Pela Liderança durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Responsabilização do Governo Federal pela greve de transportadores rodoviários que ocorre no País.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Responsabilização do Governo Federal pela greve de transportadores rodoviários que ocorre no País.
Publicação
Publicação no DSF de 26/02/2015 - Página 565
Assunto
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • APREENSÃO, GREVE, MOTORISTA PROFISSIONAL, CAMINHÃO, FALTA, COMBUSTIVEL, CARNE BOVINA, ALIMENTOS, ENFASE, ESTADO DO PARANA (PR), CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, RESPONSAVEL, CRISE, DEFESA, NECESSIDADE, AGILIZAÇÃO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, REDUÇÃO, PREÇO, OLEO DIESEL.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco Oposição/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dou sequência ao discurso sempre competente do Senador Paulo Bauer, focalizando aqui um drama vivido hoje nas estradas brasileiras com repercussão nos lares deste País, já que o desabastecimento é, sem dúvida nenhuma, uma das consequências mais dolorosas para os brasileiros. Esse movimento já alcançou 13 Estados da Federação, e o Estado mais mobilizado, sem dúvida, é o meu Estado do Paraná, hoje com 44 bloqueios em estradas estaduais e em estradas federais.

            Lamentamos profundamente a ausência do Governo nos últimos anos. Nós nos lembramos bem que, em julho de 2012, houve um movimento dessa natureza, que também paralisou estradas do País, movimentou o Congresso Nacional, trouxe representantes dos caminhoneiros para audiência com o Governo. De lá para cá, nada se adotou de providência que pudesse aliviar o sofrimento desses profissionais do volante que percorrem o País transportando as riquezas nacionais.

            Não houve planejamento.

            Governar é também prever fatos novos, é se antecipar a fatos que dão origem a crises. E o nosso Governo, lastimavelmente, não tem esse poder de prever, não tem a capacidade de se antecipar aos fatos. E é evidente que o prejuízo é transferido à sociedade.

            Nós não podemos deixar de manifestar a nossa solidariedade aos caminhoneiros do País, em que pesem as consequências.

            Qual a razão essencial dessa crise? É evidente que é este apetite desmesurado do Governo, sempre colocando a mão grande nos bolsos dos brasileiros para arrancar recursos que possam tapar os buracos abertos pela sua própria incompetência.

            As razões: o aumento do preço do combustível, o aumento do preço do óleo diesel, o aumento da Cide, o aumento das tarifas do pedágio nas estradas brasileiras, o aumento dos impostos, imposto sobre combustível, movimentação financeira, importações, entre outros. Na esteira de aumentos, a Caixa Econômica anunciou também o aumento dos juros de financiamentos com recursos da poupança.

            Portanto, Srª Presidente, para aqueles que trabalham produzindo riquezas, é insuportável esta carga que tem origem aqui, no Palácio do Planalto, em Brasília, e que é fruto da incompetência governamental e, sobretudo, desse modelo promíscuo que foi implantado no Brasil nos últimos anos.

            É fácil imaginar a revolta dos caminhoneiros deste País, que pagaram o preço das propinas recebidas por alguns integrantes de uma organização criminosa que assaltou a Petrobras. Como justificar o aumento do preço dos combustíveis diante desse escândalo monumental de corrupção? Como convencer o homem simples que, na luta diária no volante de um caminhão pelas estradas do Brasil, tem tempo de refletir sobre isso? Como convencê-lo de que o drama que ele vive não é a consequência do escândalo a que assiste, quando pode assistir, pelas televisões do Brasil.

            Eu vou reproduzir apenas alguns depoimentos que colhi, através da minha assessoria, hoje, no Paraná:

            Falta de combustível em quase todas as grandes cidades, com exceção de Curitiba e Região Metropolitana, que ainda não sofrem os efeitos da paralisação.

            Em Londrina, minha cidade, além da falta de combustíveis, já é difícil de encontrar carne em supermercados e açougues. Há relatos de postos que vendem o litro da gasolina a R$6,00. Como é que o nosso caminhoneiro vai entender que, enquanto o combustível sofre queda de preços nos outros países, o petróleo tem uma queda significativa de preço e, por consequência, o combustível também, como ele pode admitir que, no Brasil, ao contrário, o preço dos combustíveis é elevado?

            Em Maringá, Região Metropolitana, outra cidade minha, o combustível é artigo de luxo, encontrado em pouquíssimos postos, e o preço do litro da gasolina já atingiu R$5,00.

            Em Campo Mourão, muitas famílias estão estocando comida, temendo um agravamento do problema de abastecimento nos supermercados.

            Em Pato Branco, pequeno agricultor que não quis se identificar relata saques à sua propriedade, que produz produtos hortifrutigranjeiros. A população, com receio de faltar produtos básicos nos supermercados, saqueou o produtor.

            Pequenos agricultores de todo o Estado já contabilizam suas perdas, pois não há como colher ou transportar as culturas já plantadas e que começam a se perder na lavoura.

            Granjas de frango e porco, na região de Cascavel, já registram grandes prejuízos, pois faltam alimentos para os animais, que morrem aos milhares por essa razão.

            O Porto de Paranaguá operou com 5% das cargas programadas no dia de ontem. Segundo a administração do porto, dos 900 caminhões previstos para descarregar, apenas 45 puderam chegar.

            O nosso desejo é que as negociações possam ser conduzidas com bom senso e rapidez. O Governo já se antecipa: não quer reduzir o preço do óleo diesel. Ora, já começa mal a negociação, porque ele já antecipa uma condição que impõe àqueles que comparecem para o entendimento. O transporte de cargas e o escoamento de produtos do agronegócio precisam ser normalizados. Que o Governo encontre alternativas nessa negociação de hoje para superar esse impasse.

            Os caminhoneiros têm a solidariedade do País, a solidariedade da sociedade, mas é evidente que as consequências são dramáticas e há setores que sofrem terríveis prejuízos, sem poderem sofrer, num momento de crise econômica visível. Todos nós estamos visualizando o aprofundamento da crise econômica no País e essa paralisação certamente agrava essa situação.

            Por isso, o nosso apelo à sensibilidade governamental para que no entendimento de hoje se supere esse impasse e se restabeleça a normalidade nas estradas brasileiras.

            Muito obrigado, Srª. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/02/2015 - Página 565