Discurso no Senado Federal

Reunião preparatória destinada à eleição e posse do Presidente do Senado Federal para o biênio 2015/2016.

Autor
Luiz Henrique (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Luiz Henrique da Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Reunião preparatória destinada à eleição e posse do Presidente do Senado Federal para o biênio 2015/2016.
Publicação
Publicação no DSF de 02/02/2015 - Página 72
Assunto
Outros > SISTEMA POLITICO
Indexação
  • REGISTRO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, APROVAÇÃO, REFORMA POLITICA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PAPEL, SENADO, PROPOSTA, PAUTA, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, DURAÇÃO, MANDATO, REELEIÇÃO, EXPECTATIVA, DIALOGO, CAMARA DOS DEPUTADOS, GOVERNADOR, PREFEITO, JUDICIARIO, DEFESA, NECESSIDADE, PRESIDENTE, CONGRESSO NACIONAL, MANUTENÇÃO, AUTONOMIA, LEGISLATIVO.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (PMDB - SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Jorge Viana; Srs. Ministros, a quem quero cumprimentar na pessoa da minha conterrânea, Ministra Ideli Salvatti; Sr. Prefeito de Manaus, ex-companheiro de tantas lutas, Arthur Virgílio; senhoras e senhores, não se pode aprisionar o sentimento de mudança. Esse sentimento vem das ruas e ronda os corredores deste Congresso.

            Sinto, vejo, ouço de Senadoras e Senadores de todos os partidos o desejo de fazer desta instituição a grande protagonista das mudanças reclamadas, ansiadas, esperadas pelo povo brasileiro: mudanças políticas, mudanças econômicas, mudanças sociais. Nosso desafio, neste recém-iniciado 2015, é enorme, é imenso, porque, para superar a aguda crise que vive o nosso País, será necessário grande comprometimento de todos.

            Percebo que as Senadoras e os Senadores querem que as tarefas legislativas, as relatorias e outras tarefas sejam compartilhadas democraticamente, ouvindo a maioria e respeitando a minoria.

           Convocaram-me para promover esta mudança. Sabem que venho da luta contínua, longa e desafiante nos últimos 50 anos. Uma luta dura, lenta, mas constante, como O Trenzinho do Caipira, do mestre Villa-Lobos, uma luta de Davi contra Golias. Com ela rompemos os muros fortificados da ditadura, derrubando, um a um, seus instrumentos de supressão das liberdades.

           Venho da escola do grande líder Ulysses Guimarães, cuja lição maior é mais do que atual: "O povo nos convocou para fazer mudanças. Ou mudamos ou seremos mudados".

           Temos, aqui, 27 Senadoras e Senadores eleitos depois das grandes manifestações de 2013. Vocês chegam com o eco do grito das ruas para trazer arejamento, e foram legitimados pelos ventos da mudança. Mais do que todos, vocês representam essas mudanças. O povo espera, confiante, o primeiro voto de cada um neste mandato. E o povo tem pressa. Está exigindo que façamos, já, as reformas política, fiscal e tributária, há tanto tempo adiadas.

           Nós, Senadoras e Senadores, estamos recebendo mensagens veementes e aflitas conclamando-nos a mudar os rumos do Senado e do Congresso Nacional.

            A nossa candidatura acendeu, a partir desta Casa, a chama popular de uma nova confiança e de uma nova esperança, pois foi esse clamor que me trouxe para esta tribuna e para este desafio, em que assumo o compromisso, com todos vocês, de ser o articulador, o condutor, o regente dessas reformas.

            Quem me conhece sabe que cumpro a palavra. Quem me conhece sabe que sei conciliar, delegar e cobrar. e, assim, farei uma gestão política e administrativa eficiente, transparente e, sobretudo, descentralizada.

            Presidente do Senado e do Congresso Nacional, com V. Exªs e com os Deputados construiremos já uma pauta de emergência nacional, em diálogo construtivo com o Governo Federal, com a Câmara dos Deputados, com os governadores dos Estados, com os prefeitos municipais e com as instâncias do Poder Judiciário. Uma pauta urgente, para aprovar, neste ano, já, novas regras de absoluta transparência no financiamento das campanhas eleitorais, para que elas vigorem já na próxima eleição, e construir a vontade majoritária para votar outros temas, como duração dos mandatos e reeleição. Essa tarefa é urgente e inadiável e exigirá de todos nós grande empenho.

            Tenho a consciência do dever de fazer a integração do Poder Legislativo ao Executivo e ao Judiciário, na busca conjunta e solidária de soluções aos graves problemas nacionais.

            Não serei um Presidente submisso, mas não serei, jamais, um Presidente antagônico. Não cabe à Presidência do Congresso outra tarefa se não a de articular a conciliação das questões com o Poder Executivo para dar saltos no desenvolvimento nacional sustentável.

            A independência é própria do equilíbrio dos Poderes, exigindo harmonia entre eles. Esse é o único caminho para consolidar e fortalecer a democracia.

            Tenho consciência de que enfrentamos uma das mais graves crises da nossa história. Ela exigirá de mim equilíbrio, bom senso e firmeza, além da experiência que adquiri no exercício de 12 mandatos populares.

            Quero aqui fazer um destaque: Presidente do Senado e do Congresso Nacional, não ficarei fazendo indicações para ministros, nem para dirigentes de empresas estatais, até porque, quando o Presidente do Congresso Nacional se verga para pedir favores ao Executivo, ele perde a autonomia necessária para estabelecer esse diálogo construtivo com o Governo. Os governos são separados e harmônicos entre si, e, por isso, a nossa tarefa é a de exercer, com toda a dignidade, com toda a transparência, o mandato de Presidente do Senado e do Congresso Nacional.

            Esta é a grande missão daquele que se sentar naquela cadeira ali: é de ser o grande articulador do Poder Legislativo nacional. A função de Presidente do Senado lhe dá maior relevância com a função de Presidente do Congresso Nacional. Nós não podemos manter esse ato entre o Senado e a Câmara. Nós temos que articular com os Deputados essas reformas urgentes que temos que fazer neste ano. Nós temos que conversar com os Líderes do Senado e com os Líderes da Câmara, os Líderes que aqui atuarão em um Colégio criado por resolução para que nenhum item da pauta venha para a Ordem do Dia sem a vontade coletiva dos Partidos desta Casa, dando vez e voz aos Partidos minoritários.

            Esta é a nossa missão: a missão de mudar, de arejar, de criar novas práticas democráticas aqui, nesta Casa.

            O Senado é uma grande universidade multidisciplinar. É preciso conectá-lo com o mundo, a sociedade e o cidadão. Abriremos janelas para perscrutar e apropriar o que há de mais moderno e eficaz em outros parlamentos.

            Venho com a cartilha de Érico Veríssimo, que nos ensinou: “quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos”.

            Derrubemos as barreiras e façamos os moinhos produzirem o futuro!

            Minha eleição não significará a derrota de ninguém. Será uma vitória da democracia!

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/02/2015 - Página 72