O SR. SÉRGIO PETECÃO (Bloco Maioria/PSD - AC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia, colegas Senadores e Senadoras, eu vou fazer uso da tribuna para fazer um relato da atual situação em que hoje se encontra o nosso Estado. Passei todo este final de semana - quinta, sexta, sábado e domingo - em Rio Branco, acompanhando de perto a situação dos desabrigados. As águas do Rio Acre começam a baixar, e as pessoas começam a fazer a parte mais difícil, que é a parte da limpeza. É quando as águas ficam ali empoçadas, e vêm as doenças.

            Hoje tive a informação, através da imprensa do Estado, de que, na quarta-feira, a Presidente Dilma vai estar no nosso Estado, acompanhada, inclusive, de vários Ministros.

            Essa notícia foi veiculada em alguns jornais do nosso Estado e estamos aguardando com muita expectativa a ida da Presidente Dilma ao nosso Estado, nós que, na quarta-feira, fizemos uso da tribuna aqui no Senado e fizemos um apelo para que a nossa Presidente fosse ao nosso Estado ver in loco a situação por que passam hoje os desabrigados, por que passa hoje o povo acriano.

            O que não podemos é esquecer das coisas muito rápido. Hoje, Rio Branco é que está sofrendo, mas nós temos que lembrar que os Municípios de Assis Brasil, de Brasiléia, de Xapuri, de Epitaciolância, a nossa capital e agora o Município de Porto Acre também foram atingidos pelas cheias. Estou falando só dos Municípios. Não estou nem me referindo à zona rural do nosso Estado. Esta, sim, foi a grande prejudicada.

            Nesse momento em que nós temos a expectativa da ida da nossa Presidente ao nosso Estado, era muito importante que o Governo do Estado - e se eu tiver oportunidade de pedir eu vou pedir, já fica aqui este apelo -, que a nossa Presidente não seja blindada para visitar só aqueles lugares que o Governo tem interesse. Deve levá-la ao Parque de Exposições, onde as pessoas estão sendo assistidas, tem que deixar a Presidente ver a verdadeira realidade: que ela vá a um bairro como Taquari, que vá à Cidade Nova, que ela vá a Brasileia para ver como essas pessoas estão vivendo.

            Eu não consigo entender, Presidente Ana Amélia. A imprensa está anunciando que o Governo do Estado vai entregar, na quarta-feira, junto com a Presidente Dilma, 966 casas. Ora, se essas casas estavam prontas, por que não entregaram a essas pessoas que foram atingidas pela cheia? Nós íamos ter aí quase mil pessoas que não estariam hoje naquela situação em que estão. Porque não deu tempo de fazer essas casas em uma semana!

            A imprensa está divulgando que a Presidente Dilma vai entregar... E graças a Deus que ela vai lá para entregar essas casas. Ora, se as casas estavam prontas, por que não foram entregues à população?

            A imprensa divulgou - eu conversava com alguns amigos da imprensa - que hoje fizeram um verdadeiro comício no pátio da Arena da Floresta, para deflagrar a operação limpeza.

            Pelo amor de Deus! A limpeza já era para estar sendo feita, em alguns bairros, desde sábado.

            Eu, sinceramente, quando falo, é porque sou oposição. Não é, não! Não é querer ser oposição, não. É porque, neste momento de fragilidade, neste momento em que as pessoas estão sofrendo, nós não podemos tentar tirar nenhum tipo de proveito político dessa situação. Nós temos é que unir a bancada e agradecer ao Governo Federal pela sensibilidade que teve na situação do Acre. O Ministro Gilberto Occhi esteve duas vezes lá no nosso Estado - duas vezes! O Secretário da Defesa Civil, General Adriano, esteve lá no nosso Estado.

            O que não pode e não deve acontecer, e que isso sirva de exemplo... Eu fiquei indignado quando soube. E o pior é que nós não podemos reclamar, porque, se vão entregar as casas, que sejam bem-vindas essas casas. Mas se as casas estavam prontas, por que já não tinham entregado essas casas para as pessoas que precisam? Por que as pessoas tinham que passar mais uma alagação. Por que as famílias tinham que sofrer mais uma alagação?

            Eu, sinceramente, às vezes, fico indignado, porque não dá para você descrever o sofrimento das pessoas.

            No domingo, eu fui ao Taquari e no sábado estive na Cidade Nova. É de cortar o coração você ver aquelas pessoas que perderam quase tudo, aquelas pessoas que não conseguiram tirar nada. Algumas pessoas ficaram totalmente ilhadas, não tinham condições, a água subiu muito rápido. O Governo fez o que pôde, mas muitas famílias perderam seus guarda-roupas, perderam fogão, geladeira. Aqueles pequenos empresários que tem ali, naqueles bairros. que estão ali trabalhando com muita dificuldade perderam tudo. Eu vi lá um rapaz do Taquari, o Marcelo, perdeu quase tudo. O Neguinho, lá dentro do Taquari, perdeu tudo. Então, é essa sensibilidade que o Governo deveria ter.

            Eu, sinceramente, me preocupo. Na quarta-feira, a Presidente Dilma está indo lá. Se nós mostrarmos para a Presidente Dilma só o lado bom das coisas, o Brasil, que nos acompanhou aqui, através desta tribuna, fazendo um apelo...

            Eu vi hoje o Senador Gladson aqui, participando de uma campanha, juntando benefícios. O Brasil está todo mobilizado, tentando ajudar. Aí, se a Presidente vai ao nosso Estado e nós mostramos lá a Cidade do Povo, aqueles meio-fios todos pintadinhos, entregando 900 casas...

            Eu estou fazendo um apelo aqui. Se a assessoria do Palácio estiver me ouvindo, que quebrem todos os protocolos possíveis. Pega lá o carro do Exército: “Eu quero ver como é que o cidadão comum, aquele que se deparou com aquela situação dessa enchente, eu quero ver como é que está a verdadeira situação dele”. Isso é o que eu quero ver, porque aí você tem um raio X da realidade. Tudo o que eu disser aqui é pouco diante da situação que o nosso povo está vivendo lá. Tudo o que foi dito, esses filmes que aparecem, não condiz com a verdadeira realidade, porque no filme você não vai sentir aquele cheiro horrível que está dentro daquelas águas; na fotografia, você não vai sentir aquele cheiro horrível com que aquele povo está convivendo ali, dentro daquelas águas que estão ficando paradas. Então é isso.

            Eu, sinceramente, hoje, quando eu vi... Mandaram as cenas do comício que fizeram na Arena da Floresta. Vai ser deflagrada a operação. Ótimo, mas não precisa disso! Esse pessoal tinha que estar limpando lá dentro da Cidade Nova desde sábado. As pessoas ficam ligando, pedindo que levem produtos de limpeza, ajudem com os produtos de limpeza. Não, tem que reunir, fazer um comício para poder começar a operação.

            E aqui queria aproveitar, Senador Gladson, V. Exª está presente aqui. Eu queria prestar a minha solidariedade - e eu queria fazer de público isso - à sua pessoa. Esse episódio, essas denúncias. Eu o conheço, conheço seu pai, conheço sua mãe, conheço a luta da sua família. Ontem, lá no meu Estado, conversava com alguns amigos, e alguns setores da imprensa tripudiando, tentando manchar seu nome, o seu trabalho, o nome da sua família. Eu tenho dito: olha, eu, até que me provem o contrário, eu vou acreditar no senhor até a última hora. E eu tenho certeza de que V. Exª não está envolvido nisso, em primeiro lugar, porque não precisa e, em segundo lugar, porque é muito fácil as pessoas acusarem sem a pessoa ter o mínimo de defesa. Tenho certeza de que o senhor vai ter acesso a essas informações e vou estar torcendo para que o senhor possa vir aqui, nesta tribuna, como já foi feito hoje por alguns Senadores, mostrar a sua versão e entregar na mão da Justiça. Deixe a Justiça apurar. E eu certeza de que V. Exª está inocente nessas denúncias que estão sendo feitas aí.

            Agora, é difícil. É difícil porque, às vezes, você não vai ter o espaço para se defender na imprensa. A própria imprensa te destrói, te acaba com a vida. Em lembro, eu fui vítima. Deram uns tiros na minha casa, lá no Acre. A polícia lá, o diretor de polícia representou contra mim aqui, no Senado, fez uma representação, pedindo a cassação do meu mandato por conta de um episódio. E eu não tinha nada a ver com isso. Não tinha nada a ver com isso.

            Então, eu penso que o senhor vai ter as oportunidades necessárias para se defender e mostrar a sua inocência.

            Obrigado, Presidente.