Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio no Brasil; e outro assunto.

Autor
Fleury (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: José Eduardo Fleury Fernandes Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA. AGRICULTURA, GOVERNO FEDERAL. :
  • Alerta para as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio no Brasil; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2014 - Página 142
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA. AGRICULTURA, GOVERNO FEDERAL.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, LOCAL, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES (CRE), SENADO, OBJETIVO, DEBATE, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, POLITICA EXTERNA, AUSENCIA, INVESTIMENTO, ORIGEM, PAIS ESTRANGEIRO, LOCALIDADE, BRASIL, MOTIVO, REDUÇÃO, CRESCIMENTO.
  • COMENTARIO, DIFICULDADE, AGRICULTURA, LOCAL, BRASIL, REGISTRO, PREJUIZO, PRODUÇÃO AGRICOLA, MOTIVO, REDUÇÃO, CHUVA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, AUSENCIA, DEBATE, INCENTIVO, AGRICULTURA FAMILIAR, USINEIRO, CANA DE AÇUCAR, FABRICAÇÃO, COMBUSTIVEL.

            O SR. FLEURY (Bloco Minoria/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da TV Senado e dos meios de comunicação, hoje quero falar sobre dois temas.

            Quero, primeiro, cumprimentar o Tadeu, aniversariante de ontem, colega nosso aqui de plenário que nos serve com toda dedicação. Hoje cumprimento o Zé Roberto, que também está aqui sempre com a gente. Só que eu inverti: o Zé Roberto foi ontem, e o Tadeu, hoje.

            Mas, Senador, hoje nós tivemos na CRE uma aula, eu acredito que foi uma das grandes aulas a que já assisti na minha vida.

            O jornalista Murillo de Aragão falou sobre a política do atual Governo no mundo, no plano internacional. Ele manifestou sua preocupação com a situação da política do atual Governo.

            Chegou-se a uma polarização, uma Senadora do PMDB e uma Senadora do PT se opuseram à posição dele, levando ao caso partidário. Ele se referia ao caso técnico, ao que ele estuda, ao que ele conhece, àquilo que ele escreve. Esse homem, que viveu em várias partes do mundo, tem um conhecimento muito grande sobre o que estava falando.

            Eu fiquei impressionado com a situação do nosso País. Cheguei a pedir que ele comparasse o Mercosul com a União Europeia. Ele disse que o princípio era o mesmo, mas que o Mercosul ficou no ideologismo da política. Disse que a União Europeia está crescendo, que lá todos os países, apesar de toda a crise que houve, estão andando juntos. E nós aqui, nas palavras dele, estamos nos aproximando mais da Bolívia, dos países chavistas, do que da parte democrática, da parte onde quem produz pode trabalhar.

            Já estive aqui nesta Casa manifestando minha preocupação, falando de empresários que não querem aplicar no Brasil. Eles estão preferindo ir para o Uruguai e para a Argentina, mesmo com toda a dificuldade que há por lá. Estão com medo de investir no Brasil simplesmente por receio do que pode acontecer com o atual Governo.

            No último depoimento, ela estendeu uma bandeira branca. Darei crédito a essa bandeira branca.

            Mas eu aproveito para dizer, como sempre falei que sou um homem do agronegócio, que, no Centro-Oeste, nós estamos com 62 dias sem chuva. A produção já começa a ficar prejudicada, porque a janela que nós temos da soja precisa ser plantada, nessa região, até o dia 10. Para plantar a soja nós precisamos ter uma umidade, no mínimo, de 60mm de chuva para que ela brote e saia.

            Os agricultores estão extremamente preocupados com essa safra e com a falta de apoio, não só do Governo, mas dos interesses do seguro, que nós já vínhamos discutindo. Inclusive V. Exª é uma voz forte nessa parte de seguro de produtividade, não seguro de banco.

            No nosso meio, no Brasil central, a agricultura familiar representa muito pouco. Um agricultor familiar no Centro-Sul do País só consegue sobreviver da propriedade dele se for aposentado, porque ele vive da aposentadoria e trabalha. Se não, ele prefere ir para a cidade, criando um êxodo rural, que é muito grande já nas cidades do Centro-Sul deste País.

            Então, venho aqui, mais uma vez, solicitar ao Governo que olhe para esse setor. Não vou repetir as palavras que sempre falei - que um governo, quando sai, usa da grandeza do agronegócio do nosso País -, mas que, com essa bandeira branca que a Presidente Dilma estendeu, ela olhe para os agricultores e, principalmente, para os usineiros, que não têm tido dela a mínima consideração. A Presidente Dilma trata os usineiros como pessoas caloteiras. É o que a gente sempre ouve, é o que a gente sente. E posso falar isso porque, em um encontro que houve na CNA, eu a ouvi comentando sobre o agronegócio e ela nem sequer dirigiu alguma palavra de incentivo aos usineiros e aos produtores de cana.

            São Paulo, este ano, passa por uma crise muito grande de produtividade por falta de chuva. A produção das usinas de São Paulo caiu muito. Nós já estamos com mais de 50 indústrias ou usinas fechadas no Estado de São Paulo ou no Brasil, mais de 60 mil pessoas demitidas. E isso nos preocupa muito.

            Eu sempre digo que as cidades do interior deste País, principalmente do Centro-Sul, são a engrenagem da produção das pessoas que vivem nas cidades. Existe um ditado que diz que, se as cidades acabarem, o campo construirá novas cidades, mas, se o campo acabar, as cidades não sobreviverão.

            Então, essa preocupação minha não é só como produtor, mas também como um estadista, se puder dizer assim, que é o sonho do meu avô que me criou. Ele sempre quis que eu fosse um homem íntegro e um estadista, não um político que pensa na próxima eleição, mas que eu pensasse na própria geração.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2014 - Página 142