Pronunciamento de Aécio Neves em 05/11/2014
Discurso durante a 158ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Posicionamento acerca da atuação de S. Exª e da oposição na próxima Legislatura; e outros assuntos.
- Autor
- Aécio Neves (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
- Nome completo: Aécio Neves da Cunha
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ELEIÇÕES.
GOVERNO FEDERAL.
ATIVIDADE POLITICA.
POLITICA PARTIDARIA.:
- Posicionamento acerca da atuação de S. Exª e da oposição na próxima Legislatura; e outros assuntos.
- Aparteantes
- Ana Amélia, Antonio Aureliano, Antonio Carlos Valadares, Ataídes Oliveira, Cristovam Buarque, Cyro Miranda, Cássio Cunha Lima, Cícero Lucena, Eduardo Suplicy, Flexa Ribeiro, Humberto Costa, Luiz Henrique, Lúcia Vânia, Magno Malta, Paulo Bauer, Pedro Taques, Romero Jucá, Ruben Figueiró, Sérgio Petecão, Zeze Perrella.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/11/2014 - Página 167
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL. ATIVIDADE POLITICA. POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- COMENTARIO, ATUAÇÃO, ORADOR, RELAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ELEIÇÕES, DISPUTA, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGRADECIMENTO, APOIO, CRITICA, CAMPANHA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, DIFAMAÇÃO, CANDIDATO, OPOSIÇÃO, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), OBJETIVO, FAVORECIMENTO, CAMPANHA ELEITORAL.
- CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, RECONHECIMENTO, NECESSIDADE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), AUMENTO, JUROS, GESTÃO, FINANÇAS PUBLICAS, RESULTADO, DEFICIT, BALANÇA COMERCIAL, DEFESA, PUNIÇÃO, PESSOAS, PARTICIPAÇÃO, IRREGULARIDADE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS).
- REGISTRO, COMPROMISSO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, OPOSIÇÃO, OBJETIVO, GARANTIA, LIBERDADE DE IMPRENSA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, DEFESA, DEMOCRACIA, IMPORTANCIA, DEBATE, SOCIEDADE.
- CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), MOTIVO, DIVULGAÇÃO, DOCUMENTO, ASSUNTO, DIFAMAÇÃO, ORADOR, CANDIDATO, FILIAÇÃO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DISPUTA, CARGO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros que nos acompanham pela TV Senado e por outras emissoras de televisão que transmitem ao vivo este pronunciamento, agradeço a todos, em especial aos Parlamentares que aqui vieram, Senadores, colegas desta Casa, Deputados Federais, Deputados Estaduais de várias partes do Brasil.
Retorno hoje, ilustre Presidente, a esta tribuna de tanta história, e ao lado de tantos dos nossos companheiros, para falar aos brasileiros pela primeira vez desde que se encerrou a campanha eleitoral que enfrentamos este ano. Antes de qualquer outra ponderação, devo afiançar-lhes: sinto-me especialmente feliz e gratificado pela caminhada que fiz. Vivi uma das jornadas mais gratificantes de toda a minha trajetória política, de toda a minha vida, na verdade. A mais difícil e desafiadora que um homem com responsabilidade pública pode protagonizar.
Estou agradecido e honrado pela manifestação de mais de 51 milhões de brasileiros, de todas as nossas regiões, de todos os Municípios, de todas as idades e classes sociais, que viram na nossa candidatura a possibilidade de construir um caminho melhor para o Brasil, um caminho para mudar de verdade o Brasil.
É com esse sentimento e consciente das minhas graves responsabilidades que retorno a esta Casa e venho a esta tribuna. E retorno com convicções ainda mais sólidas. Nos últimos meses, representando, inclusive, muitos dos senhores que aqui estão e milhões de brasileiros que nos ouvem hoje, me coloquei como alternativa na defesa de um Estado mais eficaz, um Estado moderno que valorizasse a transparência, reconhecesse a meritocracia e, sobretudo, zelasse pelo bom destino do dinheiro público em prestação de serviço de qualidade à população.
Defendi a retomada das reformas para modernizar a nossa economia e retirá-la da paralisia em que o atual Governo a colocou.
Comunguei, junto com milhares de brasileiros, em especial com Marina Silva e Eduardo Campos, a agenda do desenvolvimento sustentável, a transição rumo à economia de baixo carbono, caminho que se mostra cada vez mais imperativo, se quisermos construir de verdade um futuro adequado para nossos filhos e netos.
Advoguei, em todas as partes do Brasil, a necessidade da maior participação do investimento privado na construção da infraestrutura, para que deixássemos de ser aprisionados por uma visão ideológica, estatizante e ultrapassada.
Defendi a manutenção e avanço nos nossos programas sociais, para que pudessem servir melhor à população e sair, definitivamente, da perversa exploração eleitoral a que foram, mais uma vez, submetidos.
E propus a reaproximação do Brasil com o resto do mundo, ao qual demos as costas, nos últimos anos, ao priorizar as parcerias com governos ideologicamente alinhados.
Também, senhoras e senhores, posicionei-me na firme defesa de valores que foram aviltados, dia após dia, na busca da recuperação da ética, atropelada pelo vale-tudo político; na preservação do interesse público, tão vilipendiado por interesses privados e partidários; e no combate sem tréguas à corrupção, que atinge níveis como nunca antes se viu neste País.
Ao atual estado de coisas, mais de 50 milhões de brasileiros, Srs. Senadores, disseram “não”. E disseram “não” porque buscavam e sonhavam - como continuam buscando e sonhando - com um País melhor, um País verdadeiramente justo, mais honesto, mais equilibrado e com um governo que seja mais eficiente e aja com maior decência, porque acreditam que o rigor da lei deve atingir a todos.
Esses milhões de cidadãos que marcharam conosco também compartilham da nossa visão de que o atual modelo político encontra-se esgotado, degradado pelos atos daqueles que nos governam há mais de uma década. Assim como nós, também perceberam que convivemos hoje com um modelo econômico estagnado, desequilibrado, cada vez mais isolado do mundo, com o Estado pesado e pouco produtivo.
Aos apoios - e tantos foram eles que recebemos - foram se somando muitos outros. E, pouco a pouco, nossa candidatura - essa é a verdade, Senador Cristovam Buarque, V. Exª é testemunha disso - deixou de ser apenas a de um partido político, de uma coligação partidária, para se transformar em um movimento como poucas vezes se viu na história brasileira.
Perdemos as eleições por uma pequena diferença. Mas algo de novo, algo de novíssimo aconteceu no Brasil: a chama da renovação se acendeu e continua mais forte do que nunca, ultrapassando o tradicional marco do processo eleitoral.
Sinto nas ruas, nas conversas - e tenho certeza de que os senhores, da mesma forma, percebem isso -, nas redes sociais que o ânimo da população por uma verdadeira mudança, por um novo rumo não esmoreceu.
Tenho a dizer a todos e a cada um de vocês: nosso projeto para o Brasil continua mais vivo do que nunca!
Senhoras e senhores, Parlamentares que lotam este plenário, travamos nessas eleições uma disputa desigual, uma disputa em que os detentores do poder usaram, despudoradamente, o aparato estatal para se perpetuarem por mais quatro anos no comando do País. Essa é a verdade.
Adotou-se um vale-tudo nunca antes visto na nossa história. Nossos adversários cumpriram o aviso dado ao País de que, nas eleições, pode-se fazer o diabo. E o fizeram. Mostraram que não enxergam limites na luta para se manter no poder.
A má-fé com que travaram a disputa chegou às raias do impensável, do absurdo, e agrediu a consciência democrática do País. Primeiro, atingiram Eduardo Campos; depois, Marina Silva; e, por último, fui eu o seu alvo preferencial.
Mais grave ainda: espalharam o medo entre pessoas humildes, manipularam o sentimento de milhares de famílias, negando-lhes o livre exercício da cidadania. Essa intimidação e essa violência só têm paralelo em regimes que demonstram muito pouco apreço pela democracia.
Nesse vale-tudo eleitoral, legitimaram a calúnia e a infâmia como instrumento da luta política. Usaram a mentira para tentar assassinar reputações.
Acrescentou-se ao cenário o uso vergonhoso da máquina pública, simbolizado, emblematicamente, pela atuação da Empresa de Correios e Telégrafos, essa grande empresa brasileira. Peço licença para saudar seus funcionários e agradecer as inúmeras manifestações de solidariedade que deles recebemos na luta contra esse crônico aparelhamento da empresa. Nesse caso, viu-se o inimaginável, que resume um pouco de tudo o que aconteceu. De um lado, a postagem de correspondências da candidata do PT sem chancela significa que, na prática, nunca o Brasil saberá qual o volume de propaganda do PT fora efetivamente enviada sem pagamento. Por outro lado, a não entrega de milhares de correspondências pagas pelos partidos de oposição - e deixo aqui nesta tribuna, mais uma vez, constatada essa denúncia -, como as enviadas pelo PSDB e pelo Solidariedade. As correspondências desses partidos não chegaram aos seus destinatários. E essas violações são objeto hoje de ações protocoladas por nós na Justiça Eleitoral e na Procuradoria da República.
Mas não foi apenas isso: a antipolítica também assumiu a face do medo, que fez milhões de brasileiros reféns da insegurança.
Vejam os senhores aonde chegaram - sabe disso o Senador Cássio Cunha Lima e tantos outros brasileiros que aqui estão: nas regiões mais pobres do País, carros de som espalhavam-se, Senador Arthur Virgílio, que 13 era o número para permanecer no Bolsa Família e que 45 era o número para se descredenciar do programa.
Famílias receberam ligações e mensagens, dizendo que, se a oposição vencesse, o Programa Minha Casa, Minha Vida seria extinto.
Funcionários de empresas estatais foram informados de que iríamos privatizar essas empresas e de que seriam todos eles demitidos.
No geral, senhoras e senhores, aquilo a que se assistiu foi uma campanha baseada no estímulo ao ódio, um projeto amesquinhado e subordinado ao marketing do medo e da ameaça.
Tentaram, a todo custo, dividir o País ao meio: entre pobres e ricos, entre Nordeste e Sudeste, como se este não fosse o nosso mais valioso patrimônio: um só povo, um só País, uma só esperança de tempos melhores.
A vitória do PT alavancada através desses expedientes explica o grande sentimento de frustração que tomou conta de milhões de brasileiros após o resultado.
Mesmo enfrentando tudo isso - e esta, para mim, é a questão mais relevante -, o sentimento de mudança que moveu a candidatura das oposições, que tive a honra de liderar, alcançou um resultado magnífico.
Reconhecemos o resultado das eleições. Sou um democrata. E aqui não se trata mais de contar votos, de fazer comparações ou de medir desempenhos apenas do ponto de vista eleitoral. Mais importante que tudo isso é saudar um novo Brasil que surgiu das urnas, e é esse o fato mais marcante, extraordinário e maravilhoso dessas eleições, que a história haverá de registrar.
Nós assistimos, senhoras e senhores, ao despertar de um novo País: um País sem medo, um País crítico, um País mobilizado, um País com voz e convicções; um País que não aceita mais o discurso e a propaganda que tenta sempre justificar o injustificável, que tenta esconder a realidade. O Brasil que saiu das urnas é um novo Brasil, onde os brasileiros descobriram que podem, eles próprios, ser protagonistas do seu destino.
Por todas as Regiões, milhares de pessoas ocuparam as ruas de forma espontânea, não apenas para apoiar um nome, mas para defender uma causa.
Os brasileiros, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, perderam o constrangimento de dizer aquilo com que não concordam, que não aceitam e com que não pactuam. E eles não pactuam mais com a corrupção, com o desmando e com tanta ineficiência. Os brasileiros ocuparam as ruas para mostrar que sabem o que está acontecendo com o Brasil e que não vão permanecer mais em silêncio.
Nessa campanha eleitoral, senhoras e senhores, milhões de brasileiros - e a história registrará isso de forma muito clara - tomaram posse, Senador Jarbas, do seu próprio País.
Os exemplos estão por todos os cantos. Estão nos idosos - e muitos foram aqueles com que me encontrei, ao longo dessa caminhada, de 80 anos, de mais de 90 anos de idade, Senador Esperidião -, que me diziam que faziam questão de ir às urnas para ajudar a fazer a mudança. Estão nas crianças que me enviaram desenhos, mensagens por toda parte do País, querendo participar desse processo, que significa, na verdade, a construção do seu próprio futuro.
Este País se fez ver nos debates que tomaram conta das escolas e das universidades de todo o País; nos jovens que ocuparam de forma pacífica e alegre as ruas de todo o Brasil; nas correntes de oração que uniram milhões de brasileiros.
Eu me emociono ao me lembrar de muitas delas. Das freiras clarissas, que ouviam os nossos debates de joelhos, Senador Caiado - bem-vindo a esta Casa -, acreditando num Brasil melhor para todos os brasileiros.
Ao final, senhoras e senhores, acredito sinceramente que esta campanha permitiu o reencontro dos brasileiros com o País que ainda sonhamos ter e sonhamos ser.
Eu me sinto particularmente honrado em ter podido ser parte desse movimento. E, com a mesma firmeza com que falei aos brasileiros e os convoquei a darem voz à sua indignação e à sua esperança, saúdo neste momento, mais uma vez, todos os brasileiros, de todas as regiões do Brasil, especialmente das regiões mais pobres e, de forma especialíssima, do Nordeste brasileiro.
Mas saúdo especialmente, neste instante, aqueles que corajosamente marcharam ao nosso lado, mobilizados por um único desejo, uma única vontade, um único sonho em comum: o sonho da mudança. A mudança que representa um novo projeto de País, no lugar de um novo projeto de poder.
E quero expressar aqui o meu mais irrestrito respeito àqueles que democraticamente fizeram outra opção. Mas também devo deixar minha palavra de agradecimento - e vários deles aqui hoje se fazem presentes - aos companheiros do PSDB; aos companheiros do Democratas; aos companheiros do Solidariedade, Deputado Paulinho; do PTB; e de tantos outros partidos que fizeram conosco essa caminhada.
Mas quero agradecer também, de forma especial, aos companheiros do PSB de Eduardo Campos, através do Senador Valadares; aos companheiros do PPS, aos companheiros do PV, do PSC, do Pastor Everaldo, aqui presentes, homens públicos cuja travessia na vida pública faz com que valha a pena caminhar ao lado deles.
Quero agradecer a homens públicos que não precisam de filiação partidária para dizer o que pensam e tomarem as atitudes que acham mais adequadas aos interesses da sua gente.
Permitam-me, entre tantos, homenagear e agradecer o seu apoio, Senador Jarbas Vasconcelos; o seu apoio, Senador Pedro Simon; o seu apoio, Senador Ricardo Ferraço; o seu apoio, Senador Pedro Taques; o seu apoio, Senador Cristovam Buarque; do PP da minha queridíssima amiga Ana Amélia - quero aqui, de forma muito especial, agradecer o privilégio da sua companhia nessa caminhada; do Senador Dornelles e de tantos quantos, em partidos que não estão hoje no âmbito da oposição, fizeram prevalecer a sua consciência e a sua responsabilidade para com o País.
Através deles, homenageio milhares de lideranças políticas espalhadas por todos os Municípios brasileiros que disseram “sim” à mudança. A essas forças políticas somaram-se forças da sociedade, sindicatos de trabalhadores, entidades de classe, associações comunitárias, profissionais liberais, médicos, advogados, servidores públicos indignados com o que veem acontecer em suas empresas.
Mas nada, nada foi mais forte do que a volta dos jovens às ruas para, de forma pacífica, como aqui disse, dizer um sonoro “basta” a tudo isso que aí está.
Portanto, meus amigos e minhas amigas, subi já várias vezes a esta tribuna; por inúmeras vezes, na tribuna da nossa Casa irmã, a Câmara dos Deputados; mas em nenhum momento com esta carga de responsabilidade.
Quero aqui, no alto desta responsabilidade, reafirmar, para que os Anais desta Casa registrem para a história, que, de todas, a mentira foi a principal arma dos nossos adversários. Mentiram sobre o passado para desviar a atenção do presente. Mentiram para esconder o que iriam fazer tão logo passassem as eleições.
Fomos acusados, senhoras e senhores, de propostas que jamais fizemos. Assistimos a reiteradas tentativas de reescrever a história, sempre nos reservando o papel de vilões, que jamais fomos e não somos.
No entanto, não demorou muito para que a máscara começasse a cair. O Brasil escondido pelo Governo na campanha eleitoral está-se revelando a cada dia.
Alertei, durante todo o processo, sobre o risco da inflação e, perante toda a Nação, a Presidente insistiu em negar o problema evidente da alta de preços e da carestia.
O desenrolar dos fatos mostrou quem tinha razão. Apenas três dias - três dias, senhoras e senhores! - após as eleições, o Banco Central elevou os juros já escorchantes da nossa economia, e não sei se vai parar por aí. Para a Presidente, em sua campanha, elevar os juros era retirar comida do prato dos mais pobres. Pois bem, se isso era verdade, foi o que ela fez logo que venceu as eleições, prejudicando os brasileiros mais carentes, e sabia que ia fazer isso.
O Governo escondeu, Sr. Presidente, o rombo das contas públicas brasileiras o quanto pôde, que registraram, em setembro, o pior resultado da nossa história: 20 bilhões de rombo em um único mês. Resultado: desde o início do Governo Dilma, a dívida pública brasileira já cresceu mais de oito pontos do PIB apenas nesse período. Escondeu reiteradamente que havia a urgente necessidade de ajustes, mas agora antecipa que eles deverão ser duríssimos no ano que vem, em meio a um ambiente econômico que já não cresce e que a cada dia gera menos empregos.
Para complicar, o déficit comercial só cresce, indicando problemas flagrantes na competitividade da nossa economia, e o rombo das nossas contas externas aumenta, e nossa taxa de investimentos e poupança só diminuem. Chegamos à menor taxa de investimentos da nossa economia das últimas décadas, apenas 16,5% do PIB.
A candidata oficial também negou perante todo o Brasil a necessidade de reajustar as tarifas públicas e, mais que isso, acusou a minha candidatura de o estar preparando, caso vencêssemos as eleições. Pois bem, Senador Pedro Simon, a Presidente já está fazendo aquilo que disse que não faria. Na próxima semana, teremos o aumento da gasolina e, já nesta semana, tivemos aumento de tarifas de energia, que sofrerão reajustes que simplesmente anulam toda a redução obtida com a truculência da intervenção - aqui denunciada por nós - havida no setor elétrico nos últimos anos. Isso sem falar na ameaça estampada nos jornais de hoje, de que no verão nos esperam apagões de energia.
E o mais grave, senhoras e senhores: ao omitir dos brasileiros a verdade e ao adiar medidas necessárias, a conta a ser paga aumenta exatamente para aqueles que menos têm. Foi tudo o que nós denunciamos na campanha eleitoral.
Eu me orgulho, senhoras e senhores, de ter feito a campanha da verdade. Meus adversários não podem dizer o mesmo. Mas a grande verdade é que tudo isso parece não importar aos donos do poder. Comemoram até hoje. "Ganhamos!" - devem estar dizendo. E é isso que deve importar. Quem falou a verdade foi taxado de pessimista, de ser contra o Brasil. E quantas vezes ouvi essas acusações!
Mas, senhoras e senhores, a história, rapidamente, mostrou quem tinha razão. Esconder, camuflar virou a rotina deste Governo. Só não conseguiram esconder os escândalos de corrupção porque os delatores, que faziam parte do esquema, resolveram falar a verdade para diminuir suas penas. E todo o esforço, feito inclusive nesta Casa, para inibir as investigações da CPMI foram em vão. Os fatos falaram mais alto.
Agora, os que foram intolerantes durante 12 anos falam em diálogo. Pois bem, qualquer diálogo estará condicionado ao envio de propostas que atendam aos interesses dos brasileiros, e, principalmente - e chamo a atenção desta Casa e dos brasileiros para o que vou dizer -, qualquer diálogo tem de estar condicionado especialmente ao aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história deste País, já conhecido como “Petrolão”. (Palmas.)
A triste realidade é que o Governo não se preparou para controlar a inflação, recuperar o controle fiscal e reduzir o nosso desequilíbrio externo para voltarmos a crescer e a gerar empregos de maneira sustentável. O que se observa hoje é um Governo ainda sem um plano econômico. Aliás, sem plano algum que tenha sido trazido ao conhecimento da sociedade brasileira, exceto pela ameaça de aumento da carga tributária e de mudanças em direitos dos trabalhadores, como o seguro-desemprego, contra os quais, desde já nos posicionamos.
Senhoras e senhores, ainda que por uma pequena margem, o desejo da maioria dos brasileiros foi que nos mantivéssemos na oposição, e é isso que faremos, com o ânimo redobrado; e é isso que faremos, conectados com o sentimento de metade do País, que temos, hoje, a responsabilidade de representar. Faremos uma oposição incansável, inquebrantável e intransigente na defesa dos interesses dos brasileiros. Vamos fiscalizar, vamos acompanhar, vamos cobrar, vamos denunciar, vamos combater sem tréguas a corrupção que se instalou no Governo brasileiro e, mesmo sendo minoria no Congresso, vamos lutar para que o País possa avançar nas reformas e nas conquistas que precisamos alcançar.
A nossa prioridade, senhoras e senhores, deverá continuar a ser a mesma que teríamos se fôssemos Governo: sempre os mais pobres, sempre a diminuição das desigualdades que ainda nos afrontam, que ainda nos envergonham.
É hora, senhoras e senhores, de olhar para frente, de cuidar do presente para prover o futuro que o Brasil e os brasileiros merecem ter.
Três compromissos fundamentais vão orientar a nossa luta: o compromisso com a liberdade, com a transparência e com a democracia. A defesa intransigente das liberdades, em especial a liberdade de imprensa; segundo, a exigência da transparência em todas as áreas da Administração Pública; terceiro, a defesa da autonomia e fortalecimento dos Poderes como base de uma sociedade democrática.
E aqui antecipo que o decreto dos Conselhos Populares, enviado ao Congresso Nacional sem qualquer discussão prévia, deverá ter aqui no Senado o mesmo fim que teve na Câmara dos Deputados, ou seja, o arquivo. (Palmas.) Defendo, como sempre defendi, a ampliação das consultas populares e da participação popular na definição das políticas públicas neste País, mas isso tem de ser feito em diálogo permanente com os representantes do povo brasileiro, e eles estão aqui no Congresso Nacional.
Senhoras e senhores, neste cenário de tão grandes dificuldades esperadas, vamos estar mais firmes do que nunca e vamos cumprir todos os dias o nosso dever. Precisamos, senhoras e senhores, estar atentos; atentos aos nossos adversários que, poucos dias depois das eleições, divulgam um documento oficial ao País que mostra a sua verdadeira face: a da intolerância, a da supressão das liberdades, a dos ataques às instituições. Mais que isso, nossos adversários de novo não se constrangem em propor um projeto que se pretende hegemônico, o oposto daquilo que a democracia pressupõe: liberdade de escolha, alternância de poder.
Não satisfeitos em atacar as instituições, em atentar contra a democracia, tentaram carimbar nesse documento a nossa candidatura com características que, na verdade, retratam a própria ação petista. Dizem no documento que a minha candidatura representou o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar. Não, senhoras e senhores! Esses atributos que jogam sobre mim, na verdade, eles os jogam sobre 51 milhões de homens e mulheres; eles é que são verdadeiramente atacados pelo PT nesse instante em um documento oficial.
Ora, a grande verdade é que a nossa campanha respeitou os limites da ética, falou a verdade, defendeu a democracia em todos os instantes e, por isso, conectou-se com toda a sociedade brasileira. Não, nós não somos isso que querem fazer crer. Nós somos, na verdade, brasileiros de várias matrizes ideológicas que, de alguma forma, se juntaram, se encontraram no mesmo campo político, no mesmo projeto, porque esse era o projeto melhor para o País.
Senhoras e senhores, essas não são, como disse aqui, as características do povo brasileiro. Somos um povo generoso, e a missão da atual e próxima Presidente da República - disse isso a ela no telefonema que lhe fiz logo após a homologação do resultado eleitoral - é exatamente este, maior que qualquer outro: unir o País em torno de um projeto de desenvolvimento. Mas, para isso, é preciso falar a verdade. Para isso, é preciso encarar nos olhos todos os brasileiros.
Como já disse, senhoras e senhores, repito: é nosso desejo verdadeiro contribuir para que o País avance através das reformas que os brasileiros há tanto tempo esperam e há tanto tempo buscam, como a reforma política e a reforma tributária. É hora de o Brasil conhecer as bases da proposta de reforma política do Governo até hoje omitida, porque deverá ser debatida e aprovada neste Congresso, legitimamente eleito. E, depois, sim, submetida através de referendo ao crivo da sociedade brasileira. Qualquer outro caminho é mais uma tentativa diversionista para tentar distrair o País de outros graves problemas que estamos enfrentando e ainda vamos enfrentar.
É nosso compromisso, senhoras e senhores, transformar o Bolsa Família em política de Estado para livrar o País definitivamente da chantagem eleitoral que se repete, eleição após eleição, a céu aberto, sem qualquer constrangimento. Da mesma forma, vamos trabalhar incessantemente para dar à segurança pública patamar de política de Estado para por fim às omissões do Governo central nessa área. Vamos cobrar cada uma das propostas para melhoria da qualidade da nossa educação básica, Senador Cristovam Buarque, ainda tão fragilizada e carente de recursos e de esforços convergentes. É crucial recuperar imediatamente os patamares de investimento em saúde pública para revertermos o quadro dramático de desassistência em todo o País.
Cobraremos, senhoras e senhores, e esse é o nosso papel, deste Governo a vigência de um Estado que respeite direitos em contraposição ao flagrante regime de drásticas insuficiências que se abateram sobre o País e penalizam diretamente os mais pobres, os que mais precisam, aqueles que menos têm. Esse talvez seja, senhoras e senhores, o grande desafio do Brasil do nosso tempo: ser uma Nação que garanta direitos dignos aos cidadãos.
O Brasil real exige providências efetivas, que resgatem os direitos das pessoas à vida e à dignidade. Basta, senhoras e senhores, de tanta omissão! Chega de terceirizar responsabilidades e penalizar Estados endividados e Municípios à beira de um colapso financeiro.
E aqui faço questão de reiterar um dos nossos compromissos mais importantes: a restauração plena da Federação brasileira, engolfada pela incúria do governismo e uma das mais dramáticas concentrações de recursos, poder e mando na história republicana na órbita da União.
O Brasil, senhoras e senhores, exige - e nós cobraremos deste Governo - respeito à lógica federativa, o que significa compartilhar decisões e responsabilidades e repartir com mais justiça e equidade os impostos arrecadados com o trabalho dos cidadãos. Por iniciativa desta Casa - e saúdo, mais uma vez, a Senadora Ana Amélia -, começamos a trabalhar e a conseguir avanços nessa direção.
Mas, senhoras e senhores, peço licença para encerrar estas minhas palavras agradecendo a todos e a cada um dos companheiros com quem tive a honra de cumprir essa jornada de amor ao Brasil.
Saúdo, na família de Eduardo Campos, de sua esposa, Renata, e seus filhos, cada família brasileira que uniu gerações no sonho de mudar o Brasil. Saúdo, em Marina Silva, a capacidade de priorizar, acima de tudo, o amor ao Brasil. A ela, o meu imenso respeito pessoal e a certeza de que, mais do que nunca, seu protagonismo se faz necessário para consolidarmos a grande travessia. Nos companheiros do PSDB, saúdo o encontro e o reencontro com a nossa história, nossos princípios e nossos compromissos com o País.
Permito-me homenagear a todos na figura, este sim, do grande estadista Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente da República. (Palmas.)
Aos nossos aliados - tantos deles aqui presentes -, saúdo o desprendimento e a crença inabalável em uma Nação forte, justa, mais igual. A oposição, a partir de agora, não terá a voz de um único líder; seremos todos porta-vozes de um inédito sentimento por mudanças que galvanizou todo o País.
E me dirigindo, respeitosamente, àqueles que venceram essas eleições e que, democraticamente, cumprimento, reafirmo que, ao olharem para as oposições no Congresso Nacional, não contabilizem apenas o número de cadeiras que aqui ocupamos, seja no Senado, seja na Câmara. Enxerguem, através de cada gesto, de cada voto, de cada manifestação de cada um dos nossos, a voz estridente de mais de 51 milhões de brasileiros que não aceitam mais ver o Brasil capturado por um partido e por um projeto de poder. (Palmas.)
É a esses brasileiros que quero garantir, ao final, de forma muito clara: nossa travessia não terminou. Nós não vamos nos dispersar. A cada brasileiro e a cada brasileira que foi às ruas, que vestiu as cores da nossa Bandeira, que enfrentou as calúnias e constrangimentos de um exército pago nas redes sociais, que, com alegria e esperança, defendeu a mudança, a ética e a união dos brasileiros; a cada um de vocês, digo, em nome dos nossos companheiros de oposição: agora e a cada dia dos próximos anos, estaremos presentes.
Vamos em frente juntos sempre por um Brasil melhor. (Palmas.)
O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Senador Aécio Neves, V. Exª me dá um aparte?
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Ofereço aparte ao Senador Magno Malta, Senador Humberto, Senador Pedro Taques.
O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Senador Aécio, também solicito um aparte a V. Exª.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Senador Cássio, na sequência do Senador Humberto.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Senador Aécio, também gostaria de um aparte.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Senador Suplicy e Senadora Ana Amélia.
O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Senador Aécio, quero saudá-lo pelo importante pronunciamento; V. Exª que sai de uma luta das mais aguerridas, em algum momento das mais sofridas já vistas neste País; V. Exª que é meu companheiro aqui no Senado, foi meu companheiro na Câmara Federal, quando presidiu a Câmara Federal, com quem tenho relações pessoais de amizade. Senador Aécio, o meu Partido é da Base do Governo e, desde o primeiro momento, o Brasil conheceu a minha posição. Seria tolice nos assentarmos aqui, ouvir e apartear V. Exª, V. Exª que fez uma campanha o tempo inteiro falando a verdade; e a verdade que falou na televisão, nos meios de comunicação, nas ruas, repete aí nessa tribuna, para não reconhecermos, porque o valor, a Bíblia diz que um é o que semeia e o outro é o que ceifa. Gosto de citar a Bíblia, porque é a minha referência, e cada um cita aquilo que acha melhor na sua referência. A minha referência não usa boina vermelha, não tem barba; a minha referência não fuma charuto, a minha referência não bebe cachaça; a minha referência é Cristo mesmo. Mas o sujeito, quando fala disso, ou é fundamentalista ou é atrasado, mas, se for isso, sempre fui e vou continuar sendo. A minha referência, na sua palavra, diz isso absolutamente. Nós não podemos ser loucos! Participei do processo da campanha do Presidente Lula - da segunda - e da Presidente Dilma. Não dá para não reconhecer que houve avanços na área social. Houve, mas os avanços foram feitos exatamente porque os fundamentos da economia foram dados no governo Fernando Henrique. Ora, um é o que semeia e o outro é o que ceifa. Reconhecer o que o outro fez é gesto de grandeza; tentar desmentir isso ou não reconhecer é se apequenar demais, e foi isso que vimos nesse processo eleitoral. Quando V. Exª fala nesses 51 milhões, e eu faço parte desses 51 milhões, que caminharam sob o comando de V. Exª, clamando por mudanças no País, até porque ninguém é tão bom, absolutamente bom, que tenha que se perpetuar no poder. Eu quero lhe dar um recado, como fundamentalista que sou, porque sou cristão. Eu orava no hotel, há três dias, porque a angústia no meu coração é a angústia do coração desses 51 milhões de brasileiros, que têm a mesma sensação que eu, e eu procurava uma explicação para essa sensação. E me lembrei, com todo respeito aos dois artistas, de um festival de música ocorrido no Maracanãzinho: quando todo mundo esperava o anúncio de Guilherme Arantes, com Planeta Água, eles anunciaram Lucinha Lins. Ela ganhou debaixo de vaias. Quando anunciaram que V. Exª perdeu a eleição e a Presidente ganhou, é como se ela tivesse sido anunciada debaixo de vaia. (Palmas.) Foi a figura que arrumei para entender esse momento. Pois bem, quero te dar um recado: V. Exª não perdeu as eleições, Senador Aécio Neves; V. Exª recebeu um livramento da parte de Deus. Sabe por quê? Este País está quebrado. A economia, maquiada. V. Exª acabou de dar os números. Aqueles que diziam que V. Exª ia levantar os juros, para tirar a comida do pobre, dois dias depois da eleição, aumentam os juros para 11,25%. Ora, o País está quebrado. Nós vamos caminhar para dias terríveis. As medidas que terão que ser tomadas para não permitir que este País vá para o buraco, para o fosso, serão amargas. E, se V. Exª passa pelas urnas, V. Exª teria que tomar essas medidas, medidas que V. Exª ia ter que tomar. Atitude contra Bolsa Cadeia, bolsa de não sei o quê, esses pacotes de bondades que foram feitos eleitoralmente. V. Exª iria ressuscitar e trazer às ruas quem está caminhando para a morte. Eles iriam instigar o povo, e V. Exª, como Presidente, ia pagar uma conta que não é sua. Quem vai ter que pagar essa conta é quem fez striptease moral em praça pública e destruiu a economia deste País. (Palmas.) Digo a V. Exª, eu sou do PR, que é da base do Governo. Tantos outros gostariam de estar aqui, mas nem todo mundo é doido como eu, até porque medo eu conheço de ouvir falar, nunca fui apresentado. Eu sou um homem que aprendi com Dona Dadá, minha mãe, a lidar com justiça. E, para tanto, parabenizo V. Exª pela campanha que fez, sem medo de assumir como cristão a sua posição de família. E, ao anunciar a posição daqueles que receberam ordem - receberam ordem -, procuração de 51 milhões de brasileiros para se comportarem como tal nessas duas Casas, que V. Exª comande e que nós não permitiremos qualquer coisa que cheire a vilipêndio contra a família deste País, porque Deus não criou Ministério Público, Deus não criou Conselhos Populares, Deus não criou PT, Deus não criou PSDB. Deus criou família! Nós precisamos proteger a família, porque, a partir da família, tudo; fora da família, nada. Quero parabenizá-lo e dizer que estou com V. Exª, porque daqui a quatro anos eles vão ter que amargar e beber o veneno que eles construíram. V. Exª recebeu o livramento. Guarde isso! Livramento, porque daqui a quatro o Brasil saberá que o homem que Deus levantar para assumir este País, esse homem estará pronto e com o apoio da Nação para fazer as mudanças necessárias, porque, nesse momento, eles iriam para a rua, iriam suscitar e incitar o povo para poder fazer de V. Exª um Judas do Brasil para que V. Exª pagasse uma conta daquilo que V. Exª não comprou e deixou de pagar. Que paguem a conta aqueles que, depois de entenderem que pegaram parte do Brasil, dos nossos irmãos mais simples pelo estômago, disseram: “Agora, pelo estômago, nós os pegamos; agora nós podemos fazer streptease moral em praça pública às 10 horas da manhã que está tudo dominado e ganharemos qualquer eleição”. Não será dessa forma? Parabéns a V. Exª e estaremos juntos durante esse período. (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado, Senador Magno Malta, pelas suas palavras.
Dou aparte, com prazer, ao Líder do PT nesta Casa, Humberto Costa; em seguida, ao Senador Pedro Taques e ao Senador Cássio Cunha Lima.
O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Senador Aécio Neves, antes de mais nada, boas-vindas a V. Exª. O retorno de V. Exª ao nosso convívio é razão de muita satisfação para todos nós. Em segundo lugar, parabenizá-lo pelo excelente desempenho que teve como candidato, pela perseverança que teve ao longo de todo esse processo. Em terceiro, gostaria de dizer, meu nobre Senador Aécio Neves, que essa foi uma campanha, talvez, com muitos excessos, excessos de parte a parte. V. Exª, neste momento, questiona coisas. Eu já tive oportunidade de dizer aqui ao Senador Aloysio Nunes que nós precisamos de fato regulamentar o funcionamento das chamadas redes sociais. A Presidenta Dilma foi vítima, também, de agressões violentíssimas e não são apenas dessa campanha, são de quatro anos de governo. No Brasil, talvez apenas Getúlio Vargas e João Goulart tenham sido submetidos ao cerco a que essa mulher foi submetida ao longo desses quatro anos. Pela oposição, que é seu papel; pela mídia, a quem não caberia fazer, e também por muitos e muitos outros que se utilizaram desses mecanismos de redes sociais e outros mais para fragilizar o Governo e atacar pessoalmente a Presidente Dilma Rousseff. Mesmo assim ela saiu vencedora, enfrentou a força dos partidos que se uniram no segundo turno, dos candidatos que se uniram no segundo turno, enfrentou coisas que precisam ser fortemente investigadas: pesquisas de opinião que não batiam de forma alguma com as de institutos de credibilidade reconhecida no Brasil, publicadas por revistas que, supostamente, seriam donas de credibilidade; uma matéria publicada numa revista semanal, numa quinta-feira anterior à eleição, divulgando uma matéria caluniosa - o advogado do Sr. Youssef declarou que não houve aquele depoimento em que ele teria dito que a Presidenta Dilma e o Presidente Lula teriam conhecimento de problemas havidos na Petrobras; no dia da eleição, um boato que rondou o Brasil de que o Sr. Youssef teria sido assassinado, e assassinado pelo PT. Mesmo assim essa mulher, que é uma guerreira, que tem um coração valente, ganhou essa eleição. E aí nós temos que dizer: não existem dois resultados. Existe um resultado. E se nós formos tomar como referência o fato de ser um resultado apertado, imagine se Al Gore, quando enfrentou, nos Estados Unidos, o Bush, e perdeu por uma diferença mínima, resolvida numa votação em papel, no Estado da Flórida, resolvesse se considerar também vencedor e se postar como tal. Imagine se na França de Hollande, que ganhou por 2% contra Sarkozy, se nós tivéssemos a leitura de que o país está dividido. Não. V. Exª foi guerreiro, foi forte, teve uma grande votação, mas a vencedora é a Presidenta Dilma Rousseff. Ela precisa...
(Manifestação da galeria.)
O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - É fácil discursar quando a galera está ao lado, mas eu estou aqui para trazer a verdade, a minha verdade, e não temo ser vaiado.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Ouço com atenção V. Exª, Senador. Como sempre fiz, como sempre fiz.
O Sr. Humberto Costa (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - V. Exª é um gentleman, nós reconhecemos, e é por isso que estou aparteando V. Exª. Então eu digo, há uma situação resolvida no Brasil. Não nos cabe, como disse bem a Presidenta Dilma, não saber ganhar, mas não cabe, não estou dizendo V. Exª, há muitos que talvez não estejam sabendo perder. Porque, Senador, é preciso, nessa hora, nós desmontarmos os palanques. A oposição precisa ter a visão clara de que há muitas coisas que nós temos que trabalhar, inclusive em conjunto. Veja, o ódio que foi gerado nessa eleição está permitindo que alguns façam a defesa da volta da ditadura militar. Façam a defesa da secessão no Brasil. Façam a defesa odiosa e discriminatória contra o povo do Nordeste, quando não foi só o Nordeste que elegeu a Presidenta Dilma. O Rio, Minas Gerais, de V. Exª, e outros Estados também. Então, eu quero concluir rapidamente aqui as minhas palavras, dizendo a V. Exª que nós precisamos, sem esquecer as nossas diferenças, primeiro, defender com veemência a democracia no Brasil, nos manifestarmos de forma absolutamente clara e peremptória, como fez - e eu faço aqui o elogio ao Governador Geraldo Alckimin, que se manifestou contra essas posições de defesa de impeachment ou de defesa da volta da ditadura militar. E vi que V. Exª fez também essa defesa, gostaria que fosse mais veemente, mas V. Exª fez também essa defesa e eu acho que isso é bom para o Brasil. E dizer que nós vamos continuar o bom combate, o combate das ideias. Nós queremos dialogar, é hora de dialogar. A Presidenta fez esse gesto, aliás, atendendo a um conselho de V. Exª, que foi de dizer a ela: “Presidenta, seu papel agora é unir o Brasil”. Como se faz a união se não for pelo diálogo, pela mão estendida? Vi que V. Exª disse que “não, não se fará diretamente, o espaço do diálogo é o Congresso Nacional”. Não há problema. Nós que somos a base do Governo, eu que sou líder do PT, quero ter com V. Exª, com a oposição, o mais amplo e franco diálogo porque, no fundo, o que todos nós queremos é o bem do Brasil. Muito obrigado, parabéns mais uma vez! (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª, Senador Humberto. Até em respeito a outros Parlamentares e colegas que aqui gostariam de se manifestar, não vou estender esse debate com V. Exª. Teremos, provavelmente, outras oportunidades para fazê-lo.
Mas não posso deixar de fazer aqui um registro muito claro. Democracia é para nós um valor absoluto, e é por isso que nós nos manifestamos com absoluta veemência todas as vezes que o seu Partido, como fez nesse documento recente, busca, através de mecanismos - se não diretos, indiretos - cercear a liberdade de imprensa através de eufemismo de controle social da mídia.
Nós nos manifestamos de forma veemente contra um projeto que o seu Partido apresenta nesse documento de criar, no Brasil, um projeto hegemônico de poder.
Nós nos manifestamos de forma extremamente veemente quando, sem qualquer discussão nesta Casa, o seu Partido busca subtrair poderes do Congresso Nacional com a criação desses conselhos, repito, sem qualquer discussão nesta Casa.
É preciso, Senador Humberto, que o diálogo ocorra, mas o diálogo não se dá apenas com gestos fruídos. Ele se dá com propostas concretas. E as propostas precisam chegar a esta Casa. Mas se dará também, permita-me, Senador Humberto, de forma também absolutamente clara, quando o Governo demonstrar que tem interesse em investigar as gravíssimas denúncias de corrupção que hoje são investigadas pela CPMI, essa mesma CPMI que V. Exª teve a oportunidade de, nesta mesma tribuna, dizer, alguns meses atrás, que era um factoide da oposição para contaminar o ambiente eleitoral. Certamente fez isso antes da delação do Sr. Paulo Roberto e de conhecer, na sua inteireza, o que acontecia naquela empresa.
Portanto, os gestos hoje estão nas mãos da Presidente da República, e obviamente nós temos que estar muito atentos, pois a prática deste Governo, até aqui, jamais foi a da mão estendida e a do diálogo; ao contrário.
Infelizmente, Senador Humberto, a verdade não foi a arma utilizada pelo Governo para vencer essas eleições.
Dou a palavra ao ilustre Senador Pedro Taques e, em seguida, ao Senador Cássio Cunha Lima e, depois, ao Senador Suplicy.
O Sr. Pedro Taques (Bloco Apoio Governo/PDT - MT) - Senador Aécio, quero cumprimentá-lo pela estrondosa votação e dizer que sou do PDT, tenho orgulho de ser do PDT, que faz parte da base de sustentação da Presidente da República, mas, desde o início, apoiei V. Exª, lembrando-me de um poema de um poeta mato-grossense, Manoel de Barros, que diz: “Quem anda no trilho é trem de ferro.” Liberdade é igual à água entre as pedras. “Liberdade caça jeito” - liberdade caça jeito. Muito bem. Apoiei V. Exª no meu Estado, e o bom povo do meu Estado, que me mandou para cá, agora me manda de volta para lá, eleito Governador com quase 58% dos votos no primeiro turno. Lá no meu Estado diziam: “Mas você vai apoiar o Aécio? A Presidente vai ganhar, Mato Grosso será prejudicado em razão disso”. E eu, sempre fazendo a defesa de que, na democracia, as pessoas não devem se odiar. Na democracia, nós não devemos beneficiar os amigos, nem prejudicar os adversários. O povo, o cidadão, tem o direito de escolher o seu destino. Isto é liberdade. O cidadão mato-grossense trouxe uma votação, V. Exª ganhou lá nos dois turnos. Mas o povo brasileiro entendeu que a Presidente Dilma deve continuar por mais quatro anos. O Brasil é maior do que seus partidos políticos. Eu, aqui nesta Casa, por quase quatro anos, coloquei e coloco o Brasil na frente dos partidos políticos. Partido político é muito importante, mas, neste momento, nesta quadra que se avizinha para a nossa Nação, nós precisaremos, sim, de diálogo. Agora, diálogo com propostas. Diálogo mostrando o que será feito. E esse diálogo - concordo inteiramente com V. Exª - inicialmente nesta Casa, que é a Casa da democracia. Quero dizer que, para mim, foi uma honra muito grande pedir voto para V. Exª. Sem medo, porque eu não tenho tempo para ter medo. Eu só tenho medo de ter medo de pedir voto para V. Exª. Tenho certeza de que Mato Grosso ajuda muito o Brasil - nós produzimos quase 25% do que o Brasil exporta - e tenho certeza de que o Brasil ajudará muito o Estado de Mato Grosso. Parabéns pela sua votação.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço, Senador, agora Governador Pedro Taques. V. Exª sabe a alegria que deu não apenas aos seus amigos, mas aos brasileiros que compreendem a importância da vitória dos homens de bem, com o resultado que teve no Estado do Mato Grosso. Não há ninguém mais apropriado para levar aos mato-grossenses a palavra da minha gratidão pelo extraordinário apoio que tive no Estado. V. Exª será um governador tão grande quanto foi Senador nesses últimos quatro anos. E me lembrarei sempre de uma frase pronunciada por V. Exª no coreto, no centro de Cuiabá, quando V. Exª, já me apoiando no segundo turno...
O Sr. Pedro Taques (Bloco Apoio Governo/PDT - MT. Fora do microfone.) - No primeiro turno.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Aquela ainda foi no primeiro turno. Sem precisar mais de tantos votos, V. Exª, já disparado nas pesquisas, disse à sua gente - esta frase eu guardarei para sempre:
“Meu nome é Pedro Taques, mas daqui por diante podem me chamar de Aécio Neves”. Obrigado a V. Exª.
(Manifestação da galeria.)
Dou a palavra ao Senador Cássio Cunha Lima. Em seguida, ao Senador Eduardo Suplicy, à Senadora Ana Amélia, pedindo aos companheiros que sejam sucintos nas suas manifestações, sem privá-los, obviamente, dessa oportunidade, que para mim é extraordinária, para que outros companheiros possam aqui se manifestar.
O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Aécio, eu não poderia faltar com a minha palavra, mesmo que breve, neste instante, primeiro para felicitá-lo, novamente, pelo desempenho nas eleições, pela votação consagradora. E também, neste instante específico, pela lucidez de sua fala, uma fala firme, serena, lúcida e extremamente importante para esse divisor de águas na história do Brasil. Dessa fala extremamente competente, eu poderia trazer diversas observações, mas não creio ser oportuno, dada a recomendação, que cumprirei, da brevidade. Destaco, portanto, um aspecto apenas, dentre tantos importantes, que compôs o seu pronunciamento. Primeiro, o gesto democrático, sereno e firme de reconhecer o resultado das eleições, até porque tão logo o País tomou conhecimento do resultado do pleito, foi V. Exª que teve a iniciativa, talvez pioneira, de ligar pessoalmente para a Presidente e cumprimentá-la pela eleição. A partir desse gesto, não temos dúvida quanto à nossa capacidade de saber ganhar e também saber perder as eleições. Ganhar e perder eleições é absolutamente normal. O que estamos aqui fazendo, e continuaremos fazendo, de forma muito nítida, seja na disputa nacional, seja nas disputas estaduais, é combatendo métodos com os quais se alcança a vitória. Repito, ganhar e perder a eleição faz parte do jogo democrático. O que estaremos aqui com firmeza e com altivez combatendo, sim, são métodos que possam levar à vitória. Esse é um aspecto. O segundo aspecto, para corrigir distorções maldosamente criadas na manutenção da prática da mentira pós-resultado eleitoral. O PSDB - e muito menos V. Exª - questionou o resultado das eleições. Contudo, a sociedade brasileira não pode ter dúvida quanto à lisura do pleito. E não podemos - e é um debate que o Congresso Nacional precisa estabelecer com a própria Justiça Eleitoral, com a sociedade como um todo - continuar convivendo com um sistema de apuração de sufrágio que seja inauditável, que seja absolutamente imune à auditoria. Eleição se vence por um voto, o resto é diferença. Imaginemos se essa eleição tivesse sido decidida por um voto ou por dois votos. Como auditar o sistema? Como permitir uma recontagem? Quer dizer que a urna eletrônica se transformou num valor absoluto, que não pode ser alvo de um debate, de uma discussão? No Brasil agora é, como valores absolutos, a vida, a liberdade e a urna eletrônica? É assim que vamos conviver com esta realidade: liberdade, vida e urna eletrônica? Não! Precisamos de um sistema que possa, quando necessário, ser auditado. Um sistema que permita, quando necessário, recontagem de votos, como aconteceu nos Estados Unidos. Portanto, aproveitando o tema e toda a abrangência do discurso de V. Exª, trago à discussão - não neste instante exato, mas em momentos outros, próprios - uma análise, uma reflexão, para que possamos ter um sistema eleitoral que, quando necessário, seja auditado e permita, sim, a recontagem de votos, porque isso faz parte da essência da democracia. Cumprimento V. Exª pelo belo pronunciamento e histórico momento que vivemos.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª, Senador Cássio. E retribuo, com absoluta sinceridade, esses cumprimentos pela belíssima caminhada que fez no querido Estado da Paraíba. Leve aos paraibanos também o meu agradecimento especial pelo apoio que lá tive. Não posso deixar de dizer, principalmente aos amigos queridos da sua, e agora posso dizer da nossa, Campina Grande.
Gostaria de passar a palavra, com muita alegria, ao Senador Eduardo Suplicy. Em seguida, ao Senador Cyro Miranda.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Prezado Senador Aécio Neves, desde que aqui temos convivido e dialogado no Senado Federal, considero o pronunciamento de V. Exª, hoje, aquele mais bem formulado e expresso, porque V. Exª captou a atenção, certamente, de todos os seus companheiros de Partido, mas também de todos nós da oposição. Podemos discordar, em alguns momentos, da sua fala, mas muitos dos seus objetivos são comuns a nós: a defesa da transparência, da liberdade, da democracia, o combate à corrupção. V. Exª, com a Presidenta Dilma Rousseff, Eduardo Campos, Marina Silva e os demais foram protagonistas da sétima eleição direta e livre, pela qual seu avô Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Teotônio Vilela e tantos outros lutaram. Claro que ainda podemos aperfeiçoar o processo eleitoral e político, a reforma política, mas nós avançamos demais e, hoje, tivemos uma eleição das mais renhidas e disputadas. Quero cumprimentá-lo por sua disposição de dialogar com a Presidenta Dilma, de tê-la cumprimentado. Quero me colocar aqui, mesmo tendo perdido a eleição, como uma pessoa que, em toda e qualquer circunstância, ajude nesse diálogo. Isso eu gostaria de poder fazer. Quero também agradecer a V. Exª porque, junto com os 81 Senadores, assinou uma carta à Presidenta Dilma, de maneira não usual. Um dia perguntei ao Presidente Lula se ele havia recebido uma carta, ao longo dos seus oito anos de mandato, dos 81 Senadores e ele disse que não. No dia 25 de outubro do ano passado, entreguei à Presidenta Dilma a sugestão de ela formar um grupo de trabalho para estudar as etapas em direção aquilo que é lei - e todos os partidos aprovaram neste Congresso Nacional há quase 11 anos - e que foi sancionado pelo Presidente Lula e um dia vai acontecer: a instituição de uma renda básica de cidadania. Ressalto aqui que tem muito a ver, quando ela plenamente estiver instituída, com a sua concepção de um direito igual para todos, como um direito de Estado. Portanto, meus cumprimentos a V. Exª. Quero ressaltar a importância da sua disposição para o diálogo. Muito obrigado.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª
Permito-me, mesmo que rapidamente, até porque não sei se teremos outra oportunidade de nos comunicarmos pelo microfone do Senado Federal, daqui até os dias que nos separam do recesso parlamentar, para dizer que V. Exª cumpriu, durante todo o seu período parlamentar, em especial no Senado Federal, com honradez e dignidade, o mandato que lhe foi conferido pelos paulistas. Militamos sempre em campos opostos, mas jamais deixamos de manter uma bela relação pessoal, mas principalmente uma relação política de respeito mútuo.
V. Exª é daqueles raros casos de homens públicos que podem prescindir de um mandato eletivo para cumprirem sua missão em favor da sociedade brasileira, o que tenho certeza V. Exª continuará fazendo com a liderança que continua a ter, não apenas no Estado de São Paulo, mas em todo o País, Senador Suplicy.
O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Muito obrigado.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Dou a palavra, com prazer, ao ilustre Senador por Goiás, Senador e colega Cyro Miranda. Em seguida, Senador Zeze. Aliás, Cyro Miranda e, em seguida, Senadora Ana Amélia.
O Sr. Cyro Miranda (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Senador e Presidente Aécio Neves, nós estamos aqui para lhe agradecer e parabenizá-lo.
V. Exª não foi fruto de marqueteiro. V. Exª apresentou propostas e um programa de governo contra quem não tinha nada a apresentar e ainda não apresentou. V. Exª não foi quem dividiu o Brasil entre pobres e ricos, dizendo que acabaria com o Bolsa Família. V. Exª foi achincalhado quando lhe disseram que batia em mulheres. V. Exª enfrentou uma canalhice de gente desqualificada, que mentiu vergonhosamente, atacando sua honra e de sua família. Mas V. Exª respondeu com propostas. V. Exª respondeu mostrando que tem uma linda família e uma família unida. V. Exª respondeu que trilhou os passos do seu avô, que fez política com ética e respeito. Ao contrário de muitos, que não sabem o que é família e os exemplos não foram esses, e, sim, de corrupção. Ganhar a eleição a qualquer custo nunca foi e será o seu propósito. Hoje nós entendemos uma frase dita por um ex-político, quando disse: “Eles não sabem do que nós somos capazes para te reeleger”. Hoje, nós sabemos. Sabemos sim. V. Exª quis ser um grande democrata e mostrar o diálogo e o consenso neste País. Agora, vem alguém que nunca o praticou e diz que vai fazer, do dia para a noite, o diálogo. Isso, nós dizemos na nossa terra, é conversa de bobo com ladino. Agora, há pessoas que nunca praticaram o que estão dizendo que vão fazer agora. Nessa campanha, V. Exª provou o amor pelo seu povo e o amor pela sua pátria. Sempre serviu sua pátria, e não como alguns, que se servem da sua pátria. V. Exª é um homem justo e leal com seus companheiros, mas implacável com aqueles que comprovadamente se desviam desse caminho. Agora, nossa missão, amigo Aécio, é unir o País, sermos justos, e o seu sonho, o nosso sonho será realizado daqui a quatro anos. Obrigado. Vá com Deus! (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª, querido amigo Senador Cyro Miranda.
Eu gostaria de cumprimentar a todos os Deputados que aqui lotam este plenário, na figura extraordinária dessa minha queridíssima amiga, a quem cumprimento pela sua reeleição, Deputada Mara Gabrilli. É uma honra enorme tê-la aqui ao nosso lado, revigorada na sua luta por aqueles que tanto dela precisam.
Dou, com muita alegria, a palavra a esta extraordinária Senadora e amiga Ana Amélia e, em seguida, ao Senador Cristovam Buarque.
A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP - RS) - Caro Senador Aécio Neves, Sr. Presidente Renan Calheiros, que preside este final de sessão que marca o retorno do candidato que fez mais de 51 milhões de votos, mas que é nosso colega aqui no Senado, para a honra desta Casa. Então, eu queria cumprimentá-lo pela presença aqui, neste momento. Serei muito breve, Senador Aécio Neves, porque teremos, nesta tarde, também, além desse histórico pronunciamento de V. Exª como Líder da oposição que se firma em nosso País depois desse pleito, uma votação federativa relevante, que é o acordo da dívida dos Estados com a União e dos Municípios. Eu quero dizer ao senhor que pertenço a um partido, o Partido Progressista, que também dá apoio ao Governo, mas tive aqui, desde o início do mandato, em 2011, uma atitude de independência e assumi, em 2014, a defesa e o apoio à sua candidatura. E, no Rio Grande do Sul, o resultado o favoreceu, o senhor fez mais votos no Rio Grande do Sul. E vítima como foi o senhor e como foram também Eduardo Campos e Marina Silva, também fui vítima da infâmia, da mentira, da difamação. Mas, nesse embate, Senador, em nenhum momento, nem V. Exª nem eu deixamos de ter respeito com os nossos adversários - em nenhum momento. E talvez isso, hoje, quando encontramos as pessoas que votaram em nós, nas ruas, em qualquer lugar, nós sentimos o abraço de quem quer, de certa forma, compensar uma injustiça pela mentira, não pelo resultado da eleição, mas pela mentira. E é exatamente com esse sentimento de pessoa também vítima como V. Exª que eu venho aqui para dizer que não é o rancor, não é o ódio, nada disso me move; o que me move é o agradecimento aos eleitores, como V. Exª fez; e, mais do que isso, aqui, como jornalista durante várias décadas, o que mais me encanta é vê-lo defender, com ardor, vigor e fé, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão. Essa é a força maior da democracia. E aqui já se tentou, com a PEC nº 37, calar o Ministério Público, e agora não podemos também permitir que calem a imprensa. A liberdade de expressão é um princípio fundamental inarredável da democracia, e estaremos aqui para sermos vigilantes. E quero lhe agradecer, porque serei, talvez, quando estiver falando, aquela voz que V. Exª diz - pela generosidade de um grande líder, de um estadista que saiu muito maior da eleição do que quando começou, muito maior -, quando diz quero compartilhar com todos, não há liderança de um processo, mas dizer que, cada vez que uma senadora, um deputado, um governador, um vereador, um prefeito usar a tribuna por quem desejou mudança no Brasil, pense que está falando por 51 milhões de brasileiros. Eu pensarei assim, Senador Aécio Neves, e lhe agradeço pela vigorosa defesa da liberdade de expressão e da democracia em nosso País. Parabéns e conte comigo. (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado, Senadora. Reitero aquilo que já está se transformando quase em um lugar comum: as grandes alegrias que tive nessa caminhada foram poder conviver mais de perto com V. Exª e conhecer a sua grandeza humana, mas também como uma mulher que compreende o seu papel na sociedade e dignifica o mandato que recebeu do povo gaúcho, a cada dia, nesta Casa, e, certamente, irá fazê-lo pelos próximos quatro anos.
Mais uma vez, solicitado pela Mesa, peço aos companheiros que, ao se manifestar - e gostaria de poder ouvir a todos -, possam fazer de forma mais sucinta.
Com muita alegria, dou a palavra ao grande Senador e Ministro, cuja companhia nesse segundo turno da campanha eleitoral certamente estará gravada nas belas páginas da minha história política, Senador Cristovam Buarque. Em seguida, Senador Paulo Bauer.
O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Aécio Neves, eu fiz minha opção pela sua candidatura nesse segundo turno e votei no senhor porque o meu partido determinou, a minha consciência, e o que ela me indicava como o que era o melhor para o País naquele momento. A eleição é um momento e, nesse momento, a gente opta. A minha consciência, que é o meu partido maior, indicou-me que o senhor representava o melhor por três razões, Senador. Primeiro, porque renovava a política. Em 12 anos de poder, as atuais forças que aí estão, inclusive a sigla à qual eu pertenço, viciaram-se. O simples fato de, no dia 1º de janeiro do próximo ano, o senhor renovar os quadros dirigentes seria um grande serviço para o Brasil. Segundo, porque o senhor teria mais condições de pôr ordem na economia, até porque o senhor não é responsável pelo quadro que está aí. Eu, aqui, com o senhor quantas vezes não falamos dos riscos que a economia vivia. Quantas vezes alertamos, e fomos tidos como pessimistas. Vai ser difícil o Governo que criou esse quadro trágico da economia pôr ordem na economia se vai contra o seu discurso. Isso vai mobilizar a população, que vai criar instabilidades muito grandes na política para poder dar estabilidade à economia. O senhor poderia fazer isso, porque não tem a responsabilidade pelo quadro que aí está, porque, aqui, o senhor denunciou muitas vezes. E, terceiro, porque o senhor ia permitir a gente desenterrar a utopia que está escondida nos porões dos palácios sob a forma de movimentos sociais cooptados por partidos que perderam a esperança de algo novo para este País. Eu tinha muita esperança de que o senhor trouxesse essas três coisas: a renovação da política; a ordem na economia; e que permitisse que as utopias que ainda estão - imagino, desejo e sonho que ainda estejam - em movimentos sociais, em siglas partidárias, lá dentro dos porões do palácio, viessem para a rua - até para fazer oposição ao senhor, até para cobrar avanços ao senhor. Eles vão continuar nos porões, e não acredito que eles vão despertar enquanto estiverem no poder. Por isso, o senhor, para o meu partido, que é a minha consciência, era a melhor opção nessa eleição. Votei consciente e aqui reafirmo esse voto.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - É uma honra enorme, Senador Cristovam. V. Exª sabe o respeito que lhe tenho. Essa eleição foi, para mim, a possibilidade de um reencontro. Dizem que a política é feita muito mais de desencontros do que de encontros, mas essa foi a possibilidade de um reencontro com pessoas, mas, principalmente, com projetos que, confesso desta tribuna, gostaria muito de, a seu lado, estar implementando no País. Vamos aguardar aquilo que o destino nos reserva para o futuro.
Quero registrar a alegria que tive em receber aqui, no Senado Federal, a manifestação do seu apoio logo no início do segundo turno.
Senador Paulo Bauer e, em seguida, o Senador Ataídes e o Senador Antonio Aureliano.
O Sr. Paulo Bauer (Bloco Minoria/PSDB - SC) - Senador Aécio, quero cumprimentar V. Exª pelo brilhante pronunciamento que faz e, principalmente, pela posição que adota de nos orientar e orientar a todos que estiveram com V. Exª nessa caminhada para cumprirem um grande papel na política nacional, trabalhando em favor do Brasil na oposição que se vai realizar em favor do País e, naturalmente, questionando o Governo do PT, que muito prometeu e até aqui pouco realizou. Naturalmente que essa manifestação do “pouco realizou” pode merecer contestações, mas eu quero dizer a V. Exª que elas não são procedentes nem devidas quando se fala em Santa Catarina. O meu Estado, que V. Exª conhece muito bem, ofereceu-lhe, no primeiro turno, a maior vitória do País, com 53% dos votos, fazendo-o vencedor naquele Estado no primeiro turno. O único Estado do Brasil que lhe deu esta condição. E, no segundo turno, mesmo com o trabalho dedicado e obstinado do governador eleito, que, a partir do momento da sua eleição, retirou do esconderijo a candidata que ele apoiou no primeiro turno e passou a apoiar intensivamente no segundo, V. Exª de novo foi vencedor, fazendo 65%, quase isso, dos votos dos catarinenses. No meu Estado, Estado do Senador Leonel Pavan, ex-governador, que aqui se faz presente, e também dos Senadores Casildo e Luiz Henrique, nossos colegas aqui, V. Exª sabe que teve um apoio intensivo, um apoio amplo, porque Santa Catarina é um Estado que acredita naquela frase do Churchill, que diz que os programas sociais, quando bons, devem diminuir o tamanho dos recursos que necessitam, porque a população consegue encontrar caminhos para seguir sua própria vida e vencer nela. V. Exª soube trazer para Santa Catarina o melhor discurso, o discurso que os catarinenses aplaudiram. E, tenho certeza, os mesmos catarinenses, hoje, aplaudem a posição e a manifestação democrática de V. Exª. Só espero, Senador Aécio - permitam-me os colegas do PSDB e da nossa coligação aqui manifestar -, que todos tenham compreensão e paciência, porque V. Exª não precisou ir ao meu Estado no segundo turno, nós o dispensamos dessa missão, mas vai ter que ser o primeiro que V. Exª visitará como grande líder das oposições e representante dos 51 milhões de brasileiros que agora têm voz e vão ter vez na atividade política do nosso País. Muito obrigado.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço, queridíssimo amigo, ilustre Senador Paulo Bauer. Não posso deixar de cumprimentá-lo também pela sua luta, pela bela campanha que fez e que certamente honrou não apenas seus companheiros, mas honrou todo o Estado de Santa Catarina. Foi, como disse V. Exª, o Estado onde tive o melhor desempenho eleitoral. E tenho de confessar que não é sacrifício algum para mim visitar brevemente o belíssimo Estado de Santa Catarina e poder, ao lado de Pavan e do Senador Luiz Henrique, agradecer a extraordinária demonstração de confiança que tive de todos os catarinenses.
Com muita alegria, dou a palavra ao Senador Ataídes. Em seguida, ao Senador Antonio Aureliano. Em seguida, ao Senador Zeze Perrella.
O Sr. Ataídes Oliveira (PROS - TO) - Senador Aécio Neves, eu quero, primeiro, parabenizá-lo pela sua coragem, pela sua competência em ter resgatado ao povo brasileiro um sentimento que há muito tempo já não sentia: a esperança de um país melhor. Você... V. Exª... Meu amigo, perdoe-me pela palavra você. V. Exª trouxe essa esperança ao povo brasileiro. Eu acabei de chegar à política. Ajudei a criar o partido PROS, esse partido que já nasceu na base do Governo. Tive também o meu nome colocado ao governo do meu querido Estado, o Tocantins. Pude andar nas ruas e ter esse sentimento do nosso povo. Este ano em que assumi como titular aqui, no Senado Federal, eu estive analisando carinhosamente a postura deste Governo do PT e quero aqui, neste momento, aproveitando o seu belo discurso, fazer um registro. Eu não cheguei a esta Casa, eu não estou aqui, nesta Casa, para coadunar com coisas ilícitas. Eu não estou aqui para abonar este Governo corrupto do PT. Portanto, eu quero, neste momento, dizer que o meu partido, o PROS, é da base do Governo, mas o Senador Ataídes Oliveira não faz parte deste Governo corrupto. O Brasil está vivendo, há longa data, uma desmoralização política e, com isso, nós estamos também passando por uma desmoralização econômica. E os números estão aí. Eu só queria deixar este registro. E quero lhe dizer, meu querido amigo Senador Aécio Neves, estarei ao seu lado e ao lado desses 51 milhões de brasileiros nessa nova jornada, nessa grande esperança por um país melhor. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Antes apenas de dar a palavra ao ilustre Senador Antonio Aureliano, cuja presença hoje no Senado V. Exª sabe o quanto me alegra, até me emociona, me faz voltar aos bons tempos da política mineira, queria apenas cumprimentar os inúmeros prefeitos e lideranças municipais que acorreram hoje ao plenário do Senado através dessa extraordinária figura de sempre membro desta Casa que tantas vezes ocupou esta tribuna para, com a sua eloquência, sobretudo com a sua verdade, defender os interesses maiores do País, quero cumprimentar e agradecer, Senador Arthur Virgílio Neto, a sua presença aqui hoje neste plenário. V. Exª está momentaneamente privado da palavra, mas V. Exª é um homem que, apenas com a sua presença, é mais eloquente do que cada um de nós poderia ser.
Dou a palavra ao Senador Antonio Aureliano,
O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Exmº Senador Aécio Neves, nosso Presidente, quero dizer-lhe que V. Exª acendeu uma luz, uma luz de esperança, particularmente para essa juventude, para ver na vida pública a possibilidade de seguir um caminho correto, um caminho certo. Nessa campanha, tive oportunidade de ver não só toda a minha família, minhas filhas, netas, as pessoas todas, a juventude brasileira voltada para a forma adequada de se fazer política. V. Exª, na sua trajetória política, deu uma demonstração neste Congresso Nacional, passando pela Câmara dos Deputados, passando pelo Senado, pelo Governo de Minas Gerais, disputando a Presidência da República e fazendo uma política transparente e limpa. V. Exª, nessa disputa, não escorregou em nenhum momento, pessoalmente, não se subjugou em nenhum momento à postura desleal, à postura covarde. E se mostrou verdadeiro à sociedade brasileira. V. Exª dá uma demonstração clara de que os ideais de Minas Gerais estão pulsantes no seu coração. Quero dizer que me emociono aqui, sentindo este plenário cheio, ouvindo V. Exª. E quero lembrar a grande figura do seu avô, Tancredo Neves, que tanto fez por este País e que deu uma demonstração clara de que nós podemos fazer política com transparência, com honestidade e com fé. Meu caro Aécio, continue V. Exª nessa luta, que eu tenho certeza de que o destino lhe reserva o caminho correto de bem seguir e de bem fazer pela política brasileira. Um grande abraço. Boa sorte.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado, Senador Antônio Aureliano.
Apenas para um complemento.
Tancredo exercia um papel extremamente relevante, como vários outros brasileiros, como Ulysses Guimarães, como Teotônio Vilela, na reconstrução da democracia brasileira, mas ele teve, ao seu lado, homens da envergadura do seu pai, Aureliano Chaves, na construção da grande aliança que nos permitiu o reencontro com a liberdade, com a democracia. Agora, temos nós, nas nossas mãos, a possibilidade de construirmos o nosso próprio destino.
V. Exª é muito bem-vindo nesta Casa. As palavras de V. Exª são as palavras do que a política mineira produziu de melhor até aqui.
Senador Zeze.
O Sr. Zeze Perrella (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - Senador Aécio, obviamente gostaria de parabenizá-lo por essa estrondosa votação que orgulha a todos nós, mineiros, fundamentalmente a nós, mineiros. Eu, que conheço V. Exª desde que começou a sua carreira política, fiquei realmente envaidecido. O Brasil teve a oportunidade de conhecer aquele menino, aquele homem público ímpar, que nós, de Minas, já conhecíamos. O que me deixou triste, Senador Aécio - e não posso deixar de registrar aqui -, os mineiros. Obviamente, respeitando a opção de cada um, eu não via voto da Dilma em lugar nenhum por onde eu andava. Eu pensava: onde estão esses votos? Resolvi fazer uma viagem à região do norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Lá, conversando com as pessoas, elas diziam para mim: “Senador Zezé Perrella, nunca um governador na história de Minas Gerais fez tanto por essa região como o Governador Aécio Neves, mas ele vai acabar com o Bolsa Família, e nós precisamos comer”. Eu fico indignado quando tenho certeza de que perdemos essa eleição pelo estômago, uma compra de votos vergonhosa! O Brasil devia ter vergonha! Nós, obviamente, não somos contra o programa, que foi iniciado inclusive na gestão do Fernando Henrique Cardoso e foi ampliado. V. Exª nunca disse que ia acabar com o Bolsa Família. E usaram isso de uma maneira infame! Deputados do PT com megafone na mão, na cidade de Montes Claros, em cima de uma caminhonete, gritando que V. Exª iria acabar com o Bolsa Família. O senhor foi reconhecido como o maior Governador de Minas Gerais de todos os tempos, saindo do governo com 92% de aprovação, e infelizmente não tivemos em Minas a votação que tivemos em São Paulo, a votação que tivemos em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, porque os mineiros pobres... O pessoal pensa que só tem pobreza no Nordeste.
Nós temos uma região no Vale do Jequitinhonha que é como o Nordeste, que é o norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha. Isso foi usado de uma maneira inescrupulosa e o senhor acabou dividindo os votos com a outra candidata. Isso acabou sendo fatal. Então acho que o mineiro lhe deve essa. O maior Governador de todos os tempos, reconhecido pelos próprios mineiros, que não lhe deram a votação que V. Exª merecia.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª. Temos que, democraticamente, respeitar a decisão de cada brasileiro, em especial, de cada mineiro.
Dou a palavra, com muita alegria, ao Senador Cícero Lucena. Depois ao Senador Ruben Figueiró, Senador Luiz Henrique e Senadora Lúcia Vânia.
O Sr. Cícero Lucena (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Senador Aécio Neves, na verdade não farei um aparte. Eu queria dar um testemunho neste momento. Na eleição, em toda oportunidade que eu tive a chance de estar ao seu lado, a cada momento, a cada instante, eu percebia não só o seu preparo, não só a sua experiência, não só a sua vontade de servir ao Brasil, mas a convicção de adotar a postura correta da política, que é do cidadão, daquele que tem compromisso com a verdade, daquele que tem a sensibilidade da grande necessidade de se buscar reduzir a desigualdade social deste País. A cada instante eu via em V. Exª isso fortalecido. Daí a sua garra, a sua disposição, a sua condição de enfrentar todas as adversidades que aqui já foram relatadas e que, com certeza, a história estará passando para o futuro. Mas, sem dúvida nenhuma, eu o vi em momentos que, para mim, foram muito importantes e gostaria de dizer. Só vi V. Exª abatido em um momento: quando da morte de Eduardo Campos, porque lhe feriu a alma de um amigo, de um companheiro e de alguém que dividia e compartilhava com V. Exª os sonhos e o desejo de um país mais justo, de um país mais solidário. Não vou repetir. Dei esse testemunho, mas entre tantos pronunciamentos que ouvi desde a manhã, no Nereu Ramos, e hoje à tarde, para não deixar tão calado o nosso grande Líder e eterno Senador Arthur Virgílio, num brilhante pronunciamento que fez, ele citou algumas outras coisas. Ele disse: “Que resultado é esse?”. Disse várias coisas, mas uma me chamou a atenção: “Que resultado é esse, onde aquele que não ganhou a eleição, ao sair às ruas, é aclamado e aquela que ganhou a eleição, possivelmente, não possa sair às ruas, porque será vaiada?” Meus parabéns e que Deus continue lhe protegendo.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Amém.
Muito obrigado, Senador Cícero, cuja contribuição nesta caminha eu agradeço de público. Sua dedicação a nossa campanha como um dos seus principais coordenadores foi extremamente estimulante para mim em todos os instantes.
Senador Luiz Henrique, com muita alegria ouço a palavra desse bravo catarinense e peço mais uma vez que leve a sua gente, assim como o Senador Casildo, o meu agradecimento pelo extraordinário resultado que obtive no Estado.
O Sr. Luiz Henrique (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Falo, Senador Aécio Neves, também em nome do Senador Casildo Maldaner, Presidente de Honra do PMDB de Santa Catarina. Eu estava ali, no plenário da Câmara dos Deputados, no dia 15 de fevereiro de 1985. Eu estava ali quando o grande Tancredo Neves, que acabara de ser eleito no Colégio Eleitoral, um sistema criado pela ditadura para se perpetuar no poder, quando seu avô proferiu um dos discursos mais marcantes da História do Brasil. Aquele discurso é o repositório de propostas consistentes para o desenvolvimento do nosso país. Foram ditas ontem, mas continuam vivas hoje. Naquele discurso, lembro-me bem das palavras mais marcantes. Tancredo Neves afirmou: “Enquanto houver neste país um só homem sem trabalho, sem renda e sem luzes, sem letras, toda a prosperidade será falsa, toda a prosperidade será falsa.” V. Exª tem a sua frente um caminho relevantíssimo a seguir como Líder da Oposição. Não há bom Governo sem Oposição firme, sem Oposição forte! Não Oposição sistemática ou raivosa, mas Oposição consistente. E V. Exª tem todas as condições para fazê-la. Nobre Senador Aécio Neves, eu disputei 16 eleições; ganhei 15 e perdi uma. A que eu perdi, por pouquíssimos votos, foi a que mais me ensinou. Tire do resultado dessas urnas o ensinamento devido para levar adiante o ideário que Tancredo deixou naquele discurso memorável e, quanto ao mais, talvez a Senadora Ana Amélia pudesse usar essas palavras, siga o lema de Sepé Tiaraju: a vida é combate, que aos fracos abate; aos bravos, aos fortes, só pode exaltar.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço a V. Exª, Senador Luiz Henrique, V. Exª que foi protagonista, ao lado de tantas lideranças nacionais, da mais bela transformação ou da mais bela articulação política que este País viveu. Eu me lembro - e como lembro com saudades de sua presença sempre ao lado de Ulysses Guimarães e do meu avô Tancredo - daquela belíssima construção política, onde os homens de bem se reuniram, acima de convicções ideológicas, doutrinárias, para alcançar determinado objetivo. Claro que reservadas as dimensões, eu, em determinado momento, Senador, confesso, e divido com V. Exª, que me vi tendo o privilégio de ser um instrumento, nada mais do que isso, de uma nova e grande mobilização em favor também de algo grandioso, que seria um Brasil ético, um Brasil eficiente, um Brasil em favor daqueles que mais precisavam. Por isso, agradeço imensamente as palavras de V. Exª.
Dou a palavra, com prazer, à Senadora Lúcia Vânia, ao Senador Figueiró, em seguida ao Senador Valadares. E encerraremos com o Senador Flexa.
A Srª. Lúcia Vânia (Bloco Minoria/PSDB - GO) - Senador Aécio, embora o Senador Cyro já tenha falado pelos goianos, eu tenho certeza de que eu seria muito cobrada se eu aqui também não transmitisse o entusiasmo dos goianos com V. Exª. Quando V. Exª disse que o Brasil que saiu das urnas é um novo Brasil, todos nós acreditamos nisso, e sabemos que V. Exª hoje lidera as oposições aqui no Congresso Nacional. Sabemos que nós, os seus liderados, temos uma responsabilidade muito maior. Temos uma responsabilidade de fiscalizar com eficiência, de oferecer alternativas às reformas gritadas nas ruas pelo nosso povo. Uma coisa me preocupa, Senador Aécio, nós estamos vendo pelas redes sociais a indignação das pessoas, a impaciência, a intolerância e o ódio. V. Exª tem um grande desafio e eu acredito que ninguém mais pôde provar que tem condições de enfrentar esse desafio do que V. Exª. A pessoa que teve a condição e a competência de reunir em torno de si as mais variadas lideranças deste País, teve a competência de reunir em torno de si 51 milhões de brasileiros, terá, sem dúvida nenhuma, competência de fortalecer a democracia neste País. V. Exª tem em sua trajetória exemplos que lhe dão, sem dúvida nenhuma, razões para fazer com que todos os brasileiros acreditem nessa competência. V. Exª tem exemplos de Fernando Henrique Cardoso, exemplos de Tancredo Neves, exemplos de Franco Montoro, de Mário Covas e de todo um partido que o apoia e o admira. Seja feliz, receba o abraço de todos os goianos que votaram em V. Exª com muito entusiasmo!
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço imensamente as palavras extremamente carinhosas da Senadora Lúcia Vânia. Lembro-me também do seu empenho e da sua dedicação à nossa caminhada, a cada encontro que tivemos, e não foram poucos, ao lado do Senador Cyro. Peço que, ao lado também do Senador Cyro, leve ao Governador reeleito, Marconi Perillo, mas de forma especial a todos os goianos, o meu mais profundo agradecimento, pelo apoio extraordinário que tive no Estado. Goianos e mineiros, somos muito parecidos e isso cada vez me honra mais. Leve, portanto, o meu agradecimento mais sincero a essa, para mim, inesquecível demonstração de apreço e de confiança.
Dou a palavra, com muita alegria, ao Senador Figueiró e, desde pronto, o cumprimento pela bela vitória que teve no Mato Grosso do Sul com o nosso candidato a Governador, Reinaldo Azambuja, e também peço que leve aos sul-mato-grossenses o meu pleito de agradecimento, também ali, pelo extraordinário resultado que tivemos.
Em seguida dou a palavra, com alegria, ao Senador Valadares, encerraremos com o Senador Flexa Ribeiro.
O Sr. Ruben Figueiró (Bloco Minoria/PSDB - MS. Com revisão do aparteante.) - Meu caro Líder, Senador Aécio Neves, não poderia faltar a voz de Mato Grosso do Sul neste instante. Mato Grosso do Sul lhe deu a vitória nos dois turnos, expressiva vitória nos dois turnos, porque confiava realmente na liderança de V. Exª. Eu gostaria de lembrar aqui rapidamente um pensamento de um grande líder mundial, Franklin Delano Roosevelt: “É melhor alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que não gozam muito nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”. V. Exª, Senador Aécio Neves, não é um derrotado, absolutamente. V. Exª é um vitorioso, porque conseguiu, no curso de sua campanha cívica, epopeica, posso dizer, pelo Brasil inteiro, para criar uma nova mentalidade, uma nova consciência neste País. E isso está hoje nas ruas sendo aplaudido, com a certeza de que V. Exª vai dirigir, no futuro, os destinos desta Pátria. Meus cumprimentos a V. Exª.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço, extremamente honrado, as palavras generosas de V. Exª.
Ouvirei, com muita satisfação, já agradecendo também a sua corajosa posição no segundo turno das eleições em favor da nossa candidatura no Estado de Sergipe, o grande homem público, Senador Valadares. É uma honra enorme poder oferecer-lhe este aparte. E, desde pronto, agradeço a V. Exª e aos seus correligionários importante apoio que me trouxeram no Estado no segundo turno das eleições.
O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco Apoio Governo/PSB - SE) - Senador Aécio Neves, V. Exª cumpriu, nessa eleição, um papel histórico, que é reconhecido pelo povo brasileiro, haja vista que 51 milhões dos nossos conterrâneos manifestaram nas urnas essa confiança na sua proposta, nas suas ideias, na sua luta sem tréguas que empreendeu por todo o nosso País. V. Exª se ombreia àquelas figuras históricas que fizeram a política de Minas Gerais, tais como Milton Campos, Juscelino Kubitschek, Aureliano Chaves e Tancredo Neves. Eles deram, sem dúvida alguma, com as suas convicções, com o seu trabalho, com as causas que defenderam, exemplos marcantes para a história do nosso País. Eduardo Campos, que foi o nosso Presidente do PSB, que enfrentou as eleições e, lamentavelmente, desapareceu num desastre aéreo que chocou a todos nós, tinha com V. Exª uma relação de respeito, de amizade, na certeza de que ambos estavam trabalhando em torno de um projeto alternativo para o nosso País. Votar, Senador Aécio Neves, é um ato importante, não é um ato de conveniência nem de oportunismo, é um ato de convicção, que traduz a confiança e o apoio consciente do eleitorado a um programa de governo. E V. Exª conseguiu conquistar milhões e milhões de mentes brasileiras com a sua coragem cívica, com a sua moderação, seu equilíbrio, a firmeza nos momentos decisivos, que deixaram exemplos para a nossa juventude de que só devemos lutar com as armas da democracia, do respeito ao adversário, da convicção em defesa de nossas ideias. V. Exª trouxe para todos nós, para a nossa alegria, esse grande alento de que a política brasileira deve se assentar em bases sólidas, em defesa de um regime forte democraticamente, onde o povo seja ouvido, considerado e respeitado. V. Exª fique certo de que aqui no Senado Federal continuará seu trabalho respeitado por todos nós, mas fez um papel histórico, que os brasileiros haverão de reconhecer e outras lutas que V. Exª certamente empreenderá na sua brilhante carreira política. Meus parabéns a V. Exª.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço, Senador Valadares, a generosidade de suas palavras e reitero que sua companhia no momento final da campanha foi extremamente estimulante. Eu jamais tive dúvida, Senador Valadares, de que Eduardo Campos, eu e todos nós, na verdade, estaríamos juntos em determinado momento num projeto de mudança para o Brasil, um projeto de reafirmação de valores, reafirmação da ética, da grandeza da atividade política, talvez a mais nobre de todas, exercida no seio de uma sociedade se feita da forma como nós a compreendemos. E V. Exª a pratica. Muito obrigado.
Peço licença ao Senador Renan, agradecendo já a sua paciência, e ao Senador Flexa, em especial, para, antes de ouvirmos o Senado Flexa, que encerra esse meu pronunciamento, ouvirmos rapidamente o Senador Petecão. Não posso deixar de fazê-lo, até porque peço que leve ao povo do Acre o meu mais profundo agradecimento também pelo apoio extraordinário que tive nesse Estado tão importante para a geografia, para a história e para a cultura brasileira. Agradeço a V. Exª seu apoio e peço que leve ao povo do Acre minha eterna gratidão pela extraordinária vitória que tive no Estado.
O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - Senador Aécio, na verdade, eu me sentia contemplado na fala dos meus colegas Senadores. Mas, diante da insistência de acreanos ligando para que eu desse uma palavra, aqui, ao senhor, neste momento...
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Recebo com muita alegria, Senador.
O Sr. Sérgio Petecão (Bloco Maioria/PSD - AC) - ...histórico para o Parlamento, eu, em nome do povo acriano queria - também na mesma linha dos demais colegas - parabenizá-lo. O senhor esteve no Acre, tive o prazer de recebê-lo. Uma das eleições mais difíceis que já enfrentamos. O senhor sabe como é eleição no Acre. Gostaria muito que a política do Acre fosse exatamente nessa linha que você tenta mostrar para o povo brasileiro, que você prega para o povo brasileiro, sempre colocando que, acima dos interesses políticos e partidários, estão os interesses do Estado e, aqui, estão os interesses do nosso País. Então, eu, junto com aquele povo maravilhoso, junto com nosso candidato a Governador Márcio Bittar, junto com nosso candidato a Senador Gladson Cameli, que foi eleito, e todo aquele grupo de bravos guerreiros que lutaram, queria parabenizá-lo por essa votação maravilhosa e trazer, também, um abraço do povo acriano. Porque não sei - conversava com o Senador Anibal - que magia é essa: votou no Governo, mas não votou no Presidente. Nós entendemos que o peso da máquina é muito forte, a estrutura do Governo do Estado é muito forte, mas, graças a Deus, sua votação foi uma votação maravilhosa. Sempre tenho dito: meu Partido, e o senhor citou aí vários partidos, meu Partido não apoiou a sua candidatura. Fui autorizado pelo meu Partido a apoiar a sua candidatura, por acreditar no projeto e pela condição política do meu Estado, que é colocada. No meu Estado não discutimos política, lá é uma verdadeira guerra. Mas nessa guerra o senhor foi vitorioso. Então, parabéns e saiba que o povo do Acre tem um carinho muito especial pela sua pessoa. Parabéns!
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado, Senador. Eu percebi isso na minha visita ao Acre e peço que leve ao companheiro Márcio Bittar, ao Senador Gladson também, os meus cumprimentos pela bela caminhada que fizeram, e meu profundo agradecimento, mais uma vez, por essa extraordinária votação que tive no Estado do Acre. E, agradecendo a todos que usaram da palavra nesta sessão extremamente marcante para mim, do ponto de vista pessoal, mas de certa forma, para a política brasileira, encerro dando a palavra ao ilustre Senador pelo Estado do Pará, Primeiro-Secretário desta Casa, a quem também cumprimento pela extraordinária vitória que teve no belíssimo Estado do Pará, Estado irmão das minhas Minas Gerais na sua matriz econômica, que é o minério. Foi uma eleição extremamente dura, mas que V. Exª liderou ao lado do nosso Governador Simon Jatene, uma das mais expressivas vitórias do nosso Partido, do nosso grupo político.
O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Sr. Presidente, Senador Aécio Neves, faço questão de falar de pé, porque me encontro diante de um estadista, de uma liderança que mudou o Brasil a partir do último dia 26 de outubro. O Brasil de hoje é diferente do Brasil de antes da eleição de segundo turno. V. Exª despertou em mais de 51 milhões de brasileiros a esperança de ter um país que fosse governado de forma ética, de forma honrada, com competência, buscando dar a todos os brasileiros melhores condições de vida. V. Exª repetiu durante a campanha que a cada mentira que fosse dita por sua adversária V. Exª diria uma verdade para o povo brasileiro. Como puderam dizer que votar no Senador Aécio Neves iria significar perder o Bolsa Família quando V. Exª fez um projeto, que o Governo não quer aprovar, transformando o Bolsa Família num programa de Estado, de tal forma que ele passe a fazer parte do Orçamento anual da Nação? Essa é uma resposta que V. Exª deu a todos os brasileiros, principalmente àqueles que são beneficiados pelo Bolsa Família - um programa necessário, mas que precisa de reparos. Mas V. Exª sai dessas eleições bem maior do que quando entrou, porque V. Exª hoje é o líder de 51 milhões de brasileiros que vão nos cobrar, a partir deste momento, uma posição no Congresso e, em especial, no Senado da República, vão cobrar que acompanhemos e estejamos atentos a tudo aquilo que foi dito durante a campanha e que nós sabemos que não será feito durante o mandato. Com V. Exª liderando a Oposição, liderando esses 51 milhões de brasileiros que se identificaram com Aécio Neves, que votaram em Aécio Neves, vamos poder fazer aqui uma oposição aberta ao diálogo, sim, mas ao diálogo a que V. Exª se referiu quando a Presidenta eleita fez menção ao fato de que estava aberta ao diálogo: o diálogo tem que ser feito por meio de projetos que sejam encaminhados ao Congresso Nacional. Aqui iremos dialogar com o Governo e aqui teremos a responsabilidade de atender o anseio não mais de 51 milhões de brasileiros, Senador Aécio Neves, porque, se a eleição fosse hoje, tenho absoluta certeza de que V. Exª seria eleito, porque, a cada dia que se passava, V. Exª crescia no sentimento dos eleitores, que sabiam que V. Exª seria o Presidente capaz de fazer o Brasil voltar ao caminho que foi entregue pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso aos governos do PT - patrimônio que eles conseguiram, em 12 anos, destruir, destruir tudo aquilo que o PSDB construiu. Parabéns a V. Exª, que, além de representar os 51 milhões de brasileiros e além de ser um estadista, será o grande líder de todos nós, Senadores, Deputados e brasileiros.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Obrigado a V. Exª.
Consulto o Senador Renan se posso...
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - Sem pretender interrompê-lo, queria só lembrar aos Senadores que vamos ter, logo após o pronunciamento do Senador Aécio, uma importantíssima votação.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Fundamental votação.
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) -Aliás, defendida o tempo todo por V. Exª.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - É verdade, que diz respeito aos Estados.
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) -Vamos votar a troca do indexador da dívida pública.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Algo essencial à sobrevivência dos Estados.
O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. Bloco Maioria/PMDB - AL) - A matéria ...
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Vamos encerrar então.
Agradeço a compreensão de V. Exª e ouço a palavra do Senador Romero Jucá, porque ouvindo S. Exª terei a oportunidade de agradecer, por intermédio de S. Exª, aos demais companheiros - o companheiro Anchieta, o companheiro Chico - todo o apoio que tive no Estado de Roraima, que me deu uma votação também extraordinária.
Seja V. Exª portador deste profundo agradecimento aos seus coestaduanos. Ouço com atenção V. Exª e, com isso, encerramos este meu pronunciamento.
O Sr. Romero Jucá (Bloco Maioria/PMDB - RR) - Meu caro Senador Aécio Neves, quero aqui, neste momento, em nome do povo de Roraima, em primeiro lugar parabenizá-lo pela campanha que V. Exª fez. Nós estivemos do mesmo lado: o povo de Roraima lhe deu 58% dos votos válidos no Estado no segundo turno e, no primeiro turno, V. Exª foi o primeiro colocado com 44% dos votos válidos. Nós torcemos, nós pregamos, nós trabalhamos, porque entendíamos, e entendemos, que nós temos que construir um novo Brasil, avançando ainda mais. Sem desfazer os avanços alcançados desde o Governo Sarney, o Governo Fernando Henrique, o próprio Governo Lula, alguns avanços do Governo Dilma, a política tem que focar momentos novos, nós temos que olhar para frente e nós temos que levar esperança ao coração de todos os brasileiros, e a campanha de V. Exª fez isso. Quero abraçá-lo, dizer do alto nível de sua campanha, dos compromissos que ficaram. V. Exª não ganhou a eleição, mas V. Exª está ajudando a mudar o Brasil. O Brasil será outro depois dessa eleição, não tenho dúvida disso. Nós temos de buscar o diálogo e não a união de contrários, temos de buscar uma pauta comum, um diálogo responsável, maduro, de propostas, para que o País possa avançar e enfrentar o enorme desafio econômico e político que tem pela frente. Não tenho dúvida de que V. Exª, comandando o PSDB e diversos partidos que formaram no grupo da Oposição, vai ter condição de discutir em bases, que têm de ser sólidas, transformações importantes para o nosso País. Não quero me alongar para não atrasar a votação do indexador da dívida, que é outro instrumento que temos pugnado muito fortemente - votamos esta semana, Presidente Renan, a convalidação dos incentivos fiscais, que é outro instrumento importante também para que a economia possa se fortalecer. Mas quero, Senador Aécio, candidato Aécio, meu amigo Aécio Neves, dizer que me senti honrado de lutar ao lado de V. Exª e, tenho certeza, V. Exª tem um longo caminho pela frente a favor do Brasil, a favor do povo brasileiro, esta eleição já demonstra tudo isso. Felicidades, o meu respeito, o meu carinho e um abraço do povo de Roraima.
O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Agradeço mais uma vez a V. Exª, em especial a clareza de sua posição nesta eleição, mesmo com as dificuldades partidárias, que reconheço.
Encerrando estas minhas palavras, Senador Renan, agradeço de forma especial a cada brasileiro e a cada brasileira que confiou em nosso trabalho.
Estando na Capital da República, no Distrito Federal, tenho que deixar uma palavra de agradecimento muito especial àqueles que me permitiram ter, no Distrito Federal também, uma das maiores votações que tive em todo o Brasil: aqui obtivemos mais de 60% dos votos.
Retorno, portanto, Senador Renan, às minhas atribuições de Senador da República com a mesma determinação, com a mesma coragem e com a mesma honradez com que busquei caminhar ao longo de minha vida pública, mas, de forma especial, durante toda essa eleição. Não pude ser vitorioso, mas as minhas convicções, as teses que defendi e a minha determinação não mudaram.
Encerro estas minhas palavras agradecendo a paciência de V. Exª, agradecendo a todos que participaram desta sessão, e repetindo algo que muitos já ouviram, mas que foi o que me veio à mente no momento final da eleição, antes do primeiro turno, até para que fique consignado nos Anais desta Casa. Mais uma vez cito o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a minha fé”.
Vamos em frente! Obrigado, Brasil.
(Palmas.)