Discurso durante a 178ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o exercício do mandato de S. Exª durante a 53ª e 54ª Legislaturas; e outro assunto

Autor
Jarbas Vasconcelos (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Jarbas de Andrade Vasconcelos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, CORRUPÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR, REFORMA POLITICA, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Considerações sobre o exercício do mandato de S. Exª durante a 53ª e 54ª Legislaturas; e outro assunto
Aparteantes
Blairo Maggi, Cristovam Buarque, Eduardo Amorim, José Agripino, João Capiberibe, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2014 - Página 141
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, CORRUPÇÃO. ATUAÇÃO PARLAMENTAR, REFORMA POLITICA, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • CRITICA, ADMINISTRAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, CORRUPÇÃO, ENFASE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), EMPRESA ESTATAL.
  • COMENTARIO, EXERCICIO, MANDATO PARLAMENTAR, DEFESA, NECESSIDADE, REFORMA POLITICA, DIALOGO, POPULAÇÃO, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, SANEAMENTO BASICO, ESTRADA, RODOVIA, CESSAÇÃO, DISCRIMINAÇÃO, BOLSA FAMILIA, PROGRAMA DE GOVERNO, ENFASE, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. Senadoras, Srs. Senadores, há quase oito anos, cheguei a esta Casa com a esperança de que o nosso País conseguiria trazer para a política os avanços obtidos em outras áreas da sociedade brasileira. Infelizmente, nobre Presidente, Senador Paulo Paim, isso não aconteceu. A política perdeu com a degradação dos governos do PT, que deixou de lado a ética que professava quando estava na oposição para lutar pela permanência no poder, usando todas as armas que estiveram ao seu alcance.

            Os escândalos de corrupção se multiplicaram, passando a fazer parte da paisagem cotidiana; a fragmentação partidária atingiu números alarmantes e, em que pese as punições do Supremo Tribunal Federal aos artífices do “mensalão”, o crime parece que realmente compensa.

            Não me considero um pessimista, mas não posso enxergar o momento atual com os olhos do “Doutor Pangloss”, personagem que já citei em outros discursos, aqui desta tribuna. Perdoem-me aqueles que acreditam que estamos vivendo num “País Das Maravilhas” da propaganda governamental. O cenário atual está mais para um filme de terror, daqueles no qual o monstro mata todos os mocinhos. E o filme ganha uma, duas, três sequências.

            O cenário é de crise econômica sem precedentes. Por uma margem apertada, devo afirmar que a maioria dos eleitores votou olhando para trás, para antes do mandato da atual Presidente da República. Esse Governo que aí está, da Presidente Dilma Rousseff, não tem condições de implantar as mudanças que o Brasil precisa.

            Não adianta inventar o slogan “Governo novo, ideias novas”, quando a prática adotada, durante toda a campanha eleitoral deste ano, demonstra que os métodos continuam os mesmos.

            O que fizeram com a maior estatal do Brasil, a Petrobras? Um dos maiores escândalos do mundo, desvios que chegaram a cifras bilionárias. É um crime de lesa-pátria. Vai demorar anos para a empresa retomar a tranquilidade necessária para enfrentar os desafios, que não são apenas dela, mas que envolvem o nosso próprio futuro como Nação brasileira.

            Mesmo na oposição, nunca me comportei pela máxima de “quanto pior, melhor”. Tenho responsabilidades para com Pernambuco e para com o Brasil.

            Mas me nego a concordar com essa flexibilidade ética que o PT busca implantar no Brasil, de que o mesmo erro pode ser repetido pela enésima vez sem consequência alguma.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, para mim, Senador Paulo Paim, é uma honra me despedir do Senado tendo V. Exª como Presidente desta sessão; pela sua seriedade, pela sua competência e assiduidade. V. Exª, aqui, dá exemplo de vida. Tem um comportamento de cavalheiro com todos, sem distinção de oposição ou Governo. Eu me despeço de V. Exª neste final de meu mandato com muita alegria e muita honra.

            A menos de dois meses do término do meu mandato como Senador da República, quero aqui transcrever um trecho da minha fala de estréia - em que V. Exª, Senador Cristovam Buarque, inclusive me aparteou, com muita honra, em minha fala -, representando Pernambuco, no discurso pronunciado no dia 1º de março de 2007, no qual abordei, entre outras questões, o tema das reformas institucionais. É um trecho longo, mas que mostra o quanto não avançamos neste período em assuntos tão fundamentais para o aprofundamento da nossa ainda jovem democracia - abre aspas:

“O primeiro item desse passivo institucional é a Reforma Política, que consideramos a mãe de todas as reformas. Durante a campanha eleitoral do ano passado [ou seja, 2006], sempre que tratávamos do tema, sabíamos que o eleitor mais simples, morador do Sertão de Pernambuco e da periferia do Grande Recife, talvez não compreendesse a prioridade para o assunto.

Por que, diante de tantas questões mais prementes, em especial num País de carências diversas como o nosso, colocamos a Reforma Política acima das demais?

Talvez, diante do desgaste enfrentado pelo Poder Legislativo, o eleitor compreendesse melhor a Reforma Política, sabendo que com ela pretendemos cortar na própria carne.

Essa é uma maneira de enxergar a questão. Mas não é a única.

Proclamamos a República, presidentes foram depostos, reconstruímos a democracia mais de uma vez, porém a relação entre os Poderes permanece semelhante aos últimos anos do Império; o Legislativo quase que completamente submisso ao Poder Executivo.

Diante dessa realidade, precisamos implantar mudanças que fortaleçam os partidos, ampliem a interação com a sociedade, tornando a atividade política mais transparente. Um conjunto de medidas que leve a uma reforma do comportamento político.

Entre as medidas que consideramos prioritárias, estão [isso no dia 1º de março de 2007]:

- a adoção da fidelidade partidária;

- o financiamento público das campanhas eleitorais;

- o fim das coligações proporcionais;

- a implantação do voto distrital misto com listas fechadas;

- a manutenção do segundo turno apenas para as eleições presidenciais;

- o fim das emendas individuais ao Orçamento Geral da União. Devo ainda citar a proposta de emenda constitucional apresentada pelo nobre Senador Marco Maciel, que tivemos a honra de relatar na Comissão de Constituição e Justiça, restabelecendo a Cláusula de Desempenho, mais conhecida como Cláusula de Barreira. Trata-se de mais um passo importante para fortalecer os partidos, dificultando a proliferação das chamadas ‘legendas de aluguel’.”

            Fecha aspas.

            Eu queria chamar a atenção, Sr. Presidente, que bastaria esta legislatura, que termina daqui a 15 dias, ter adotado algumas medidas para que nós tivéssemos avançado muito: o fim das coligações nas eleições proporcionais, a fidelidade partidária e a cláusula de desempenho. Medidas fundamentais para evitar as legendas de aluguel e a venda declarada do tempo de televisão nas eleições, pática essa que a Justiça Eleitoral tem conhecimento.

            Após tanto tempo, permanecem válidas as premissas que abordei naquele início de março, há quase oito anos, com imensos agravantes - vale ressaltar - diante da inércia do Congresso Nacional em aprovar uma reforma de verdade e não de “faz de conta”.

            De 2006 para cá, Senador Cristovam Buarque, o Brasil viu saltar de 21 para 28 o número de partidos com representação na Câmara dos Deputados. Imaginar que, nas eleições de 1998, a Câmara contava com 18 partidos! E já se achava demais. Não tenho como crer que essa extrema fragmentação partidária represente um avanço. É um bruto, é um imenso retrocesso.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a Presidente reeleita, a Senhora Dilma Rousseff, repete 2010 e promete a reforma política como sua prioridade número um. Ouvi isso também do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e em 2006. Compromissos que não se tornaram realidade, permaneceram no terreno das promessas não cumpridas, como tantas outras.

            Porém, a palavra mágica agora é “plebiscito”, indicando claramente que o PT pretende implantar o modelo “bolivariano”, já em funcionamento em países como Venezuela, Equador e Bolívia - tudo surgido da ideia maluca do Coronel Hugo Chávez.

            Esse modelo, Sr. Presidente, começa justamente tentando esvaziar o poder da democracia representativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e, concomitantemente, busca coibir a liberdade de imprensa. As comemorações pela vitória apertada da Presidente da República foram marcadas por ataques aos meios de comunicação, um setor que ainda resiste, felizmente, ao “modo petista” de governar.

            Não vou fazer como o PT, que evita reconhecer as conquistas dos governantes que o precederam na Presidência da República. É fato que o governo Lula trouxe avanços na distribuição de renda, mas isso só foi possível porque ele encontrou a casa arrumada, com uma moeda estabilizada, o sistema financeiro organizado e a Lei de Responsabilidade Fiscal pondo regras claras para a gestão dos recursos públicos - com o que agora o PT, Dilma e todos os que pertencem à Base aliada querem acabar.

            Ouço V. Exª com muita honra, Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Fora do microfone.) - Prefiro que V. Exª avance.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Prefere que eu avance? Pois não.

            Também é fato que o Brasil de dezembro de 2014 é pior do que o Brasil de dezembro de 2010.

            Fazer essa constatação não é ir contra o resultado das urnas. Mais de 51 milhões de brasileiros pensaram dessa forma ao votar na candidatura do Senador Aécio Neves. 

            Na democracia, é assim que deve funcionar: quem ganha vai trabalhar para cumprir o que prometeu; quem perde vai para a oposição cobrar as promessas feitas e mostrar que era possível fazer diferente. É isso que eu pretendo fazer na Câmara dos Deputados, a partir de 1º de fevereiro de 2015, Casa para a qual fui eleito com os votos de mais de 227 mil conterrâneos, os pernambucanos.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu chego ao término deste mandato de Senador com a sensação do dever cumprido. Tenho a firme convicção de que me dediquei com afinco e determinação ao exercício desta representação parlamentar.

            Em nenhum momento, eu me descuidei dos assuntos relativos ao meu Estado e à minha região, que, apesar dos avanços nos últimos anos, ainda permanece com indicadores econômicos e sociais muito aquém das médias nacionais. Se formos para a ponta do lápis, descobriremos que, a partir de tudo o que o Governo afirma, o Nordeste continua recebendo menos recursos do que deveria. Só essa inversão fará a nossa região elevar seus níveis de desenvolvimento.

            O Nordeste já ofereceu muito ao Brasil ao longo de sua história. Durante séculos, foi a exploração das riquezas do Nordeste que financiou não apenas a Coroa portuguesa, mas também a expansão das fronteiras deste País de dimensões continentais. Está mais do que na hora de os nordestinos e as nordestinas receberem a sua contrapartida. Não se trata de favor algum; é apenas a justiça sendo exercida.

            Não é com preconceitos e com agressões gratuitas de alguns segmentos retrógrados que vamos superar nossas carências crônicas. Como nordestino, como ex-Prefeito do Recife e como ex-Governador de Pernambuco, eu me sinto legitimado em acreditar que a miséria - que parou de ser reduzida - só terá o seu fim com a oferta de uma educação pública de qualidade.

            Precisamos também de uma infraestrutura moderna, com saneamento, abastecimento d'água, estradas, rodovias e portos. Necessitamos de tudo isso, pautados na lógica de uma política de desenvolvimento regional que mude a realidade das pessoas mais humildes, com educação, saúde e emprego qualificados.

            Tenho a certeza de que ainda verei o fim do terrorismo em torno do Programa Bolsa Família, utilizado de forma criminosa pelo PT em três eleições presidenciais seguidas, em 2006, em 2010 e agora em 2014. Assistimos a um processo de intimidação das pessoas mais humildes, que dependem da ajuda governamental e que não têm acesso adequado à informação honesta e legítima. Mas essa prática perversa terá um ponto final em breve.

            Sr. Presidente Paulo Paim, Srªs Senadoras e Srs Senadores, todas as propostas que apresentei nestes quase oito anos tiveram o objetivo de aperfeiçoar os instrumentos disponíveis na nossa ainda jovem democracia.

            É o caso, por exemplo, da Proposta de Emenda à Constituição n° 18/2013, que torna automática a perda do mandato de Parlamentar nas hipóteses de improbidade administrativa ou de condenação por crime contra a Administração Pública, por meio do Supremo Tribunal Federal. A PEC nº 18 foi aprovada por esta Casa com apenas um voto contrário. Infelizmente, a Câmara dos Deputados não deu a devida atenção ao assunto e, até hoje, não foi encaminhada para votação no plenário.

            Quando procurei o atual Presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, ele disse que a PEC 18 era a salvação da Câmara. E, ironicamente, como salvação da Câmara, não teve avanço sua na tramitação.

            Tenho também a consciência dos obstáculos que enfrentei e do elevado preço que paguei pelo fato de ser dissidente do meu Partido e de não comungar das ideias defendidas pelo PT. Porém, não guardo mágoa. Não abriria mão de minhas convicções para estar em sintonia com a prática do "é dando que se recebe," uma prática que resultou na série de escândalos de corrupção dos últimos 12 anos, do mensalão a este mais recente que destrói a Petrobras.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, aqui, no Senado Federal, fiz algumas novas amizades e fortaleci outras já existentes. Esta Casa, apesar das dificuldades, conta com alguns dos melhores quadros políticos do Brasil, Senadoras e Senadores. São quadros políticos que contribuíram e ainda vão contribuir muito para construir um País mais justo socialmente - V. Exª que preside a sessão, Senador Paulo Paim, é uma dessas pessoas -, um País onde as pessoas que mais precisam tenham acesso a serviços públicos de qualidade, tão bons ou até melhores do que aqueles oferecidos pelo setor privado. Esse é o Brasil com o qual eu sonho desde que entrei na vida pública.

            É na defesa dessas mesmas bandeiras que estarei na Câmara dos Deputados, na tribuna que já tive a honra de ocupar entre 1975 e 1978 e entre 1983 e 1985. Aqueles foram dois momentos distintos, ambos de uma imensa riqueza de debates e de embates na luta por encerrar o período autoritário e restabelecer a democracia no Brasil.

            Volto à Câmara dos Deputados 30 anos depois, em circunstâncias diferentes, mas tão desafiadoras quanto as das décadas de 1970 e 1980. Nossa luta agora é para impedir que o Brasil perca as conquistas dos últimos 30 anos. Estarei na defesa da estabilidade econômica, pressuposto fundamental para combater a miséria e tirar da pobreza os milhões dos brasileiros e das brasileiras que ainda estão de fora do processo produtivo.

            O Poder Legislativo precisa estar consciente do seu papel. Não é razoável aceitar que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal fiquem sempre com a pauta negativa quando explode alguma crise. Isso só é possível quando Deputados e Senadores, mesmo aqueles que integram a Base governista, assumem uma postura de independência institucional, quando colocam os interesses do Brasil acima da vontade do mandatário de plantão.

            Meus compromissos são os mesmos que apresentei no meu primeiro discurso aqui nesta tribuna, neste mesmo lugar, em 1º de março de 2007: “Precisamos implantar mudanças que fortaleçam os Partidos, ampliem a interação com a sociedade, tornando a atividade política mais transparente. Um conjunto de medidas que leve a uma reforma do comportamento político”.

            Como Deputado Federal, representando o povo de Pernambuco, não me calarei diante das tentativas de esvaziar a força da democracia representativa, não ficarei omisso quando tentarem calar a imprensa e não fugirei do embate para impedir o controle hegemônico das instituições democráticas.

            Por isso, Sr. Presidente, peço a V. Exª, que foi tão correto comigo, e ao Senador Lindbergh desculpas - ele estava inscrito, talvez eu tenha atropelado sua inscrição -, mas fico muito satisfeito pela oportunidade.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Foi feita uma permuta legítima, e o Senador foi o primeiro a dizer que fazia questão de que V. Exª falasse antes.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Eu vi. O Senador Lindbergh sempre foi um companheiro de primeira linha, um companheiro que não faz distinção entre o Governo e a oposição.

            Ouço, com muita satisfação, com muita honra, o Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) -Senador, velho amigo Jarbas Vasconcelos, é uma coincidência que nós dois estejamos aqui, porque certamente ninguém mais nesta Casa o acompanha há tanto tempo. Nós começamos juntos, Senador Paim, ainda pouco mais que adolescentes. Tivemos os mesmos líderes, digamos, como Egídio Ferreira Lima, como Oswaldo Lima Filho. Tivemos os mesmos companheiros, como Fernando Lyra, como Marcos Freire, como Roberto Freire. Eu o acompanho desde aquele tempo, desde a criação do MDB, quando esse era o Partido que unificava todas as forças, todos os militantes da democracia - e o fundamos juntos naquele momento, muito jovens nós dois. Eu o acompanho e vejo a sua trajetória carregada de uma coerência tão rara nos tempos de hoje. Quando o senhor lembra que são 28 partidos, eu diria que, na verdade, deve haver 513 partidos na Câmara e 81 partidos aqui, porque nós não nos unimos nas nossas siglas - e o senhor é um exemplo disso, na sua sigla - com base nem numa identidade ideológica nem numa identidade ética. São clubes eleitorais aos quais nós somos obrigados a pertencer por causa das eleições. Devo dizer que, apesar da emoção de estar aqui compartilhando com o senhor as lembranças desses 40 anos ou mais, eu não sinto nenhuma alegria em estar aqui pelo fato de que o senhor está deixando esta Casa. Eu creio que é uma perda irreparável, como é a do Senador Suplicy, como é a do Senador Simon. Pessoas que fariam falta aqui, Senador Lindbergh, em qualquer momento, mas muito mais em 2015, porque será um ano extremamente difícil - eu diria mais: arriscado, cheio de pedras no caminho, na política brasileira. O senhor, pelo menos, estará perto, na Câmara Federal; os outros dois não estarão. Mas aqui, nesta Casa, o senhor vai fazer muita falta, não apenas pela amizade que nós temos, mas, sobretudo, pelos seus discursos enfáticos, pela sua posição coerente, pela lucidez como se apresenta sempre. Eu lamento muito que o senhor não estará aqui, no próximo ano, nesta Casa, embora eu espere, muitas vezes, ir lá, ao lado, conversar com o senhor e ouvi-lo. Mas, de qualquer maneira, feliz aquele que conclui o mandato com a cabeça erguida, como está a sua neste momento, e uma cabeça erguida pela coerência, pelo vigor que o senhor demonstra na maneira de fazer política, sem acomodar-se, o que talvez seja o meio dos pecados depois da perda da ética. O senhor nunca se acomodou; está aqui na luta e vai continuar na luta fora do Senado. E eu não tenho por que me despedir, porque a gente vai estar junto - vai estar junto. Independentemente até de ter ou não mandato, cada um, a gente vai estar junto.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Claro.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Então, não tenho por que me despedir, mas devo lhe dizer que é um orgulho e uma honra ser seu companheiro ao longo de todas as décadas, acompanhei sua carreira como Deputado, como Senador, como Governador do meu Estado, Pernambuco, como Senador outra vez, e a sua presença permanente na política brasileira. Parabéns, e, em vez de dizer adeus, muito obrigado. Muito obrigado por ser Jarbas Vasconcelos e ter me dado o privilégio de compartir com você esses anos todos.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador Cristovam Buarque. Uma das coisas boas da minha vida, sobretudo minha vida política, foi reencontrá-lo aqui como Senador da República, representando o Distrito Federal, e eu, o nosso Estado - nós somos pernambucanos. V. Exª é conhecido no Brasil inteiro pela sua decência, correção e honestidade. Meu convívio com V. Exª aqui vai continuar, se Deus quiser.

            Ele continuará no Legislativo e nos nossos encontros fora daqui, que têm sido corriqueiros, em que temos a oportunidade de analisar o que se fez, o que se deixou de fazer, o que deve ser feito. Sempre nesses encontros V. Exª é uma voz de coragem, de incentivo, equilibrada e de que jamais vou me esquecer.

            Muito obrigado por tudo que V. Exª fez na manutenção da nossa grande amizade.

            Ouço o Senador Blairo Maggi, com muita honra. 

            O Sr. Blairo Maggi (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado. Senador Jarbas, eu confesso que levei um susto quando V. Exª começou o discurso porque na minha cabeça, o cronograma dos nossos mandatos, V. Exª estava no mesmo ritmo que eu, no mesmo período...

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - (Risos.) Não. 

            O Sr. Blairo Maggi (Bloco União e Força/PR - MT) - ... porque fomos governadores num período equivalente, só que o senhor era governador quatro anos antes, então me perdi um pouco aqui. Fiquei aqui triste de saber que perderemos a sua companhia aqui no Senado Federal, mas V. Exª continuará na Câmara, fazendo o excelente trabalho que tem feito aqui, no Senado Federal, que já fez como Governador, que fez como Deputado, que fez em todas as funções públicas por que passou na vida. O senhor disse que aumentou a amizade com alguns e construiu novas amizades, a minha com V. Exª foi a construção de uma amizade. Eu passei a admirá-lo muito mais aqui no Senado, acompanhei por um pequeno período, fora do Senado, enquanto V. Exª estava hospitalizado no mesmo hospital onde também me encontrava, passando por uma grave situação de saúde, mas que de lá saiu fortalecido, forte, que está aqui presente hoje. Então quero deixar registrada a minha admiração, o meu respeito. E, como disse o meu antecessor, nós não temos que nos despedir, nós vamos nos encontrar. O Congresso Nacional nos impõe que nos reunamos de vez em quando para decidir matérias, e, certamente, nos encontraremos lá, na sua nova Casa, como V. Exª tem livre acesso e estará permanentemente nos visitando aqui também. Então quero desejar a V. Exª um bom mandato como Deputado Federal, um novo mandato, e, principalmente, agradecer pelas posições firmes, a maneira correta, sem receio nenhum de colocar seus pontos de vista. Isso, V. Exª tenha certeza de que ajudou e muito na construção também do meu pensamento político, ao ouvi-lo e entendê-lo aqui nesta Casa. Parabéns e felicidades!

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador Blairo. V. Exª, com certeza, é um dos Senadores que tem um grande círculo de amizade e sei que faz questão de cultivar e zelar por elas. Nós construímos, realmente, uma relação de amizade. Fomos governadores de Estado contemporâneos - eu, de Pernambuco; V. Exª, do Mato Grosso -, mas foi aqui que nos afinamos. Para mim foi muito gratificante fortalecer essa relação de amizade, a qual pretendo manter.

            Ouço o Senador Capiberibe, nosso companheiro do Partido Socialista Brasileiro.

            O Sr. João Capiberibe (Bloco Apoio Governo/PSB - AP) - Senador Jarbas Vasconcelos, que eu conheci em 1980, no começo de 1980, quando voltava ao Brasil...

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Do exílio.

            O Sr. João Capiberibe (Bloco Apoio Governo/PSB - AP) - - ... depois de nove anos de exílio, mas eu já tinha escutado falarem de V. Exª fora do Brasil. Na verdade, a escolha por Pernambuco se deu em função de uma reunião com o Dr. Arraes em Maputo, Moçambique. E lá ele falou muito de V. Exª, do MDB. E nós, que éramos militantes do Movimento Estudantil, mais tarde, da resistência armada contra a ditadura, acompanhávamos pouco as disputas político-eleitorais. Na volta ao Brasil, eu fui exatamente morar em Recife em função das lutas, do povo pernambucano, em função de toda uma história que povoou a minha militância na juventude. Terminei conhecendo-o, lá em Pernambuco, e depois acompanhei a sua trajetória política como Governador, como Senador, enfim, e as suas posições claras e cristalinas diante de todos os embates que este País já teve. E lá atrás eu passei a entender - na verdade, eu não me imaginava disputando eleições, mas a convivência com o MDB, com Marcos Freire... A convivência de longe, porque, na verdade, eu era um militante de base, acompanhava as grandes discussões e tinha uma enorme admiração, desde aquela época, por V. Exª, por Arraes, por Chico Pinto, por Ulysses Guimarães. Eu os via, de uma certa distância, considerando que eu era, além de militante, um técnico que desenvolvia alguns projetos em Pernambuco. Depois pela vida afora e tivemos a felicidade de conviver esses últimos 3 anos - eu cheguei aqui no final de 2011 também. Sou testemunha das suas posições absolutamente em consonância com o que pensa a sociedade brasileira e com o que deseja a sociedade brasileira. É certo que o Senado vai sentir muito a sua ausência, mas eu tenho certeza de que a Câmara vai viver momentos também, como nós aqui, o ano que vem, de grande tensão e V. Exª lá, com a experiência e com essas posições claras e cristalinas, inclusive, divergindo do próprio Partido, vai ajudar muitíssimo este País a encontrar o caminho. Muito obrigado.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador Capiberibe, nós que nos conhecemos pessoalmente em Paris, V. Exª estava lá em uma visita aos outros exilados com a presença marcante de Dr. Miguel Arraes de Alencar.

            Muito obrigado por tudo o que V. Exª disse e constatou aqui no plenário.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Jarbas, eu não vou deixar o senhor terminar não. 

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Como?

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu não vou deixar o Senhor terminar, sem que eu possa, no mínimo, dizer alguma coisa em relação a V. Exª .

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Eu gostaria de ouvir.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Jarbas, eu ficava ali naquela minha cadeira bem próxima a sua...

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Bem perto.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) -... entre o Senhor e o Senador Simon.

            A melhor forma de eu demonstrar o meu reconhecimento a toda sua história política, sua forma firme de fazer política, firme, mas respeitosa, mas sabendo fazer a crítica, como é o papel da oposição, e sabendo também que a situação faz o seu papel.

            Mas a minha melhor forma de homenageá-lo - eu diria até de me sentir homenageado, porque eu tive a alegria de estar ao seu lado - é que não houve um único projeto que eu tenha apresentado aqui dentro e que votamos, em que eu não contei com o seu apoio. Todos! Todos! E eu tenho a alegria de dizer também que não houve uma única vez que V. Exª pediu para mim, algum projeto que V. Exª tivesse apresentado que eu também não acompanhei, como também o Senador Simon.

            E me permita que eu diga, a Senadora Ana Amélia não se encontra aqui, mas ela pediu muito para mim, a Senadora, que eu segurasse a sessão, que ela queria fazer um aparte homenageando V. Exª e também o Senador Simon.

            Então, eu tomo a liberdade de dizer que a Bancada do Rio Grande do Sul homenageia V. Exª, respeita V. Exª e é bom dizer: o senhor é um homem de grandes causas, só defende causas que são de interesses do povo brasileiro. E como é bom dizer também que V. Exª é daqueles que faz o bem sem olhar a quem. Eu tenho o orgulho de dizer para o meu Rio Grande que aqui nesta Casa eu conquistei um amigo, eu me considero um amigo de V. Exª. Sei que não vamos perdê-lo. O senhor vai estar na Câmara e vamos estar juntos, fazendo o bom debate para o bem do Brasil. Parabéns a V. Exª! Sua família, que ouve neste momento, que assiste à TV Senado, pode ter orgulho, porque na tribuna está um grande homem, que é um orgulho de todo o povo brasileiro.

            Parabéns a V. Exª!

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador...

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Nada melhor do que um depoimento como o de V. Exª para concluir a minha oração.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Valdir Raupp, Líder do PMDB.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Nobre Senador Jarbas Vasconcelos, V. Exª é um homem de ideais e coerência, de postura política, que engrandeceu nosso Partido como Prefeito, como Governador e agora no Senado Federal nestes oito anos, fazendo oposição às vezes ao Governo que nós apoiamos, mas com respeito, tivemos sempre uma boa convivência. Foi Líder da Bancada do PMDB aqui no Senado por dois anos, depois assumi também por três anos e meio a Presidência do PMDB nacional, divergindo, é claro, muitas vezes do Governo em alguns pontos, mas tivemos uma convivência harmônica e respeitosa. Então o PMDB nacional agradece a V. Exª por tudo que V. Exª fez pelo Partido e vai continuar fazendo, não mais aqui no Senado, por uma opção de ser candidato a Deputado Federal, mas agora na Câmara dos Deputados. Como a segunda maior Bancada da Câmara Federal é do PMDB, V. Exª faz parte dela assim como fez da maior Bancada do Senado Federal e irá fazer ainda até o mês de janeiro, final do mês de janeiro. Então parabéns a V. Exª pela sua trajetória. Continue sempre firme e coerente como sempre foi. Um abraço a V. Exª. Sucesso!

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado Senador Valdir Raupp.

            O que nunca faltou na relação entre mim e V. Exª foi o respeito. Eu reconhecendo V. Exª como Presidente, como Líder do meu Partido, em posições divergentes, mas com respeito recíproco. Muito obrigado a V. Exª.

            Para concluir, ouço o nosso Senador e amigo José Agripino.

            O Sr. José Agripino (Bloco Minoria/DEM - RN) - Senador Jarbas, eu estava reunido agora com os jovens empreendedores, tratando de discutir os projetos das empresas juniores, startups, projetos voltados para o empreendedorismo do jovem. E acompanhando a sessão, porque eu não poderia deixar de vir aqui para lhe dar uma palavra, pelo apreço que eu e o meu Partido temos pela vida pública e pela figura de Jarbas Vasconcelos, que, para nós nordestinos, é uma espécie de símbolo de dignidade. Senador Jarbas, este é o meu quarto mandato de Senador. Eu convivi com Afonso Arinos aqui, com Jarbas Passarinho - eu era um menino e eles já taludinhos. Esse é o meu quarto mandato. Assisti a muita coisa neste plenário, e sei que aqui há gente loquaz, gente que fala, fala o tempo todo, e pessoas que são mais recatadas, que ficam no seu lugar, mas que, quando falam, a Casa toda ouve, pela densidade da opinião. Esse é o caso de V. Exª. V. Exª foi Prefeito em Recife, foi Deputado Federal, foi Governador de Pernambuco, mas foi, acima de tudo, um homem que ajudou a construir o processo de redemocratização, como eu. Eu rompi com meu partido, para fundar o então PFL, para possibilitar que Tancredo Neves fosse eleito Presidente, e não o candidato do meu partido, porque ele, Tancredo, tinha compromisso com a redemocratização. E V. Exª foi sempre um peemedebista histórico, sem abandonar suas convicções, porque V. Exª é PMDB, desde que o PMDB existe, desde o tempo de MDB. Mas, numa linha da qual V. Exª não se afasta, é a linha da dignidade, do compromisso com o espírito público, com os interesses reais do País. Pode chover canivete, V. Exª está lá. Podem até lhe negar a participação em Comissão, isso e aquilo, mas V. Exª está lá. Não sai do seu partido, fica lá, mas fica com os seus princípios. É por isso que, quando V. Exª fala, a Casa ouve, e isso repercute lá fora. Quando V. Exª escreve um artigo e publica, o País todo comenta - é pela sua história. O Brasil hoje é um País muito carente de valores respeitáveis. A política brasileira está sendo injustiçada, porque os maus exemplos aparecem como os prevalentes, quando, na verdade, os maus exemplos são minoria. A classe política tem muito mais gente boa do que gente ruim, mas a classe política está se nivelando por baixo. Existem poucas pessoas que são ícones da respeitabilidade da classe política. V. Exª é um deles, V. Exª é um deles! V. Exª vai nos deixar, isso é coisa da política, isso é coisa da política. A gente vai se apartar um pouquinho, mas os nossos jantares na sua casa vão permanecer.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Sem dúvida. (Risos.)

            O Sr. José Agripino (Bloco Minoria/DEM - RN) - Os jantares da 309 vão acontecer, e eu vou continuar comensal da boa culinária pernambucana que V. Exª oferece a seus amigos. Mas eu fiz questão de vir aqui, para dizer que sou seu admirador. Convivemos pessoalmente e acho que a convivência com V. Exª..., muito embora V. Exª seja um homem de muita discrição, não tem nenhum arroubo especial, mas V. Exª é um homem discreto, mas sincero. Quando V. Exª é amigo, é amigo mesmo. Já tive oportunidade de testar isso. Eu fui candidato a Presidente desta Casa, e sei que contei com o voto de V. Exª, quando não contei com o voto de muita gente com que pensei que pudesse contar. E V. Exª é do PMDB. Então, eu sei quem é Jarbas Vasconcelos: é um homem de convicções, um homem que enobrece a classe política, um homem que teve uma belíssima passagem pelo Senado, que vai fazer muita falta a esta Casa, não se iludam - vai fazer muita falta a esta Casa! -, mas vai continuar no Congresso Nacional, e nós vamos continuar ajudando a que este País supere as dificuldades, mas, acima de tudo, empunhando a bandeira da decência, da ética, da combatividade ao malfeito e, fundamentalmente, espírito público voltado para as causas que interessam ao País. Com os meus cumprimentos, o meu abraço fraterno ao meu amigo e respeitado Senador, sempre Senador, Jarbas Vasconcelos.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador José Agripino. V. Exª sabe que a reciprocidade com relação à última frase é total: a minha admiração e o zelo que tenho pela nossa amizade.

            Não foi à toa que V. Exª foi reeleito quatro vezes - está no quarto mandato, cada um de oito anos. Não é só a fidelidade ao povo do Rio Grande do Norte, é a liderança que V. Exª exerce nacionalmente. V. Exª também é daqueles que, quando fala, as pessoas ouvem.

            Minha sensação é de ter sedimentado, ter estreitado uma relação com V. Exª, que, para mim, foi das mais proveitosas. Muito obrigado a V. Exª, à sua família, e vamos continuar juntos em Casas diferentes.

            Ouço V. Exª, nobre Senador Eduardo Amorim.

            O Sr. Eduardo Amorim (Bloco União e Força/PSC - SE) - Senador Jarbas Vasconcelos, certa vez, eu ouvi, nunca esqueci: “Só acredite no líder que sabe construir outros líderes, esse sim é líder na essência, porque não ficou somente para si todo o conhecimento e toda a liderança” - com certeza, V.Exª carrega e vive esse pensamento. Eu, que sou político de uma geração diferente da sua, vi aqui, ao chegar nesta Casa, tomei as minhas referências, e tenha V.Exª toda a certeza de que, entre elas, está a sua pessoa, os seus ensinamentos, os seus aprendizados. Como bem disse o Senador Agripino, quando V.Exª ocupava a tribuna, ou tomava o microfone para nos dar as orientações, toda esta Casa ficava silenciosa para ouvi-lo. Então, não é uma despedida. Com certeza, V.Exª aqui continua tendo amigos e, entre esses, por favor, inclua-me, sempre à disposição. Saiba que, para mim, V.Exª é uma referência, sim. E eu tenho toda a convicção de que não é só para mim, não: é para uma geração de políticos que vêm e que precisa, realmente, o Brasil ter. Só assim vamos consertar este País. O meio mais tranquilo, mais justo de se conseguir as transformações sociais ainda é a política, não há outro. Para isso, devemos ter pessoas de bem, pessoas de princípios e que não abram mão nunca - nunca! -, apesar de todas as dificuldades, dos seus princípios, dos seus valores e de suas convicções. Tenho a certeza de que V.Exª soube fazer isso durante a sua trajetória política, durante toda a sua vida. Então, Senador Jarbas, como disse o Senador Agripino, V.Exª sempre será o nosso amigo e o nosso Senador também aqui.

            O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco Maioria/PMDB - PE) - Muito obrigado, Senador Eduardo Amorim, que foi uma daquelas amizades que conseguimos construir aqui, ao longo desses oito anos. Muito obrigado.

            Obrigado Senador Paulo Paim, obrigado ao Presidente da Casa, obrigado à Mesa, obrigado aos funcionários do Senado da República, obrigado ao corpo taquigráfico, a todas as pessoas que ajudaram a construir o meu mandato. E pelo testemunho que consegui obter aqui, o meu muito obrigado. E tenham a certeza de que vou, sempre, fazer aquilo que esteja de acordo com a minha consciência, aquilo que eu acredito ser o correto. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2014 - Página 141