Pronunciamento de Paulo Davim em 12/11/2014
Discurso durante a 164ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Insatisfação com o alto índice de desmatamento ocorrido na Amazônia nos meses de agosto e setembro de 2014.
- Autor
- Paulo Davim (PV - Partido Verde/RN)
- Nome completo: Paulo Roberto Davim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
- Insatisfação com o alto índice de desmatamento ocorrido na Amazônia nos meses de agosto e setembro de 2014.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/11/2014 - Página 97
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
- Indexação
-
- APREENSÃO, RELAÇÃO, AUMENTO, INDICE, DESMATAMENTO, LOCAL, FLORESTA AMAZONICA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, FLORESTA, MOTIVO, MANUTENÇÃO, EQUILIBRIO ECOLOGICO, PLANETA TERRA, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, REFERENCIA, AMPLIAÇÃO, FISCALIZAÇÃO.
O SR. PAULO DAVIM (Bloco Maioria/PV - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) -
Obrigado, Senador Paulo Paim - como sempre, muito gentil, muito generoso nas palavras em relação a mim.
Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, todos que me assistem pela TV Senado, ouvintes da Rádio
Senado, todos nós - e não diria só nós brasileiros, mas o mundo inteiro - andamos perplexos, preocupados
com as mudanças climáticas que se abatem sobre o nosso Planeta. E o Brasil sente na pela a resultante dessas
mudanças. Estamos assistindo a períodos enormes de estiagem, falta d’água nos grandes centros urbanos -
já que na zona rural do Brasil, do Norte e Nordeste, esse fenômeno é um fenômeno histórico e repetitivo, faz
parte, inclusive, do cenário do interior do sertão do Nordeste brasileiro.
Todos os pesquisadores, os cientistas, os ambientalistas, as instituições que são responsáveis pelo estudo
da mudança climática no mundo, todos nós sabemos que, por trás dessa mudança, que, cada vez mais,
vem se tornando frequente e grave, está o desmatamento das nossas reservas florestais.
Nesse final de semana, a mídia nacional publicou dados estarrecedores a respeito do desmatamento na
Amazônia nos meses de agosto e setembro de 2014.
Sr. Presidente, foram devastados 1.626Km2 de florestas, o que corresponde a um crescimento de 122% -
hum mil seiscentos e vinte e seis quilômetros quadrados de floresta foram devastados, e isso em apenas dois
meses, o mês de agosto e o mês de setembro! Veja que a fonte é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais,
que usa sondas e satélites para fazer essa medição. No mês de agosto, foram devastados 890km2, um salto em
relação a agosto do ano passado de 208% - só no mês de agosto. Em setembro, foram 736 km2, correspondente
a 66% a mais do que setembro de 2013.
Há de se perguntar: Será que está explicada essa falta de água no Sudeste? Será que alguém precisa explicar
mais o que está acontecendo no Brasil, nas regiões que nunca atravessaram um período de estiagem tão
longo, tão sofrido, em que, no Estado de São Paulo, já se lançou mão do segundo volume morto de Cantareira?
Será que precisa ser mais explícito do que esses números?
Todos nós sabemos da importância da Floresta Amazônica no índice pluviométrico, inclusive da própria
Região Sudeste. Todo mundo sabe disso. É uma preocupação que transcende só a fiscalização governamental.
Essa preocupação deveria contaminar toda a sociedade, a grande mídia, mas, mais do que isso, o cidadão e a
cidadã. Os anônimos brasileiros deveriam estar preocupados com o desmatamento das nossas reservas florestais,
porque isso incide diretamente nas mudanças climáticas que o Brasil está atravessando.
E há de se perguntar: Por que, então, houve esse crescimento absurdo do desmatamento que estava em
queda e, nos meses de agosto e setembro, deu um salto quântico para 122%? Há de se ponderar.
Primeiro, sem dúvida nenhuma, houve uma facilitação, um relaxamento da fiscalização dos desmatamentos
no Brasil. Depois, houve um incremento na atividade agropecuária nessas regiões. O ano eleitoral facilitou,
e muito, para que houvesse o relaxamento na fiscalização dessas regiões e, consequentemente, propiciou o
aumento do desmatamento. As mudanças na legislação ambiental foram interpretadas e, de algum modo, foram
verdadeiramente estimulantes para esse desmatamento. Por último, o aumento da atividade criminosa
na venda ilegal de madeira, que, como eu disse, estava em queda, mas agora recrudesceu. Todos esses fatores
associados a pouca sensibilização da sociedade, ao espaço na mídia, que se perdeu em função do ano eleitoral
- não fora o ano eleitoral, a mídia ocupava os espaços dos telejornais para apontar o crescimento do desmatamento.
Mas a dinâmica eleitoral e um ano com tantas notícias que pautaram os telejornais, os jornais de
emissoras e até mesmo os grandes jornais da imprensa escrita ofuscaram essa atividade criminosa e ofuscaram
essa elevação do percentual de desmatamento nas nossas reservas florestais.
Com isso, passado o período eleitoral, começou-se a enxergar o que foi cometido, nos meses de agosto
e setembro, nas nossas reservas florestais, na nossa querida e necessária Amazônia.
Sr. Presidente, 122% em relação aos meses de agosto e setembro do ano passado. Um crescimento absurdo,
inaceitável. Exige do Governo Federal o aumento da fiscalização, um cuidado redobrado, para que não
tenhamos nos meses subsequentes a manutenção desse elevado índice de desmatamento na Amazônia e nas
nossas reservas florestais.
Este é um papel que todos nós deveremos exercer: a preocupação, o zelo, o cuidado. Faço isso como
cidadão, mas também o faço como Senador do Partido Verde, cuja bandeira do nosso partido tem sido, cada
vez mais, atual; uma bandeira que não vai caducar, porque a nossa bandeira é a preocupação com o nosso
meio ambiente, o nosso Planeta, as nossas reservas florestais, os nossos biomas e com os aquíferos. Essa é a
bandeira do Partido Verde.
Toda vez em que nos deparamos com informações como essa, dados como esses, nós ficamos por demais
preocupados. Por isso mesmo, faço esse alerta da tribuna do Senado Federal.
Era só, Sr. Presidente.