Pela Liderança durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a cheia que atinge o Estado do Acre.

Autor
Sérgio Petecão (PSD - Partido Social Democrático/AC)
Nome completo: Sérgio de Oliveira Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CALAMIDADE:
  • Preocupação com a cheia que atinge o Estado do Acre.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho, Hélio José, Jorge Viana, José Medeiros, Lasier Martins, Lídice da Mata.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2015 - Página 190
Assunto
Outros > CALAMIDADE
Indexação
  • REGISTRO, APREENSÃO, RELAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, LOCAL, ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, INUNDAÇÃO, CIDADE, RIO BRANCO (AC), XAPURI (AC), BRASILEIA (AC), ASSIS BRASIL (AC), TARAUACA (AC), EXCESSO, VOLUME, AGUA, RIO ACRE, EFEITO, PREJUIZO, PRODUTOR RURAL, DEFESA, NECESSIDADE, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na verdade, venho a esta tribuna, mais uma vez, para fazer um relato, fazer um apelo diante da situação que o nosso Estado hoje está passando.

            Hoje pela manhã, peguei algumas informações na Defesa Civil do meu Estado, mas agora falava ao telefone com alguns amigos lá de Rio Branco, e as informações que eu tenho aqui já mudaram. O nosso rio, o Rio Acre, registra, neste momento, 18,39m. Essa é a medida de hoje. Agora, neste momento, o rio voltou a subir, depois de uma forte chuva que cai sobre a nossa capital, e toda a população de Rio Branco, todo o Estado vive um momento de muita dificuldade.

            Nós, da Bancada federal, eu hoje estive com o Ministro das Cidades, Ministro Kassab, que é do meu Partido - ele pediu que eu viesse até Brasília -, fiz um relato da situação que hoje estamos passando no Estado do Acre. Ele se comprometeu a ir ao nosso Estado e conversar com os prefeitos das cidades afetadas pelas enchentes do Acre: Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri, Tarauacá e também a nossa capital, Rio Branco.

            O meu gabinete fez aqui um levantamento dos últimos números, mas, com certeza, esses números já mudaram agora à tarde. As informações que nós tínhamos é que a cota do rio era de 18,34m; agora, às 16 horas lá no Acre, já estava em 18,39m. De manhã, eram 53 bairros atingidos, 24.713 casas afetadas, 83.837 pessoas atingidas no total, 2.429 famílias em abrigos. O total de atingidos, como eu já disse, são 83.837 pessoas.

            Hoje, junto com toda a Bancada federal, fizemos uma visita ao Ministro do Desenvolvimento Agrário, Ministro Patrus Ananias. Fizemos um relato dos prejuízos causados a centenas de pequenos agricultores.

            Todos vocês sabem que, na Amazônia, na nossa cidade, os nossos produtores sempre procuram os rios, porque eles são o meio de transporte, facilitam o transporte, seja no inverno, seja na seca.

            Eu pessoalmente não tenho essa informação, mas as informações que nós temos aqui foram fornecidas pelo governo do Estado. São 4.500 hectares de área atingida. Isso significa dizer que a produção daqueles pequenos produtores está praticamente perdida, produtores que plantam mandioca, banana.

            Sinceramente, hoje eu não sei como o governo do Estado, não sei como a Prefeitura de Rio Branco vai administrar essa situação. A situação, que era muito grave, agora passa a ser gravíssima, e nós, o governo do Estado, a prefeitura, não temos mais controle sobre ela. Nós nunca tivemos uma enchente desse tamanho. Eu tenho 55 anos, nasci e me criei em Rio Branco, nasci no Bairro Seis de Agosto, um bairro que está totalmente embaixo d’água, e nós não estamos sabendo como conviver com a situação. O sofrimento da população é muito grande!

            E, na conversa que tivemos com o Ministro, fizemos um relato da situação. Tanto o Ministro Patrus como o Ministro Gilberto Kassab, do meu Partido, foram sensíveis. Os dois se comprometeram em ir ao Estado para verem in loco. O Ministro Gilberto Occhi ainda se encontra no Estado do Acre. E, quando íamos na quinta-feira passada, convidados pelo Ministro para acompanhar, eu fazia um relato da situação, mas, quando ele chegou ao Município de Brasileia, deparando-se com aquela situação de como ficou a cidade, ficou totalmente chocado. É muita água, gente!

            O povo do Acre hoje, vocês não imaginam o sofrimento dessa população. Pedi ao meu gabinete que trabalhasse numa proposta de medida provisória, com o objetivo de sugerir ao Governo Federal que destine recursos para a reconstrução das cidades atingidas pela cheia e também recursos para que nós possamos conviver com essa situação que estamos enfrentando hoje.

            Precisamos restabelecer todos os equipamentos, serviços essenciais na área de saúde, na área de infraestrutura e na área do desenvolvimento social, além das necessidades particulares de cada cidadão, daquelas pessoas atingidas. Só eles mesmos, os acrianos atingidos, sabem da necessidade que estão passando. Eu digo isso porque estou lá no dia a dia. Estou em Brasília nestes dois dias, mas estou voltando amanhã, para tentar sensibilizar alguns amigos empresários, algumas cooperativas, algumas instituições aqui, para que possam nos ajudar.

            Estive falando hoje com a Frente Parlamentar da Agricultura, pedindo que façam doações ao nosso Estado, façam doações à Defesa Civil. Conversei com alguns amigos empresários, tentando sensibilizá-los com relação à situação que nós estamos passando lá no Estado. Na conversa que tive com os ministros, também tentei fazer um relato da situação.

            E aqui eu queria aproveitar para chamar a atenção dos bancos oficiais, como a Caixa Econômica, o Banco da Amazônia, o Banco do Brasil, para que já vão pensando em linhas de crédito para que nós possamos disponibilizar crédito para essas vítimas, para esses comerciantes que perderam tudo nessa alagação. São centenas, milhares de pequenos comerciantes que perderam tudo.

            Se não houver essa mão amiga do Governo Federal, dos bancos, para criar linhas de crédito, vai ser praticamente impossível.

            Eu, sinceramente, estou muito triste, porque estou me sentindo fragilizado diante do caos que se estabeleceu no meu Estado.

            Eu concedo um aparte à minha querida Senadora.

            A Srª Lídice da Mata (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - BA) - Senador Petecão, apenas para me solidarizar com V. Exª, que, já por mais de uma vez, ocupou esta tribuna para trazer ao conhecimento do Senado Federal a situação de calamidade e de emergência por que passa o seu Estado, nas diversas cidades, incluindo a capital. Dou o meu testemunho da sua ação, da sua permanente preocupação, buscando, como V. Exª mesmo disse, todas as instâncias de poder, os ministérios, procurando os colegas Senadores para sensibilizarem-se nessa direção. Eu quero, portanto, parabenizar essa ação de V. Exª e me solidarizar com o sofrimento do povo do Acre, já que a nossa Região vive geralmente uma situação oposta, que é a situação da seca mais permanente, e aqui tivemos a solidariedade de todos os Srs. e as Srªs Senadoras quando foi necessária a votação de mais de uma medida provisória para socorrer aqueles que sofriam profundamente com as consequências da seca no Nordeste, particularmente no meu Estado da Bahia. Estaremos aqui também dispostos a votar medidas provisórias que venham no sentido de dar guarida, dar apoio à diminuição do sofrimento do povo acriano.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Senadora, eu agradeço a sua solidariedade. Ontem, quando chegava a casa, tive a oportunidade de encontrá-la no elevador e pedi socorro a V. Exª, pedindo que me desse uma sugestão de como deveria reivindicar, e nós trocamos informações. V. Exª me sugeriu algumas medidas provisórias no sentido de dar maior celeridade possível para que esses recursos cheguem a nossos governadores, cheguem a nossos prefeitos, porque a situação é de calamidade.

            Eu hoje passei o dia no gabinete conversando com a minha equipe. Nós estamos trabalhando em um projeto de lei. Como V. Exª acabou de dizer, o Governo Federal criou um fundo de auxílio às pessoas do Nordeste que foram atingidas pela seca. E nós estamos sugerindo ao Governo Federal que também possamos criar - que o Governo Federal escolha o nome que quiser, se é bolsa alagação, se é bolsa solidariedade, se é bolsa enchente - algum mecanismo para que esse recurso chegue diretamente às mãos das pessoas. A economia do Estado está um caos, e essa seria uma forma de esse dinheiro circular dentro do nosso Estado, porque só o cidadão que está ali sendo atingido por uma cheia sabe qual é a sua prioridade. Não vai ser aqui em Brasília, dentro dos gabinetes, com ar-condicionado, que se vai dizer: “Olha, vamos mandar colchões e alimentos para o Acre”. Embora nós agradeçamos, porque, neste momento, nós estamos precisando de tudo, de repente, chega um colchão à casa de um cidadão ou a um abrigo, e, talvez, essa não seja a prioridade dele, pois a prioridade dele seria um remédio.

            O que nós estamos pedindo aqui é um socorro ao Governo Federal. O que nós estamos querendo não é resolver... E vi algumas pessoas criticando hoje nas redes sociais: “E quem vai pagar a conta?” Quem vai pagar a conta? Quem vai pagar a conta é o Brasil. Quem vai pagar a conta é o Governo brasileiro. Somos todos nós, porque nós estamos numa situação de calamidade. O povo acriano está sofrendo uma cheia que nunca sofreu nos últimos 100 anos. Nós não sabemos como lidar com essa situação.

            No terminal urbano da nossa cidade - nunca se imaginou -, os ônibus pararam. O centro da cidade está todo debaixo d’água. Nas alagações a que nós estávamos acostumados, alagavam alguns bairros da periferia, como Cidade Nova, Taquari, Seis de Agosto, e a região do porto velho. Hoje, não; hoje, o centro da cidade de Rio Branco está parado. Eu estou falando de Rio Branco onde moram mais de 50% da população do nosso Estado.

            Os abrigos estão todos lotados, e as pessoas que estão nos abrigos ainda recebem benefícios. A mão do Governo do Estado chega, a mão do Governo Federal chega. E esses produtores rurais a que eu acabei de me referir, que nós não sabemos quantos são? Nós não sabemos como é que está a situação das pessoas. Para quem mora na cidade, a Defesa Civil vai lá, tira o seu colchão, tira o seu guarda roupa, tira a sua geladeira. E os produtores que não puderam salvar nada? Como é que nós sabemos como está a situação dessas pessoas? Correram para as terras firmes. Como é que essas pessoas estão passando?

            Sinceramente, o dia de hoje foi um dia muito difícil para mim, principalmente, que estou aqui longe do meu Estado acompanhando por um telefone, pela internet, pelos jornais.

            Eu agradeço, assim, a solidariedade de todos. Hoje, onde procurei, no ministério, fomos de pronto atendidos, mas o problema é que a situação é muito grave. As pessoas estão precisando de comida.

            Eu lembro que Santa Catarina teve uma situação mais ou menos parecida com essa e lá foi uma cidade - salvo engano, Blumenau. E, lá no Acre, eu estou falando de um Estado que está tomado pelas águas. Eu estou falando de mais de 100 mil pessoas que foram atingidas já.

            Tentei, no dia de ontem, uma conversa com a Presidente Dilma para falar da situação por que nós estamos passando. E ela tem sido generosa. O Ministro Gilberto Occhi já esteve lá duas vezes e está no meu Estado, mas é preciso mais. É preciso mais, porque o povo está sofrendo.

            Concedo o aparte ao nobre Senador.

            O Sr. José Medeiros (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Senador, eu imagino a sua angústia, porque ao Parlamento cabe alertar, pedir, se angustiar. E eu tenho acompanhado essa sua angústia, essa sua preocupação com o Estado do Acre, e essa tem que ser uma preocupação nossa, como Parlamento, também. E eu me lembro de um episódio que aconteceu ainda no governo Bush, quando aconteceu aquela tragédia do furacão Katrina, e o governo norte-americano se comportou mais ou menos como o Governo brasileiro está se comportando: foi acompanhando e não atentou para a dimensão que aquilo era. E não cabe a mim dizer o que a Presidenta deve ou não fazer, mas eu creio que até para a Presidenta Dilma seria importante ir ver in loco, descer no Acre...

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Claro!

            O Sr. José Medeiros (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - ... ver a necessidade, colocar como pauta número um neste momento. Nós estivemos debruçados aqui, há poucos dias, sobre a questão dos caminhoneiros. E já alertávamos aqui duas semanas antes, e o Governo também foi tocando. Quando se deu por fé, já estava o País sofrendo o desabastecimento. O senhor colocou aqui muito bem que não se sabe nem o quanto de pessoas que estão, neste momento, desabrigadas na zona rural, nem o tanto que já está na cidade. Isso é preocupante, porque, daqui a pouco, não há como mitigar os estragos já feitos. E, se a Presidente for ali tomar por pé, colocar como prioridade, neste momento, o Estado do Acre, eu não tenho dúvida de que as coisas acontecerão, porque o Executivo pode. Aqui podemos nos indignar, nos angustiar, pedir, mas o Executivo pode ir lá, intervir e ver essa questão. Então, já fica como sugestão número um: que a Presidente possa receber o Senador Sérgio, para, em seguida, ela descer com ele no Estado do Acre para ver essa questão. É isso, Senador. Muito obrigado.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Obrigado, Senador, pelo apoio, pela solidariedade.

            Eu sinceramente não quero, de forma alguma - e tenho criticado muito isto -, quem vai lá ao Estado para tirar fotografia. Nós não queremos. E nem quero, do fundo do meu coração, tirar qualquer tipo de proveito político dessa situação. Estou falando aqui como acriano, pois nasci e me criei no Acre, e minha família toda é acriana. Estou falando aqui por um povo que, neste momento, está passando dificuldades.

            E tenho certeza de que hoje, no nosso País, não há um Estado que esteja passando pelo que estamos passando. Não existe uma prioridade hoje, neste País, que seja maior do que a situação que o Estado do Acre está passando.

            O que estamos querendo é o tratamento que é dado quando há uma cheia em São Paulo, o tratamento que é dado quando há uma cheia em Santa Catarina. Queremos apenas isto: que o Governo brasileiro dê a atenção que o Estado do Acre merece.

            Faço oposição ao Governo do PT no meu Estado, ao Governador Tião Viana, mas, neste momento, não podemos misturar a política. E hoje o exemplo foi dado: estava toda a Bancada aqui com o Ministro Patrus. E, todas as vezes que a Bancada foi chamada, estávamos juntos, porque, com a situação que o povo acriano está passando hoje, qualquer político que ouse tentar tirar proveito político dessa situação vai se dar mal.

            O meu apelo é para que os colegas Senadores, os Ministros, a Presidente Dilma façam uma visita ao Estado do Acre, para que nos prestem essa solidariedade. A ida do Ministro é importante? É muito importante, e somos gratos por isso. É muito importante. Quando eu conversava com o Ministro Gilberto, num voo de Brasília a Rio Branco, e fazia um relato da situação, ele já ficou sensível, mas, quando chegou à cidade de Brasileia e a viu totalmente devastada - o rio passou por dentro da cidade -, ele disse: “Olhe, Senador Petecão, sinceramente, nunca tinha visto isto”. Gente, é uma situação com a qual nunca nos deparamos, não sabemos como conviver com esta situação, que é nova para todos. Isso vai ficar marcado no coração de todo o povo acriano.

            Agora, quando achávamos que o rio tinha parado - até meio-dia, a marca era 18,34, mas, agora, começou a chover, e a marca já é 18,39 -, tiveram que botar caçambas com brita em cima da ponte metálica com medo de as águas levarem a ponte que cruza o rio. Há quatro pontes no nosso Estado que cruzam a cidade, só uma está funcionando. Um congestionamento geral. As outras pontes estão todas interditadas, porque não dá mais para trafegar.

            Meus amigos, em primeiro lugar, eu agradeço a solidariedade.

            Concedo o aparte ao colega Senador.

            O Sr. Lasier Martins (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Senador Petecão, o quadro que V. Exª nos descreve é impressionante e caótico e nos dá um indicativo de certo desleixo do Governo com o que está acontecendo. Pela gravidade do problema, já deveria estar havendo um socorro. A sua palavra candente de tudo o que está acontecendo, que já foi levada às autoridades, nos confirma essa desatenção com o povo do Acre. Além da nossa solidariedade, do Rio Grande do Sul, isso nos faz lembrar o que está acontecendo, embora com outras características, no Município gaúcho, que não tem os 300 mil habitantes que tem Rio Branco, mas que tem 200 mil habitantes, que é o Município de Rio Grande, que vive um drama terrível pelo desespero do desemprego e pela fome que muita gente está passando com a desatenção e o desmoronamento do polo naval. Esse tema já foi objeto de um pronunciamento nosso aqui da tribuna, como também da colega Ana Amélia Lemos, um drama que não foi ouvido ainda, tanto quanto as enchentes de Rio Branco, o drama dos caminhoneiros, o drama do desemprego, que, em poucos meses, tirou o trabalho de 18 mil trabalhadores do polo de Rio Grande e que está levando a uma criminalidade muito grande pelo desespero daqueles que não têm nem salários nem comida. Então, esses episódios localizados estão se acumulando. Está na hora de o Governo mostrar para que existe. Então, o seu apelo é importante, nós nos juntamos também a esse apelo do Município de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, esperamos que a nossa voz chegue ao Palácio do Planalto e providências imediatas sejam tomadas. Muito obrigado.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Agradeço o aparte, Senador...

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - Senador Petecão.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - ... e concedo um aparte ao meu colega de partido, Senador Hélio José.

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - Senador Petecão, V. Exª realmente é uma pessoa muito humana. Percebemos no seu semblante o sofrimento por essa tragédia que abate esse tão importante Estado brasileiro que é o Acre, o Estado que V. Exª representa aqui no Congresso. Nós, com certeza, não podemos deixar de nos solidarizar com V. Exª. Sou testemunha de que V. Exª, como membro do nosso Partido - foi o primeiro Líder -, que agora ganha uma Bancada de quatro Senadores, lutou incessantemente em prol do povo do Acre. Por isso, sei do sofrimento que V. Exª está passando neste momento e acho que as providências têm que ser tomadas. Está claro, como a Senadora Lídice da Mata bem frisou, que isso é motivo de uma MP, de uma medida provisória, pois tem relevância e urgência, para que, dessa forma, possamos prestar o socorro adequado e necessário ao povo acriano e a tudo pelo que V. Exª tem batalhado. Que V. Exª conte com a nossa solidariedade. Fica claro o exemplo nessa situação, Senador Petecão, de que temos que reavaliar a necessidade de se fazer barragem de contenção de águas, principalmente nos momentos em que poderíamos evitar esse tipo de calamidade, como a que hoje está ocorrendo no Sudeste da energia elétrica por falta de água. Não foram feitos reservatórios necessários para prevenir uma seca tão drástica como a que estamos vivendo neste momento. Há essas tragédias naturais que acontecem quando vem a cheia acima do esperado, uma vez a cada cem anos, como a que está acontecendo agora na sua região. Então, a gente precisa debater melhor a utilização dos nossos recursos naturais, dos cursos dos nossos rios. Isto, inclusive, vai ser tema de estudos meus, que a minha assessoria já está preparando: a construção de algumas barragens no Brasil para uma melhor regulação do sistema. Acho que o rio Acre, por essas situações que não são de hoje, são recorrentes, precisa ter seu curso e suas cheias adequadamente estudados, talvez até se prevendo um aproveitamento hidrelétrico e uma melhor regulação para que esse Estado não seja vítima permanente desse tipo de tragédia. Então, quero dizer que me solidarizo com V. Exª, estou junto e acho que o povo do Acre merece todo o nosso carinho e o nosso apoio. Espero que a nossa Presidenta da República, junto com o nosso Presidente e os ministérios envolvidos, esteja pronta para colaborar tanto com o Governo do Estado quanto com o povo do Acre...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - ... na superação desses graves problemas. É o que teria a colocar neste momento. Obrigado.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Agradeço ao Senador Hélio José também a solidariedade e o apoio a este momento difícil pelo que o povo acriano está passando.

            O Senador Jorge Viana acaba de chegar do nosso Estado e só confirma o que relatamos aqui: a situação se agrava a cada dia, e não estamos falando do que está por vir quando essas águas baixarem. Mas nós temos que lidar é com a situação de agora, com as pessoas que todos os dias o Governo do Estado e a prefeitura estão tendo que abrigar. Vai chegar uma hora em que o Governo do Estado não terá mais estrutura, porque, como já disse e vou repetir, essa é uma situação nova; nós nunca deparamos com uma situação dessa.

            Então, meus amigos, fica aqui, mais uma vez, o nosso apelo.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (Bloco Maioria/PMDB - RN) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Concedo um aparte ao Ministro, o nosso querido Senador.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Eu bem que queria ser Ministro agora para poder ajudar o Estado do Acre, mas, como Senador, eu quero me associar aos colegas na solidariedade a V. Exª. E, antes que o Senador Jorge Viana traga um relato ainda talvez mais dramático da situação, eu quero dizer que o Brasil é um País de contrastes. Como assinalou a Senadora Lídice, no Nordeste, há uma seca que vem perdurando por três anos, trazendo consequências as mais nefastas para a população, mas a verdade se impõe no sentido de que há muito mais urgência agora, temos que admitir, no socorro à população do Acre. Daí por que, Senador Petecão, eu transmito a minha solidariedade ao povo do Acre através de V. Exª.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Eu agradeço, querido Ministro, Senador, a sua solidariedade, as suas palavras de conforto ao povo acriano e quero dar o testemunho de que V. Exª, quando Ministro, sempre teve um carinho e uma atenção especial para com o nosso Estado.

            Eu concedo um aparte ao Senador Jorge Viana.

            O Sr. Jorge Viana (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Sérgio Petecão, colega de Bancada do Acre, colegas Senadores, Presidente Paulo Paim, já, já vou presidir a sessão, este final de sessão, e também estou inscrito para falar, mas eu estou aqui fazendo um aparte e agradeço ao Senador Sérgio Petecão. Aproveitando que temos vários colegas Senadoras e Senadores aqui presentes, e todos têm muito respeito pelo povo do Acre, pelo nosso País, quero dizer que eu acabei de chegar do aeroporto, chegar de Rio Branco. A situação era de que o rio tinha se estabilizado em 18,34 metros, e, durante o voo de 3h20 para cá, o rio subiu mais 5 centímetros. Pelo tamanho, pelo nível que estão as águas do rio Acre é algo... Só para que os senhores tenham uma ideia, o abastecimento de água da cidade seria cortado na cota de 18,31. Foi feito um esforço a partir da equipe do Governo do Estado e conseguiu-se ampliar mais 18 centímetros para não cortar o abastecimento de água da capital inteira. Então, em vez de a cota ficar em 18,31, quando tem que se desligar o sistema, passou-se, com mais 18 centímetros, para 18,49 centímetros. Agora, nós estamos a menos de 10 centímetros, com todo o esforço que foi feito pela equipe, na iminência de ter que desligar o abastecimento de água na capital. Em mais de um terço da cidade já foi desligado todo o sistema elétrico. Então, em relação ao prejuízo, à perda, não há quem consiga fazer contas. O Ministro Gilberto Occhi, a quem eu queria agradecer,...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Jorge Viana (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... a pedido da Presidenta Dilma, vai dormir hoje novamente em Rio Branco. Está lá com o Secretário da Defesa Civil, General Adriano, junto com o Prefeito, com o Governador, com toda a equipe. Aliás, o nosso colega Senador Gladson também está lá acompanhando, e outros colegas de Bancada federal. Mas a situação é mais que grave. Estou pedindo agora uma ligação para a Presidenta, porque ela pediu que eu a informasse. Devo falar com ela por telefone ou até pessoalmente. Eu tenho várias fotografias que vou expor aí. A situação é: o terminal de ônibus não funciona, as linhas de ônibus... Nós temos um conjunto de quatro pontes mais no centro da cidade, uma passarela e três pontes. Desculpem, mas as três pontes estão interditadas, porque o acesso não funciona mais, e a passarela também. E a única ponte que temos ligando a cidade, que é dividida pelo rio ao meio, é a da Via Verde. Nenhum serviço público está funcionando, estamos num ponto facultativo até sexta-feira. O que se pede é que as pessoas não circulem de carro na cidade. Agora mesmo um trecho importante do Parque da Maternidade, com as chuvas de hoje, ficou também interditado. E nós temos uma situação mais que grave, de calamidade pública. Qualquer técnico ou cientista é incapaz de analisar o que está ocorrendo por conta do nível a que chegaram as águas do rio, numa soma de coincidências que a gente não consegue explicar, porque era só o Rio Acre que estava alagando. Depois, o Rio Acre, em Brasileia, já secou. Agora, em Brasileia, estamos vivendo o caos de começar a ver o tamanho do estrago e a reconstrução. Em Xapuri é a mesma coisa; o Rio Acre perde. E o Riozinho, que é um afluente importante, que estava com pouca água, transbordou num nível que também nunca tinha alcançado. E agora há uma concentração de chuva há três dias, em Rio Branco, que faz o nível da água aumentar ainda mais, sem que a gente tenha... Então, eu ouvi no carro - V. Exª estava perguntando, Senador - que o plano de contingência de Rio Branco, que, aliás, tem uma ótima Defesa Civil, é preparada para isso... Eu fui Prefeito, eu e o Prefeito Angelim organizamos. O Prefeito Marcus Alexandre está fazendo um trabalho extraordinário. Só que agora saiu completamente do controle, não há mais controle, porque a cota do rio, ao nível que chegou, desde ontem, atinge pessoas que nunca pensaram que teriam problema com cheia do Rio Acre. Aí, não é quem mora na beira do rio, não é quem está em área baixa, em área que possa alagar. Meus pais mesmo, há três dias, já estão na casa do Tião, do Governador Tião Viana, porque na casa deles, em cuja rua nunca chegou água nem perto, há hoje já mais de 30 centímetros de água. Então, são situações... A população realmente está desesperada por perder tudo. Tem gente que vai demorar muito para reconstruir a vida. Nós vamos ter que reconstruir a nossa cidade de Rio Branco, pelo menos mais de um terço da cidade. São mais de 50 bairros atingidos. Eu também quero deixar aqui registrado que, nessa hora, todos nós da Bancada, independentemente de partido, de ser Deputado ou Senador, deputado estadual, vereador, todos os poderes do Acre, estamos juntos e tivemos uma grande reunião hoje. Mas a gente quer que o Brasil inteiro saiba que o povo acriano está precisando daquilo que estamos recebendo: solidariedade e manifestação de apoio, como a gente está tendo. E, obviamente, um esforço enorme do Governo Federal, que não pode faltar. A Presidenta Dilma determinou que o Ministro das Cidades - eu falei com ele também, ele me ligou, por telefone -, o Ministro Occhi, coordenasse todo o trabalho, e a Defesa Civil. Mas confesso que, mesmo com a experiência de ex-Prefeito e ex-Governador, eu nunca imaginei ver algo como nós estamos vendo hoje na cidade de Rio Branco. É de cortar o coração. Só vendo para poder acreditar. E nós vamos ter muito trabalho pela frente, porque agora é o sofrimento das pessoas desalojadas, mas depois nós vamos ter a ideia do incalculável prejuízo que o povo do Acre está vivendo, especialmente na capital. Também em Sena Madureira, que está sendo atingido, mas especialmente na capital. E não sei como a prefeitura e o governo vão fazer para iniciar um processo de reconstrução da capital do povo acriano. Então, me associo às palavras de V. Exª, Senador Petecão, e a todos os colegas agradeço as manifestações. Daqui a pouco, vou presidir e também vou fazer uso da tribuna para relatar para o Brasil inteiro o drama, a calamidade pública que o povo do Acre, especialmente de Rio Branco, Brasileia e Xapuri, está vivendo.

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - Agradeço as palavras do Senador Jorge Viana, que apenas confirmam o que eu já relatava aqui.

            O Senador Jorge Viana acompanhou...

(Soa a campainha.)

            O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC) - ... o Ministro Gilberto Occhi, a quem já tive a oportunidade de agradecer por várias vezes - já esteve duas vezes no nosso Estado; está lá -, e recebemos a notícia de que vai dormir hoje lá em Rio Branco.

            Mas a verdade é que é isso que o Senador Jorge falou: nós perdemos o controle da situação. Não é por conta do esforço do governador; não é por conta do esforço do prefeito. Reconhecemos que tem sido feito o que pode. 

            O problema é que nós nunca convivemos com uma situação dessas. O posto de gasolina da minha família está com um metro de água. Passei minha vida toda e nunca vi isso! No bairro onde nasci, 6 de Agosto, há um metro de água na rua principal.

            Como o Senador Jorge Viana disse, vocês já imaginaram? São 30% da energia! O segundo distrito da cidade, entrada da nossa cidade, está praticamente todo apagado, está às escuras. Se se cortar o abastecimento de água, a situação tende a piorar.

            Então, fica aqui, mais uma vez, meu apelo às empresas, aos empresários, aos sindicatos que queiram nos ajudar. Está lá o contato com a Defesa Civil. Ou, então, mantenham contato com o gabinete do Senador Jorge Viana ou com o meu gabinete. Toda ajuda agora, neste momento, com certeza, será bem-vinda.

            Quando eu me referi a outras catástrofes no País, eu citei a situação de Santa Catarina. Não dá para medir a dimensão do que aconteceu lá, mas tenho a certeza de que não foi maior que o que está acontecendo no Acre.

            Eu fiquei tão feliz, na hora do almoço - eu almoçava na casa do Senador Wilder -, quando vi o Jornal da Globo colocando o contato para quem quisesse ajudar. Então, começa a se criar um movimento de solidariedade, mas, agora, estamos precisando de ajuda concreta. Tenho certeza, tenho certeza de que o Brasil vai se mobilizar numa ajuda para amenizar o sofrimento do povo acriano.

            Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2015 - Página 190