Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Indignação com a construção de um muro na Prefeitura de Goiânia em razão da visita da Presidente da República à Cidade .

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PODER EXECUTIVO:
  • Indignação com a construção de um muro na Prefeitura de Goiânia em razão da visita da Presidente da República à Cidade .
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2015 - Página 233
Assunto
Outros > PODER EXECUTIVO
Indexação
  • REPUDIO, CONSTRUÇÃO, MURO, PREFEITURA, GOIANIA (GO), MOTIVO, MELHORAMENTO, SEGURANÇA, VISITA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, OBJETO, AUMENTO, DESAPROVAÇÃO, POPULAÇÃO.

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, volto à tribuna, no dia de hoje, para poder dar conhecimento, aos meus colegas Senadores, às minhas colegas Senadoras e a todo o País, sobre o que está ocorrendo, neste momento, na capital do meu Estado, a cidade de Goiânia.

            A cidade de Goiânia, o povo goiano sempre foi um povo ordeiro, receptivo. É uma característica e até um estilo da goianidade. É um Estado que absorve e tem o maior carinho por todos aqueles que vieram de todos os Estados do Brasil, que são acolhidos como se fossem goianos e que foram e são fundamentais para o crescimento do nosso Estado.

            Mas o que ocorre hoje é algo inédito. A minha cidade, a capital do meu Estado, de que me orgulho ser Senador e falar pelo Estado de Goiás, está vivendo uma situação jamais vista, eu acredito, em qualquer lugar do País.

            A Prefeitura da minha cidade, da capital Goiânia, está sitiada. Foi construído um muro cercando a Prefeitura da cidade de Goiânia.

            Os funcionários foram todos dispensados. Foi considerado, hoje, um feriado, para que não permanecesse lá nenhum funcionário.

            Aí as pessoas perguntam: mas por que está ocorrendo isso com a cidade de Goiânia, capital de Goiás? Porque a Presidente Dilma resolveu ir a Goiânia. E a Presidente da República, hoje, não tem condições - disse o serviço de segurança do Palácio do Planalto - de poder ser recepcionada em lugar que não estivesse sitiado por um muro - que hoje é um emblema do muro da vergonha na nossa capital.

            A Presidente vai chegar de helicóptero diretamente no Paço Municipal. Os convidados têm que colocar seus carros a uma distância de mais de dois quilômetros. Há ônibus especiais para que as pessoas possam adentrar aquela área sitiada, para poder receber a Presidente da República, que vai assinar um convênio com a Prefeitura de Goiânia.

            Isso é grave. Isso mostra que o momento que nós estamos vivendo no País é extremamente delicado.

            Além das crises a que nós estamos assistindo na área da economia e da perda de credibilidade por falta de ações concretas para combater a corrupção, nós estamos vendo a área econômica se desintegrando, a crise política e a cena de ontem que ocorreu na Câmara dos Deputados, com sucessivos problemas que tem. Nós estamos vendo hoje uma Presidente totalmente ilhada e prisioneira ao Palácio do Planalto, sem poder caminhar no País que ela preside, sem poder falar até com o povo que a elegeu, sem poder ter acesso à sociedade, à população brasileira. Isso, cada vez mais, mostra que a crise de ingovernabilidade está atingindo patamares extremamente preocupantes.

            Nós estamos hoje diante de uma situação onde as decisões da Presidente da República já não repercutem mais. Ela não é mais porta-voz da sociedade brasileira. Ela se enclausura. Ela se fecha para poder amanhã promover eventos, eventos que poderiam estar ali num momento maior do seu Governo, para dizer: "Veja bem o que eu estou trazendo para a cidade de Goiânia”.

            Mas o povo está tão escandalizado, tão decepcionado, que a população diz: "Olha, o que nós queremos neste momento é ter um outro perfil na Presidência da República, uma pessoa que não minta para a população, que não engane, que não faça o jogo do vale-tudo para continuar no poder.” É isso o que a sociedade brasileira clama neste momento.

            Nesta hora, o povo goiano reage, reage porque passa a ser uma verdadeira afronta a um povo ordeiro, a um povo que jamais na vida desrespeitou as autoridades constituídas que mereçam o respeito do goiano.

            E eu encerro, Sr. Presidente, dizendo que aqui, sem dúvida nenhuma, fica a voz do Senador Ronaldo Caiado, que tem orgulho de falar pelo meu povo goiano, em dizer que essa atitude da Presidente da República foi uma afronta a todo o Estado de Goiás. É inaceitável, para poder se deslocar ao meu Estado, ter que criar e construir um muro da vergonha, ter que fazer com que a autoridade que chegue lá não possa ter acesso à população e nem ouvir as nossas reivindicações.

            É deprimente, é triste assistirmos o que nós estamos assistindo hoje. É momento de uma profunda reflexão da Presidente Dilma entender que ela hoje não representa o sentimento da população brasileira, que ela traiu todos aqueles compromissos que fez com quem votou nela. E, no presidencialismo, ninguém sobrevive se não tiver o respeito e a credibilidade da população.

            Termino mesmo, Sr. Presidente, triste em ter que vir ao plenário trazer uma informação que choca todos nós e que mostra que, a cada dia que passa, a crise se agrava

e toma proporções irreversíveis, e este Senado Federal tem a responsabilidade de dar ao País e ao povo brasileiro a alternativa de poder, amanhã, ter paz, tranquilidade e condições de vencer na vida.

            Muito obrigado.

            Era o que eu tinha a dizer, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2015 - Página 233