Discurso durante a 188ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Despedida pela conclusão do mandato como senador.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA.:
  • Despedida pela conclusão do mandato como senador.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2014 - Página 606
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA.
Indexação
  • REGISTRO, DESPEDIDA, MOTIVO, CONCLUSÃO, ORADOR, MANDATO PARLAMENTAR, SENADOR.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, percebendo que o nosso colega Eduardo Suplicy prepara-se para uma despedida em grande estilo, vou tomar a liberdade de já cumprimentar todos os meus colegas, antes que alcancemos o quórum para esta emenda constitucional. Agradeço a atenção de todos durante este período de atividade parlamentar aqui no Senado Federal.

            Nós, como muitos que aqui estão, saímos da Câmara Federal, passamos por outras Casas Legislativas.

            Sempre tive minha atividade parlamentar como uma grande responsabilidade, do meu Partido, porque, ao consultar os eleitores, conseguimos esse êxito de poder representar o povo do meu Estado e do Brasil na Câmara e, na sequência, aqui no Senado Federal.

            Encontramos pessoas com pensamentos os mais distintos. Conservadores, alguns mais extremados da direita, outros do centro, outros da esquerda, alguns extremados à esquerda, mas todos com o grande propósito de ajudar o nosso País, ajudar o Brasil. E é para isso que nós utilizamos o nosso mandato: defender o nosso País.

            A nossa militância foi sempre nesse sentido, desde menino, lá no bairro, numa associação de jovens que cuidavam de uma biblioteca comunitária, até alcançar o Senado da República. Saímos dali, de uma família bem pobre da periferia da cidade de Fortaleza, mas conseguimos alcançar essa representação, que não poderia ser de outra forma, não fosse pelo meu Partido, o Partido Comunista do Brasil.

            Aqui, nós vamos manter uma forte representação, que é ainda unitária, que é uma mulher - uma brava mulher, que é a Vanessa Grazziotin. Digo que, do ponto de vista legislativo, começamos juntos: ela na Câmara de Vereadores de Manaus e eu na Câmara de Vereadores de Fortaleza. Fui, depois, da Assembleia Estadual, Câmara Federal, Senado da República.

            Mas sempre, Sr. Presidente, com esse sentimento de que poderíamos construir alternativas boas, positivas, para o nosso País. Assim fizemos quando éramos da oposição. Dialogávamos sempre com o Governo, para encontrar o melhor caminho para uma série de proposições que eram importantes, mesmo vindas do Governo do qual nós éramos oposição.

            Estando no Governo, melhor ainda. Ajudamos o Governo do Presidente Lula na Câmara e aqui no Senado. Ajudamos o Governo da Presidente Dilma aqui, no Senado da República, e buscamos contribuir com a direção da Casa, sob o comando, neste período em que aqui estive, do Presidente Sarney e do Presidente Renan Calheiros.

            E foi uma condução que considero correta, justa, dos destinos do Senado Federal para, neste período, também sustentar tanto o Governo de Lula como o Governo da Presidente Dilma Rousseff.

            Então, eu sempre fico olhando. Eu falei, ali, para o Presidente Renan: “Renan, como é que nós vamos fazer uma despedida?” Militante não se despede. Militante assume outra atribuição, outra tarefa. Não há exatamente uma despedida. Nós vamos continuar ajudando o nosso País, lá num bairro, lá numa comunidade, lá num sindicato, lá numa direção partidária, sempre olhando o conjunto da atividade que se exerce em nosso País e a contribuição que vamos dar ali, às vezes, pequena, mas muito importante para sustentar os rumos mais avançados que o nosso País conseguiu ter.

            Então, é esse sentimento, o sentimento que buscamos aqui ajudar, contribuir, lutar. Às vezes, de forma mais acirrada no enfrentamento político, mas sempre com a coragem de quem sabe que defende uma causa justa, correta para o nosso País. E fazer uma trajetória límpida de vida pública. Acho que isso é muito importante. É um legado que vamos conduzindo para a história do nosso Parlamento e muitas vezes da nossa vida pessoal.

            Portanto, eu queria agradecer, no exercício dessa tarefa aqui no Senado, a contribuição dos meus assessores - muitos deles estão comigo há muitos anos; agradecer aos funcionários do Senado da República que estiveram comigo assessorando ali no meu gabinete; aos funcionários das comissões, onde participamos, desde o começo, na Comissão de Justiça, às vezes com embates muito grandes, mas sempre com atenção também muito grande dos funcionários, dos servidores; aqueles da Consultoria, a quem sempre pedimos apoio, informação, para preparar, melhorar as ideias que nós trazíamos para produzir os melhores projetos de lei, as melhores emendas.

            Deixamos aqui, no Congresso Nacional, duas proposições, que peço apoio da nossa querida Senadora Vanessa, que vai ficar, em nome do meu partido, aqui no Congresso Nacional.

            Uma delas, uma emenda que está na Câmara, com parecer favorável, votado, que é o da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas. Era uma causa da Constituinte, que todos queriam 40 horas, mas que terminou em 44.

            E uma segunda, que é exatamente manter a política de recomposição do salário mínimo. Por quê? Essa matéria, Sr. Presidente, depois de um bom diálogo entre as centrais sindicais, digo, uma grande reunião na liderança do meu partido, com todas as centrais sindicais, com os partidos do campo popular, da esquerda e também do centro, que se reuniram com as lideranças sindicais para discutir a política salarial já no governo do Presidente Lula.

            O governo do Presidente Lula adotou aquela proposição, que só foi transformada em lei durante o Governo da Presidente Dilma.

            E deixamos como proposta que a gente leve essa política salarial, que é o que tem sustentado a economia brasileira. É o chamado mercado interno, que recebe salário mínimo. Esse mercado interno é o que recebe esse salariozinho mínimo. A sua recomposição foi muito importante para que a economia brasileira pudesse atravessar esse ciclo de crise.

            É uma proposta que deixamos, Senadora Vanessa, assinada por mim e por V. Exª, e agora relatada pela Senadora Gleisi Hoffmann, que espero que seja aprovada logo no início do próximo período legislativo.

            Portanto, Sr. Presidente Renan Calheiros, quero agradecer a todos vocês. Foi aqui uma grande e maravilhosa escola de Política - Política com p maiúsculo. Quero cumprimentar todos, agradecer, desejar boas festas. Feliz Natal para todos! Vamos continuar firmes, fortes na luta em defesa do nosso País, que é esse o nosso grande propósito.

            E a V. Exª, Sr. Presidente, os meus cumprimentos pela condução justa da Casa do Congresso Nacional, que é o Senado Federal. Conduziu acho que muito bem e vai conduzindo com muita maestria. Até esses instantes finais do nosso ano, aqui, com paciência e tranquilidade. Quantas emendas duras, difíceis nós conseguimos aprovar aqui. E lembro a jornada última, que foi de quase 19 horas.

            Portanto, os meus agradecimentos aos companheiros da Mesa, em nome de V. Exª, ao nosso querido Senador Suplicy - que vou ouvi-lo cantar daqui a pouco, com certeza.

            Mas quero também não me despedir, mas dizer que tenho que cumprir outra tarefa, porque assim o povo colocou. E vamos cumpri-la defendendo na forma militante, no nosso partido, no Partido Comunista do Brasil, a quem, evidentemente, tenho que agradecer mais amplamente, porque foi esse partido com a sua militância que me elegeu Vereador, Deputado Estadual, três mandatos de Deputado Federal e Senador da República, junto ao nosso povo.

            Um abraço.

            Muitíssimo obrigado a todos vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2014 - Página 606