O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente. Começo agradecendo-o exatamente por esse gesto de V. Exª, que, desde ontem, permitiu que eu fosse o primeiro orador inscrito, mas, com a chegada do Presidente Sarney, em deferência à sua história e a tudo o que ele fez por nós, eu também cedi para que ele fosse o primeiro. Então, meu sincero agradecimento por essa permuta e pela fala generosa de V. Exª.

            Srªs e Srs. Senadores, “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”.

            Venho hoje a esta tribuna para concluir uma etapa; para encerrar o difícil e longo ano que se vai com este dezembro; para me despedir da legislatura, que se extingue em janeiro próximo; para relembrar estes extraordinários oito anos de mandato que Deus e os 803.600 eleitores paraibanos me concederam em um já distante outubro de 2006 - consagraram-me com mais de 48% dos votos válidos do meu Estado.

            E, já que venho falar do tempo, permitam-me recorrer a um amigo querido que nos falta a todos nesta hora. Há dez anos, Ronaldo Cunha Lima, o saudoso poeta Ronaldo Cunha Lima, fez publicar o conjunto de poemas Breves e Leves Poemas - foram esses os temas dos seus poemas -, de sua autoria, entre os quais, Cerzimentos, de que gostaria de me valer agora. Diz o terceto: “Ponto a ponto, fio a fio, enfrentei o desafio de cerzir tempos puídos”.

            Escolho aqui os versos do meu ilustre conterrâneo por três razões. Em primeiro lugar, eles me permitem atar dois momentos da minha vida pública. Foi pelos braços de Ronaldo Cunha Lima que tive a honra de iniciar minha carreira política em 1990, quando fui escolhido para integrar a chapa vitoriosa ao governo da Paraíba por ele encabeçada. Eu vinha de uma experiência bem-sucedida na iniciativa privada como empresário da construção civil e Presidente do Sinduscon de João Pessoa, mas eu tinha apenas 32 anos e pouco conhecia ainda da arte da política, sobre a qual a coragem, o exemplo e a generosidade de Ronaldo Cunha Lima viriam tanto a me ensinar e a ajudar.

            Eu escolho também o Cerzimentos, porque os versos do ex-Governador me servem à perfeição: como ele, também eu enfrento, agora, ponto a ponto, fio a fio, o desafio de costurar os tempos que o próprio tempo esgarçou.

            São, até agora, 24 anos de vida pública, Sr. Presidente, e de vida pública intensa, como Vice-Governador e Governador da Paraíba, como Secretário de Estado, como Ministro de Fernando Henrique Cardoso, como Prefeito de João Pessoa por dois mandatos consecutivos e, finalmente, como Senador da República.

            Apenas ao longo desses últimos oito anos de atividade parlamentar no Senado Federal, de cuja Mesa Diretora tive a honra de ser o 1º Secretário ao lado do Presidente José Sarney, eu apresentei 200 proposições legislativas, entre as quais, duas propostas de emenda à Constituição e 49 projetos de lei; relatei 498 matérias; e participei, como titular ou suplente, de 194 comissões ou subcomissões; foram 23 missões internacionais e 10 missões no Brasil; e subi a esta tribuna 293 vezes.

            Não poderia, e nem pretendo, relacionar aqui cada uma dessas atividades, mas gostaria de salientar algumas iniciativas que acredito que ilustram os princípios por que sempre me pautei: a sensibilidade social combinada com a responsabilidade fiscal.

            Na área de educação, propus emenda constitucional para garantir o ensino fundamental no período integral e apresentei inúmeros projetos de lei que beneficiam os estudantes das escolas públicas. Propus a padronização dos uniformes estudantis fornecidos pelo Poder Público; a desoneração de softwares educacionais e livros eletrônicos; a distribuição de tablets para todos os estudantes carentes; a valorização da fluência oral em disciplina de língua estrangeira; além de políticas de melhoria e alimentação oferecida pelas escolas, como merenda escolar, nos finais de semana e nas férias. Também sugeri a criação de vários Institutos e Centros Federais de Educação no meu Estado, a Paraíba; e propus reserva de vagas e bônus no processo seletivo de vestibular para estudantes carentes, quando oriundos da rede pública de ensino.

            Na área de saúde, apresentei várias propostas que beneficiam a população mais carente, inclusive o projeto para fixar o percentual mínimo de 18,5% da receita corrente líquida da União, que deveriam ser aplicados anualmente em ações e serviços públicos de saúde. Também tentei assegurar o fornecimento de medicamento de uso continuado aos pacientes, com os mesmos sendo entregues em suas residências; e propus a inclusão no Programa Bolsa Família de famílias cujos membros tenham sido acometidos por neoplasia maligna. Tratei ainda da regulamentação dos suplementos alimentares e nutricionais e da desoneração dos medicamentos e equipamentos hospitalares adquiridos por órgãos públicos.

            Na área da Previdência, sugeri nova regra de cálculo do benefício da aposentadoria por invalidez e o pagamento de indenização a famílias de policiais e bombeiros mortos em decorrência de suas atividades profissionais.

            Na área do transporte e mobilidade urbana, procurei criar regime tributário de incentivo à modernização e ampliação do transporte coletivo de passageiros e instituir créditos, em favor do passageiro de transporte aéreo, da franquia de bagagem não utilizada. Também são de minha autoria propostas de novas regras para a cobrança de pedágio, bem como de federalização de algumas estradas da Paraíba e do Ceará.

            Na área do meio ambiente, propus iniciativa para determinar padrões de qualidade ambiental em conformidade com o ciclo de vida do produto e adoção de critérios de sustentabilidade ambiental e justiça social em obras com mais de 20 mil metros quadrados. Além disso, eu fui Relator do Plano Nacional de Resíduos Sólidos na Comissão de Meio Ambiente e criei, por duas vezes, a Subcomissão de Resíduos Sólidos para acompanhar a implantação desse plano e, entre outras coisas, para fechar e acabar com os lixões. Conhecedor do grave problema da segurança hídrica, em particular do meu Estado da Paraíba, propus, tendo sido criada, por duas vezes, uma comissão especial para acompanhar as atividades referentes à transposição do Rio São Francisco, na qual aprovamos ontem o relatório final, sugerindo ao Ministério da Integração a inclusão ao projeto do eixo do Vale do Piancó, no Estado da Paraíba, uma área crítica, que o Ministro inclusive considera como algo importante a ser realizado.

            Enfim, Sr. Presidente, foram oito anos de obstinada atividade parlamentar, que - sabemos todos - cobra-nos um preço demasiadamente alto. Não foram poucas as horas roubadas à Lauremília, à Janine, ao Mercinho, ao Matheus, à Luizinho e aos meus netos, Laura, Davi, João e Pedro. Não foram poucos os dias longe de minha casa. Não é pequena a renúncia à vida pessoal que nos impõe a dedicação à causa pública.

            Mas chego ao fim de mais um mandato com a certeza de ter honrado o voto de confiança que em mim depositaram os paraibanos. E a eles me dirijo agora: a cada paraibana, a cada paraibano. A você, paraibana, a você, paraibano, quero cumprimentá-los em nome dos pessoenses, a cidade que me deu a oportunidade de administrá-la por oito anos, e dos meus conterrâneos da minha pequena Jatobá, onde nasci. Gostaria que recebessem, do fundo de minha alma, meu muito obrigado. Meu muito obrigado pela oportunidade que me deram de representá-los no Senado Federal e em todos os cargos da minha vida pública. Meu muito obrigado pela oportunidade que me deram de lutar para que a Paraíba se faça mais altiva e bem-aventurada e cada vez mais forte.

            E gostaria de agradecer aos funcionários do Senado, à Consultoria, sempre pronta para nos atender, aos funcionários da minha gestão como 1º Secretário e principalmente aos funcionários do meu gabinete, que sempre estiverem ao meu lado em todos os momentos. Ao fazer isso, estendo esta homenagem a todos que colaboraram comigo na vida pública nos cargos que ocupei.

            Gostaria de agradecer também a muitas outras pessoas que estiveram ao meu lado ou estão nesta caminhada, cuidando, se preocupando e me ajudando, muitos eu poderia citar nominalmente, mas eu o farei em nome de uma pessoa que nos deixou nesse período: à minha mãe, Dona Salomé, meu cheiro.

            Para terminar, volto aqui aos Cerzimentos, de Ronaldo Cunha Lima. Há uma última razão por que escolhi esses versos para este encerramento. O poeta nos fala ali de tempos puídos. De tempos que se gastaram, que se desgastaram, que perderam a forma, o brilho e o viço devido às roçaduras do uso de um tempo que envelheceu. O Brasil de hoje é, também, um país puído, envelhecido. Sente-se, em toda parte, o gosto travoso de um brilho que se extinguiu. Em lugar da esperança, um cansaço com a política - com os políticos, na grande maioria; e em lugar da renovação, uma decepção profunda com a capacidade de gestão do Governo Federal e de alguns outros governos. E as consequências nefastas que se abatem sobre todos nós: na segurança, na infraestrutura, na agricultura, na educação, na saúde. Por onde quer que se olhe, vemos esgarçado o nosso tecido social.

            Mas, como lembra o poeta, este é exatamente o desafio que nos impõe: coser, costurar, remendar este País esgarçado, ponto a ponto, fio a fio. Fazer que se encontre novamente, no olhar de cada brasileiro, o brilho do futuro. E renovo aqui este meu compromisso com a política, com a Paraíba, com os paraibanos e com o Brasil.

            Deixo agora o Senado, mas continuarei do meu afã diuturno de costurar o que parece muitas vezes impossível, para que venhamos a ver reascender em todos os corações a chama do orgulho que está agora tão ausente. Porque, como disse o também poeta paraibano Augusto dos Anjos: “A esperança não murcha, ela não cansa, também com ela não sucumbe a crença. Vão-se os sonhos nas asas da descrença, voltam os sonhos nas asas da esperança”. Que voltem, pois, os sonhos nas asas da esperança.

            Concedo o aparte ao Senador Mozarildo, com muito prazer.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco União e Força/PTB - RR) - Quero cumprimentar V. Exª pelo pronunciamento que faz e, principalmente, ouvindo o relato da sua extensa vida pública, fico realmente feliz de ter, durante todo esse tempo, convivido com V. Exª como amigo, como colega, com quem aprendi muito. E, inclusive, V. Exª tem um lado que tem a ver comigo, porque meus avós maternos foram para Roraima, lá da Paraíba, na década de 30. Então, eu sou descendente direto de nordestino: tanto do lado materno, dos paraibanos; do lado paterno, dos cearenses. Como disse V. Exª, entendo que V. Exª não está se despedindo da vida pública, está apenas passando por uma nova fase, que tenho certeza que vai contribuir, e muito, não só para o seu Estado, mas para o País, para que nós possamos consolidar um País mais justo, mais desenvolvido e, sobretudo, mais igual. Parabéns.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Obrigado, Senador Mozarildo, esse irmão que sempre nos permitiu - nessa convivência - que nos colocássemos à disposição dessa causa, deste País, e de buscar fazer mais justiça, tornando este País mais justo, mais humano e mais solidário. Como eu, V. Exª também está deixando o Senado, mas com a mesma disposição de continuar a servir o seu Estado, mas também o Brasil, como um todo. Muito obrigado. Passo a palavra ao Senador Figueiró.

            O Sr. Ruben Figueiró (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Senador Cícero Lucena, eu ouvi atentamente as palavras de despedida de V. Exª. E o relato que V. Exª fez do seu currículo político, parlamentar, é, realmente, impressionante. Talvez poucos, nesta Casa, tiveram oportunidade de realizar tanto. Isso me faz lembrar, Senador Cícero Lucena, as palavras de um dos maiores industriais deste País, que promoveu, inclusive, um processo mais dinâmico na indústria nacional, que foi Roberto Simonsen. Ele dizia que eu sempre criei carvalhos, e não couves. V. Exª, sem dúvida alguma, com essa produtividade parlamentar que teve, lastreada nos conhecimentos que adquiriu ao longo de outras importantes funções que recebeu, não só aqui em Brasília, na República, mas em seu Estado natal, prova justamente o que Simonsen disse: “V. Exª tem registrado na sua vida pública como um criador de carvalhos.” Eu comecei a apreciar V. Exª desde o instante que aqui cheguei, pelo seu espírito público, pela firmeza de posições políticas, intangíveis, pela sensibilidade que teve no trato com todos nós. E tornei-me o seu admirador. E é por isso que eu estou aqui, neste instante, para dar-lhe este testemunho. Vejo que V. Exª é muito mais jovem do que eu, e eu não me sinto velho, apesar dos 83 anos já cursados. Mas vejo que V. Exª tem ideais de jovem, e porque é jovem, e, naturalmente, irá prestar inestimáveis serviços ainda a este País e ao seu Estado, que tanto V. Exª ama, a Paraíba. Tenha V. Exª da minha parte as expressões de um apreço pessoal e êxito no seu futuro. Acredito nele, porque é criador de carvalhos.

           O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Muito obrigado, Senador Figueiró. Sem dúvida, V. Exª está entre aqueles com quem Deus nos permitiu, ao chegar a esta Casa, ter a chance de conviver, de relacionar, de respeitar. Reconheço o valor que tem V. Exª ao longo da sua vida, com serviços prestados, com a firmeza que, confesso, nos encantou e nos aproximou mais ainda, principalmente pela sua solidariedade, pela vontade de estar sempre atento e de não se calar quando, eventualmente, encontra alguém ao seu lado que está sendo injustiçado. Então, quero dizer da minha admiração, do meu reconhecimento e da minha gratidão por ter tido a oportunidade de conviver com V. Exª nesta Casa.

           Mas eu seria injusto se fizesse esse comentário apenas em relação a V. Exª, com tantos outros companheiros e companheiras com quem tive também a oportunidade de conviver; com a gentileza do nosso Presidente, que fez referência ao meu relacionamento com esta Casa.

           Permitam-me não comentar tantos nomes, mas eu também gostaria de fazer homenagem a dois companheiros, simbolizando essa convivência tão rica que tive nesta Casa. Eles não estão mais aqui presentes.

           Um deles hoje é Prefeito de Manaus. Refiro-me a Arthur Virgílio, que me acolheu nesta Casa, me mostrou os caminhos e me orientou quando ainda era Senador e Líder da nossa Bancada.

           O outro, para simbolizar também essa relação que Deus me permitiu fazer nesta Casa, é o nosso saudoso Sérgio Guerra, que foi Presidente do nosso Partido e que, também como amigo e companheiro, sempre se dispôs a colaborar com o País e, em particular, conosco do PSDB, estando sempre pronto a ajudar.

           Cito os dois do PSDB, como poderia citar outros de vários Partidos, mas o faço apenas em referência à gratidão, como um simbolismo de todos esses que me proporcionaram essa feliz oportunidade de sermos não apenas colegas de Senado, mas sim, amigos e companheiros.

           Muito obrigado, Senador Figueiró.

           Passo a palavra, com muito prazer, à Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Maioria/PP - RS) - Caro Senador, Cícero Lucena, V. Exª faz um relato dizendo que nem sempre a atividade política é reconhecida pelo sacrifício que um político faz, ao longo da sua vida. É claro que é uma escolha pessoal que nós trilhamos. É uma escolha difícil e um caminho espinhoso. Eu tenho muita alegria de estar falando também em nome de um grande Líder que se despediu ontem, o meu querido Francisco Dornelles, que já não é mais Senador, porque renunciou ao mandato para assumir, no dia primeiro, a Vice-Governadoria do Rio de Janeiro, onde estará muito bem representado o Senado Federal. Mas quem, como V. Exª, aos 37 anos, foi o mais jovem Governador da Paraíba, um Estado com tanta história, Prefeito da capital, João Pessoa, e chega ao Senado, terá cumprido uma carreira brilhante. Então, deixa V. Exª aqui também um legado da sua contribuição valiosa sobre projetos muito importantes, alguns dos quais participei, em várias comissões, especialmente na Comissão de Assuntos Sociais. E queria dizer-lhe que foi uma grata satisfação e um aprendizado também com a experiência que V. Exª trouxe com esse patrimônio que tem de vida pública. Desejo muito boa-sorte a V. Exª, Senador Cícero Lucena. Estivemos juntos, porque, nas eleições presidenciais deste ano, apoiamos o mesmo candidato, Aécio Neves.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Eu agradeço a V. Exª, Senadora Ana Amélia, dizendo que tenho certeza de que este sentimento não é apenas meu, mas é do Brasil como um todo, em reconhecer a sua contribuição, o seu valor, a sua dedicação em favor das causas sociais, em favor - repito - da busca de fazer deste País um país mais justo e mais humano.

            Tenha certeza de que eu levo também, nas minhas recordações, o papel importante que V. Exª teve nesse processo de convivência que nós tivemos. Inclusive, renovo-lhe a gratidão, pois, quando da votação do valor da garantia do recurso mínimo do Governo Federal de 12,5%, V. Exª, como relatora ad hoc, também nos ajudou que fosse aprovado na comissão. Então, a minha gratidão.

            Da mesma forma, eu o faço em relação ao Senador Dornelles. Ontem, o nosso Presidente do Partido, Aécio Neves, falou em nome de todos nós do PSDB para lamentar que ele estava deixando o Senado, mas, também, para comemorar, porque muito ele vai contribuir com o Estado do Rio de Janeiro, que representa tão bem, com a sua sabedoria, a sua história, a sua vida, e o reconhecimento de todos os brasileiros do quanto ele foi importante, nesta Casa, e do quanto ele o será, por muito tempo ainda, para este País.

            Então, agradeço ao Senador Dornelles, parabenizando-o pela sua história, que apenas muda de local, mas de compromisso e de responsabilidade de fazer tenho certeza de que V. Exª vai continuar, porque é do seu princípio como Vice-Governador do Rio de Janeiro.

            Eu gostaria de passar a palavra, com muito prazer, ao Senador Aureliano Chaves Filho.

            O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Meu caro e excelentíssimo Senador Cícero Lucena, V. Exª honra as mais nobres tradições do povo paraibano pela sua inteligência, patriotismo e força democrática. Acompanhei sua vida pública, tive oportunidade, quando era Ministro do Presidente Fernando Henrique Cardoso, eu estava na Câmara Federal como Deputado, e sei da forma cartesiana, objetiva e séria com que trata os assuntos pertinentes ao desenvolvimento do Brasil. V. Exª é uma demonstração clara de que a vida pública serve para dar oportunidade a pessoas que têm a competência técnica e a vocação política. Sempre digo que o técnico deve saber como fazer e o político o que fazer. V. Exª une essas duas qualidades, porque tem absoluta convicção do que deve ser feito e a forma de como deve ser feito. Então, Senador Cícero Lucena, V. Exª ainda vai dar muitas contribuições à vida pública no nosso querido Brasil.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Parabéns a V. Exª e a toda sua família, seus filhos e seus netos. Senti emoção, porque, da mesma forma que o Ex^mo Senador tem netos, eu os tenho também, e, quando a gente fala sobre eles, o coração parece que bate mais forte. Parabéns por essa brilhante carreira política, por essa passagem extraordinária pelo Senado da República.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Eu que agradeço, Senador Aureliano, porque também, embora curta essa convivência, eu já conhecia todo seu valor de homem público, a sua contribuição a este País, ao Estado de Minas. Essa aproximação que tivemos agora, nesse instante em que V. Exª assumiu a cadeira do Senado, só veio reforçar a minha admiração e o meu conhecimento no sentido do seu desprendimento de homem público e do seu compromisso com a causa maior deste País.

            Então, quero lhe dizer que V. Exª está incluído naqueles que Deus me deu a oportunidade de conhecer e de conviver nesta Casa, que, com certeza, escancarou o caminho para que possamos, independente de onde estivermos, manter esse laço de amizade.

            Passo a palavra, com muita satisfação, aproveitando, porque ontem eu não estava presente, para também registrar o meu reconhecimento ao Senador Suplicy pela sua história política de dignidade, de trabalho e de dedicação.

            Com muita honra lhe escuto, Senador Eduardo Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Caro Senador Cícero Lucena, quero cumprimentá-lo pela sua trajetória de vida pública, honrando o povo da Paraíba, como Vice-Governador, junto ao Governador Ronaldo Cunha Lima, também como Prefeito de João Pessoa por duas vezes e, aqui, no Senado, onde V. Exª deu contribuições tão significativas em defesa do interesse do povo da Paraíba, do interesse do povo brasileiro e do interesse público. Eu tive muitas vezes a oportunidade de dialogar com V. Exª nas comissões, aqui no Plenário, e sempre soubemos ter o respeito mútuo e a atitude de construção. Desejo a V. Exª que, onde estiver, daqui para frente, possa continuar contribuindo com o seu conhecimento, a sua sabedoria e sempre em defesa de uma administração na vida pública a mais transparente e correta. Meus cumprimentos a V. Exª.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Eu lhe agradeço, Senador Eduardo Suplicy. V. Exª é relator e resumiu bem a nossa convivência, o nosso relacionamento e o respeito mútuo, porque, tenha certeza absoluta, a sua história lhe engrandece e o Brasil todo reconhece.

            Eu sei da sua luta, da sua causa maior, que simboliza o seu mandato e a sua vida - a renda mínima -, que V. Exª tanto lutou, não apenas em termos de Brasil, mas em nível internacional. Com certeza, V. Exª vai continuar tendo a mesma disposição, a mesma coragem e a mesma determinação, independente também de onde estiver, para que isso possa se consolidar, numa demonstração da sua preocupação com aqueles que mais precisam.

            Então, eu quero também aproveitar para agradecer e parabenizá-lo pela vida pública de V. Exª.

            Passo a palavra, com muita satisfação, ao Senador Rodrigo Rollemberg.

            O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco Apoio Governo/PSB - DF) - Meu prezado amigo Cícero Lucena, eu quero, também, agradecer a oportunidade de convivência com V. Exª ao longo desses quatro anos, especialmente nossa convivência na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, V. Exª sempre um Senador muito presente, muito atuante. E foi uma das primeiras e mais profícuas amizades que tive a honra de fazer nesta Casa. V. Exª foi o Presidente da Globe, abriu para mim a oportunidade de conhecer e de tratar temas da maior relevância, como o das mudanças climáticas, e fazer isso no plano internacional. Tivemos a oportunidade, juntos, sob a liderança de V. Exª, no curso da Rio+20, de realizarmos um grande encontro de parlamentares de todo o mundo para discutir o tema das mudanças climáticas. Estamos vendo os alertas da comunidade científica que estão se confirmando a cada dia e com a maior frequência, os alertas de que os eventos climáticos extremos serão cada vez mais fortes e cada vez mais frequentes, e as comunidades, as cidades e os países precisam se preparar tanto para se adaptar a esses eventos extremos como também para mitigar a força desses eventos. Tive oportunidade desse convívio a partir de V. Exª. Brasília, antes de ontem, sofreu um exemplo disso, exemplo de um evento climático extremo, que vem acontecendo cada vez com uma regularidade maior, tomando proporções mais graves e maiores em função disso, porque a cidade não está se adaptando a esse tipo de evento. Portanto, quero agradecer, cumprimentar a população da Paraíba pelo representante que teve aqui e agradecer a amizade. Tenho certeza de que V. Exª, com a sua experiência, poderá nos ajudar muito, dar muita contribuição ao Governo do Distrito Federal. Muito obrigado, Cícero Lucena.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Senador Rodrigo Rollemberg, futuro Governador de Brasília, V. Exª resumiu bem também o nosso relacionamento de amizade, de confiança, de respeito e de aprendizado, porque tivemos a oportunidade de aprender juntos, inclusive nessa questão ambiental que V. Exª fez referência. Se eu tive a chance de ser Presidente da Globe Internacional, tive o prazer maior de passar para V. Exª esta presidência, que hoje não é Presidente da Globe mundial por conta do seu projeto e do seu compromisso com Brasília, porque, senão, hoje V. Exª estaria eleito Presidente Mundial da Globe.

            Por isso, eu tenho certeza absoluta de que esta cidade acertou em escolher V. Exª para governá-la. Pelo seu compromisso, pela sua prática, pela sua vontade de acertar, eu só tenho a pedir a Deus que lhe dê discernimento e sabedoria, para que você possa conduzir e realizar os seus desejos e atender as necessidades desse povo do Distrito Federal, que é do Brasil também.

            Então, que Deus lhe proteja nessa caminhada e, mais uma vez, obrigado pela sua amizade.

            Passo a palavra, com muita alegria e satisfação, eu nem digo ao Senador Flexa - permita-me a informalidade -, mas ao irmão Flexa.

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Senador Cícero Lucena, Presidente Jorge Viana, eu vou quebrar o protocolo.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - A Mesa será cúmplice de V. Exª nessa atitude.

            O Sr. Flexa Ribeiro (Bloco Minoria/PSDB - PA) - Não vou tratar o Senador Cícero Lucena por V. Exª. Vou fazer como ele, ao me dar a alegria e o prazer do aparte ao irmão Flexa, eu vou falar ao irmão Cícero. Eu não conheci o Cícero antes de chegar aqui ao Senado Federal e, ao longo desses oito anos em que convivemos, trabalhando pelo Brasil - ele, pela Paraíba e eu, pelo Pará -, fizemos uma relação de amizade e, acima da amizade, nós nos tornamos verdadeiros irmãos. Por uma dessas coincidências, Cícero, a Bancada da Paraíba é próxima da Bancada do Pará. Estamos juntos até no plenário do Senado Federal. E você, ao longo de sua vida, como disse o Senador Suplicy, foi Vice-Governador, Governador, Prefeito, mas esqueceu-se o Senador Suplicy de dizer que você foi Ministro de Integração do Presidente Fernando Henrique Cardoso, e foi o Ministro mais novo. Com 37 anos, V. Exª, meu irmão, assumiu o Ministério da Integração. E, em todas essas funções por onde passaste, deixaste a tua marca, a marca da competência, da honradez, da obstinação em fazer e fazer o certo e o reconhecimento de todos os seus pares aqui no Senado Federal. Por uma coincidência - lamentável, eu diria -, tu ias fazer teu discurso de despedida ontem e receberia o aparte de todos os Senadores, independente de partido político, para declararem e demonstrarem o afeto e a amizade que todos eles têm por você. Nós temos, aqui, posições diferentes, das nossas do PSDB, mas que não interferem na relação pessoal. Você vai nos deixar por uma dessas conjunturas da vida, já que Deus define a nossa trajetória. Tenho certeza absoluta de que Ele, ao fazer com que não fosse reeleito, foi porque Ele tem outras missões maiores para você assumir. Mas o povo da Paraíba reconhece, e eu quero aqui dar o testemunho da sua luta, ao longo desses oito anos, pelo Brasil e pela Paraíba, pela sua determinação em bem representar o Estado da Paraíba. Isso tu fizestes. E, nesse sentido, eu diria que você foi o melhor Senador do Senado da República. Vamos caminhar juntos daqui para frente. Onde você estiver eu também estarei, e onde eu estiver tenho certeza que você vai estar também. A distância não vai nos separar. Pelo contrário. A saudade vai nos unir muito mais. Eu só desejo a ti tudo de bom, vida longa, paz, saúde, alegria. Sei que, como eu, você é um católico praticante. Confesso até que você é mais praticante do que eu, mas procuramos seguir a nossa religião. Então, Deus vai abençoá-lo, você, sua família, seus filhos, seus netos. Vai lhe dar mais tempo para curtir os netos e a sua família. Que Deus o ilumine, abençoe e conserve essa figura humana que é respeitada e, eu diria, amada por todos. Um grande abraço, Cícero.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Obrigado, Senador Flexa, amigo e irmão.

            Realmente este Senado nos proporcionou essa oportunidade. Como bem disse você, nós não nos conhecíamos. O primeiro cartão de apresentação foi você pedindo voto para ser Secretário da Mesa quando eu ainda não tinha assumido o Senado. Eu estava em São Paulo, em dezembro, e recebi. A partir daí, nós nos identificamos. Eu assumi o compromisso e nós nos identificamos. E é como você diz: hoje não temos apenas uma relação de colega de partido, de função, de atribuição como Senador, mas temos de amigo e de irmão. A nossa relação de amizade, a nossa cumplicidade de amizade faz com que a gente tenha certeza absoluta de que esses oito anos foram os primeiros passos de uma caminhada consolidada, solidificada, de uma amizade que Deus vai nos permitir que seja bastante longa. Muito obrigado, Senador.

            Passo a palavra, com satisfação, para o Senador Casildo Maldaner.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu serei breve, porque há colegas que ainda vão ocupar o espaço. Mas não poderia deixar de falar, até porque eu diria que temos certa identificação, ouviu, Cícero. É claro que eu sou mais velho, tenho mais idade. Mas os caminhos que V. Exª percorreu, embora eu tenha começado antes, são mais ou menos a mesma coisa. V. Exª foi Vice-Governador e Governador e nos encontramos aqui no Senado. São caminhos em que participamos juntos, eu começando antes, V. Exª na Paraíba, eu em Santa Catarina. Dizia agora o Flexa dos encontros em igrejas, encontros da religião, encontros de lá, das identidades. Só que V. Exª me ganha numa. Eu diria ao Flexa, não sei se ele sabe, mas até catarinense diz que um dia viram, e aí me ganha, um caminhante da Compostela. Caminhos da Compostela Cícero Lucena tem feito. Essa eu não consegui fazer ainda e perco.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Ainda.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco Maioria/PMDB - SC) - É difícil agora, a idade vem chegando. É um atleta. Aliás, o Cícero, não só na política, é um homem que participa desse certames de maratonas, as maratonas de verdade. É um atleta. Todo o mundo sabe disso. O da Compostela, os catarinenses viram-no fazendo o da Compostela. Então, tem tudo, e esse é o nosso Cícero, muito querido em Santa Catarina. Eu tinha que dizer isso a V. Exª. É um amigo, uma identidade, uma sinceridade, como diziam, lá no Pará ou em todos os Estados, o nosso Senador ali, o Suplicy com o seu cajado em todos os lugares, V. Exª na nossa Paraíba, nós, catarinenses, vamos continuar nos encontrando. Nós juntos vamos formar um clube desses, um clube, quem sabe, para trocar ideias de vez em quando. Acho que faz bem, para ajudar o Brasil, a Paraíba ou Santa Catarina, enfim, os amigos. Acho que faz parte isso tudo. Muito obrigado. É uma alegria poder apartear e abraçá-lo neste momento.

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Eu que lhe agradeço, Senador Casildo, porque nós já nos conhecíamos antes do Senado. Quando V. Exª aqui chegou, eu já estava, e algo que eu senti, e senti também por parte de V. Exª, foi o prazer, a satisfação do reencontro, agora mais próximo, com a missão de sermos Senadores. O tempo como Senadores só fez nos aproximarmos mais ainda e nos respeitarmos. Sem dúvida nenhuma, eu quero dizer que, entre tantos outros, V. Exª tem a capacidade de ser alguém leve na relação de amizade, alguém que gosta de ver os outros bem, de ver os outros felizes. É algo que eu admiro muito na sua característica, entre tantas outras de valor.

            Eu quero dar esse testemunho. E tenho certeza absoluta de que, em Santa Catarina, na Paraíba, na China, onde nós estivermos, estaremos sempre procurando demonstrar a nossa amizade e praticando essa nossa amizade.

            Então, meu muito obrigado.

            Passo a palavra, com muita satisfação, ao Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Lucena, apenas para dizer que uma das coisas que caracterizam esta Casa é a gente se aproximar muito dos colegas e, de repente, eles saem, a gente sai, eles ficam, a gente vai. De qualquer maneira, quero dizer que a minha convivência com o senhor em todos esses anos aqui foi extremamente engrandecedora para mim. Eu me senti bem toda vez que conversei com o senhor e quando precisei do seu trabalho na 1ª Secretaria. Então quero aqui agradecer o cavalheirismo seu e dizer que vamos sentir sua falta. Só isso. 

            O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco Minoria/PSDB - PB) - Muito obrigado, Senador Cristovam.

            Tenha certeza de que V. Exª também foi uma referência para mim, mesmo antes de eu chegar ao Senado, na área de educação, entre outros posicionamentos tão éticos e corretos que V. Exª adota, mas com destaque na área da educação.

            Inclusive, quando fui Prefeito, V. Exª, como Ministro, me ajudou a enfrentar um dos problemas graves daquela cidade, que era o analfabetismo. Nós cumprimos a meta de acabar com o analfabetismo em quatro anos, cumprimos nos dois primeiros anos. Infelizmente, deixei a Prefeitura, o senhor deixou o Ministério, e esse projeto não teve continuidade. Mas vamos continuar lutando por uma educação com reconhecimento aos profissionais da área de educação, com a valorização, com a qualificação e com o sentimento claro de algo que sempre que V. Exª diz, da necessidade da revolução na educação, para, aí sim, este País passar a ser uma grande nação.

            Então, o meu muito obrigado. Renovando, Sr. Presidente Jorge Viana, o meu sincero agradecimento pela oportunidade, pela inversão. E dizer, lembrando o escritor paraibano José Américo, que “Ninguém se perde na volta”. Digo isso até porque, quando eu agradeci a todos que cuidaram, que se preocuparam, que me ajudaram, eu citei o nome da minha mãe.

            Permitam-me contar uma pequena passagem.

            Eu fui visitar minha mãe, com 92 anos. Eu tinha 49, 50 anos de idade, era o filho caçula da família, e mesmo com essa idade eu só conversava com ela sentado no seu colo. Aí, eu cheguei para mamãe e disse: minha velha, meu cheiro, como assim a chamava, eu vim avisar à senhora que estou indo para Brasília. Ela disse: “Você vai fazer o que em Brasília?” Eu disse: minha mãe, eu vou assumir o cargo de Senador. Aí ela disse: “Mas você não vai morar lá não, não é?” E eu disse: vou, mãe. Eu tenho que ir, passar a semana lá e vir no final de semana. Aí ela disse: “Ah, com os diachos! Não sei para que eu liguei para as minhas comadres pedindo voto para você.” (Risos.)

            Portanto, estou voltando para a minha terra para continuar a servir e, como parei, encerrei antes dos apartes, eu dizia: “Que volte, pois, o sonho nas asas da esperança”.

            E, como diz o Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado: tempo de falar e tempo de ficar calado, mas, sobretudo, sempre haverá tempo para os bons propósitos”.

            Deixo o Senado segurando na mão de Deus, que me conduzirá no amanhã.

            Meu muito obrigado e fiquem todos com Deus. (Palmas.)