Pronunciamento de Paulo Paim em 25/11/2014
Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Expectativa com a eficácia de medicamento desenvolvido por pesquisadores da USP e da Universidade da Califórnia no tratamento do autismo; e outro assunto.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SAUDE.
HOMENAGEM.:
- Expectativa com a eficácia de medicamento desenvolvido por pesquisadores da USP e da Universidade da Califórnia no tratamento do autismo; e outro assunto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/11/2014 - Página 640
- Assunto
- Outros > SAUDE. HOMENAGEM.
- Indexação
-
- EXPECTATIVA, DESENVOLVIMENTO, MEDICAMENTOS, PESQUISADOR, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), UNIVERSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REFERENCIA, TRATAMENTO, PESSOAS, PORTADOR, AUTISMO.
- REGISTRO, CERIMONIA, HOMENAGEM POSTUMA, SINDICALISTA, SERVIDOR, LOCAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS), ANUNCIO, LANÇAMENTO, PROJETO, NOMEAÇÃO, ESTRADA, ACESSO, CAMPUS UNIVERSITARIO, HOMENAGEM, TRABALHADOR.
O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente, eu quero primeiro agradecer ao Senador Mozarildo, que cedeu o seu espaço para que eu pudesse fazer estes dois registros.
O primeiro, Sr. Presidente, é deixar nos Anais da Casa que os estudiosos da USP e da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, conjuntamente descobriram um medicamento que pode combater o autismo. Eu fui o autor da lei do autismo e dei depois o nome de Berenice Piana di Piana, em uma homenagem a ela, e me sinto então gratificado com essa possibilidade.
A partir da doação de um dente de leite de um menino com diagnóstico autista, foi possível identificar uma mutação genética responsável por alguns tipos de autismo.
O menino tinha uma de suas cópias do gene TRPC6 desativada. Esse gene está ligado à regulação de impulsos nervosos em alguns neurônios.
Sob orientação da geneticista Maria Rita Passos-Bueno, a bióloga Karina Griesi passou uma temporada investigando o tema na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
Com acesso a um banco de dados de genomas de outros pacientes, a bióloga encontrou outras duas pessoas autistas que tinham mutações no TRPC6.
Outro laboratório, na Universidade da Califórnia, em San Diego, coordenado pelo paulista Alysson Muotri, já estava trabalhando com pesquisas e tratamentos por drogas que pudessem curar o autismo.
Assim sendo, Karina continuou suas pesquisas nesse laboratório e recriou neurônios daquele paciente que havia doado o dente de leite. Ela viu, então, que a mutação no TRPC6 impediu células de adquirirem formato e de fazerem conexão entre si.
O trabalho de Karina foi publicado na revista Psiquiatria Molecular e comprovou a ação do gene como fator de propensão ao autismo e ainda apresentou drogas que podem resolver essa questão.
Para os cientistas, todavia, as drogas encontradas não são uma panaceia contra o autismo. Só portadores de mutação no TRPC6 ou em genes similares podem ser beneficiados. O autismo é um amplo espectro de distúrbios e a sua cura não é simples e única. Mas as pesquisas não param e os resultados já encontrados certamente apontam uma grande esperança para que outros tipos de distúrbios do espectro autista sejam curados.
Muitas pessoas acreditam que o autismo é uma doença rara, mas, segundo a ONU, sua incidência em crianças é mais comum e maior do que a soma dos casos de aids, câncer e diabetes juntos.
No Brasil, estima-se que tenhamos 2 milhões de autistas e mais da metade ainda sem diagnóstico. Apesar dos avanços promissores das pesquisas, é necessário que a gente compreenda mais profundamente o autismo e incentive essas pesquisas.
O segundo registro, Sr. Presidente, com essa mesma rapidez. Na última sexta-feira ocorreu uma cerimônia de homenagem a 13 sindicalistas servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul vítimas de acidente ocorrido no dia 21 de novembro de 1994, quando retornavam para Porto Alegre de um encontro da categoria na cidade de Pelotas.
Portanto, há vinte anos nós perdemos, os familiares e amigos perderam o convívio de Alfredo Baptista D’Andrea, Anna Rachel Vernet Taborda...
(Soa a campainha.)
O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... Antenor Marques dos Santos - "Pantera", Carla da Costa Pinto, Dieter Teske, Dorvalino de Oliveira Ribas, Edivaldo Machado de Souza, o "General", José Zuffo Neto, Lídia Castilhos Ardohain, Luis Ely de Almeida Sá Brito, Milton Juarez Astigarraga - “Miltão", Nilo Rodrigues e Raul Fernando Zeni, o "Peninha".
Termino, Sr. Presidente, nessa cerimônia de homenagem ocorrida no Salão de Atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi lançado o projeto Nome de Rua, que vai designar vias de acesso aos campos da Universidade Federal do Rio Grande com o nome desses 13 líderes sindicais. É uma homenagem a esses trabalhadores para que fiquem registrados, com o carinho e o respeito de todo o povo do Rio Grande e naturalmente de todos aqueles que acompanharam a sua caminhada, líderes que deram a sua vida pela causa.
Obrigado, Sr. Presidente. (Fora do microfone.)
SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PAULO PAIM
O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no início desta semana, fiquei sabendo de uma pesquisa que me deixou bastante empolgado.
Estudiosos da USP e da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, descobriram um medicamento que pode combater alguns tipos de autismo.
A partir da doação de um dente de leite de um menino com diagnóstico autista, foi possível identificar uma mutação genética responsável por alguns tipos de autismo.
O menino tinha uma de suas cópias do gene TRPC6 desativada. Este gene está ligado à regulação de impulsos nervosos em alguns neurônios.
Sob orientação da geneticista Maria Rita Passos-Bueno, a bióloga Karina Griesi Oliveira passou uma temporada investigando o tema na Universidade de Yale (ieiãl), nos EUA.
Com acesso a um banco de dados de genomas de outros pacientes, a bióloga encontrou outras duas pessoas autistas que tinham mutações no TRPC6.
Outro laboratório, na Universidade da Califórnia, em San Diego, coordenado pelo paulista Alysson Muotri, já estava trabalhando com pesquisas e tratamentos por drogas que pudessem curar o autismo.
Assim sendo, Karina continuou suas pesquisas nesse laboratório e recriou neurônios daquele paciente que havia doado o dente de leite.
Ela viu, então, que a mutação no TRPC6 impedia células de adquirirem formato correto e fazerem a conexão entre si.
O trabalho de Karina foi publicado na revista "Psiquiatria Molecular" e comprovou a ação do gene como fator de propensão ao autismo e ainda apresentou drogas que podem corrigir o problema.
Para os cientistas, todavia, as drogas encontradas não são uma panaceia contra o autismo. Só portadores de mutação no TRPC6 ou em genes similares devem se beneficiar.
Srªs e Srs. Senadores, o autismo é um amplo espectro de distúrbios e sua cura não é simples e única. Mas as pesquisas não param e os resultados já encontrados são, certamente, uma esperança para que outros tipos de distúrbios do espectro autista sejam curados.
Muitas pessoas acreditam que o autismo é uma doença rara mas, segundo a ONU, sua incidência em crianças é mais comum e maior do que a soma dos casos de AIDS, câncer e diabetes juntos.
No Brasil estima-se que tenhamos 2 milhões de autistas e mais da metade ainda sem diagnóstico.
Embora os avanços promissores das pesquisas, é necessário que a gente compreenda mais profundamente o autismo, como diagnosticá-lo precocemente e as melhores formas de abordar, conviver e estimular o desenvolvimento daqueles que integram o espectro autista.
Era o que tinha a dizer.