvimento em curso na nossa Pátria.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Inácio Arruda, enquanto está na tribuna, permita que eu dê um rápido depoimento da minha tristeza de V. Exª não estar conosco no Congresso, seja na Câmara ou no Senado. V. Exª, digo isso com muita convicção, é um dos melhores Parlamentares de todos os tempos, de todos os tempos! Eu fui Deputado junto com V. Exª e sei das lutas que travamos lá, sempre com o viés de fazer o bem não olhando a quem, com responsabilidade social. Pode saber que este Senador está triste porque eu tinha uma enorme convicção de que V. Exª seria reeleito Senador.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - É claro!
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Sei que, por divergência no Estado, assunto em que não vou entrar, V. Exª foi para Deputado Federal. V. Exª, com a grandeza dos grandes homens e com a humildade dos grandes homens, agradeceu a votação no seu Estado. Mas tenho o direito de dizer, como gaúcho do sul do Brasil, que o Congresso perdeu momentaneamente um dos melhores Parlamentares da história do País. Meu carinho e meu respeito a V. Exª!
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Eu é que agradeço a V. Exª.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - O povo brasileiro tem o orgulho de contar com Parlamentares como o senhor.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Um abraço! Neste minuto que V. Exª me oferece neste instante (Fora do microfone.), eu lhe agradeço o aparte.
V. Exª também me dá a oportunidade de dizer que estou aqui olhando para o Suplicy, essa figura magnânima da luta política do Brasil, e que o nosso compromisso - o meu, o seu, o do Suplicy e o de muitos companheiros que aqui estão - é tão forte com o Brasil, que as trincheiras onde nós atuamos se mantêm muito firmes, com muita convicção.
Nós atuamos durante muitos anos no Congresso Nacional.
Esta é uma escola gigantesca de aprendizado e de como você pode ajudar o País. Às vezes, sem ter uma rádio no seu Estado, sem ter uma linha de jornal, sem ter um programa, sem ter nada, você tem tanta convicção que você não se importa com isso, porque o mais importante é saber o que você fez, como você se conduziu, como você se comportou durante todo esse período. E acho que nós trabalhamos bem nesse sentido.
Mas queremos dizer o seguinte: as trincheiras estão abertas para nós. Vamos nos manter entrincheirados em torno desse projeto, que é onde atuam V. Exª, Suplicy, Anibal, Randolfe e muitos companheiros que aqui estão. Nós poderíamos citar uma fila de 20 ou 30 grandes camaradas que aqui estão conosco.
Então, Sr. Presidente, agradeço a V. Exª por essa gentileza. Digo que até abusei de V. Exª no meu Estado, porque usei ao máximo o pronunciamento de V. Exª durante toda a minha campanha por todos os meios que pude. E isso foi muito bem aceito, muito bem-vindo.
A campanha foi maravilhosa, foi muito boa. O povo é muito generoso. Agora, ele não podia responder à nossa emergência. Quer dizer, nós é que saímos de última hora. O povo respondeu bem, mas nós saímos de última hora. Acho que não foi um erro, porque entrei substituindo um camarada. Então, não foi um problema de erro, mas foi um problema de você não perder aquela vaga por w.o.. E ainda ajudamos a eleger outro camarada, o Chico Lopes, que foi eleito com votação consagradora, embora tenha sido o décimo quarto entre 14 da nossa chapa. Está eleito e vai representar muito bem os interesses do Ceará e do Brasil, meu caro Senador Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Permita-me também retribuir. V. Exª tem sido, Senador Inácio Arruda, antes, na Câmara dos Deputados, e aqui, no Senado, um exemplo de luta, ao lado do Senador Paulo Paim e de outros, para que possamos construir um Brasil justo, um Brasil solidário, um Brasil fraterno. Aliás, de acordo com as recomendações, por exemplo, que o Papa Francisco fez ontem, no encontro com...
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Vou lembrar a V. Exª que sou Inácio Francisco de Assis, e o Papa é da Companhia de Jesus, comandada por Santo Inácio, e adotou o nome de Francisco, que é de Assis.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Sim. Eu farei um pronunciamento agora justamente sobre o primeiro encontro mundial do Papa Francisco com os movimentos populares. Isso se dá muito na direção dos objetivos que V. Exª tem colocado para o Brasil.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Eu também quero aproveitar e fazer o registro da atitude corajosa do Papa Francisco de enfrentar, dentro da Igreja, setores conservadores e, muitas vezes, reações terríveis sobre determinados temas.
Ele, corajosamente, tem assumido isso. Inclusive, liquidou uma tese recente entre os conservadores, que sempre pregaram uma espécie de barreira sistemática em relação ao processo de evolução humana. O Papa disse: “Não, a humanidade surge daí mesmo. É isso mesmo”. Ele busca os caminhos que a Igreja sempre buscou para confirmar esse avanço que ele está realizando.
Eu acho que é um fato a ser registrado com energia, com força, e sei que V. Exª o fará. Acho que é um Papa que está enfrentando esses setores conservadores, e isso é muito positivo para a sociedade.
Muito obrigado a V. Exª.
Obrigado, Senador Paim.
Vamos continuar firmes nas nossas trincheiras, porque, como diz a expressão do movimento social, a luta continua.