Pronunciamento de Ruben Figueiró em 15/12/2014
Discurso durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Discurso de despedida do mandato de Senador e considerações sobre a tratrajetória política de S. Exª.
- Autor
- Ruben Figueiró (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
- Nome completo: Ruben Figueiró de Oliveira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
- Discurso de despedida do mandato de Senador e considerações sobre a tratrajetória política de S. Exª.
- Aparteantes
- Aloysio Nunes Ferreira, Antonio Aureliano, Cyro Miranda, Jarbas Vasconcelos, José Agripino, Paulo Paim.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/12/2014 - Página 229
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
- Indexação
-
- COMENTARIO, HISTORIA, CARREIRA, POLITICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ENFASE, CARGO ELETIVO, SENADOR.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria. PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, minha querida esposa, neta, amigos aqui presentes, senhoras e senhores que nos honram com a sua presença, lembro Calderón de la Barca: “¿Qué es la vida? Un frenesí. ¿Qué es la vida? Una ilusión, una sombra, una ficción; y el mayor bien es pequeño; que toda la vida es sueño, y los sueños, sueños son”.
Lembro o poeta nativista pátrio Gonçalves Dias na epopeica Canção do Tamoio:
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
[...]
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
Lembro daquele que, em sua vida, peneirava palavras, meu conterrâneo Manoel de Barros, que, do Centro-Oeste, para a sensibilidade de espíritos e corações, escrevia, aspas: “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros, etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós", fecha aspas.
Lembro-me, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, da minha vida de sonhador de utopias à procura de uma luz a iluminar o meu caminho.
Desta tribuna, procuro, no embalo das emoções, recordar-me dos anos vencidos desde quando era juvenil. Em agosto de 1945, Senador Antonio Aureliano, talvez V. Exª não tivesse nascido, pois V. Exª é muito jovem, como que distante e mesmo como um pássaro voando pelos ares sem fim, ouvia vozes autênticas de sabedoria de que, aspas, "o preço da liberdade é a eterna vigilância".
Já pisando firme na terra vermelha de minha Campo Grande, fiquei sabendo que tal expressão havia cruzado séculos e partira, num momento de intensa convulsão revolucionária, da voz de um gênio, François Marie de Arouet, conhecido sob o epíteto de Voltaire, de exaltação à liberdade.
Os anos correram céleres, através de momentos de intensa vibração política nas décadas seguintes, chegando a abalar instituições ainda tímidas, após a queda do obscuro Estado Novo, hoje pouco lembrado, mas que teve o mesmo assento do que ocorreu no regime militar de 1964.
Como cidadão e sob o embalo do que senti a partir de 1945, participei com ardor cívico, com a intensidade natural da juventude e com o amadurecimento que a vida adulta nos molda, de todos os movimentos democráticos que objetivavam a manutenção da liberdade, da ordem e da paz no seio da família brasileira.
Não fugi de minha responsabilidade, meu querido amigo, Senador Paulo Paim, em nenhum desses movimentos, inclusive os que mais abalaram a estrutura de nossas instituições, como o de 1964, no seu momento mais periclitante e do qual me apartei quando decepcionado com a edição do Ato Institucional nº 2, de novembro de 1965, que extinguiu os partidos tradicionais surgidos com a queda da ditadura Vargas. Erro que considero imperdoável e que, ao meu alcance, levou ao estilhaçamento das janelas da democracia, que se desejava preservar daquela ameaça que era patente de instalação: uma República sindicalista e autoritária.
Recordo-me, Srªs e Srs. Senadores, pois dela participei, da declaração de guerra, atendendo a um recrutamento da voz das ruas, detonada pela emenda das Diretas Já, de autoria do Deputado mato-grossense Dante de Oliveira, de quem bem se recorda o meu eminente colega à época, Senador Paulo Paim, e da qual fui o sexto signatário, seguida pela decepção de sua derrota, em abril de 1984.
Com as minhas saudades, registro ainda o significado para mim de ter sido Constituinte da Carta Magna de 1988, a Constituição cidadã, proclamada pelo inolvidável estadista Ulysses Guimarães. Na elaboração dela, apresentei 53 emendas, e, delas, 26 foram acolhidas parcialmente. Cito, entre as integrais, a que permitiu, por lei complementar, a criação do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), o qual, com injeção de recursos financeiros, transformou a rica região em celeiro agrícola de nosso País e hoje sustentáculo de nosso PIB - o grande celeiro do Centro-Oeste brasileiro.
Tinha aspiração, após o exercício de cinco mandatos legislativos como Deputado Estadual e Federal, de alçar ao ápice e tornar-me Senador da República.
Aí surgiram as contingências da política partidária que me levaram ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, posto que muito me dignificou pelas luzes e inteligência proporcionadas.
Foi um período auspicioso, que me permitiu enxergar, com os óculos do Dr. Pangloss, o outro lado da gestão pública, sobretudo as premências e deficiências congênitas e a impossibilidade de repará-las, combatendo os malfeitos ou orientando como bem executar as contas. Senti também a impotência institucional das cortes estaduais de contas, ao não ter condições de punir, apenas recomendar ao alvedrio, tantas vezes irresponsável, das Câmaras Municipais ou das Assembleias Legislativas, o gestor ímprobo.
Foram 12 anos, Senador Paim, de dedicação, reconhecimento aos que comigo tiveram o mesmo pensamento acompanhado da frustração de um poder menor. Muito lá aprendi.
Do otium cum dignitate, tão exemplarmente diagnosticado por Domenico De Masi, aposentado de meus deveres públicos, voltei aos campos de minha infância, de minha juventude, sempre o berço de inovadoras lições. Mas não demorou muito, atendendo a apelo de meus companheiros tucanos Lúdio Coelho, de saudosa memória, e Marisa Serrano, educadora emérita, que ilustraram esta Casa, aceitei, ao viver aqueles 15 minutos do qual o filósofo Schopenhauer dizia "de bobeira", compor a chapa ao Senado como segundo suplente.
A titular era Marisa Serrano e o primeiro suplente, o Senador Antonio Russo, que me honro representar neste instante, em cuja passagem curta por esta Casa deixou registrado o seu atilado espírito público. Convenceram-me, Excelências, de que jamais seria convocado. No entanto, as circunstâncias que se seguiram fizeram-me aqui estar, com o que me sinto perfeitamente sintonizado e grato.
Confesso a V, Exªs que me sinto feliz pela convivência cordial e extremamente valiosa que me permitiu conhecer o verdadeiro quadro da realidade nacional nesses últimos dois anos.
Sinto-me, Excelências, portanto, extremamente honrado, já nesta fase outonal de minha vida, ao considerar que não envelheci no curso dos anos, eis que mantenho os mesmos propósitos que amalgamei naquele já longínquo, mui longínquo, agosto de 1945.
Com muito prazer, Senador Antonio Aureliano.
O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Graças a Deus, Exmo Senador Ruben Figueiró, V. Exª veio ao Senado para dar essa sutileza nobre que tem no seu coração. Quero parabenizar, D. Cléia, sua esposa, a neta, Giovanna e, na pessoa dessas duas mulheres que tanto representam na vida desse grande Senador, parabenizar também todos os familiares pelo pai, pelo avô. Um homem extraordinário que, com o pouco tempo de convivência, passei a admirar profundamente. V. Exª traz de Mato Grosso do Sul o que há de mais nobre: fibra, vontade, jovialidade e experiência. Eu não poderia deixar de lembrar aquela música tão linda, composta por Renato Teixeira e cantada por Almir Sater, V. Exª conhece as “massas e as maçãs”. V. Exª sempre está sorrindo, pulsando e querendo sempre aprender e ensinar. Convivi com V. Exª aqui, e a convivência me trouxe um carinho especialíssimo. Quero ter com V. Exª um convívio permanente, porque esse sentimento de udenista autêntico, esse sentimento que abrange todo o calor do nacionalismo, mas também um democrata autêntico que sabe respeitar as diferenças e sabe convergir e, às vezes, discordar de maneira corajosa, mas com muita serenidade, com muita afabilidade, sempre com muita firmeza. Caro, Senador Ruben Figueiró, para mim é uma honra e orgulho conviver com V. Exª. E fiquei muito feliz quando V. Exª se manifestou sobre a D. Cléia; um casamento maravilhoso é a coisa mais extraordinária que um homem pode ter. E V. Exª é um homem feliz, um grande homem público, um homem realizado na plenitude e nos sonhos, pois é a coisa mais gostosa que o ser humano pode ter é o sentimento de dever cumprido com amor e dignidade. Parabéns, grande homem público, grande político, que honra tanto o nosso Mato Grosso do Sul, Ruben Figueiró!
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - V. Exª, Senador Antonio Aureliano, quando aqui chegou, confesso que senti uma grande emoção, porque via na sua fisionomia, na sua alegria contagiante, a figura do seu saudoso pai. Quantas e quantas vezes admirei a figurado seu pai, Aureliano Chaves! Não só pelos sentimentos políticos que juntos amalgamávamos, mas, sobretudo, pela estatura cívica, pela moral, pelo espírito autenticamente nacionalista que seu pai representava para todos nós.
A partir desse instante, tornei-me seu admirador e amigo. E agora que V. Exª se refere a mim com expressões de tanto carinho e tanta amizade, eu posso dizer-lhe que estaremos sempre unidos pelo mesmo ideal, pelas mesmas causas que os nossos pais no passado defenderam.
Muito obrigado a V. Exª pelas suas expressões e a segurança sincera da minha admiração e amizade pelo seu caráter, pela sua postura de homem público que traz as nobres tradições do grande povo das alterosas.
Muito obrigado a V. Exª.
Continuo, Srª Presidente.
Ser Senador é realmente uma honra excelsa. A Pátria a reserva apenas a 81 dos seus filhos, honraria que não se restringe ao período temporal do mandato. Quem é, quem foi sempre o será. Consciente, procurei dar o máximo de meus propósitos à missão. Estive atento, participei até o limite da inteligência, às vezes ao esgotamento das forças, estas já esquálidas por minha octogenária idade.
Atendi ao cumprimento daquilo a que me propus e à missão confiada pelo povo da minha terra. Nas comissões temáticas, no plenário das deliberações, no qual ocupei a tribuna magnífica por quase uma centena de vezes, procurei focalizar temas da atualidade de meu Mato Grosso do Sul; outras explorando o foco da problemática que atravessa inquieta a nossa Pátria.
Para esta ou nesta dei a minha contribuição, às vezes com teor ácido, ao embalo do que ressoava nas ruas a voz do povo.
Também trouxe à tona algumas recomendações acalentadas pelos meus irmãos sul-mato-grossenses. Aqui darei, Sr. Senador João Capiberibe, rápidas pinceladas, lamentando, Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, do tempo regimental de que disponho. Todas importantes, e me permito citá-las não na ordem de prioridade, eis que todas o são.
A questão do assoreamento do leito do Rio Taquari, na Bacia do Pantanal - um desastre ecológico que no mundo não há igual - de tão grandes proporções que já é considerado um deserto aquático.
O sangramento do gasoduto Bolívia-Brasil que cruza mais de 600Km do território sul-mato-grossense, para instalar uma usina separadora de gás natural para permitir dele separar matérias primas como o butano e o propano, transformando-os em GLP (gás de cozinha) e ureia para a elaboração de fertilizantes com destinação agropecuária. Esse projeto - sugeri eu - representaria investimentos benéficos para atendimento à população e à economia de toda a Região Centro-Oeste, podendo inclusive atingir o DF, Brasília.
A solução harmônica da lamentável e triste da assim mal denominada questão indígena, que tem acirrado os ânimos outrora pacíficos de duas nações: a indígena e a não indígena. Em Mato Grosso do Sul, o problema ganha conotação de beligerância, por culpa, é verdade, ora da omissão, ora da irresponsabilidade do Governo Federal, especificamente - quero esclarecer a V. Exªs - por parte do Ministro da Justiça, Sr. José Eduardo Cardozo, e da Funai, que age como a sua títere.
A quarta reivindicação é a da implantação total da Rota Bioceânica, que ligaria por via terrestre as economias dos oceanos Atlântico e Pacífico. Resta muito pouco a fazer, mas falta muito de boas intenções por parte do Governo Federal para concretizá-la.
Nossos irmãos mediterrâneos, o Paraguai e a Bolívia, entrelaçados com os banhados por águas oceânicas, a Argentina e o Chile aguardam a força do Brasil.
Qual a nossa intenção maior? - pergunto eu. A construção de uma ponte internacional sobre o rio Paraguai, na divisa de Mato Grosso do Sul com o Departamento do Chá, entre Porto Murtinho, no Brasil, e a localidade de Camilo Peralta, na República do Paraguai.
Neste ano, fruto de uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura, por minha iniciativa, um gigantesco passo foi dado com o compromisso do Governo brasileiro de iniciar, ainda neste exercício, os convênios e contratos para a viabilidade técnica e econômica da importante obra da ponte internacional.
Estas são as principais bandeiras do meu mandato que trouxeram no seu bojo o interesse regional de meu Estado, Mato Grosso do Sul, mas, acima de tudo, a Federação brasileira. A questão ambiental do Itaquari no Pantanal, a Rota Bioceância que vai representar uma redução de cerca de 8 mil km no trajeto até o mercado asiático; o melhor aproveitamento do gás oriundo da Bolívia, visto que recentemente a Petrobras pagou multa pelo gás de melhor qualidade, desperdiçado no Brasil, que seja o butano, o propano e a ureia principalmente; e a busca por uma solução definitiva para o conflito das terras indígenas são temas, sem dúvida nenhuma, de grande interesse nacional.
Eu tenho a honra de ouvir agora o eminente Senador e prezadíssimo amigo Paulo Paim e, logo a seguir, uma das expressões maiores da política nacional que sempre reverenciarei, o Senador Jarbas Vasconcelos.
O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Ruben Figueiró, permita que eu diga no plenário neste momento que, quando V. Exª, com a humildade dos grandes líderes, pediu a este operário e hoje Senador da República, que escrevesse o prefácio do seu livro, alguém de pronto me perguntou, Senador Jarbas: “Você é do PT e ele, do PSDB, como é que vai ser esse prefácio?” Eu respondi que PT é PT e PSDB é PSDB, cada um tem o seu grés partidário, mas eu ia escrever para o homem Senador Ruben Figueiró. E foi assim que eu fiz. Fiz, Senador Jarbas, o prefácio e recebi de volta um cartão muito mais bonito que o meu prefácio. O cartão que você me mandou de volta - permita que eu diga você, meu caro amigo e Senador - vai para o livro da minha vida. Escreveu com aquela veia poética que você tem, escreveu com conhecimento teórico e jurídico dos grandes temas. Está melhor que o meu prefácio. Se eu pudesse, eu trocaria para homenagear V. Exª. Mas, como não posso, eu vou colocar num prefácio do meu livro o cartão que V. Exª me mandou e, com muito orgulho: Senador Ruben Figueiró, PSDB, Mato Grosso do Sul. Quando V. Exª falava, eu fiz uma viagem no tempo, quando nós nos encontramos na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, e ali começamos a travar um caminho juntos e com tantos outros Constituintes que queriam uma Constituição avançada, progressista, que representasse a média do pensamento da sociedade. Cada um de nós deu a sua parcela, mas sempre votando juntos - isso eu tenho a alegria de dizer. E, como dizem que Deus traça os caminhos, às vezes, fazendo muitas curvas, mas que sempre acerta, nós nos encontramos de novo aqui no Senado. Foi uma grata convivência, mas grata mesmo. V. Exª fazendo o bom debate da tribuna, o bom combate, como um Parlamentar de oposição, e eu de situação. Mas isso também, como foi com o Senador Jarbas e com tantos outros, em nenhum momento, nos levou a qualquer tipo de desencontro de alma e de coração, de olhar para a frente pensando no bem de todos. “Fazer o bem sem olhar a quem.” Eu pensava que essa frase era de um amigo meu bancário de Porto Alegre, mas não é. Uma vez me disseram: “Essa frase não é do bancário coisa nenhuma, Paim. Essa frase é de Jesus”. Então, faço uma lembrança dessa frase do maior revolucionário de todos os tempos. E V. Exª se identifica com esta frase: “Fazer o bem sem olhar a quem.” Foram muito bons, muito bons, mesmo, esses anos aqui na sua convivência. Posso olhar aqui para sua família e dizer com satisfação à Drª Cléia, sua esposa; à neta Giovanna; à chefe de gabinete, fiel escudeira, a Drª Jaqueline; ao amigo da família - eu perguntei: e aquele gurizão, quem é? E aí me disseram: “Aquele é um grande amigo da família” - João Vítor, que veio aqui também assistir ao seu pronunciamento - e quero lembrar aqui que o João Vítor é neto do ex-Senador João Faustino. Enfim, eu queria ainda me referir aqui ao Raimundo. Onde está o Raimundo? Está aqui o Raimundo Junior, que o acompanhou todos os dias aqui, e, às vezes, eu louco para abrir a sessão, e o Raimundo me dizia: “Pode abrir, porque, se o Senador disse que vem, se o Senador deu a palavra, pode saber que, daqui a pouco, ele estará aqui no plenário!” Agradeço muito também ao Raimundo. Enfim, só quero dizer para V. Exª que, como disse para o Senador Jarbas, aqui neste plenário, há inúmeros Senadores - inúmeros, inúmeros, inúmeros -, e, independentemente do Partido, fomos nos tornando amigos. E olhe que eu trato a palavra amigo com muito respeito: amigo para mim é uma das palavras mais bonitas do nosso dicionário; essa palavra tão pequena, mas que representa tanto. Eu gostaria de dizer, nesta saudação do seu discurso de despedida, como disse ao Senador Jarbas - e veja que são partidos bem diferentes -, que eu tenho orgulho de poder dizer que eu sou seu amigo e gozo da sua amizade. Eu sei que está voltando para casa, e voltar para casa, para os braços da sua eleita, é uma coisa muito bonita. Bom retorno para casa! Mas sei que, no dia a dia, V. Exª estará com esta frase sempre na linha de frente: “Fazei o bem, sem olhar a quem!” Sua família merece meus abraços e meu carinho. Enfim, Senador, até mais! Nós nos encontraremos nos caminhos da vida, sempre com esta frase: “Fazei o bem, sem olhar a quem!”
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Senador Paulo Paim, vou lhe confessar: há mais de 25 anos, numa tarde como esta, eu me despedia dos meus colegas Deputados, porque tinha sido designado Conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul. E, na despedida - que para mim foi muito emocionante, como está sendo agora -, recebi vários apartes. Mas deles eu me recordo apenas de dois, que têm uma conotação especial, porque foram manifestações de um Parlamentar da direita extrema e de outro da esquerda consciente. Da direita, a Deputada Sandra Cavalcanti, que V. Exª teve a oportunidade de com ela conviver. Flamante, grande oradora, ácida, carbonária, mas que tinha um grande coração e que me obsequiou com expressões que muito me sensibilizaram. Da mesma forma, eu ouvi V. Exª. Voz firme, combativa na defesa dos interesses, desde aquela época, dos trabalhadores. Fazia essa defesa com convicção, mas com profundo respeito às ideias que possivelmente contraditassem as suas.
E, no convívio da Assembleia Nacional Constituinte, fomos amigos diletos. V. Exª ensinou-me muito, como o fez quando eu adentrei aqui o Senado da República. V. Exª se lembra perfeitamente do meu primeiro projeto, que veio inclusive porque estava engavetado na Câmara dos Deputados, que era em benefício dos comerciários brasileiros. V. Exª me incentivou a que reapresentasse o projeto, foi o seu Relator e permitiu que o Senado o aprovasse, e está agora sob análise da Câmara dos Deputados.
Eu tenho por V. Exª, Senador Paulo Paim, uma profunda admiração, pela sua vida, pelas suas origens. V. Exª saiu lá da mais humilde posição, como operário, chegou de operário de fábricas à liderança sindical, veio para esta Casa e notabilizou-se como um dos mais eficientes Parlamentares na defesa da causa dos trabalhadores brasileiros. Eu vou levar de V. Exª - como levarei de todos os Parlamentares com quem eu tive a honra de conviver, e alguns deles estão aqui presentes - uma imagem extremamente agradável a mim, que atinge o âmago do meu coração.
Senador Paim, eu digo a V. Exª um até breve. Haveremos de nos encontrar em algum lugar, talvez lá no céu - quem sabe?
Oiço agora, com imenso prazer, o Senador Jarbas Vasconcelos.
O Sr. Jarbas Vasconcelos (Bloco Maioria/PMDB - PE. Com revisão do aparteante.) - Meu caro Senador e amigo Ruben Figueiró, eu fiz um esforço para estar aqui no seu discurso de despedida no Senado. V. Exª destacou há pouco, as principais reivindicações que dominaram sua atuação parlamentar: a defesa, como sempre elegante e intransigente, dos interesses do Mato Grosso do Sul e do País. Mas existem outras marcas da sua passagem no Senado: a ética. V. Exª é um homem ético e assíduo. Dou muito valor à assiduidade do Parlamentar, sobretudo àqueles que estão constantemente no plenário e que não faltam às reuniões nas comissões. A convivência sempre harmoniosa, o seu cavalheirismo fez com que, conhecendo-o, há pouco mais de dois anos, eu procurasse sempre estreitar nosso relacionamento. V. Exª diz que às vezes aprende com um de nós. Nós é que aprendemos com V. Exª. V. Exª é uma pessoa humilde e extremamente decente. Eu não me lembro, Senador Ruben Figueiró, de estarmos vivendo um momento tão medíocre e cruel da vida política nacional, e estou na política desde 1970. Temos uma Presidente da República que, apenas por não gostar de voltar atrás, de ter um gênio às vezes incontrolável, mantém esse quadro de degradação total e completa por que passa a Petrobras. A oposição precisa se organizar para tomar uma atitude em defesa da preservação dos interesses nacionais. Não podemos deixar a Petrobras a serviço do PT, de Lula e de Dilma. É como ressaltou a Senadora Ana Amélia em um discurso agora há pouco: trata-se de um patrimônio nacional. Aliás, como sempre e com todo o seu brilhantismo, a senadora fez um excelente pronunciamento abordando a questão da Petrobrás.
Sinto-me muito feliz de estar diante de um pai exemplar, de um grande esposo, uma pessoa que ressaltou, no começo do discurso, os anos de casamento - eu, por exemplo, não tive essa felicidade que V. Exª tem -, e que ressalta, e que exterioriza o seu orgulho com os seus filhos, com seus familiares. Há 15 dias eu também fiz meu discurso de despedida, mas não vamos nos despedir da vida pública; estamos nos despedindo do mandato no Senado. V. Exª, com toda a certeza, vai ocupar um grande espaço no seu Estado, porque quem é que não quer lhe ouvir? - uma palavra serena, corajosa, muito consciente. Então, Senador Ruben Figueiró e seus familiares aqui presentes, eu queria deixar o meu abraço, a minha admiração, o meu profundo respeito pela sua pessoa, e dizer que V. Exª vai deixar uma grande lacuna. Vamos nos encontrar, com toda certeza, mais cedo ou mais tarde, ou aqui no Congresso Nacional, ou - quem sabe?- no meu Estado, ou no seu Estado. Muito obrigado.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria /PSB - SE) - Senador Jarbas Vasconcelos, as expressões de V. Exª enternecem os meus sentimentos, as fibras do meu coração.
Talvez V. Exª não se recorde, mas, por volta de 1980, eu, parlamentar eleito pela Aliança Democrática Nacional, Arena, rompi com o Governo. Em 1980, isso era uma atitude rara. Não fiquei sozinho. Ao meu lado, estavam dois eminentes homens públicos do meu Estado: o Senador José Fragelli, que foi Presidente desta Casa, e o Senador Rachid Saldanha Derzi. Dissidimos do governo, passamos à oposição e tínhamos que definir, naquela ocasião, para onde iríamos, já que os nossos pontos de vista não coincidiam absolutamente com os do governo que comandava os destinos da Nação.
Fui visitar, naquela oportunidade, o presidente nacional do MDB, o saudoso Deputado Ulysses Guimarães. Quem estava lá? V. Exª talvez não se recorde: o Deputado Jarbas Vasconcelos, que me recebeu com o cavalheirismo que lhe é natural. Sentamo-nos por alguns minutos, e eu manifestei ao Deputado Ulysses Guimarães o nosso propósito.
As contingências políticas, entretanto, levaram-nos a nos aliar ao saudoso Senador Tancredo Neves, e formamos o Palácio Popular; mas por pouco tempo; logo nos unimos ao PMDB. No PMDB, eu fiquei até renunciar ao mandato para ir para o Tribunal de Contas.
Voltei à vida pública, Senador Jarbas Vasconcelos, e aqui encontrei a figura de V. Exª. E disse que eu estava no caminho certo. V. Exª sempre despontou no cenário político nacional como um homem de posições muito firmes, categóricas. Nunca fugiu da verdade e nunca apoiou a inverdade. V. Exª constitui um dos grandes exemplos de um homem público de que o Brasil está necessitando tanto.
Eu levo de V. Exª uma imagem extremamente venturosa! Quando lá no meu Estado estiver, sem dúvida alguma, terei a grande oportunidade de saudar a figura de V. Exª como uma das grandes expressões da política nacional. Apreciei muito ser seu amigo e quero ser sempre seu amigo. Muito obrigado, Senador Jarbas Vasconcelos.
Se V. Exªs me permitem, vou dizer mais algumas palavras e depois terei muito prazer em ouvir os Senadores Cyro Miranda, José Agripino e o meu caríssimo Líder, Aloysio Nunes Ferreira.
Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, enquanto Senador, ainda tive a oportunidade de levar ao Ministério da Integração uma ideia que foi acolhida pela Sudeco: a substituição de pontes de madeira por pontes de concreto no Centro-Oeste, em especial no meu Estado, Mato Grosso do Sul.
Fiquei muito feliz de ver que o projeto foi designado como prioritário para 2015. A precariedade das pontes prejudica a mobilidade nas estradas vicinais. Além disso, o tráfego de caminhões de alta tonelagem, transportando calcário e fertilizantes, na época do plantio de grãos e após a colheita, com a produção, acarreta danos na edificação das estruturas das pontes de madeira, provocando grandes prejuízos às finanças já combalidas dos Municípios.
Estima-se que, apenas em Mato Grosso do Sul, seria necessária a substituição de cerca de três mil pontes. Portanto, o projeto terá um extraordinário significado para a ação das prefeituras municipais que têm sofrido dificuldades de ordem financeira para atender ao fluxo de veículos de transporte pesado em suas estradas vicinais por causa da precariedade das pontes de madeira.
Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, projetos de lei, propostas de emenda à Constituição, inúmeros apresentei à consideração desta Casa e da nossa coirmã, a Câmara dos Deputados. Todas estão em curso e confio que merecerão a análise criteriosa de seus eminentes pares no curso do tempo regimental, talvez no início da próxima legislatura, que se avizinha.
Cumprida a missão, voltarei ao meu Mato Grosso do Sul, dos campos sem fim da Vacaria, onde fui criado; da minha Cidade Morena, Campo Grande, onde, desde os verdes anos, senti o palpitar na mente e, no coração, as emoções de meus ideais. Alimentarei saudades desta Casa Alta da Federação brasileira.
Concedo o aparte, agora, ao eminente Senador... Estou agora na dúvida, meu coração se reparte: Senador Agripino ou Senador Cyro Miranda?
Senador Agripino, com muita honra.
O Sr. José Agripino (Bloco Minoria/DEM - RN) - Senador Figueiró, recebi uma cartinha do seu gabinete informando que, no dia 15, V. Exª faria seu discurso de despedida do Senado. Dia 15 é segunda-feira, dia de quórum baixo, mas eu me preparei para vir aqui...
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Muito obrigado.
O Sr. José Agripino (Bloco Minoria/DEM - RN) - ... para estar presente, para dirigir algumas palavras ao Senador Ruben Figueiró, por quem tenho muito mais do que apreço e estima: tenho consideração. E fazer algumas revelações. Senador Figueiró, nós temos algumas interfaces que robustecem nossa amizade. Temos amigos comuns, alguns até que já se foram, como é o caso do João Faustino, que foi seu grande amigo, amigo de Aloysio Nunes. Mas o que me faz seu admirador é a sua vida pública - uma vida pública correta, longeva, respeitada e que faz com que, dentro do campo da oposição, V. Exª seja uma espécie de reserva. Não sei se V. Exª sabe: na instalação da CPMI da Petrobras, que é o maior escândalo da história política recente do Brasil, uma vergonha nacional, quando discutíamos a instalação da CPMI - claro, vista a desproporção entre as forças do Governo e da oposição -, nós examinávamos as indicações, e o nome de V. Exª era o number one, era o número um para estar lá. Não era só pela sua idade que seria, digamos, o nosso indicado para presidir a instalação; era pela respeitabilidade que o seu nome daria à oposição. Ninguém ousaria contestar a eleição do Presidente, a indicação do relator de uma CPMI extremamente polêmica, se a reunião fosse presidida por um homem de idade que eu não diria tão leve, mas ágil, firme e inatacável. Porque, no Congresso, queiram ou não queiram, existem pessoas com qualidade, mas existem pessoas vulneráveis. E, para determinadas missões, para certas missões, ou você tem gente com blindagem completa ou você abre o flanco do ataque e da perda da substância. E V. Exª era o nosso nome para presidir a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, por uma coincidência, por ser o que tinha idade mais avançada, muito embora não seja um homem idoso, mas basicamente pelas suas qualidades de homem íntegro, de caráter inatacável e de grande compromisso com o País; mais do que tudo, de grande compromisso com o interesse público do País. V. Exª passou aqui um bom tempo convivendo conosco. As suas manifestações pairavam sempre sobre o seu Mato Grosso do Sul, mas muito sobre os interesses do Brasil, traduzindo a sua vida pública de Deputado Federal, de Parlamentar, de homem ligado ao seu Estado, mas de homem que tem a consciência das necessidades do Brasil. V. Exª é um homem público de grandes qualidades e que vai fazer falta a este Plenário. Chega aqui mansinho, usa da palavra, faz as suas manifestações, marca a sua posição e integra o quadro dos íntegros. Integrar o quadro dos íntegros, Senador Figueiró, é um privilégio. Na política de hoje, integrar o quadro dos íntegros é privilégio. E V. Exª pode estar certo de que vai deixar o nosso convívio - pelo menos por um tempo, porque não vai deixar nossa amizade nunca - no quadro de honra dos homens íntegros que passaram por esta Casa. E vai voltar para o seu Mato Grosso do Sul, onde espero revê-lo, com a estima daqueles que conviveram com V. Exª, tendo a certeza de que a sua passagem por esta Casa foi marcada pela cordialidade, pela decência, pelo espírito público das suas atitudes, mas, acima de tudo, pelo respeito que tem de todos nós e desta Casa, que se orgulha muito de ter tido nos seus quadros o emérito, sempre, Senador Ruben Figueiró.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Muito grato, Senador José Agripino.
Sabe V. Exª o respeito que tenho pela sua significativa pessoa. E ele vem de seu pai. Talvez V. Exª não tenha conhecimento desse fato. A primeira vez que tive o prazer de conhecer o Rio Grande do Norte foi a convite do nosso saudoso, querido, inesquecível amigo João Faustino. Isso em 1979. Recém-ingressos na Câmara dos Deputados, fui a Natal a convite do João, que me disse: eu quero que você conheça um dos homens mais ilustres do meu Estado, que foi, inclusive, seu governador. E fomos.
Se não me falha a memória, era no escritório dele, parece-me que sede de uma rede de televisão ou estação de televisão. Convivi muitos instantes com o Governador Tarcísio Maia e vi que, realmente, se tratava de uma das grandes expressões, não do Rio Grande, mas do Brasil, pelas posições que já havia ocupado. Parecia-me um homem com uma disposição hercúlea para prestar ainda maiores serviços ao seu Estado.
Após isso, tive o prazer de conhecê-lo aqui no Congresso Nacional. E a admiração que eu tinha pelo seu pai transformou-se em admiração por V. Exª. João Faustino sempre fazia referências muito precisas, amigas, com relação a V. Exª. Foi seu companheiro de lutas, eu diria até heróicas, na política lá do Rio Grande do Norte. João nunca se afastou dos propósitos que tinha. E tinha, V. Exª sabe, projetos muito importantes para servir ao seu Estado. Foi, inclusive, seu suplente pela confiança que V. Exª nele depositou. E desejava, sinceramente, voltar a esta Casa para servir ao seu Estado.
Infelizmente, um mal levou-o do nosso convívio. Mas ficou aquela imagem imperecível de um grande homem do Rio Grande do Norte. E V. Exª, neste instante, está simbolizando estas duas pessoas que admiro tanto: seu pai, Tarcísio Maia, e o nosso João Faustino.
As expressões de V. Exª a meu respeito muito me sensibilizam. Irei - como ouvi o Senador Aureliano, o Senador Paim e o Senador Jarbas Vasconcelos - com a mesma consideração e abertura de coração, que há de ficar sempre guardado nele. Muito obrigado a V. Exª pelas suas expressões, que muito me cativam. Eu as lembrarei como o bronze, para sempre.
Senador Cyro Miranda, meu conterrâneo do Centro-Oeste.
O Sr. Cyro Miranda (Bloco/Minoria/PSDB - GO) - Senador Ruben Figueiró, vizinho de fronteira, quando tomei posse, no final de 2010, conheci aqui uma Senadora das mais doces, Marisa Serrano. Ficamos muito amigos. E fiquei pesaroso no dia em que ela deixou este Senado. Mas ela me disse: vou deixar aqui uma herança, e vocês não vão ter saudades de mim. Não é verdade, Marisa. Mas veio uma pessoa tão doce quanto Marisa Serrano, um homem que aprendi a admirar pelo respeito que tenho por sua ética, sua moralidade; uma pessoa já experimentada no Parlamento, mas que, com a idade, resolveu fazer, destes últimos quatro anos, praticamente, o encerramento da sua vida política, conforme me confidenciou. Sempre aguerrido nas Comissões, sempre solícito no nosso partido, V. Exª é um exemplo. O Mato Grosso do Sul tem muitos políticos de que se orgulha, e certamente o senhor está incluído no topo desses políticos. O Senado fará muita falta para nós, principalmente para mim, que também me despeço amanhã e que ganhei um grande amigo, Ruben Figueiró. Cora Coralina - uma vez, em uma conversa nossa, citei isso a V. Exª - dizia assim: “Eu não tenho medo de envelhecer. Eu tenho medo de ficar velha.” E isso não passa nem perto de V. Exª. V. Exª sempre será um moço. Obrigado pela sua amizade e pelo seu carinho.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Meu caro Senador Cyro Miranda, V. Exª me liga por um fato que me é muito afetuoso. Tenho um filho que é, para mim, o braço direito, e ele se chama Luiz Orcírio, mas é conhecido carinhosamente como Ciro.
E, quando aqui cheguei, eu liguei a imagem do meu querido filho à pessoa de V. Exª, e nos aproximamos. V. Exª me cativou pelo seu espírito partidário, pela firmeza de suas posições, pela sua erudição como homem da educação, destacando-se, entre todos nós, na defesa, sobretudo, dos legítimos interesses do seu Estado de Goiás.
Eu, como disse aos demais, terei o seu nome sempre registrado entre os meus bons amigos e homens que eu muito admiro. Nós não ficaremos apenas nessa luta aqui de plenário. Nós vamos comungar... E como afirmei ao Senador Aloysio Nunes, na sexta-feira, que me brindou com um brilhante e cativante aparte, eu vou dizer a V. Exª por que nós continuaremos sempre amigos, sempre companheiros, porque, como dizia Frank Crane, “não se envelhece com o passar dos anos, mas, sim, pelo abandono dos ideais”.
Não importam os nossos cabelos brancos, não importa uma aparente calvície, nós seremos sempre jovens e, como tal, eu sempre me lembrarei de V. Exª.
Muito obrigado, Senador Cyro Miranda.
Agora, ouvirei, com grande alegria, o Líder do nosso Partido, Senador Aloysio Nunes, e que será sempre líder, não importa a posição que ele ocupe.
O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Minoria/PSDB - SP) - Meu prezado amigo, Senador Ruben Figueiró, eu, na sexta-feira, fiz um aparte, que V. Exª acaba de lembrar com muita gentileza, ao discurso que V. Exª fez, um discurso duro, um discurso político, de crítica severa ao atual Governo. Um discurso de um Senador de oposição, como o senhor é. Tive ocasião, naquele aparte, de mais uma vez lembrar do nosso traço de união imperecível, que é a amizade por João Faustino. Mas eu não poderia deixar de vir ao plenário hoje para lhe dar mais um abraço. Eu tenho muita dificuldade em me despedir do senhor, creia. Sei que não vou me despedir do nosso convívio, porque o Senador Ruben Figueiró é uma das figuras mais eminentes do meu Partido, do PSDB. Já teve ocasião de provar o seu prestígio, a sua força, em várias ocasiões, especialmente agora, nas últimas eleições, concorrendo ao nosso lado para dar ao Senador Aécio uma grande vitória no seu Estado e também para a eleição do nosso Governador Reinaldo Azambuja. Mas a convivência com o senhor no Senado me fará seguramente muita falta. Eu me afeiçoei enormemente ao seu contato. Vai fazer falta o seu conselho, a argúcia com que o senhor observa o fenômeno político e o traduz em ações concretas no seio de nossa bancada e aqui também no plenário do Senado; vai fazer falta a solidariedade com que o senhor sempre me distinguiu, não só a mim como também aos companheiros de bancada; vai fazer falta a sua palavra serena e firme, o seu jeito de ser honesto e correto, não apenas do honesto no sentido que foi tão bem ressaltado pelo Líder Agripino, da ética na vida pública, na inatacabilidade no que diz respeito ao seu comportamento em relação às coisas públicas, mas também honestidade no trato com os seus colegas, no trato com o seu partido, honestidade para com suas ideias, com seus eleitores, para com seus concidadãos. Ouvia, vindo para cá, pelo rádio do automóvel, como está nos ouvindo agora a Senadora Lúcia Vânia, que pede que eu lhe transmita o seu abraço, uma vez que ela está em Goiás. O nosso colega Jarbas Vasconcelos destacava a sua intensa atividade como Senador, sua presença constante na tribuna, sua assiduidade, sua atuação nas comissões da Casa. E é realmente admirável que um homem que, já tendo percorrido uma larga e exitosa estrada na vida política - Deputado Estadual, Deputado Federal, Constituinte, Conselheiro do Tribunal de Consta do Estado -, de repente, por um desses acasos da vida política, vem ao Senado, já octogenário, mas com uma vitalidade invejável, e assume, na plenitude, seus deveres de Parlamentar, e não apenas na defesa dos interesses do seu Estado. V. Exª acaba de lembrar, ainda há pouco, uma reivindicação que levou a um dos Ministérios do Governo a respeito da construção de pontes por onde pudessem trafegar com segurança os veículos no Centro-Oeste, mas também no escrutínio dos temas mais árduos, que são submetidos à análise no plenário. Concordo com o Senador Jarbas Vasconcelos. Nesses tempos de desprestígio do Congresso Nacional, desprestígio, às vezes, fundado em boas razões para que a opinião pública exija de nós, exija desta instituição um comportamento mais consentâneo com o seu papel institucional, é realmente, para nós, um orgulho termos entre nós um Senador do seu porte, um Senador da sua envergadura. E eu quero, mais uma vez, dizer neste aparte que, seguramente, não encerrará as nossas relações políticas porque elas têm muito ainda para render. Para mim, sobretudo para minha alegria, quero reafirmar aqui a profunda amizade, o amor fraterno que surgiu entre nós e que eu quero cultivar por toda a nossa vida. Muito obrigado.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - V. Exa, Senador Aloysio Nunes, terá sempre a minha amizade, a minha admiração, pelo que V. Exa representa para os seus amigos, pela lealdade, fidelidade de princípios, coerência de atitudes da qual jamais se afastou.
V. Exa passou por momentos difíceis na defesa dos seus ideais e hoje está aqui no Senado da República como testemunho de que atitudes firmes de um homem podem, sem dúvida alguma, colocá-lo no altar do respeito da Pátria. V. Exa conseguiu isso.
Quero dizer a V. Exa, Senador Aloysio, que, como disse ao Senador José Agripino, nos ligam laços imorredouros na figura do nosso grande e falecido amigo João Faustino. Essas jamais serão perdidas no tempo. Não importa a poeira que possa obnubilar as nossas vistas, mas o nome desse nosso amigo há de sempre nos ligar, pelos princípios que ele firmou e que se acasalam perfeitamente com os nossos.
V. Exa fez uma observação que me fez lembrar dois pensamentos com relação à Casa em que nós vivemos, à Casa que nós cultuamos, que é o Congresso Nacional.
Eu me recordo do Juiz Simpson, da alta Corte americana, que dizia que não era possível a ele construir uma catedral. “Não é possível a nós construirmos uma catedral, mas é bem possível que cada um de nós coloque um tijolo para edificá-la.” Esse é o nosso trabalho, que talvez não seja percebido pela opinião pública, mas é um trabalho de caráter efetivo, tem a amálgama do cimento e jamais isso nos será tirado - jamais. É o que nós pusemos ao construir.
Quero lembrar outro pensamento que eu considero lapidar, que é de uma figura das mais extraordinárias do cenário da memória brasileira, do General Cândido Rondon, que dizia que, nas contingências da vida, nós construímos, nós destruímos, tudo depende de nós. Esse é o nosso trabalho, é o trabalho do Congresso Nacional. Nós estamos aqui para construir e haveremos de construir, sem dúvida nenhuma.
Muito obrigado, Senador Aloysio, pelas suas expressões tão carinhosas, que tocam o meu coração.
Eu gostaria, Srª Presidente, de concluir, depois das emoções dos apartes que recebi.
Dirijo-me agora aos servidores. Pela TV e Rádio Senado, irei assisti-los, ouvi-los, Srªs e Srs. Senadores, para renovar as forças das recordações dos momentos ímpares que aqui vivi, da vivência confortante com os servidores da Mesa Diretora desta Casa. Dirijo-me e olho para os senhores agora. Permita-me, Srª Presidente, que manifeste uma coisa muito íntima que existiu entre nós, porque mantive com todos eles um diálogo pelo dialeto Guarani. Dizia a eles, quando aqui chegava: “Baechapá...” Ensinei-os a responder: “Yporã itê”. “Como vão vocês?” “Nós vamos bem, Senador.” A eles, portanto, essa minha homenagem pela atenção que eles sempre me dispensaram.
Quero me dirigir aos servidores dos meios de comunicação, da TV, Rádio e Agência Senado, que me permitiram chegar aos lares até dos mais longínquos grotões da nossa Pátria, aos diligentes servidores das Comissões temáticas, aos mais simples servidores que atendem às portarias de acesso a esta Casa, e àqueles que zelam pela limpeza dos espaços imensos deste nosso Senado.
Permitam-me, Excelências, expressar o que vem do âmago dos meus sentimentos mais ternos aos que trabalham no meu gabinete e que me conquistaram pela eficiência, pela lealdade e, sobretudo, pela amizade que eu considero imorredoura. A todos, fica o reconhecimento da minha gratidão.
Concluo, Sra Presidente, agradecendo penhoradamente o tempo que me concedeu. V. Exa, para mim, é sempre generosa, e essa é a imagem que eu levarei para sempre da sua pessoa. Parafraseando o antes rebelde e incrédulo Paulo de Tarso, afirmo a V. Exas, com sinceridade e no sentido de despedida desta Casa, que me animou, neste momento, o apanágio dos exemplos que trago de meus pais, de saudosa memória. Enfrentei lutas memoráveis. Combati o bom combate, com ideias cristalinas. Guardei a esperança de que chegará o dia em que a nossa Pátria deixará de viver dias e anos aziagos que ora vivenciamos, e de que a fé há de sempre nos animar.
Com esses pensamentos, Sra Presidente, e com sentimentos de gratidão, me despeço de todos.
A SRa PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Maioria/PP - RS) - Senador Ruben Figueiró, eu queria agradecer a V. Exa pelas referências e dizer que, na convivência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, que é a primeira, às 8h30 da manhã, às quintas-feiras, eu vou ter muita saudade de V. Exa. Sentávamo-nos sempre ao lado, porque temos muitas afinidades nessa área, e por também preservarmos uma instituição - falamos muito sobre a Petrobras -, que é a Embrapa, que V. Exa trata com muito carinho, por razões até familiares.
Eu procurei ser uma discípula, uma aluna, olhando os seus passos e ouvindo as suas palavras. Eu penso que nós aprendemos sempre com quem sabe muito, e V. Exa sabe muito. Mais do que saber da política, V. Exa sabe da vida, porque quando V. Exa expressa o sentimento de como é o viver, nas palavras de Manoel de Barros, o que vale nas coisas é o que elas representam para a gente. Então, V. Exª, mais do que tudo, é um professor da vida, e é isso que nós precisamos.
Eu queria dizer a V. Exª, em sua homenagem, quando V. Exª faz a sua despedida, que me coube a honra, na Comissão de Assuntos Sociais, de relatar um projeto de sua autoria, nº 521, de 2013, que altera a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências, para instituir o consentimento presumido para doação do sangue do cordão umbilical e da placenta, e para conceder isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados sobre os produtos e equipamentos empregados nesse procedimento, de alto alcance social para a saúde pública e para as gerações.
Como esse projeto, do qual tive a honra de ser relatora, não pôde ter parecer conclusivo em função de ter sido este um ano eleitoral e não termos podido realizar uma audiência pública necessária para instruir o referido projeto, ele irá, pelo Regimento Interno, para o Arquivo.
Mas quero lhe dizer que terei a honra de levá-lo de volta, como autora, em sua homenagem, com os mesmos termos, assumindo a responsabilidade de conduzi-lo em tramitação aqui. E sempre falando que esse projeto foi inspirado por V. Exª.
Então, acho que, com essa homenagem, estou retribuindo a todos os ensinamentos que V. Exª prestou a mim, em particular, e a todos os colegas Senadores, pelo exemplo, pela retidão, pela forma comprometida com o exercício da boa política.
Parabéns. E leve desta Casa um grande respeito de todos nós.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Minha querida amiga e Senadora Ana Amélia, a manifestação de V. Exª muito me sensibiliza não somente pelas palavras que sempre ouvi de V. Exª aqui em plenário e em todos os lugares onde nós nos encontramos a serviço da Pátria. V. Exª me concede um prêmio de, no início do ano que vem, creio, reapresentar esse projeto cujo significado tem uma expressão ampla para a saúde de tantas e tantas pessoas.
Quero dizer a V. Exª que V. Exª não está premiando só a mim, mas também o autor intelectual do projeto...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Maioria/PP - RS) - Dr. Paulo.
O SR. RUBEN FIGUEIRÓ (Bloco Minoria/PSDB - MS) - ... que é um dos maiores médicos oncologistas, não só deste País, mas hoje poderia dizer, com muito orgulho para minha família, um médico de expressão internacional, Paulo Marcelo Gehm Hoff. Vou transmitir a ele, e ele talvez esteja ouvindo até pela televisão e, por ela, talvez, já manifestando espiritualmente o agradecimento a V. Exª.
Vossa Excelência me traz, nesses momentos, sobretudo agora, um sentimento de muita gratidão pela amizade que V. Exª tem me concedido, pelos conselhos que a sua inteligência me transmitiu. E pode estar certa de que o meu amigo Pompilho, que a admira profundamente e que lutou muito pela sua eleição, conquistando eleitores de Campo Grande até Tupanciretã, onde vivia nos tempos passados, tenha a certeza de que ele também, neste instante, está ouvindo-a e está prestando-lhe também as homenagens que, de coração, eu transmito a V. Excelência.
Muito obrigado pela honra da sua manifestação e das suas palavras tão carinhosas.s