A SRª ANA AMÉLIA (PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidente desta sessão, Senadora Fátima Bezerra, caros colegas Senadores e Senadoras, eu queria agradecer ao Senador Ataídes Oliveira pela gentileza, porque houve, digamos, uma inversão na chamada dos oradores. Eu estava inscrita. Reveza-se um Líder e uma comunicação. Mas entendo as razões da Senadora Fátima e, mais especialmente, as do Senador Ataídes.

            Nós estamos vivendo vários problemas no nosso País. Vários problemas. Há uma crise sem precedentes de toda ordem, agravada ainda porque o impacto da crise da Petrobras, por exemplo, impacta radicalmente em áreas sensíveis do meu Estado, o Rio Grande do Sul.

             Ontem, os líderes dos desempregados eram 18 mil. Hoje, são 7 mil, no chamado Polo Naval, no porto do Rio Grande, provocados pela crise da Petrobras.

            Eu queria que a Mesa, Srª Presidente, Fátima Bezerra, autorizasse a transcrição do manifesto dos desempregados do Polo Naval de Rio Grande, que foi assinado por dois líderes desse movimento, Jota Amaral de Souza e Gilmar Gonçalves Gonzaga. Ontem, eles fizeram uma visita ao gabinete do Senador Aécio Neves, que é o Presidente do PSDB, pedindo o apoio de outros partidos, de outras Lideranças políticas, pela relevância que essa matéria tem do ponto de vista social.

            Gostaria, então, que este manifesto fosse transcrito, na íntegra, nos Anais do Senado.

            Durante o almoço que o Senador Renan Calheiros ofereceu à Bancada Feminina do Senado e da Câmara, falei com o Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a respeito desse gravíssimo problema, com impacto social, porque ele afeta o desemprego; das perspectivas de solução, a médio prazo, para esses desempregados, que estão vivendo dias de grande tensão e apreensão. O Ministro disse que o esforço do Governo - e assim espero - é no sentido de retomar as atividades. Porém, o cenário não é animador, dadas as dificuldades que as empresas que operam no Polo Naval estão enfrentando.

            É exatamente por conta disso que a questão do emprego, ali, está numa situação muito complicada, porque não são apenas os empregos direitos afetados. São, sobretudo, os empregos indiretos de toda a área de produção, de serviços ou também industriais, da indústria periférica ao Polo Naval, que chegam a 80 mil, segundo dados da associação dos desempregados do Polo Naval do Rio Grande. O tema, aliás, daqui a pouco, estará presente num debate da Bancada do Rio Grande do Sul, cujo coordenador, Giovani Cherini, trouxe à pauta pela emergência e urgência.

            Só no Rio Grande do Sul, especialmente nos Municípios do Rio Grande - o nosso grande porto marítimo -, e no Município de Charqueadas, 18 mil profissionais que atuavam nesse ramo já estão, lamentavelmente, hoje, sem trabalho. E as lideranças estão alertando para o fato de que a situação pode se agravar ainda, com relação a profissionais importantes que estão ali trabalhando, como funileiros, operadores, soldadores, chapeadores, montadores, encanadores, profissionais de toda a indústria naval. Alguns dos quais levados de outras regiões do País para suprir uma dificuldade dessa mão de obra especializada.

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (PP - RS) - Então, essas pessoas terão adicionado a dificuldade dessa locomoção, imagino, lá do seu Rio Grande do Norte, da Bahia, do Rio de Janeiro. Trabalhadores que, sem dúvida, foram para lá.

            Então, é uma situação preocupante, e espero que o Ministro Eduardo Braga cumpra com esse objetivo de reativar o Polo Naval do meu Estado.

            Há uma outra questão, e vou encerrar, Senadora Fátima Bezerra. Não fiz aparte ao Senador Luiz Henrique sobre o tema da manifestação dos caminhoneiros exatamente pela questão do tempo - e V. Exª já me advertiu -, porque são muitos os Senadores inscritos.

            Eu queria dizer que, com relação a essa paralisação, que ainda ocorreu na manhã desta terça-feira, 3 de março, a Polícia Rodoviária Federal e o Comando Rodoviário da Brigada Militar do meu Estado, que é a nossa Polícia Militar, contabilizaram dez pontos de manifestação de caminhoneiros em rodovias gaúchas, com bloqueios na ...

(Interrupção do som.)

            A SRª ANA AMÉLIA (PP - RS) - ... RSC-470, entre Bento Gonçalves e Garibaldi, na região serrana.

            Essas paralisações têm resultado em confrontos, prisões, feridos e uma morte, além de prejuízos a muitos agricultores, porque , como bem sublinhou o Senador Luiz Henrique, aqui se trata também da perda do leite que está se deteriorando, pela não entrega na agroindústria; da ração, que precisa chegar aos criadores de suínos ou de aves; e também das dificuldades, porque, hoje, o desabastecimento de combustíveis afeta vários setores da economia brasileira.

            Eu espero, sinceramente, Senadora Fátima Bezerra, caros colegas, que o Governo tenha habilidade nesse processo de negociação com os caminhoneiros. Eles estão reclamando de alteração no frete; estão reclamando - e o Governo já sinalizou - da legislação que os protege, da Lei dos Caminhoneiros, que já foi sancionada hoje pela Presidente...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (PP - RS) - ...e, como eles queriam (Fora do microfone.), sem nenhum veto. Além disso, a reclamação da paralisação foi o aumento e o tarifaço para os combustíveis.

            Eu penso que é possível, sim, encontrar um consenso.

            Agora, eu queria também, por conta do impacto que isso causou à agroindústria produtora de alimentos, que fosse transcrito também nos Anais o Manifesto do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul, assinado pelo seu Presidente, Alexandre Guerra, sobre exatamente o que significa essa paralisação para a indústria de laticínios do Rio Grande do Sul. É claro que outros Estados enfrentam a mesma situação.

            Quero dizer, Srª Presidente, que isso é inaceitável! Em todos os momentos, eu estive ao lado do entendimento, estive ao lado do diálogo, estive ao lado da construção de uma saída com responsabilidade. E, lamentavelmente, tive...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (PP - RS) -...a informação de que o Ministro que cuida dessa articulação (Fora do microfone.) atribui a mim e a outros Parlamentares do meu Partido a responsabilidade pela radicalização desse movimento.

            Quem me conhece sabe que eu jamais faria isso e que não aceito, sob a condição de falta de respeito ao exercício parlamentar de uma Senadora que tem, nesta Casa, o compromisso com a responsabilidade e com os destinos do País.

            Então, é preciso que as autoridades tenham também respeito com a interlocução que nesta Casa se faz com as pessoas que não estão alinhadas com o Governo, mas que têm a responsabilidade de ajudar, numa hora dessas, a resolver essa crise.

            Muito obrigada, Srª Presidente.