Pronunciamento de Fleury em 29/10/2014
Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Apelo por mais atenção ao setor produtivo primário do Brasil.
- Autor
- Fleury (DEM - Democratas/GO)
- Nome completo: José Eduardo Fleury Fernandes Costa
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Apelo por mais atenção ao setor produtivo primário do Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/10/2014 - Página 304
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SETOR PRIMARIO, ECONOMIA, MOTIVO, AUSENCIA, INVESTIMENTO, COMENTARIO, ABANDONO, USINA AÇUCAREIRA, PREJUIZO, ECONOMIA NACIONAL.
O SR. FLEURY (Bloco Minoria/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Presidente Paulo Paim. É uma grande satisfação poder fazer este pronunciamento tendo V. Exª como Presidente.
Sou um homem do campo. Desde que cheguei aqui faço questão de dizer isso. Moro em uma propriedade rural e tenho as minhas indignações com a falta de respeito do Governo Federal com o campo. A atual Presidente, nossa Presidente Dilma, reeleita agora, com legitimidade, hasteou uma bandeira branca para este mandato, e nós precisamos, no campo, ter essa bandeira branca.
Na parte das usinas, Senador Paulo Paim: hoje o Brasil tem mais de 50 usinas fechadas por falta de apoio. A Presidente ignora o setor, não aceita conversar com o setor, e estamos passando por uma dificuldade muito grande, não só os usineiros como os produtores de cana que fornecem para as usinas.
A minha região, sudoeste de Goiás, onde 100% da plantação de cana é mecanizada, está com grande dificuldade. Antigamente o sudoeste era voltado para pecuária, chegou a agricultura, vários ali se endividaram, porque a agricultura neste País não tem seguro, é uma indústria de céu aberto. Às vezes perdemos por 90 dias de falta de chuva, às vezes perdemos por 60 dias de excesso de chuva e, pior ainda Senador, às vezes perdemos depois de ter colhido por não ter onde armazenar.
Então, em meus pronunciamentos não falo que a vértebra deste País é a agricultura, porque tenho a minha quebrada, mas que seja a artéria deste País a agricultura.
O Governo Federal precisa olhar mais para o setor sucroalcooleiro.
O ex-Presidente Lula falava abertamente que nós produziríamos a energia mais limpa e renovável do mundo que poderia abastecer - hoje, 80% dos carros fabricados neste País são flex, usando esse combustível que produzimos para abastecê-los - não somente a Nação, mas grande parte do mundo, gerando divisas, riquezas e a tecnologia que só o Brasil tem: a indústria de carros a álcool.
Mas fico aqui pensando nas tantas dificuldades por que o homem do campo passa, que às vezes perde sua propriedade - e vários produtores da nossa região perderam. Houve produtores que, inclusive, se suicidaram porque não davam conta de pagar suas dívidas. E o Governo nunca entendeu que eles haviam perdido o que tinham trabalhando. Eram chamados de marginais, eram chamados de caloteiros do agronegócio, e nunca sequer foi feito um levantamento da sua vida pregressa para saber, de fato, onde ele colocou o dinheiro. Ele colocou na terra, plantou com alta tecnologia, com custo alto e, às vezes, na hora de vender, as tradings baixavam o preço do produto, por saberem de suas dívidas nos bancos, tendo eles de entregar naquele momento por R$ 2,00 ou R$ 3,00 a menos do preço estabelecido pelos produtores.
Estou aqui nesta Casa há algum tempo defendendo o homem do campo, que, para mim, é o coração, a engrenagem deste País. E, com essa bandeira branca que a Presidente Dilma hasteou, vamos pedir a ela que olhe um pouco para o setor produtivo primário deste País, pois é este que gera a grande fortuna, a grande riqueza do Brasil. Até porque vemos que, quando ela atravessa os oceanos, indo a outros países, fala com muito orgulho, do superávit que o País tem através do agronegócio.
Eram essas as minhas palavras.
Quero agradecer a paciência que V. Exª teve em me ouvir. Sou goiano, mas admiro muito não só o cavalo crioulo, mas o gaúcho, como o senhor.