Comunicação inadiável durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à gestão do Governador do Estado do Paraná.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas à gestão do Governador do Estado do Paraná.
Publicação
Publicação no DSF de 04/03/2015 - Página 402
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • CRITICA, BETO RICHA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), ENFASE, DESRESPEITO, LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, ACRESCIMO, DIVIDA PUBLICA, APREENSÃO, AUSENCIA, PAGAMENTO, SALARIO, BENEFICIO, SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL, POLICIAL, BOMBEIRO, PROFESSOR, AUMENTO, IMPOSTOS, ALIQUOTA, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEICULOS AUTOMOTORES (IPVA).

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente, Srs. Senadores.

            Estava aqui ouvindo o discurso da Senadora Vanessa Grazziotin e quero me somar a ela nessa preocupação para que nós possamos ter soberania na extração do potássio. O meu Estado, o Estado do Paraná, é produtor agrícola e necessita do potássio.

            Então, eu queria dizer a V. Exª que pode contar comigo nessa frente parlamentar, porque nós vamos estar irmanados nessa luta.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quem nos ouve pela Rádio Senado, quem nos assiste pela TV Senado, especialmente os meus cumprimentos aos nossos paranaenses, povo do Estado que eu represento.

            Eu ocupo esta tribuna novamente hoje para comentar e lamentar, mais uma vez, a situação de desgoverno em que se encontra o meu Estado, o querido Estado do Paraná.

            Sr. Presidente, muito antes do início da campanha eleitoral de 2014, quando participei do pleito concorrendo ao cargo de governadora do Paraná contra a reeleição do Governador Beto Richa, eu vinha manifestando minha grande preocupação com a situação econômica e financeira do nosso Estado e, sobretudo, com o modelo de gestão adotado nos últimos quatro anos de governo.

            Utilizando-se de forma agressiva de propaganda e marketing ao longo dos seus quatro anos de Governo, promovidos em muitos dos principais veículos de comunicação do Paraná, o Governador Beto Richa repudiou e negou todos os alertas feitos sobre a evolução das contas estaduais, sempre alimentando a ilusão de que o Estado vivia em equilíbrio e prosperidade.

            Foi além, e, igualmente através do seu bem-sucedido marketing político, inventou a história de que eu, Senadora do Estado do Paraná, trabalhava contra o nosso Estado e que o Governo Federal boicotava o Paraná, quando era exatamente o contrário. Eu alertava para os perigos da sua desastrosa gestão e o Governo Federal sempre investia em programas e projetos para melhoria das condições de vida da população.

            Aliás, hoje fica mais do que evidente que os tais empréstimos que, segundo o Governador, seriam suficientes para solucionar todos os problemas do Estado, cuja aprovação eu supostamente dificultei e o Governo Federal perseguiu o Governo Estadual, apenas não tramitaram e demoraram na sua gestão porque a gestão do Estado do Paraná já afrontava a Lei de Responsabilidade Fiscal. E ficou claro também que o problema do Estado não seria resolvido com os tais empréstimos.

            Infelizmente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, sou obrigada a voltar a falar sobre a crise paranaense na tribuna do Senado, pois a situação está cada vez pior. O Governador Beto Richa, do PSDB, que tanto prega a responsabilidade fiscal, perdeu completamente o controle da situação fiscal do nosso Estado. As últimas notícias dão conta de que apenas a dívida de curto prazo, referente às contas atrasadas com fornecedores de produtos e serviços, ultrapassa a casa de R$1,5 bilhão. São milhares de pequenos empreendedores que vendem ou prestam serviços ao Governo do Paraná e que não estão sendo pagos.

            Mas, além disso, o Estado tem milhares de servidores vivendo a angústia de não saber ao certo se receberão os salários no próximo mês. Desde o final de 2014, a aproximação da data de pagamento é acompanhada de grande tensão, porque todos sabem que o Governo tem feito verdadeiros malabarismos na área fiscal para conseguir recursos para a folha de salários. Em várias situações, os nossos servidores ficaram sem receber.

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Os policiais e bombeiros que foram deslocados para as praias para a Operação Verão ficaram sem receber as diárias a que têm direito, ou seja, trabalham longe de casa, têm despesas extras com alimentação, roupas e estadias e não recebem por isso.

            Milhares de professores contratados em regime temporário não receberam os seus salários nos últimos meses. Também não receberam o pagamento que lhes é devido pela rescisão do contrato temporário.

            Ainda sobre os professores e servidores das diversas áreas, o Governador não pagou o chamado terço de férias, e todos sabemos que os trabalhadores têm direito a receber esse acréscimo quando saem de férias. Nesse caso, a situação de descontrole vem desde outubro do ano passado - fato que já alertei nesta tribuna -, ou seja, praticamente todos os servidores do Estado do Paraná levaram um calote nos seus direitos.

            Esse quadro de total desacerto, de verdadeiro caos administrativo a que o Governador Beto Richa conduziu o Paraná não é surpresa, nem mesmo para ele. Desde 2013, os técnicos do Governo alertavam que as finanças iam mal e apresentaram diagnóstico dos problemas apontados, medidas que poderiam ser adotadas para evitar o pior, que agora acontece. Nem preciso dizer que os alertas foram ignorados.

            Agora que o leite está derramado, o Governador tenta recuperar o controle da situação com duras medidas. Em dezembro, promoveu aumento e impostos e contribuições, aumentou alíquota de ICMS e do IPVA.

            Agora, lançou um pacotaço de medidas destinadas a eliminar despesas, dentre elas, verdadeiros atentados contra os direitos dos trabalhadores.

            Graças à grande mobilização histórica que tivemos em nosso Estado do Paraná, puxada pelos professores...

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - ... esse pacotaço não foi à frente. Chegamos ao cúmulo de ter os Deputados Estaduais entrando na Assembleia Legislativa dentro de um camburão de polícia para se protegerem dos manifestantes. E não conseguiram aprovar as medidas.

            Ainda assim, o Governador tenta mandar as medidas ou parte delas para a Assembleia votar. Fez uma negociação com os professores. Nem esperou a negociação ser discutida junto com a base, porque, amanhã, haverá assembleia da categoria, e já acionou a justiça para que pudesse suspender a greve.

            O Poder Judiciário do Paraná não declarou a greve ilegal, mas deu uma sentença muito estranha em que apenas os professores que dão aula para o terceiro ano do segundo grau voltassem ao trabalho, praticamente impossível de ser atendida. Amanhã, na assembleia geral, os nossos professores definirão se voltarão ou não ao trabalho.

            Nós estamos em uma situação de grandes conflitos.

            O Governador Beto Richa está começando a pagar pela sua irresponsabilidade no trato da coisa pública: segundo pesquisa divulgada hoje pela Paraná Pesquisas, a popularidade do governador despencou. Setenta e seis por cento dos paranaenses consultados reprovam o Governo de Beto Richa, depois de dois meses de seu mandato reiniciar. Segundo o pesquisador Murilo Hidalgo, do conceituado instituto Paraná Pesquisas, o motivo da queda na avaliação do Governo é o caos nas finanças do Paraná.

            Essa é a situação que temos. O governador começou o primeiro mandato falando em choque de gestão e iniciou o segundo dizendo que “o melhor está por vir”.

            O problema, Srªs e Srs. Senadores, é que o choque de gestão do Governador Beto Richa responde integralmente pela falência atual do Estado.

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Em 2010, último ano do governo anterior, o Estado do Paraná arrecadou R$22 bilhões, que atingiram em 2014 o montante de R$35 bilhões, um crescimento de 34% nos 4 anos de governo do Beto Richa.

            Agora, além de ele dizer que não tinha arrecadação, portanto isso mostra que não tem nada a ver com a conjuntura nacional, mas com as escolhas feitas pelo governo, ele gastou mais do que podia. A despesa cresceu 57%. E mais, a despesa de custeio, de manutenção da máquina pública saltou de R$8,3 bilhões para R$16,6 bilhões, um crescimento de 99%.

            É fato que a economia do País e do mundo ainda enfrenta uma conjuntura de crise, que precisamos de ajustes, porém, é impressionante verificar a partir dos números fiscais do Paraná o quanto o atual Governo do Estado colaborou através de suas decisões para agravar a crise.

(Interrupção do som.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Aliás, prova disso é a entrevista do Governador Beto Richa publicada no último domingo na Folha de S.Paulo, quando afirmou se tratar de coragem, e não irresponsabilidade, gastar mais do que havia em caixa, reconhecendo, inclusive, que sua coragem resultou no descumprimento do pagamento do terço de férias, rescisão de professores, dentre outros descalabros administrativos.

            E agora, justamente no pior momento da crise, do ponto de vista político, a impressão é que o Governador não comanda seu governo. Temos um Secretário de Fazenda vindo de São Paulo, com poderes de interventor, manda e desmanda no Paraná. O Secretário Mauro Ricardo, que já serviu à gestão do PSDB em São Paulo, assumiu o Governo do Paraná e cobra caro por isso. Além do seu salário de R$29 mil por mês, recebe mais R$20 mil...

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - ... como participante de conselhos de administração de empresas do Estado. O interventor, que pretende achatar os ganhos dos servidores públicos e lançar mão dos recursos da previdência estadual, ganha um alto salário.

            Desse jeito, o caos financeiro e orçamentário em que o Estado foi atirado por esse governo irresponsável poderá descambar para a perda da autonomia política, com o interventor vindo de São Paulo querendo tratar novamente o Paraná como a Quinta Comarca.

            Encerro, Srªs e Srs. Senadores, lamentando muito que a situação do meu Estado, o Paraná, a quinta economia nacional, tenha chegado a nível tão vergonhoso: um dos Estados mais ricos da Federação, terra de um povo vibrante e trabalhador, transformado, por um governo desastroso, no segundo maior déficit do País, com R$4,6 bilhões, em 2014.

            Que o quanto antes o Governador assuma suas responsabilidades e volte a governar o nosso Estado...

(Interrupção do som.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - ... com base na realidade (Fora do microfone.). Chega de ilusões, o preço a pagar está sendo muito caro para toda a população paranaense.

            Agradeço, Sr. Presidente, os minutos a mais que me foram concedidos, mas era uma necessidade que tinha de falar desta tribuna sobre a situação em que meu Estado se encontra.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/03/2015 - Página 402