Comunicação inadiável durante a 31ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre dados divulgados pelo instituto de pesquisas Datafolha que demonstram a baixa aprovação do Governo Dilma Rousseff; e outro assunto.

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Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Comentários sobre dados divulgados pelo instituto de pesquisas Datafolha que demonstram a baixa aprovação do Governo Dilma Rousseff; e outro assunto.
CALAMIDADE:
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Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2015 - Página 340
Assuntos
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > CALAMIDADE
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, INSTITUTO, VINCULAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ASSUNTO, REDUÇÃO, APROVAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, IMPOSTOS, CRITICA, ORÇAMENTO, ACRESCIMO, FUNDOS, PARTIDO POLITICO, DEFESA, NECESSIDADE, CORTE, GASTOS PUBLICOS.
  • REGISTRO, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, INUNDAÇÃO, MUNICIPIOS.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Presidente Jorge Viana.

            Obrigada, Senador Crivella, pela compreensão - nossa agenda é corrida. Eu queria agradecer também os nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado.

            Nós tivemos hoje o impacto das medidas que o Governo toma para o combate à corrupção e, ao mesmo tempo, a informação a respeito da avaliação da Presidente da República. E não nos consola o fato de que estamos, do ponto de vista da avaliação da sociedade brasileira, abaixo da avaliação negativa do Poder Executivo. O Legislativo está com uma avaliação negativa superior àquela registrada pelo Poder Executivo, depois das manifestações de domingo, quando milhares de brasileiros e de brasileiras foram às ruas, de alguma maneira, manifestar sua insatisfação pela situação que estamos vivendo no País, um pouco pela falta de perspectiva, pelo problema do desemprego.

            Sou do Rio Grande do Sul. Em seu polo naval, um dos projetos mais importantes, houve uma redução, há apenas 20% da capacidade dos trabalhadores daquele grande e ambicioso projeto, tudo por conta do envolvimento da Petrobras, que é o eixo e a mola da construção das plataformas marítimas lá em Rio Grande, uma situação social gravíssima, aguda. Tudo isso se reflete, meus caros Senadores, na avaliação de desempenho do Governo da Presidente Dilma Rousseff - e claro que também, hoje, no caso da pesquisa.

            Normalmente, aqui, as pessoas que defendem o Governo o fazem com legitimidade, mas é bom alertar. ´

            Sempre se fala aqui que as manifestações de domingo eram dos que não votaram na Presidente, eram dos ricos contra os pobres, eram dos eleitores do candidato derrotado, era uma campanha do terceiro turno. Nada disso. Essa pesquisa mostra claramente que mesmo as pessoas com salário de um a cinco salários mínimos também estão com um índice de rejeição, índice negativo de avaliação do Governo, elevado. Então, não é uma questão de classe, de ricos e pobres, de Avenida Paulista contra a periferia, não é isso, é uma percepção clara.

            E tenho dito aqui, como Senadora independente e meu Partido está na Base do Governo: está na mão da Presidente a capacidade e o poder de fazer.

            Hoje ela tomou a iniciativa de criminalizar o caixa dois, e isso vale para a campanha eleitoral e para as outras questões, mas, sobretudo, para o âmbito político: a aplicação da Lei da Ficha Limpa para todos os cargos de confiança no âmbito federal. Nós já deveríamos ter feito isso há dez anos - há dez anos.

            Essas medidas são importantes? São. Não vamos agora dizer que está tudo errado, não é assim. Está certo. Fez. É preferível fazer tarde a não fazer nunca - antes tarde do que nunca, é o ditado popular. Mas isso tudo poderia ter aliviado muito do que estamos vendo agora em relação à maior estatal brasileira, se ela tivesse tomado essas medidas há mais tempo.

            E são exatamente essas as questões que a própria sociedade cobra e quer saber por que não foi feito isso antes.

            Essa avaliação da Presidente leva também a uma posição nossa aqui.

            A avaliação negativa da Presidente, segundo a pesquisa Datafolha, foi feita entre segunda-feira e terça-feira: sessenta e dois por cento dos brasileiros classificam a gestão da Presidente como ruim ou péssima. Há 22 anos, quando o Senador Fernando Collor estava prestes a deixar o poder por um impeachment, a reprovação do governo era de 68%.

            Com indicadores de expectativa econômica batendo recordes negativos, a reprovação da Presidente da República subiu 18 pontos desde fevereiro. A pesquisa foi feita com 2.842 eleitores, logo após as manifestações de domingo nos atos contra o Governo, que levaram milhares às ruas.

            Conforme a série do Datafolha, é a primeira vez que a Presidente da República enfrenta insatisfação da maioria da população em relação ao seu governo - da maioria -, inclusive daqueles que nela votaram nas eleições do ano passado.

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - No sentido oposto, a taxa de aprovação chegou ao ponto mais baixo desde o início de seu primeiro mandato. Os que julgam sua gestão como boa ou ótima somam 13%, sugestivamente 13% - todos sabem o significado desse número para o partido da Presidente.

            Então, é preciso que a gente tenha a noção exata do que está acontecendo e não imaginar que não somos diferentes e não precisamos também mudar o curso.

            Ontem, na aprovação do Orçamento da União para 2015, aprovamos um acréscimo milionário para os partidos políticos, bilionário para os partidos políticos, com o argumento de que houve um aumento do número de partidos e que teria que repartir o dinheiro público, dinheiro do povo.

(Interrupção do som.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Já estou terminando, Presidente. (Fora do microfone.)

            Então, quando a população nos avalia negativamente, ela olha também que, se falta dinheiro para a saúde, nós estamos jogando dinheiro para os partidos políticos.

            A democracia não tem preço. Os partidos precisam ser fortalecidos. Mas esta é a hora de se fazer isto? Esta é a hora de pegar o dinheiro que está faltando? Estamos vivendo uma crise econômica sem precedentes. A Presidente pede sacrifício dos trabalhadores, reduz direitos trabalhistas, pede aumento dos impostos, já estão sugerindo a volta da CPMF, e nós aumentamos R$570 milhões para reforçar o caixa dos partidos! Isso é o que se chama de insensibilidade para o que as ruas fizeram no domingo.

            E aí esta Casa e a outra Casa legislativa podem pagar um preço mais caro ainda. Podemos baixar muito mais do que os 9%.

            Há pouco, a Senadora Vanessa falou aqui que nós precisamos ter humildade. E nós precisamos ter não só humildade. Precisamos ter responsabilidade com o que as ruas estão nos dizendo. E se não tivermos essa compreensão e essa sensibilidade, teremos de pagar um preço muito caro por essa desatenção com o que as ruas estão clamando.

            Então, chamo atenção para isso. Absolutamente, não menosprezo a iniciativa das medidas tomadas pelo Governo em relação ao combate à corrupção. Apenas digo que nós poderíamos ter iniciado esse processo antes. Mas é melhor tarde do que nunca! Estou aqui para ajudar a votar as matérias, mas não para aumentar a carga tributária, porque a sociedade e o setor produtivo não aguentam mais.

            O que o Governo precisa fazer, repito, é tão somente um esforço muito grande para reduzir os seus gastos excessivos: trinta e nove ministérios, eles podem ser reduzidos para 20 ministérios; cartão corporativo, cargos comissionados, diárias viagens...

(Soa a campainha.)

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - ... tudo isso pode ser reduzido. Se o Governo fizer isso, terá certamente da população o apoio imediato ao sacrifício que está pedindo de quem trabalha e de quem produz.

            Muito obrigada, Presidente Jorge Viana, pela gentileza e pela generosidade na cedência do espaço.

            Aí está o Senador do seu Estado, do Acre, o Gladson Cameli, que também é membro da Mesa. Aliás, Senador, por isso o socorro nessa enchente dramática em seu Estado: os três Senadores do Acre estão compondo a Mesa do Senado Federal. Veja a força do seu Estado - aliás, o Rio Grande tem uma participação expressiva e histórica, com Plácido de Castro.

            Eu gostaria de dizer que, quando baixarem bem as águas e Rio Branco recuperar aquela imagem bonita - e V. Exª, como Prefeito lá, junto com a nossa gaúcha Dolores, deu aquele ar de metrópole, com urbanidade -, isso vai acontecer.

            Mas, sobretudo, preocupamo-nos e manifestamos a V. Exª, ao Gladson, ao Senador Sérgio Petecão e à população do Acre a nossa solidariedade pelo o que aconteceu em relação à enchente.

            Obrigada, Senador.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2015 - Página 340