Pela Liderança durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do impeachment da Presidente Dilma Rousseff; e outro assunto.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA. SENADO.:
  • Defesa do impeachment da Presidente Dilma Rousseff; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2014 - Página 635
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA. SENADO.
Indexação
  • DEFESA, IMPEACHMENT, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, COMPOSIÇÃO, ATUAÇÃO, SENADO.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, venho eu, nesta tarde, a esta tribuna, para comentar a situação do nosso País.

            Primeiro, fazer uma solicitação a V. Exª, Sr. Presidente, talvez seja um dos últimos ou o último pronunciamento meu nesta tribuna. Eu gostaria, por não ter tantos Senadores nesta tarde, de que V. Exª me concedesse um pouquinho mais de tempo.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Se depender unicamente da minha vontade, Senador Mário Couto, pode contar, mas tendo outros Parlamentares na Casa, teremos que obedecer. Mas, se a vontade depender unicamente da minha, conte desde já. 

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu lhe agradeço.

            Brasileiros, brasileiras, paraenses da minha terra de Nossa Senhora de Nazaré, nunca, na história desta Pátria, passamos por um período tão negro, por um período em que não se pode mais conter a corrupção e a roubalheira; um período em que a Pátria perde o seu leme, perde a sua direção; um período em que os políticos perdem a sensibilidade daquilo que é imoral.

            Nunca se viu, na história deste País, tanta roubalheira; nunca se viu, na história desta Pátria, tanta desmoralização a um povo, tanto sofrimento de um povo para que 10, 20, 30, 40 ou 50 pessoas pudessem levar o dinheiro das maiores empresas que o País tem; públicas - também -, estatais.

            Fui eu o Senador que mais combateu a corrupção nesta tribuna. Fui eu o Senador que mais denunciou a roubalheira nesta Pátria desta tribuna. Fui eu o Senador que começou a mostrar o início da grande roubalheira nesta Pátria.

            Desde que cheguei aqui, há oito anos, quase todos os meus pronunciamentos foram voltados a defender o dinheiro do brasileiro que paga um dos maiores impostos do mundo.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Defendi e “briguei” - entre aspas - pelo dinheiro do povo brasileiro que paga o imposto.

            Parecia que a maioria dos Senadores deste plenário não ouvia ou fazia que não me ouvia.

            Tornou-se uma rotina este Senador vir aqui denunciar. Passei um ano seguido denunciando a corrupção no DNIT, mas eu jamais esperava que por debaixo de tudo houvesse tanta porcaria, houvesse tanta corrupção...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Brasileiros, eu entendo agora por que Senadores, quando eu criticava o Governo, ficavam tão revoltados comigo. O Brasil assistiu a várias crises de Senadores aqui contra a minha pessoa, quando vinha eu mostrar a verdade nesta tribuna.

            Vejo eu agora, no escândalo da Petrobras, por que esses Senadores ficavam tão aborrecidos comigo, por que esses Senadores defendiam tanto a Presidenta Dilma, mesmo sabendo que a Presidente Dilma massacra o País!

            Brasileiros, agora começaram - TV Senado que me ajude -, agora começaram - vou para essa câmera -, agora começaram a aparecer os Senadores nas revistas de maior circulação deste País, e eu olho a cara e me lembro daqueles momentos em que esses Senadores e Senadoras só faltavam me agredir em defesa da Dilma. Agora eu entendo por que eles faziam isso. Agora eu entendo, brasileiros, por que eles defendiam tanto este Governo.

            Cheguei a pedir o impeachment da Presidenta Dilma, quando, textualmente, ela declarou que leu todo o documento da compra da refinaria do Texas e assinou. E cometeu visivelmente, cometeu claramente um crime de improbidade, e os seus defensores continuaram a defender a Dilma.

            O Presidente da Câmara dos Deputados não aceitou o meu pedido de impeachment, mas a corrupção tão grande, tão alarmante desta Pátria brotava a todo momento.

            E entramos no maior escândalo de corrupção de toda a história deste País!

            Nunca, nunca na história desta Pátria, Sr. Presidente, se viu tanta corrupção, tanta roubalheira, tanta ladroagem, tanto cinismo, tantos maus-tratos ao povo do Brasil!

            O Lula não saiu do Pará! A Dilma esteve em todos os minutos da campanha do meu adversário para me tirar desta tribuna! Nem precisava isso! O meu Partido, Dilma, disputou a candidatura ao Senado com cinco candidatos e já sabia eu que não tinha a menor possibilidade de ganhar as eleições. Sacrifício feito pelo meu Estado! Sacrifício feito para que o nosso Governador pudesse ser eleito e foi.

            Apresento hoje, Srs. Senadores, novamente, o pedido de impeachment da Presidenta Dilma, pela segunda vez. Agora, com fundamentos que jamais será possível serem rejeitados pelo Presidente da Câmara! E, se ele rejeitar, vou entrar no Supremo Tribunal Federal.

            Não o faço em nome do meu Partido, faço em meu nome pessoal.

            O doleiro confessou que a Dilma tinha conhecimento da corrupção na Petrobras. O diretor avisou a Chefe de Gabinete da Casa Civil, conforme documentos publicados na revista Veja de hoje. Ele alertou a Presidenta, ele alertou a Chefe da Casa Civil, ele que foi para lá exatamente para coordenar a corrupção. Com medo, alertou a Presidenta com documentos que comprovam e a Presidenta não tomou nenhuma providência, deixou a corrupção continuar no seio da Petrobras.

            Amigos brasileiros e amigos paraenses, confesso a vocês o que já disse muitas vezes nesta tribuna: não é só na Petrobras, o País está minado de corrupção. Em qualquer empresa que você vá, empresa pública nesta Pátria, tem de se encontrar a corrupção lá.

            Ora, Collor de Mello, Sr. Presidente, não devo demorar, Collor de Mello, foi “impeachmado” por causa de um Fiat Elba, naquela época um carrinho, e o retalho de R$2 milhões daquele senhor que acabaram matando. Como é nome dele? Esqueci-me do nome dele, PC Farias. Collor de Mello foi “impeachmado” apenas por isso.

            Agora, brasileiros, brasileiras, só agora, claramente, comprovadamente, já são R$28 bilhões. Tem cara, tem bandido que diz assim: eu devolvo R$226 milhões. Se ele quer devolver R$226 milhões, quanto foi que ele roubou? Quanto foi que ele roubou?

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - É inacreditável a que ponto chegou a pátria! É inacreditável a que ponto chegamos nós, brasileiros! O cara diz, e não é só um, brasileiros, foram vários que disseram: eu devolvo R$1,5 milhão, eu devolvo R$20 milhões. Eu devolvo...

            Meu Deus do céu! E nós estamos assistindo a tudo isso sem nada a fazer! Onde está o Congresso Nacional? Onde está o Senado Federal? Onde está a Câmara dos Deputados? Tudo nas mãos da Dilma! Tudo subjugado a Dilma!

            Estou dando entrada, Sr. Presidente. Hoje tenho vergonha de ser brasileiro. Deus está me tirando deste Senado. E eu saio daqui convicto: isto aqui está mais para um circo do que para um Senado Federal.

            Ah, minha Nossa Senhora de Nazaré, minha querida santa! Ah, se o povo brasileiro soubesse como funcionam essas Casas! Ah, se o povo brasileiro soubesse!

            Democracia, quá-quá-quá, acho até graça. A Dilma faz o que quer neste Senado! A Dilma faz o que quer na Câmara! Ela sabe! Ela rouba, porque ela sabe que nada acontece com ela!

            Ela sabe que aqui ela tem a maioria e que são poucos os que têm coragem de abrir a boca para dizer o que o povo brasileiro quer saber! São poucos!

            Presidente, entrego a V. Exª um novo pedido de impeachment à Presidenta da República.

            Eu quero ver agora! Eu quero ver agora o que é que o Presidente da Câmara vai dizer depois da confissão do diretor, depois da confissão do doleiro...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ...depois das provas documentais que temos, que enquadram a Presidência e a Presidenta do Brasil como criminosa no processo.

            Compare com o Collor e veja que o pecado do Collor em relação a esse foi bem pequenininho.

            Lula e Dilma deviam estar na cadeia, Presidente.

            O Lula e a Dilma deviam estar na cadeia, Presidente.

            A coisa está tão avacalhada neste País que uma hora...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) (Fora do microfone.) - Quero terminar, Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Pode terminar. Com certeza eu já lhe dei mais do que o triplo do tempo.

            Peço que o senhor termine então.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) (Fora do microfone.) - Presidente. Presidente, eu já estou saindo desta Casa.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Eu sei disso. Eu entendo e sei que, por entender, o senhor me entende também.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Presidente, Presidente, Presidente, Presidente, Presidente, Presidente, Presidente. Eu já vi tanta gente falar uma hora aqui, Presidente. Uma hora, quarenta minutos.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Também.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Todo o tempo em que eu estive aqui nesta tribuna, falando mal do Governo para o bem dos brasileiros, eu fui questionado. Eu não esperava que V. Exª fosse me questionar.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Não. Não se trata disso.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Eu quero só mais cinco minutinhos. Vou repetir: talvez seja o meu último discurso nesta tribuna.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Eu espero que não, Senador Mário Couto. Honestamente, espero que não.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Mas eu estou dizendo a V. Exª...

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Senador Mário Couto, pode continuar...

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ...talvez seja...

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Pode continuar, pode continuar o discurso.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Talvez seja o último.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Amorim. Bloco União e Força/PSC - SE) - Pode continuar.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - A minha voz, Presidente, já foi calada pelo povo do Pará.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - E isso eu acho justo. Eu sempre disse aqui: calar a minha voz, jamais! Só o povo da minha terra. Calaram. E eu estou satisfeito.

            Deixe-me falar pela última vez, com muita felicidade, com muita felicidade. Queria eu estar aqui por muito tempo, mas tivemos que salvar o Estado do Pará e por isso fui ao sacrifício.

            Brasileiros e brasileiras, vou aqui, ao descer desta tribuna, deixar gravado, nos Anais desta Casa, o que penso dessa história. Quero deixar gravado.

            Acertei em tudo nesses últimos oito anos. Disse que o Diretor do Dnit era ladrão, e era; disse que o Presidente da CBF era ladrão, e era. Disseram a mim que eu não poderia chamar de ladrão aqui, nesta tribuna, porque era muito forte. Qual é a diferença do corrupto para o ladrão?

            Vejo Senadores que se diziam tão sérios, honestos e defendiam a Dilma com a sua própria alma! Vejo nas revistas e nos jornais como pecadores. Saio extremamente decepcionado deste Senado. A pátria está sem leme.

            Vou dizer uma frase, Presidente, antes de descer desta tribuna. Aliás, eu vou terminar com uma frase de Rui Barbosa. Mas quero entregar ao Secretário, para que receba o Presidente o pedido de impeachment da Presidenta.

            Mas quero fazer aqui, Presidente. Guarde na sua memória, anote na sua agenda! Presidente, a Dilma não pode terminar o Governo dela, Presidente. A Dilma não deve terminar o Governo dela, Presidente. Não tem como, Presidente.

            A Pátria está acabada, Presidente. A Pátria está surrupiada, Presidente. Destruíram as maiores empresas brasileiras, Presidente. Roubaram bilhões, Presidente. Bilhões!

            Ninguém fala em impeachment aqui nesta Casa, Presidente! Ninguém faz nada, Presidente! Ninguém questiona nada, Presidente! Isso é uma vergonha para o Parlamento do Brasil!

            Naquela época, por um carrinho e por uma fagulha de dinheiro, impeachmaram o Collor. Agora são bilhões, bilhões, bilhões que lesaram dos brasileiros! E não se murmura, não se ouve. Não se toca na decência! Não se toca na moral! Não se toca na impunidade!

            Onde estão os mensaleiros? Diga-me, Brasil!

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Os mensaleiros estão nas suas casas. E assim vão ficar esses. Eles vão ficar 20 dias presos e, depois, prisão domiciliar.

            Desço, Presidente, com uma frase de Rui Barbosa que eu selecionei para colocar no meu livro.

            Este livro, Presidente, mostra o que é o Senado Federal. Este livro, Presidente, mostra a minha decepção com esta Casa.

            Rui, oh, Rui! Se tu estivesses vivo no Governo da Dilma, Rui, o que tu ias dizer? Se Rui deixou essa frase...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... em governos em que nem se falava em corrupção, faço uma ideia se Rui estivesse hoje neste Senado. O que não diria, Rui?

            Mas eu termino com a frase dele: “De tanto ver crescer a injustiça...”. Presidente, como este País é injusto! Aqui, ali, acolá, a todo momento, o senhor vê os grandes sobrepujarem os pobres.

            O ladrão de galinha está preso, Presidente! Que roubou uma galinha de R$10,00! O ladrão que roubou a Petrobras em R$ 20 bilhões está solto, Presidente!

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - “De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra”, Presidente, “desanimar-se da justiça e de ter vergonha de ser honesto”, Presidente.

            Eu disse uma vez aqui, e fui criticado: diretores de repartições públicas do Brasil, roubem! No Brasil pode roubar. Quando eu desci, dois Senadores ali olharam para mim: “Tu não devias ter dito isso”.

            No Brasil pode! No Governo da Dilma pode! Quero ver, Presidente, quero ver eu o que vai dizer o Presidente da Câmara agora que somam mais de quatro crimes contra a Presidenta do Brasil! Eu mostro no documento e provo! Assumo a minha responsabilidade, ofereço o meu mandato se estiver mentindo ou inventando!

            Tudo isso vai acumulando, Presidente. E quando o povo estiver na rua esta Casa vai se sentir culpada. E ele vem aqui! O povo estará aqui...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco Minoria/PSDB - PA) - ... cobrando de cada um, daqueles que não tiveram a coragem de defender a sua pátria! E eu espero que ele não faça justiça com as próprias mãos.

            Que Deus o proteja.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2014 - Página 635