Pronunciamento de Jorge Viana em 12/03/2015
Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Agradecimento à Presidente da República pela solidariedade e apoio prestados ao povo do Acre ontem, em visita oficial àquele Estado; e outro assunto.
- Autor
- Jorge Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Jorge Ney Viana Macedo Neves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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CALAMIDADE:
- Agradecimento à Presidente da República pela solidariedade e apoio prestados ao povo do Acre ontem, em visita oficial àquele Estado; e outro assunto.
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POLITICA FUNDIARIA:
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/03/2015 - Página 165
- Assuntos
- Outros > CALAMIDADE
- Outros > POLITICA FUNDIARIA
- Indexação
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- AGRADECIMENTO, VISITA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LOCAL, ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, APOIO, VITIMA, INUNDAÇÃO, RIO ACRE, EXPECTATIVA, RELAÇÃO, ALTERAÇÃO, CLIMA, PLANETA, RECLAMAÇÃO, FALTA, DIVULGAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, ASSUNTO, CALAMIDADE PUBLICA.
- REGISTRO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTICIPAÇÃO, EVENTO, REFERENCIA, ENTREGA, HABITAÇÃO, ORIGEM, PROGRAMA DE GOVERNO, PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA (PMCMV), LOCAL, ESTADO DO ACRE (AC).
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Eduardo Amorim, caros colegas Senadores, Senadoras, eu venho à tribuna para prestar conta ao País, à população do Estado do Acre e trazer informação sobre a calamidade pública que estamos vivendo em alguns Municípios do Acre.
Ontem, neste momento de sofrimento da população, de dificuldades por que os prefeitos passam, que o Governo do Estado enfrenta, nós tivemos a visita da Presidenta Dilma. Ela já havia me recebido em audiência, uma semana atrás, havia falado da sua decisão de ir, pessoalmente, acompanhar de perto, de levar os Ministros, para ficar numa posição de solidariedade, num primeiro momento, mas também, como Chefe do Executivo, da Nação, ir lá para tomar as decisões que o Governo Federal pode tomar neste momento em que o povo acriano enfrenta tanta dificuldade.
As cheias que estamos experimentando na Amazônia - eu não tenho dúvida disto, nem como técnico, nem como engenheiro florestal -, de alguma maneira, nos mostram algo que teoricamente alguns têm a convicção de que já está acontecendo no mundo e que outros buscam evidências para acreditar, ou seja, que nós podemos ter mudança do clima no Planeta.
Eu particularmente não tenho dúvida alguma de que nós estamos tendo uma expressão na mudança climática.
O IPCC, que reúne mais de dois mil cientistas do mundo inteiro e se reúne já há muitos anos, tem um consenso, e olha que consenso de dois mil cientistas é quase impossível: de que a mudança no clima do Planeta já está ocorrendo e que ela é resultante da ação do homem, desse modelo de produção, de consumo, da relação homem-natureza que estabelecemos e desse padrão de vida absolutamente insustentável, em cidades insustentáveis, em uma vida insustentável, que ocorre, seja pelo abuso dos países desenvolvidos, seja pela carência dos países menos desenvolvidos.
É esse mundo desigual, que abusa no uso dos recursos naturais, na emissão de gases e efeito estufa! E agora nós, que estamos há algum tempo agredindo a natureza, estamos começando a sentir os resultados dessa agressão.
É só nós observarmos: em lugares em que havia uma temperatura elevada em determinado período do ano - havia mais calor -, agora o calor é mais extremo; onde havia mais frio, agora um frio mais extremo; onde havia seca, uma seca mais longa; onde havia uma chuva intensa, uma chuva mais intensa ainda.
Choveu no Acre, na região do Alto Acre, em 90 horas - 90 horas! -, 800 milímetros. Eu nunca vi nada parecido! Nada parecido! Uma concentração de água em uma Bacia, que é a Amazônica, com um desnível muito pequeno - de Rio Branco até Belém o desnível é de 130 metros, em 3.500 quilômetros -, quaisquer dez metros é algo muito forte. E o Rio Acre alcançou 18,4 metros. Imaginem 18 metros de lâmina d’água e 40 centímetros! Nunca tínhamos tido nada parecido.
Daí termos seca em São Paulo, em Minas, no Espírito Santo, no Rio de Janeiro... Da Mata Atlântica, no Rio de Janeiro, só sobraram 6%. Quantas mil nascentes foram mortas nesse período? Quantas mil nascentes foram eliminadas?
Então, a ação do homem...
Em São Paulo mesmo, os Rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros não podem ser utilizados para se tirar água, tratar e servir à população, pelas condições desses rios, e a população tem que racionar a água. Na Amazônia, estamos tendo outro extremo, excesso de água, mas já tivemos uma seca no Acre, com incêndios florestais, em 2005.
Mas quero dizer que, vivendo talvez o maior desastre ambiental de toda a história do Acre, da história de Rio Branco, há uma coisa que eu quero agradecer aqui da tribuna: a maneira gentil, carinhosa e educada com que a população, manifestando-se, recebeu a Presidenta Dilma.
Lamento, mas vi, esta semana, matérias na imprensa - na televisão, no rádio, no jornal -, falando de uma manifestação que ocorreu num salão de exposições, em São Paulo, contra a Presidenta Dilma. É parte do jogo democrático! Foram algumas dezenas de pessoas - não estou diminuindo, porque às vezes dezenas de pessoas representam muitas pessoas -, mas isso ganhou uma repercussão enorme. Enorme! O que é natural na democracia passou a ser algo com uma importância desproporcional.
No Acre, a Presidenta foi recebida por milhares de pessoas. Milhares!
Não saiu uma única linha no Jornal Nacional, mas no Jornal da Globo, da mesma Rede Globo, de ontem, falou em dados de cinco mil pessoas, aplaudindo e recebendo com carinho e com sentimento de solidariedade a Presidenta da República. Eu estava junto; fui e voltei com Ela. Em nenhum momento, foi hostilizada; ao contrário, o povo acriano, o povo de Rio Branco e de alguns Municípios se uniu. Não é que no Acre a população não esteja vendo e não esteja enfrentando dificuldades, aliás, as dificuldades estão aí, a população quer mudanças, a população quer mais mudanças, a população quer melhorias e tem direito de cobrar, de exigir e de se manifestar.
Mas imaginem, na hora em que estamos vivendo a maior tragédia, com milhares de família sem ter uma casa, um abrigo, morando em um abrigo improvisado pela Prefeitura e pelo Governo - que, aliás, merecem os parabéns pelo trabalho que estão fazendo, o Prefeito Marcus Alexandre e o Governador Tião Viana -, lá todos estavam unidos em um propósito: solidariedade, um sentimento de união para enfrentar um desafio tremendo causado pela cheia do Rio Acre.
Acho que isso é nobre, isso é importante. Do mesmo jeito que eu acho que este nosso País, que se divide nas eleições como parte do jogo democrático, não pode se dividir depois das eleições. Acho que, se há erros por parte do nosso Governo, da nossa ação política, são concretos. Se o Brasil precisa enfrentar, se unir para enfrentar a corrupção, estamos de acordo. Se o Brasil precisa enfrentar seus problemas estruturais, estamos de acordo. Mas nós não podemos passar a vida inteira nos dividindo. E é isso que eu espero que não ocorra.
A Presidenta Dilma foi com um propósito, levou o Ministro da Saúde, levou o Ministro da Integração, levou a Presidente da Caixa Econômica, entregou 997 casas, que, já em uma parceira com o Governador Tião Viana, estavam sendo feitas e estão prontas. Quase mil famílias, de ontem até sexta-feira da próxima semana, vão sair do abrigo direto para as suas casas, porque essas casas estavam sendo feitas dentro de um planejamento, na Cidade do Povo, no Minha Casa, Minha Vida, para atender famílias que vivem em áreas de risco, em áreas alagadas.
Até junho, serão mais 1.200 famílias que terão suas casas novas, um lar, um abrigo definitivo. Esse é o resultado da política boa, da política que transforma a vida dos mais pobres. E nós devemos isso ao programa Minha Casa, Minha Vida, iniciado no governo do Presidente Lula, levado adiante no Governo da Presidenta Dilma e que é feito em parceria com Estados e Municípios. No caso do Acre, é um dos mais prioritários programas do Governo Tião Viana, na Cidade do Povo.
Quantos Estados e Municípios estão se antecipando aos problemas? Ninguém podia prever que seria a maior cheia da história, mas, também, ninguém consegue fazer casas em duas, três semanas. Daí, a importância do trabalho, dessa parceria com o Governo Federal.
Agradeço a todas as instituições públicas envolvidas, estaduais, municipais e federais; agradeço à sociedade a solidariedade do Brasil inteiro, mas queria fazer este registro. Eu não sou daqueles que acham que notícia é quando alguém morde um cachorro. Um cidadão morde um cachorro, é notícia, vai para a capa do jornal; mas, se um cachorro morder uma pessoa, não é notícia.
Eu não quero mal comparar nada, mas nós não podemos também tapar o sol com a peneira. Se há um ambiente de descontentamento, há. Tanto há que na eleição nós tivemos uma disputa onde o Brasil, de alguma maneira, se dividiu. Eu acho que quem ganhou tem que ter a grandeza de estender a mão, de fazer o gesto do vencedor para o vencido, não para diminuí-lo, mas para chamá-lo e dizer: "Olha, passou. Agora vamos trabalhar.", cada um com sua opinião, com sua divergência.
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Mas também acho que cabe aos que perderam virar a página e começarmos uma normalidade, cada um com sua opinião, cobrando e exigindo os compromissos de campanha. Que as mudanças que o povo brasileiro quer e merece sigam acontecendo no nosso País!
Então, eu vim à tribuna, Sr. Presidente, para agradecer à Presidenta Dilma, ao Governo Federal, o apoio. A Presidenta publicou no Diário Oficial apoio para prefeitos, a maioria deles do PSDB, de um partido que faz oposição ao Acre. E não poderia ser diferente! Isso é uma ação republicana!
Agora, o que eu fiquei triste foi que a grande imprensa estava lá. Estavam lá O Globo, a Folha de S.Paulo, o Estadão. Os grandes veículos de comunicação, na maioria, nem uma linha sobre a maneira carinhosa, acolhedora, emotiva com que a Presidenta Dilma foi recebida. Aí eu acho que não vale. Vamos mostrar as duas faces da moeda, porque a moeda é a mesma, para que não venhamos mascarar aquilo que temos de bom. Não acho que se deva esconder o que está errado, mas nós também não podemos cair numa armadilha de esconder o que está ocorrendo de bom no Brasil.
A Presidenta Dilma assumiu um compromisso lá no Acre, de que vai cortar - eu estava no avião com ela -, vai seguir fazendo aquilo que, aliás, a oposição cobrava, que era fazer um ajuste, melhorar as despesas do Governo, cortar gastos que podem ser cortados. Aí, agora que ela está adotando essas medidas, aquilo que era bandeira da oposição não é mais. Então, que a Presidenta Dilma não seja atacada pelas qualidades, pelas medidas certas.
Eu, sinceramente, fiquei muito feliz quando ela disse: “O Minha Casa, Minha Vida 3 sairá em poucos meses, porque vamos cortar despesas que precisam ser cortadas, vamos fazer o ajuste econômico que precisa ser feito, mas vamos garantir o programa que dá casa para os brasileiros.” Ela tornou público ontem - e não era mais um palanque eleitoral, a eleição já ficou para trás - que fará um programa de mais de três milhões de casas, porque quem fez 2,1 milhões de casas, quem está fazendo 1,6 milhão de casas para serem entregues, que somam 3,7 milhões de casas, pode prometer e assumir o compromisso de fazer mais três milhões de casas.
É isto o que eu queria deixar aqui, o meu agradecimento à Presidente pela sensibilidade. Todo mundo está dizendo que uma crise danada está acontecendo e que a Presidente passou um dia inteiro lá. Saímos daqui de manhã, trabalhamos, comemos no avião e voltamos à meia-noite para Brasília. Eu quero dizer: Presidenta, muito obrigado! A senhora foi bem recebida no Acre pelo Governador, pelos Prefeitos de todos os Partidos, pela nossa Bancada de Deputados Estaduais e de Vereadores, pela sociedade que estava lá no ato. Era a sociedade que estava no ato. Não adianta dizer que era só funcionário público ou militante do PT. Eu conheço o meu Estado e as pessoas! Era a sociedade que estava lá, do pobre, do que nada tem ao que tem muito.
Eu queria agradecer à Presidenta Dilma e dizer que a gente conhece o bom amigo na hora da dificuldade. O povo acriano está enfrentando uma extrema dificuldade. Ela largou tudo aqui, passou o dia inteiro lá...
(Soa a campainha.)
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ...para levar solidariedade e apoio ao povo acriano. Tomara que esse exemplo da Presidente se institucionalize neste País e que a gente separe os problemas que a gente tem daquela busca de solução! Todos nós temos de estar juntos sempre, independentemente das opções partidárias e das ideias, que não divergem completamente, mas que alimentam a pluralidade da democracia, que só a democracia garante.
Muito obrigado, Sr. Presidente. Agradeço a tolerância de V. Exª. Aliás, eu queria dar as boas-vindas a V. Exª, que teve um problema de saúde - creio que não há problema em torná-lo público -, mas que está bem recuperado.
O SR. PRESIDENTE (Ronaldo Caiado. Bloco Oposição/DEM - GO) - Obrigado.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - O médico ali me deu o seu parecer de que V. Exª está bem. Estou muito contente de ver o colega aqui de volta, podendo assumir aí já na plenitude.
O SR. PRESIDENTE (Ronaldo Caiado. Bloco Oposição/DEM - GO) - Fico muito agradecido, Senador.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Vai ter de ser um pouco mais devagar, não é?
O SR. PRESIDENTE (Ronaldo Caiado. Bloco Oposição/DEM - GO) - É verdade.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Com cinco dias de operação, V. Exª já está aqui. A Medicina evoluiu muito neste País também. Bom restabelecimento para V. Exª!
O SR. PRESIDENTE (Ronaldo Caiado. Bloco Oposição/DEM - GO) - Fico muito agradecido.
O SR. JORGE VIANA (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Que a gente possa aqui conduzir um trabalho sempre pelo bem do Brasil!
Obrigado, Senador que preside esta sessão, Senador Ronaldo Caiado.