Discurso durante a 44ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com notícia veiculada pela mídia relatando a instauração de inquérito contra S. Exª por suposta prática de advocacia administrativa.

Autor
Luiz Henrique (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Luiz Henrique da Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Indignação com notícia veiculada pela mídia relatando a instauração de inquérito contra S. Exª por suposta prática de advocacia administrativa.
Aparteantes
Aloysio Nunes Ferreira, Ana Amélia, Cristovam Buarque, Cássio Cunha Lima, Dário Berger, Hélio José, José Medeiros, João Capiberibe, Lasier Martins, Lindbergh Farias, Lúcia Vânia, Marta Suplicy, Raimundo Lira, Randolfe Rodrigues, Reguffe, Ricardo Ferraço, Roberto Requião, Simone Tebet, Valdir Raupp, Waldemir Moka, Zeze Perrella.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2015 - Página 376
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • NOTICIARIO, MOTIVO, DIVULGAÇÃO, NOTICIA FALSA, REFERENCIA, CITAÇÃO, ORADOR, PROCESSO JUDICIAL, ORIGEM, DENUNCIA, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, ASSUNTO, ACUSAÇÃO, UTILIZAÇÃO, INFLUENCIA, OBJETIVO, PREFERENCIA, ATENDIMENTO, MULHER, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), REQUERIMENTO, ADVOCACIA, SENADO, INVESTIGAÇÃO, AUTOR, CALUNIA.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª e ao Senador Líder Humberto Costa.

            E quero dizer a V. Exª que, na verdade, o que foi feito contra mim foi feito contra o Senado. Por isso que, ao final do meu discurso, vou requerer à Advocacia-Geral do Senado que promova as providências necessárias à investigação daqueles que inventaram essa mentira, daqueles que propalaram essa mentira, daqueles que vazaram um despacho do Ministro Toffoli antes de eu ser citado, sem estar no site do Supremo, na sua íntegra, e divulgaram minutos depois na grande imprensa nacional.

            Srªs e Srs. Senadores, estando, como estou, há 45 anos na vida pública, pensei que já tinha visto tudo, pensei que já tinha sofrido tudo, pensei que já tinha enfrentado tudo, pensei que já tinha vivenciado tudo, mas, Srªs e Srs. Senadores, jamais pensei que uma mentira paroquial, uma calúnia fruto da politiquice local, um fato que jamais nem de longe ocorreu, virasse notícia contra mim na mídia nacional.

            Nem a prisão arbitrária que sofri em abril de 1964 causou-me tamanho amargor. A Semana Santa toda eu vivi nesse amargor com essa mentira que virou pedido de abertura de inquérito pelo Ministério Público e o despacho investigatório do Ministro Antonio Dias Toffoli na semana passada.

            Todo homem público que já viveu tudo o que vivi sabe que a prisão política não dói tanto quanto a calúnia. A calúnia, já dizia Benjamin Constant, é um assassino moral.

            Na última quarta-feira, antevéspera da Semana Santa e dos feriados de Páscoa, fui surpreendido com uma informação que circulava na grande imprensa nacional dando conta de que fora determinada uma investigação no Supremo Tribunal Federal, sob a alegação de que eu tivera influência na internação de uma pessoa, furando a fila estabelecida no Sistema Único de Saúde, em prejuízo de outras. A notícia dizia que isso fora originado pela denúncia vazia de alguém, gerando pedido ao Ministério Público de Santa Catarina, envolvendo um diretor de uma rádio, que seria empregador de uma mulher, que teria sido supostamente beneficiada com uma cirurgia, furando a fila de internações.

            Estou colocando tudo no condicional, Srªs e Srs. Senadores, porque até este momento ainda não fui citado dessa investigação judicial.

            Procurei no site do Tribunal Federal e não encontrei a publicação do despacho e os documentos que o embasam.

            Quem leu a manchete dizendo que eu estava sendo investigado por determinação do Ministro Dias Toffoli e não leu ou não quis ler todo o teor da notícia, deve estar imaginando que eu cometera algum ato desonesto, até porque estou sendo acusado de fazer advocacia administrativa, por suposta influência na internação daquela pessoa.

            Nos dias atuais, nada é mais poderoso, Sr. Presidente, nada é mais pré-condenatório do que uma manchete com esse teor incriminatório, ainda mais quando percorre todo o nosso Território veiculada em rede nacional, de que teria alguém caluniosamente me acusado ao Ministério Público de ter exercido influência na internação de uma pessoa, furando a fila do SUS?

            Na última quarta-feira, coincidentemente, era o dia 1º de abril, um oficial de Justiça esteve no meu gabinete para citar-me de algum processo sem dizer do que se tratava. Como eu estava na Comissão de Assuntos Econômicos, na audiência pública a que compareceu o Ministro da Fazenda, Dr. Joaquim Levy, meu assessor jurídico, Dr. Jorge Welter, combinou com aquele oficial de Justiça que eu o receberia às 16h. O oficial de Justiça não retornou na hora aprazada, nem depois, nem hoje, até este momento.

            No entanto, já por volta das 14h do dia 1º de abril, a notícia do despacho do Ministro Dias Toffoli já chegara às redações da grande imprensa brasileira, sem que eu tivesse nenhum conhecimento do teor da acusação. Esse disparate, essa maluquice, esse desrespeito, esse desvario não teve nenhum efeito contra mim em Santa Catarina, tanto que lá os órgãos de imprensa registraram o fato, como é devido, mas não lhe deram nenhum destaque.

            Os catarinenses me conhecem há décadas. Sabem que ajudo as pessoas, mas não de forma a prejudicar outras, sabem que não faço política fisiológica nem clientelista, sabem que o foco da minha atuação são as grandes questões nacionais.

            Este é o meu 12º mandato popular, Sr. Presidente, obtive-os sem interrupção, desde 1970. Dedico-me a este mandato de Senador da República, como me dediquei aos outros onze mandatos populares consecutivos que obtive em disputas limpas, pondo acima de tudo a causa pública, o bem comum e o superior interesse coletivo do povo brasileiro.

            Sempre me orientei pelo velho ditado latino de minimis non curat praetor, que Ulysses Guimarães, na sua inexcedível oratória, traduziu: “Quem cuida de coisas pequenas fica pequeno.”

            De 1970, para cá, portanto, há 45 anos, disputei 15 eleições consecutivas contadas as três de segundo turno, sem atrelamento a nenhum grupo econômico ou corporativo. Venci 15 embates seguidos com a minha palavra, a minha coerência e o voto livre da opinião do povo.

            Quando disputei a reeleição, seja para prefeito, como para governador, afastei-me do governo. Voltei para a minha casa e de lá venci as eleições limpamente, fazendo questão de disputá-las em igualdade de condições com os meus adversários para não me privilegiar da força do mandato e nem da máquina pública.

            Ora, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se renunciei ao governo do Estado para não me beneficiar do poder para me reeleger, faria eu advocacia administrativa para internar uma pessoa em detrimento de outra?

            As pessoas que articularam contra mim essa infâmia precisam ler meus pareceres, precisam reler meus discursos. Não encontrarão nenhum que não vise ao desenvolvimento nacional, à justiça social e à construção de um futuro que assegure melhores condições de vida ao nosso povo.

            É realmente intrigante que alguém tenha feito vazar para a grande mídia sorrateiramente um simples despacho de um nobre Ministro do Supremo para fazê-lo ocupar espaço monumental na mídia, às vésperas do feriado da Páscoa, quando não tínhamos sessão aqui para eu poder contraditar, refutar, desmentir a falsa acusação que envolve aquela notícia ou pelo menos saber do que se tratava.

            Tenho confiança de que tanto a calúnia original como esse vazamento criminoso - e por isso estou fazendo requerimento à Advocacia-Geral desta Casa...

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - ... serão investigados pelas autoridades que determinaram essa investigação contra mim.

            S. Exª, o Dr. Rodrigo Janot, Procurador-Geral de Justiça, dando segmento à petição do seu colega catarinense, cita que:

Uma mulher foi encaminhada, a pedido do Senador, para fazer cirurgia do aparelho digestivo em hospital público de Florianópolis, “sem se submeter à lista de espera do respectivo sistema de regulação, descumprindo critérios do SUS”.

            O Procurador-Geral também sustentou ao Supremo, ou melhor, apresentou também ao Supremo áudio no qual o empregador da mulher, dono de uma rádio em Santa Catarina, diz que conseguiu atendimento direto por meio de influência do Senador. Estupefato, mandei investigar o caso. Sabem, Srªs e Srs. Senadores, o que descobri que realmente aconteceu? A paciente, que eu soube agora chamar-se Renata Gonçalves, então funcionária da Rádio Araranguá, não conseguindo vaga no hospital público, o regional daquela cidade, e tendo sido cancelada sua internação no hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, foi internada, em estado grave de infecção de cálculo renal, num hospital privado, o Hospital São Judas Tadeu, da cidade vizinha a Araranguá, de nome Meleiro, onde foi feita a cirurgia e paga por cotização entre o diretor, amigos e funcionários da Rádio Araranguá. Eu promovi que fosse furada a fila do SUS para uma mulher ser internada e operada num hospital privado.

            Tenho aqui, em minhas mãos, declaração do diretor da rádio de Araranguá. Vou ler o trecho que interessa:

Sabíamos que a solução estava na realização de uma cirurgia e, no ímpeto de lograrmos êxito, seguindo o ritual burocrático daquela instituição, obtivemos preliminarmente o laudo para a solicitação de autorização de internação hospitalar, via SUS, para o Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis. Quando a paciente preparava-se para se deslocar à capital, foi informada de que a referida internação para a cirurgia havia sido cancelada, já que a solicitante não constava da lista de espera da Secretaria Municipal de Saúde de Araranguá. Ante essa nova informação, dirigi-me àquela Secretaria e manifestei-me, energicamente, quanto ao descaso, à falta de organização e informação, falando abertamente, em público, que exigia respeito e tratamento digno ao ser humano, pois estamos falando de saúde, e da forma que a situação estava sendo conduzida era inadmissível! [Diz o Sr. Evaldo Stopassoli, Diretor da Rádio Araranguá:] Se preciso for, falarei com o Senador Luiz Henrique, em Brasília [são palavras dele, até porque elogio em boca própria é vitupério]. Falarei com o Senador Luiz Henrique, em Brasília, que, para mim, é o homem público mais correto, de moral ilibada, do nosso Estado.

            Nessa correspondência, o Diretor da Rádio Araranguá fala absolutamente a verdade, que nunca me pediu, não chegou a intervir. O que ele fez? Levou a sua funcionária, se contorcendo de dores, para um hospital privado na cidade de Meleiro, a trinta minutos de Araranguá, onde ele a internou, onde ela fez a cirurgia, que foi paga particularmente.

            Pois bem, Srs. Senadores, é preciso saber quem está por trás dessa denúncia mentirosa, saber quem fez, rapidamente, chegar à mídia nacional essa acusação leviana, quem induziu a imprensa nacional a dar-lhe tamanha proporção no noticiário. Por que razão eles me acusaram? Para desgastar de vez esta Casa e o Congresso Nacional? Para fazer o povo pensar que não somos homens públicos confiáveis? Para levar a nossa gente a descrer de todos nós da democracia e do sistema representativo? A quem interessa toda a desproporcionalidade desse alarde mentiroso?

            Fiquem seguros, Srªs e Srs. Senadores, de que, infelizmente, no Brasil de hoje, qualquer homem público está sujeito a ser fuzilado na mídia por uma infâmia, uma acusação falsa. Se, hoje, sou eu o Dreyfus dessa pantomima, V. Exªs podem ter certeza de que, amanhã, poderá ser qualquer dos que ocupam cadeira nesta Casa.

            Por que me foi atribuído, com tanto barulho, um fato que nunca existiu, uma história irreal, na qual não tive nenhum envolvimento, total desconhecimento, um crime que jamais pratiquei nem praticaria? O que pretendem os que engendraram contra mim essa farsa? Nivelar-me por baixo? Ou jogar todos nós, Srs. Senadores, na vala comum da descrença?

(Soa a campainha.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª a paciência.

            Vivemos num País em que uma manchete inverídica é capaz de desgastar e, às vezes, até liquidar uma carreira política, abalando a vida digna de qualquer homem público. No Brasil, acabou a seletividade. Ninguém olha para trás, para ver quem é quem, o que fez, que contribuição deu para os valores mais importantes da Pátria: a retidão, a liberdade, a democracia, a justiça social.

            Essa leviandade, levada à rede nacional de comunicação, produz aquele efeito a que já aludia Winston Churchill: uma mentira dá a volta inteira ao mundo, antes mesmo de a verdade ter a oportunidade de se vestir.

            Ao saber-me arrolado como réu nessa acusação absurda, senti-me como Josef K., o bancário inocente preso, condenado e fuzilado aos 30 anos, sem saber por que, sem ter cometido nenhum crime, no magnífico O Processo, de Franz Kafka.

            Jamais pedi nem pedirei, neste caso ou em qualquer outro, que atendam um doente à frente em prejuízo de outros, mas não virarei as costas para nenhum aflito que esteja necessitando de atendimento urgente ou correndo risco de vida. Porém, no caso objeto da investigação, determinada pelo ilustre Ministro Dias Toffoli, repito: o fato jamais ocorreu. Foi inventado! Ninguém me pediu que eu interviesse na internação de alguém. E a pessoa que, segundo a denúncia, teria sido beneficiada por mim para furar a fila do SUS teve paga, por amigos e colegas, sua cirurgia em hospital privado. Trata-se, pois, de uma infâmia, uma invenção, uma tramoia, uma chicana.

            Nosso mandato - nosso mandato! - reclama de nós solidariedade aos aflitos. Aliás, o Papa Francisco disse, recentemente, que a profissão mais nobre entre todas, Senador Jorge Viana, é a política, porque envolve a prática constante da caridade. Nenhum dos Srs. Senadores e nenhuma das Srªs Senadoras podem realmente sentir-se membros desta Casa se, além de representarem com vigor seus Estados, não puderem abraçar e estender a mão a pessoas, fazendo suas as reivindicações de seu povo.

            Este País precisa de mudanças urgentes! Temos de fazê-las: mudanças políticas, mudanças econômicas, mudanças sociais, mas também mudanças de comportamento para que, antes de qualquer inquinação gratuita contra um homem público, sejam considerados e respeitados aqueles que dedicam sua vida ao bem comum.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Pela ordem, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Pela ordem, Senador Ricardo Ferraço.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Consulto V. Exª se, em função da relevância, nos autorizaria a possibilidade de, em aparte, manifestarmos solidariedade ao Senador Luiz Henrique que foi covardemente atingido.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Sem dúvida.

            Eu, como Presidente desta sessão, fiz as minhas observações. Já tinha tomado conhecimento dessa arbitrariedade, dessa injustiça cometida contra o Senador Luiz Henrique. Acho que nós todos do Senado devemos prestar, de alguma maneira, a solidariedade que V. Exª merece pela vida pública e pela injustiça que está sofrendo.

            E hoje é o Dia do Jornalismo. Eu vi a matéria no Jornal Nacional, questão de que eu já tinha tomado conhecimento. É um absurdo que não se cheque mais.

            Agora, quanto ao Judiciário, ao próprio Ministério Público Federal - e espero que o Ministro Dias Toffoli... -, V. Exª merece um pedido de desculpa por todas as instâncias que ajudaram nesse processo, que construíram esse processo ou que tiveram contato com esse processo que podemos dizer que não tem pé nem cabeça, só se tiver a maldade de alguém que, usando de alguma atribuição, possa ter envolvido o nome de V. Exª numa trama que não se sustenta em hipótese nenhuma.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Exatamente por isso, Sr. Presidente, como entendo que se trata de uma agressão ao Senado e acho que isso deva valer para os casos futuros, estou peticionando ao Dr. Alberto Machado Cascais Meleiro, Procurador-Geral desta Casa, para que envie essa documentação peticionando ao Ministro Dias Toffoli, ao Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot, e ao Corregedor-Geral do Departamento de Polícia Federal, Sr. Roberto Mário da Cunha Cordeiro, que sejam investigados os que propiciaram a denúncia vazia e os que fizeram vazar o despacho do Ministro antes de eu ser citado sobre o assunto.

            O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Senador Luiz Henrique.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Senador Luiz Henrique.

            O SR. PRESIDENTE (Jorge Viana. Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Ricardo Ferraço e, em seguida, Senador Requião, Senador Lindbergh e Senador Moka.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Senador Luiz Henrique, em rápidas, porém sinceras, palavras, eu fico a imaginar, por ter o privilégio de compartilhar com V. Exª aqui, no Senado, o exercício do mandato popular, a angústia e o sofrimento deste fim de semana - talvez um dos mais longos finais de semana da vida de V. Exª -, pela paciência e tolerância que deve ter exercido por aguardar esta oportunidade para fazer a sua voz e o seu sentimento ecoarem e para trazer aos seus colegas, aos seus companheiros do Senado, aos seus irmãos de Santa Catarina e ao povo brasileiro toda a sua indignação. V. Exª, em meu modesto juízo, não precisa de aval, porque o aval de V. Exª é a sua trajetória política, construída no campo democrático, construída tendo como base e pilar o voto popular, a verdade. São 45 anos de vida pública, 15 mandatos conquistados sucessivamente com a absoluta solidariedade do povo de Santa Catarina, produto, obra e resultado de tudo aquilo que V. Exª plantou ao longo da sua vida. Portanto, a minha palavra é uma palavra de solidariedade e de repúdio a essa violência, a essa inconsequência cometida contra a honra e a dignidade de V. Exª. A certeza que tenho, como reza o ditado popular, é a de que jabuti não sobe em árvore, isso ou é enchente ou é mão de gente. Siga adiante, olhando para o horizonte e tendo a certeza de uma vida pessoal e política construída com os valores da República e da dignidade. É a minha solidariedade, o meu abraço a V. Exª e à sua família, porque, conhecendo V. Exª como eu o conheço, sei que foi um fim de semana de muito sofrimento. V. Exª não lava apenas a sua alma, lava, coletivamente, a nossa alma, ao fazer esse desabafo que vem do fundo do seu coração.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª e ao Senador Jorge Viana. Suas palavras me confortam.

            Eu gostaria de repetir: essa não é uma agressão, simplesmente, à minha pessoa, é mais uma tentativa de desgastar, de desmoralizar, de descredenciar, de jogar abaixo toda e qualquer confiança popular na nossa instituição, o Senado Federal.

            O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Senador Luiz Henrique, eu quero me associar ao seu pedido à representação do Senado. Eu me julgo pessoalmente agredido com o que aconteceu a V. Exª. Sendo seu vizinho, eu tive algumas informações complementares. A paciente acometida de uma crise seriíssima, com a necessidade de uma operação urgente, não foi atendida. E o seu acompanhante, no momento, declarou: “Eu vou informar ao Senador Luiz Henrique, que é ele quem resolve as coisas em Santa Catarina”. Foi essa a declaração.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - É, mas não o fez.

            O Sr. Roberto Requião (Bloco Maioria/PMDB - PR) - Não. E saiu imediatamente e a levou - como não poderia deixar de fazer, dada a urgência - a um hospital privado, onde ela foi operada. Então, é uma tentativa de desconstrução da imagem do político brasileiro e do Senado da República. Quero crer que todos nós Senadores nos associamos não a um comunicado, mas a uma representação ao Conselho do Judiciário e ao Conselho do Ministério Público. Alguma medida tem de ser tomada, porque, se nós estabelecermos passividade diante da grandeza desse tipo de agressão, a ela se sucederão muitas outras. Eu me associo ao seu pedido de providências, subscrevendo-o.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu agradeço a V. Exª. Esse é realmente o sentido. Acho que, mais do que eu, o Senado foi atingido não com o procedimento judicial em si, mas com a maximização do noticiário em relação a essa questão.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Senador Luiz Henrique.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Pois não, Senador Lindbergh.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - V. Exª sabe da minha admiração pelo seu trabalho e pela sua história. Acho que V. Exª é um dos grandes homens públicos deste País, é seriíssimo. Eu só pedi o aparte, porque devo dizer que já vimos muitas ações infundadas serem abertas, mas, sinceramente, em toda a minha vida, esse foi o caso mais absurdo que já vi. V. Exª prestou esclarecimento, ela foi internada num hospital particular. Agora, Senador Luiz Henrique, fui Prefeito de Nova Iguaçu, uma cidade com muitos problemas, com muita pobreza, uma cidade de 1 milhão de habitantes. Quantas vezes, eu, caminhando pelas ruas de Nova Iguaçu, chegava a um bairro, e vinha um grupo de moradores dizendo: “Prefeito, venha aqui. Há alguém num quarto morrendo, há alguém numa casa morrendo”. Eu entrava lá, e havia uma senhora em uma situação... Víamos aquilo naquele momento. Quantas vezes eu não peguei o telefone, liguei para alguém da prefeitura e disse para ir ali? Seria omissão de socorro. Então, parece coisa de quem não entende de política. É o auge da criminalização da política o que estão querendo fazer com o senhor nesse caso. Então, volto a dizer que eu já vi muitos absurdos, nós todos passamos por muitas injustiças, mas essa que o senhor está sofrendo nunca vi, Senador. Esse é o máximo que podem fazer nesse sentido. Então, eu queria aqui, primeiro, trazer este abraço de solidariedade. V. Exª saiba que não precisava nem nos dar explicação. Não é isso.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ. Fora do microfone.) - Mas eu acho que é, de fato... O som... Não tem jeito. Aconteceu alguma coisa aqui.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Foi restabelecido.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Eu só queria, então, trazer este abraço de solidariedade e me somar ao Senador Roberto Requião. Creio que essa é a posição dos 81 Senadores desta Casa. Muito obrigado.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Acho que o Senador Requião colocou muito bem: nós temos sido passivos com uma ação discriminatória contra nós, como se fossemos a pior escória da sociedade. Só quem lutou, como luto há 45 anos, sabe, como eu sei, o que é a política. Aliás, hoje até me ocorreu uma imagem: a política é como a rosa, cheia de beleza por cima e cheia de espinhos por baixo.

            Concedo um aparte ao nobre Senador Waldemir Moka.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Senador Luiz Henrique...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - ...durante o fim de semana, tive a oportunidade de ligar para V. Exª.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu quero agradecer mais uma vez.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Ao ver a notícia, conhecendo V. Exª como conheço, eu já me colocava como solidário, porque eu não acreditava naquilo. V. Exª me esclareceu que a paciente foi internada e operada num hospital privado, com os custos pagos pelo próprio pessoal que se cotizou. O que me chama a atenção é: qual a força misteriosa que faz com que uma notícia dessas vire notícia nacional? É isso que questiono. De repente, no fim de semana, você vê a notícia: “Ministro Dias Toffoli abriu inquérito contra o Senador Luiz Henrique.” É um negócio que chama a atenção. Que dimensão é essa? O que tem por trás disso tudo? Qual é a intenção? Por isso, acho que o que V. Exª propôs aqui, tomar as devidas providências nesta Casa, em nome do Senado, é muito importante. Agora, Senador Luiz Henrique, nunca tive dúvida sobre V. Exª, pelo que conheço de sua história, por tudo que V. Exª sempre representou. Aquilo sempre me pareceu uma injustiça muito grande. Um abraço a V. Exª!

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu lhe agradeço.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Mais do que isso, mais do que a confiança do Senado, V. Exª sempre teve a confiança do seu povo, a população de Santa Catarina, que por 15 vezes o elegeu no voto democrático e popular.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª. Peço desculpas por ter ultrapassado...

            O Sr. João Capiberibe (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) - Senador Luiz Henrique...

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Nove Parlamentares estão querendo aparteá-lo, Senador Luiz Henrique.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - V. Exª vai conceder?

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Eu ofereço a palavra à Senadora Marta Suplicy.

            A Srª Marta Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - Caro Senador Luiz Henrique, quando vi essa notícia no jornal ou na televisão, não consegui entendê-la, tão ridícula, para quem já exerceu um cargo executivo, essa notícia parecia. Quando eu estava no gabinete e vi V. Exª tentando explicar isso, eu me senti como todos aqui. Não há sentido nós termos de vir em público para explicar algo que é corriqueiro no processo do Executivo, algo que fere uma pessoa - e as pessoas, geralmente, não entendem como essas coisas se processam dentro da legalidade - e que causa sofrimento, como também foi mencionado. Uma pessoa do bem é acusada de algo que não tem a ver com acusação de nada, no momento em que acusações complicadíssimas e seriíssimas ocorrem no País. Então, é um acinte o que foi feito. Eu saí do gabinete para vir aqui colocar minha solidariedade, minha estima por V. Exª, meu apreço - aprendi a conhecê-lo no Senado - e minha total solidariedade com a classe política, porque isso não é algo contra V. Exª, não, mas é a favor da desmoralização...

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Coletiva.

            A Srª Marta Suplicy (Bloco Apoio Governo/PT - SP) - ...do político. E políticos somos nós todos. Há políticos do bem, políticos do mal, políticos variados, mas não podemos permitir que se jogue todo mundo no mesmo saco. Não podemos também nos submeter a esse tipo de acusação a que V. Exª foi submetido. Expresso minha solidariedade.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª. A solidariedade de V. Exª me comove e coloca exatamente os termos em que iniciei meu discurso. Não é uma ação contra mim, individualmente. No fundo, no fundo, busca-se a desmoralização coletiva da classe política e desta Casa.

            Concedo ao meu colega de Bancada...

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador Luiz Henrique, quero informar que estão inscritos para aparteá-lo o Senador Dário Berger, a Senadora Simone Tebet e o Senador Zezé Perrella.

            O Sr. João Capiberibe (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) - Sr. Presidente, solicito encarecidamente... Acho que não deveria haver tempo para esta sessão, para ouvirmos todos os Senadores hoje em relação a essa questão que aconteceu com o Senador Luiz Henrique. Acho que é uma questão gravíssima, mas vou aguardar minha vez.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Vamos ouvir todos que queiram apartear, como o Senador Dário Berger.

            O Sr. Dário Berger (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Luiz Henrique, eu, como correligionário de V. Exª e como Senador de Santa Catarina, quero expressar aqui minha mais expressiva solidariedade a V. Exª. Quero dar o testemunho aqui - e acho que não seria necessário -, como companheiro do senhor que sou e, eu diria até, uma espécie de discípulo, de que estou aparteando nada mais nada menos do que o homem, a figura mais destacada da política de Santa Catarina nos últimos anos. V. Exª sempre foi um exemplo a ser seguido. Não é por acaso que o senhor tem 15 mandatos consecutivos.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Dário Berger (Bloco Maioria/PMDB - SC) - São 45 anos de vida pública, com relevantes serviços prestados ao País, especialmente a Santa Catarina. O senhor, para mim, é um orgulho. Eu fiquei estarrecido quando também assisti, no Jornal Nacional, àquela triste notícia que maculou, naquele momento, o seu nome e a sua trajetória. Mas tenho a certeza de que esse fato será corrigido a tempo. Como V. Exª sabe - V. Exª foi Prefeito durante muitos anos, por muitos mandatos, se eu não me engano três em Joinville -, fui Prefeito também durante 16 anos consecutivos. E me deparei, Senador Lindbergh, com situações muito semelhantes àquelas com que V. Exª se deparou. A vida humana é um bem de expectativa infinita, não tem preço. Quando o problema acontece, nós, Senadores, Deputados, homens simples e comuns, temos o espírito da solidariedade no nosso coração. Nós não podemos deixar passar em branco a ajuda para uma pessoa que está precisando num caso de saúde como esse. Mesmo que o senhor, por incrível que pareça, não tenha agido para interferir, se assim o fizesse, seria legítimo. Tenho a certeza de que o senhor não interferiria para colocar alguém na frente para fazer uma cirurgia, mas, sim, para atender essa pessoa emergencialmente, sob pena de ela morrer nos bancos dos hospitais, como vem acontecendo em todo o País. Então, de fato, quero ainda acrescentar bem rapidamente, Sr. Presidente, que o Senador Luiz Henrique, ex-Governador, como podemos observar, é um líder no Senado, é um homem que está à frente do seu tempo, é um homem que construiu uma história brilhante na política de Santa Catarina e do Brasil. Macular o seu nome hoje é uma grande injustiça. Portanto, não querendo me alongar, eu precisava hoje expressar minha mais profunda solidariedade ao mestre, ao companheiro e ao amigo Luiz Henrique da Silveira.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Obrigado, Senador Dário. V. Exª conhece melhor do que qualquer um a realidade catarinense e sabe que isso jamais teria ocorrido. Muito obrigado pela solidariedade de V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra, o Senador Zeze Perrella e, em seguida, a Senadora Simone Tebet. Na seqüência, falará o nosso Líder João Capiberibe.

            O Sr. Zeze Perrella (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - Senador Luiz Henrique, quero ser solidário a V. Exª. Saiba que V. Exª serve de exemplo para todos nós que entramos na política mais recentemente. O senhor, como disse, tem 45 anos de vida pública, tendo sido Prefeito, Governador, Ministro. V. Exª passou por todos os cargos. O senhor nunca foi acusado de desviar dinheiro público. O senhor é um homem honesto. Fico indignado, quando vejo hoje, por parte da mídia, muita preocupação em atingir as pessoas. Quem de nós nunca foi vítima da mídia? Quando é notícia ruim, ela não tem a preocupação de aprofundar. Se alguém da imprensa ligasse para Santa Catarina e ficasse sabendo do caso, da maneira como o senhor contou aqui, isso não seria notícia. Mas avião que voa não é notícia, Senador, só o que cai! E um promotor, para abrir um processo contra alguém, aceita uma denúncia em um papel de pão simplesmente ou aceita uma denúncia anônima, sem a menor preocupação...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Zeze Perrella (Bloco Apoio Governo/PDT - MG) - ...com a moral das pessoas! O senhor não precisa ficar triste, não, porque seu passado fala por si só. O Senador seu colega de Santa Catarina colocou bem: ainda que o fizesse para ajudar uma pessoa emergencialmente! Quem de nós nunca pegou um telefone e ligou realmente para um hospital dizendo: “Olha, estou com uma pessoa morrendo aqui. Se não for atendida, ela vai morrer!” Quem de nós nunca fez isso por solidariedade? Agora, um Ministro, um promotor se preocupar em fazer uma denúncia dessa natureza, com tanta corrupção pelo País, com tanto assunto sério para eles cuidarem? O senhor não está no petrolão, o senhor não está no mensalão. É com isso que eles teriam de estar preocupados! E vêm se preocupar com fila! O senhor não o fez, está bem explicado, mas, ainda que o fizesse, isso seria motivo de abertura de processo no Supremo? Tenha santa paciência! Senador, não se preocupe. Para nós, o senhor não precisa explicar nada. O seu passado, por si só, já fala. O meu abraço!

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC. Fora o microfone.) - Agradeço a V. Exª o seu aparte, que muito me comove e me emociona.

            A Srª Simone Tebet (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Senador Luiz Henrique, talvez, eu seja, dos colegas que aqui estão, a que menos tempo tem de convivência com V. Exª, mas conheço sua história e ouvi seu nome muito antes de conhecê-lo pessoalmente, pela voz do meu saudoso pai e seu colega, Senador Ramez Tebet. Lembro-me, como se fosse ontem, comentando sobre os colegas desta Casa, dele se referindo a V. Exª como um dos homens públicos mais íntegros e competentes do Senado Federal. V. Exª diz que essa denúncia é absurda, mas quero dizer a V. Exª que, mais do que absurda, ela é burra, porque vai de encontro àquilo que a população mais quer e precisa de todos nós. Eu fui Prefeita. Por diversas vezes, percorrendo as ruas do meu Município, liguei para o Samu, liguei para o hospital, liguei para a própria Administração Municipal, diante de um fato que eu considerava relevante ou urgente. Isso não seria apenas omissão de socorro. É dever do homem público cumprir o juramento que fez. V. Exª diminui o abismo que existe hoje entre a classe política do Senado e a população, quando, junto com seus colegas e com seus amigos, socorreu essa paciente num hospital privado. Ainda que o tivesse feito num hospital público, viria a atender ao interesse mais relevante da sociedade. Quero dizer que esse inquérito que imputa a V. Exª o crime de advocacia administrativa não poderia sequer sair da primeira linha, porque, até onde sei, o crime de advocacia administrativa requer o patrocínio direto ou indireto de interesse privado diante da Administração Pública. Não há interesse público mais relevante do que a saúde pública. V. Exª pode ficar tranquilo. Nós temos confiança na sua capacidade e na sua idoneidade e sabemos que, por trás disso, realmente, há pessoas mal-intencionadas que querem desviar o foco dos grandes problemas sérios de corrupção que assolam este País.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Ah, Ramez Tebet, que vida digna e que herança bendita que você propiciou para nós aqui!

            Vendo você falar, Simone, quero lhe agradecer e vou rezar um Pai nosso cívico: é pai, filha e espírito cívico.

            Muito obrigado.

            Senador João Capiberibe.

            O Sr. João Capiberibe (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - AP) - Senador Luiz Henrique, Senadores e Senadoras, além de manifestar a minha solidariedade, quero juntar a minha indignação à indignação de V. Exª por esse episódio quase incompreensível. Eu estava diante da televisão e não consegui entender o que tinha acontecido. A notícia era tão enviesada que não permitia imaginar do que se tratava. Eu, Senador, tenho repetido aqui, várias vezes, que é uma estratégia nivelar todos, colocar todos na vala comum da desonestidade, da corrupção, e isso terminou se disseminando na sociedade. Infelizmente, há uma desqualificação da política, uma das atividades fundamentais. Na falta de coesão política, a sociedade se desmilíngue. Nós vimos isso em vários países do mundo. Quando não há um mínimo de coesão, o conflito é estabelecido, e ninguém se entende. A desqualificação da política tem essa intenção. Isso me preocupa muito. Mas, quando chegam casos como o de V. Exª e de alguns outros... Eu mesmo fui vítima aqui de uma acusação infame que me custou não só o meu mandato como também o mandato da minha companheira de vida e de luta. Fui acusado, Senador, de ter comprado dois votos por R$27 pagos em duas prestações. (Risos.) Este é o País. Este nosso País realmente merece isto: gargalhada de escárnio, porque eu nunca vi! Está lá. Tenho a sentença do Tribunal Superior Eleitoral, que mostra que as únicas provas foram os depoimentos de duas testemunhas, que acusaram a compra desses dois votos, pagos - e elas declaram pagos - em duas parcelas. É o que está lá no acórdão. Mais tarde, descobrimos que a mídia, a imprensa, essa mesma que é capaz de destruir a imagem de um cidadão também é capaz de investigar e repor a verdade. A Folha de S.Paulo terminou repondo a verdade, ou seja, que essas duas testemunhas foram compradas para prestar o depoimento. Mas o mal já estava feito. Em Direito Eleitoral, não há como mudar essa situação. E eu terminei virando, para a história do meu País, o primeiro Senador cassado, eu e a minha esposa. Saí daqui, deste plenário - todos os Senadores que estavam aqui nesse dia -, e não tomamos atitude. É por isso que essas situações se repetem. Nós somos a Casa dos Estados, nós somos um Poder da República. E eu quero, faço questão de participar, de assinar todas as providências que V. Exª tomar. Isso não pode chegar ao Supremo Tribunal Federal e se transformar numa ação, em algo tão absurdo quanto o que V. Exª acabou de nos relatar. Portanto, a minha indignação. O meu respeito aumenta por V. Exª.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Peço um aparte.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - V. Exª foi atingido por essa mesma ação. Eu sei que a acusação que me foi feita fere todos, fere homens dignos como V. Exª. V. Exª já foi vítima da injustiça e sabe como fere, como dói a injustiça política, a injustiça de qualquer modo, mas, principalmente, a injustiça política, quando arrancam, pelos votos de alguns, aqueles que foram eleitos pelos votos de milhões.

            Minha solidariedade também a V. Exª.

            E Cícero, lendo o seu caso, repetiria aquela frase famosa: O tempora! O mores!, no discurso contra Catilina.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Com o maior prazer.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra, o Senador Aloysio Nunes, e na sequência, o Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - Presidente, o Valdir Raupp tem precedência! Meu caro amigo Senador Luiz Henrique, eu estava presidindo a Comissão de Relações Exteriores, quando tenho a ventura, a felicidade e o privilégio de ser seu companheiro na Mesa Diretora - V. Exª é o Vice-Presidente da Comissão. De modo que não pude vir ao plenário desde o início dessa sua manifestação. Manifestação que ocorre exatamente quando a sessão está sendo presidida pelo Senador Fernando Bezerra Coelho, que foi seu companheiro na Assembleia Nacional Constituinte. Ele também é um velho emedebista, como o senhor e como eu, que participamos, juntos, na luta pela redemocratização do Brasil. O senhor, seguramente, com mais brilho do que nós dois, porque, desde muito cedo, o senhor se destacou na trincheira da luta pela liberdade do nosso País. Desde muito cedo. Chegou, inclusive, a presidir o nosso Partido, o velho MDB. Eu estava aqui, no plenário, quando o senhor entrou, preparando-se para ir à tribuna. A indignação era visível. O senhor porejava indignação, a indignação de um homem de bem, que é atingido injustamente por uma acusação rigorosamente absurda, e ela dói tanto mais quanto maior se tenha o zelo pela sua própria imagem, pelo seu próprio decoro. O senhor é um político que nos honra a todos nós, honra o Brasil. O senhor é um político medularmente honesto.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Aloysio Nunes Ferreira (Bloco Oposição/PSDB - SP) - É um político substancialmente correto, respeitador das leis, respeitador das opiniões. Um homem que age construtivamente na política, na administração, e não é à toa que é consagrado como a grande expressão política do seu Estado, Santa Catarina, e do Brasil. Esteja certo V. Exª da nossa profunda solidariedade. Eu também compartilho da sua indignação e quero estar ao seu lado em todos os momentos da sua luta, para que essa profunda injustiça seja reparada. Um grande abraço, meu caríssimo amigo de tantos anos, Luiz Henrique da Silveira.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Ah, Senador Aloysio, quantos sonhos navegamos juntos e quantos ainda haveremos de navegar! Estamos aqui, enfrentando uma procela, mas eu sei que, logo, logo, com tempo bom...

(Interrupção do som.)

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - ...nós faremos umas reformas urgentes, que precisam ser feitas, para que esses fatos não se repitam.

            Ouço o meu Presidente, que é do Vale do Araranguá. É catarinense, do sul do Estado. Conhece a região. Sabe o quão distante e remota ela é da minha Joinville, porque a região do Senador Valdir Raupp é no extremo sul, e Joinville é no extremo norte de Santa Catarina. V. Exª conhece bem a região, para avaliar a distância entre Araranguá e Meleiro, onde, negada num lugar a internação da paciente, fez-se o procedimento privado na outra cidade vizinha.

            V. Exª me honra com o seu aparte.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Nobre Senador Luiz Henrique, conheço Araranguá. Era a cidade onde meu pai tinha conta bancária. Agricultor, morando longe, em São João do Sul, Praia Grande, a única cidade que tinha banco era Araranguá, naquela época, 50, 60 anos atrás. Conheço Meleiro, onde a senhora foi internada. Não conheço o hospital, mas conheço a cidade de Meleiro. Conheço Turvo, que fica naquela região de Jacinto Machado.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria /PMDB - SC) -Sombrio.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Sombrio, onde moramos também com meu pai.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria /PMDB - SC) - Maracajá.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Conheço Maracajá.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria /PMDB - SC) - Passo de Torres.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Passo de Torres, Morro da Fumaça, onde há a maior concentração de cerâmicas do Brasil, e conheço também V. Exª. Estive na sua campanha de candidato a prefeito de Joinville, antes de ser Governador. Eu era Governador do meu Estado. Estive com Paulo Afonso, Governador de Santa Catarina, e V. Exª era candidato a prefeito no primeiro mandato. Depois, foi reeleito para o segundo mandato, em Joinville, e depois chegou ao governo de Santa Catarina, eleito e reeleito também Governador. Então, conheço a história, a trajetória de V. Exª, também quando presidente do nosso Partido, e conheço a idoneidade de V. Exª também. Portanto, nós, que conhecemos a luta, o sacerdócio e a missão de V. Exª, que tem como lema a política do seu Estado e a política brasileira, sabemos que V. Exª seria incapaz de cometer qualquer irregularidade. Eu chamo de equívoco da Justiça. Eu também, nesse momento, estou sofrendo calado. Calado. Infelizmente, a Justiça brasileira tem cometido equívocos. Se tivessem ouvido V. Exª antes, tenho certeza de que não teriam tomado a decisão que tomaram. Então, o que está faltando? Nesses casos de um Senador da República, com a trajetória de V. Exª e a de tantos outros, por que não os chamam antes para ser ouvidos? Ouçam primeiro a história! V. Exª teria contado a verdade. Através da verdade, certamente, esse equívoco teria sido evitado. Então, prefiro chamar de equívoco.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria /PMDB - SC) - Primeiro, teria que pedir um tempo para me informar, porque eu nunca ouvi falar desse fato. Nunca soube desse fato.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Há um projeto tramitando aqui, no Senado. Entrou agora, há poucos dias. Eu não lembro mais de quem é a autoria, mas eu o assinei. Ele trata desta questão, deste assunto: uma autoridade, antes de ser denunciada, antes de se abrir um inquérito, por que não chamam antes para ser ouvida? V. Exª teria levado a verdade e teria evitado esse tremendo equívoco que está acontecendo neste momento com V. Exª. A nossa solidariedade. Um abraço.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª.

            Meu caro conterrâneo, Senador Hélio José.

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - Senador Luiz Henrique, V. Exª para nós, novatos, para os médios, para os antigos, é um exemplo nesta Casa.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª.

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - Eu me lembro do senhor, um grande Líder do MUP, aqui, na Constituinte, fazendo aquele trabalho maravilhoso para o nosso Brasil. Sei o tanto que o senhor nos honra aqui, nesta Casa. Então, a indignação do senhor é de todos nós. Acho que esse fato ocorrido, absurdo, serve também para fazermos uma reflexão sobre o descaso em que se encontra a saúde brasileira. Ela precisa ser vista nas várias instâncias: Municípios, Estados e em nível federal. A saúde realmente está muito ruim. Precisa ser vista. Somos acionados todos os dias por alguém que está com problema na fila do pronto-socorro com risco de morte. Ontem mesmo, ligava-me uma pessoa, falando que a filha tinha sido acidentada naquela viatura da Polícia Militar, que capotou aqui, em Brasília, há dois dias. Falou que a filha estava em um corredor no hospital de uma cidade remota chamada Santa Maria e que precisava de urgência de socorro, porque ela estava com uma infecção no baço, correndo risco de vida. Aí, o senhor imagina se as pessoas não dessem socorro, não ajudassem Então, primeiro isso não ocorreu, como o senhor está colocando com toda a clareza, com toda a vênia, mas, se tivesse ocorrido, não teria sido outra razão, a não ser realmente procurar o socorro imediato a uma vida humana que poderia estar sendo perdida. Mas o senhor nos honra demais! Quero falar que o senhor é um ídolo nosso e que o senhor tem toda a nossa deferência, tem todo o nosso respeito, todo o carinho. Eu acho que a Justiça brasileira precisa ter mais cuidado, porque há tanta coisa que tem que ser julgada antes de ocorrer esse tipo de situação. Muito obrigado, Senador.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª.

            V. Exª abordou um aspecto que não havia me ocorrido. Se o SUS funcionasse, teria havido vaga para ela em Araranguá, ou, quando não, a internação dela não teria sido cancelada em Florianópolis. Se o SUS funcionasse, como deve funcionar e como nós queremos que funcione, ela não teria sido internada num hospital privado, e a sua conta resultar de uma cotização de amigos e de colegas da Rádio de Araranguá.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador Reguffe.

            O Sr. Reguffe (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Luiz Henrique, eu quero, em primeiro lugar, prestar solidariedade a V. Exª, dizer-lhe que tenho certeza de que V. Exª vai saber se defender dessa acusação e vai repor a verdade nesse caso. Quero apenas fazer aqui um comentário também sobre essa questão da criminalização da atividade política, que é um processo crescente e agudo que nós temos hoje na nossa sociedade. Esse processo se justifica com os exemplos ruins que nós temos na política, que fizeram com que a sociedade passasse a criminalizar a atividade política. Mas esse é o pior mal que a sociedade pode fazer a ela mesma, sem saber, porque vai tirar da política não o bandido, porque o bandido justifica tudo no dinheiro sujo que ele ganha, mas vai tirar da política a pessoa de bem, porque essa é que sente, essa é que sente ali dentro do coração e que sofre. Então, eu espero que nós caminhemos para um processo onde se tenha a exigência da punição dos culpados, porque não há nada pior para um país do que a impunidade, principalmente dos agentes públicos, dos agentes políticos, daquelas pessoas que têm responsabilidade. Agora, que nós caminhemos também pelo resgate da atividade política e pelo reconhecimento do valor que tem essa atividade, porque é uma atividade importante para a sociedade. Se permanecer esse entendimento de que, se a pessoa é política, ela é criminosa até que prove o contrário, isso vai levar não à saída do bandido da política, mas sim à saída da pessoa de bem política, porque a pessoa de bem é que não vai aguentar isso. Eu queria prestar minha solidariedade a V. Exª.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª, que chama atenção para um aspecto muito importante. É que, com denúncias como essa, denúncias vazias como essa, querem criar no País a presunção de que todo político não presta, de que todo homem público se serve, mas não vive para servir a comunidade.

            Mas eu queria salientar outro fato que é decorrente de uma denúncia como essa. Quantos homens de bem estavam nesse momento se encaminhando para a política e estão recuando para não sofrer o mesmo que eu sofri no dia 1º de abril? Quantos? Como será mais difícil recrutar pessoas de bem para se candidatarem a vereador, a vice-prefeito, a prefeito, na eleição do ano que vem! Quantos? É o corolário do que V. Exª falou há pouco: quando os homens bons deixam a vida pública, os maus tomam conta.

            Agradeço o aparte de V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador José Medeiros.

            O Sr. José Medeiros (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Sr. Presidente, Senador Luiz Henrique, muito obrigado pelo aparte.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Ouço, com alegria, o aparte de V. Exª.

            O Sr. José Medeiros (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT.) - Muito me honra aparteá-lo, pena que num momento desse, com um assunto desse. Senador Luiz Henrique, eu estava a caminho e já ouvia o pronunciamento de V. Exª citando os 45 anos de vida pública, os 45 anos construindo a sua moral, a sua honra, construindo os seus valores, que são a sua riqueza. São bens que demoraram uma vida inteira para ser construídos e que podem ser destruídos num piscar de olhos. Muito bem faz V. Exª de vir aqui passar recibo, sim, e colocar as coisas a limpo para que essa situação não perdure. Se não for assim, 45 anos de sacrifícios serão jogados no mato, porque esses bens são de difícil reposição. Não há coisa mais difícil do que repor valores tão frágeis, tão difíceis de conseguir e tão frágeis porque se deterioram, às vezes com uma maledicência, com uma decisão impensada. Esse episódio, ouvindo as suas explicações, me deixou estupefato! Ele mais mal faz ao Ministério Público do que a V. Exª, pode ter certeza. É uma pena que esteja ocorrendo isso, não com V. Exª, mas com o Ministério Público, que tantas vezes foi defendido por esta Casa, que defende que ele tenha independência, que ele tenha liberdade para fazer o serviço, mas um serviço bem feito, não um serviço feito mal e porcamente, porque isso depõe contra a própria carreira, depõe contra a própria lisura do serviço. É uma pena que esteja ocorrendo isso num momento em que o Ministério Público tem sido protagonista de tantos sucessos. É uma pena que não tenha tido esse cuidado. Agora, é muito importante que a Casa se posicione, porque, se isso ocorreu com V. Exª, se não tiveram cuidado com a honra, com a moral de um Senador com uma carreira de 45 anos, o que acontecerá com o inocente, indefeso e hipossuficiente cidadão? Muito obrigado a V. Exª.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu agradeço a V. Exª.

            Não me arrependo, e jamais me arrependerei, de ter feito do meu gabinete de Líder do MDB na Câmara dos Deputados o escritório, se assim posso chamar, que reunia eminentes e ilustres membros do Ministério Público brasileiro, quando ali escrevemos, se não me engano, o art. 24 da Constituição Federal - não me lembro do número -, o capítulo todo que, na Constituição Federal, confere os poderes que hoje tem o Ministério Público.

            Eu exalto esses poderes e tenho orgulho - eu, como Líder do MDB na Câmara durante a Constituinte, juntamente com Ibsen Pinheiro, Luiz Fernando Fleury, ex-governador de São Paulo, o Procurador Marrey, de São Paulo - de termos construído esse capítulo que dá os poderes ao Ministério Público. O ex-Procurador-Geral que nos deixou agora, Dr. Gurgel, foi outro com quem, ali no nosso gabinete, nós construímos aquele capítulo.

            Se hoje uns exacerbam esse poder, praticam injustiças, se, no varejo, as prerrogativas do Ministério Público podem estar sendo exacerbadas, no atacado, a democracia brasileira está sendo construída com esses poderes que tem o Ministério Público brasileiro.

            V. Exª faz uma apreciação muito importante. É preciso corrigir os desvios, mas eu lhe digo: eu tenho orgulho de ter participado da redação dos dispositivos que garantem a força investigatória do Ministério Público.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra, o Senador Lasier Martins.

            O Sr. Lasier Martins (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Eminente Senador Luiz Henrique, também me apressei para chegar a tempo de lhe prestar apoio contra isso que é um absurdo. Chama-me atenção, Senador Luiz Henrique, o momento em que se traz essa abertura de inquérito. Terá sido por que V. Exª concorreu à presidência do Senado? Agora, há outra coisa que me chama atenção na defesa preliminar que o senhor já manifestou: essa paciente, carente de cirurgia, acabou indo para um hospital privado. Ora, não se concretizou nenhum crime de advocacia administrativa. Poderíamos, forçando muito a barra, admitir que pudesse ter acontecido uma tentativa de advocacia administrativa. Então, chama-me a atenção que o Procurador-Geral da República, Janot, em um momento em que se acha inteiramente envolvido, assoberbado com o escândalo da Petrobras, tenha tido tempo para algo tão pequeno e tão discutível. Então, diante de uma história longa como a de V. Exª na atividade pública, de uma trajetória bonita e produtiva, outra não deveria ser a atitude destes que aqui se sucedem trazendo seu apoio e solidariedade, aos quais eu me junto. Meus cumprimentos.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço, de coração, a V. Exª, Senador Lasier.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra, o Senador Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Sem revisão do orador.) - Senador Luiz Henrique, este é um dos fatos que acontecem que nos demandam muito esforço para encontrar uma explicação, uma explicação de como uma Justiça lerda como a que nós temos se apressa num caso desses.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Foi tudo muito rápido...

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Rapidíssimo, rapidíssimo!

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Chegou aqui em fevereiro e, no dia 1º de abril, fui agraciado com essa notícia.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Como explicar que, neste País, paciente que precisa de atendimento não o consegue na hora certa, gerando a necessidade de apelar para uma pessoa, para outra pessoa, para outra pessoa, até que alguém - não vou dizer ser este o caso ou não - faz o gesto de caridade de conseguir um lugar e termina sendo passivo de um processo. Em terceiro: a explicação de que isso tenha sido com o senhor e não com qualquer outro aqui, porque o senhor tem sido o líder de uma luta aqui dentro pela democratização do Senado. O senhor lutou contra o golpe de 2 de fevereiro, o golpe que aqui houve que, ao eleger Renan Calheiros e eleger o Deputado Cunha na Câmara, fez com que eles passassem a ter um poder acima daquilo que a Constituição determina como equilíbrio entre os três Poderes - porque hoje não há equilíbrio entre os três Poderes. E o pior é que a deformação do Poder não é dos 81 Senadores, não é dos 513 Deputados: é das direções do Congresso, impondo as coisas que elas querem. É muita coincidência tudo isso, Senador! Agora, isso não diminui em nada o prestígio e o respeito que todos nós temos pelo senhor. O que isso faz é nos entristecer. Temos um Sistema Único de Saúde em que as pessoas precisam entrar em fila. Isso é grave! Furar a fila seria um gesto... Haver fila é algo grave na sociedade. Que seja com o senhor, que seja tão rápido: isso assusta, isso assusta, porque ficamos sem ter explicações muito claras a não ser aquelas que tememos que, se virarem verdade, significam que todos nós podemos, amanhã, estar aí no seu lugar por uma ou outra ação desse tipo. Eu quero aqui manifestar não apenas minha solidariedade, mas minha profunda preocupação de que esse fato tenha acontecido e esteja tentando tocar no senhor. No final, todos sabemos que não vai tocar de fato, pela sua defesa, pelo tipo de fatos. Não vai tocar, mas vai incomodar muito, vai irritar, vai provocar, gerar desconfiança na sociedade e, como disse o Senador Reguffe há pouco, vai criminalizar a atividade política. Fica não apenas a minha solidariedade, mas também a minha preocupação com o porquê de isso estar acontecendo.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª, Professor Cristovam. É realmente de se pensar o que está por trás disso. Sou eu? Não, eu sou muito pequeno. É o Senado? O Senado é grande. Mas não será a democracia que se quer atingir? Não será que se quer lançar uma descrença geral sobre o sistema representativo, que nós não representamos o povo e não estamos aqui para defender o bem comum? Não será uma maquinação para pôr abaixo esse regime representativo? Eu fico a pensar a respeito disso.

            O que me trouxe à tribuna foi exatamente aquilo que V. Exª falou: não a minha causa, não é a minha causa, é a causa do Senado, é a causa da própria democracia que está envolta nesse misterioso caso.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador Luiz Henrique, eu vou oferecer a palavra ao último aparteante inscrito, o Senador Cássio Cunha Lima.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Last but not least.

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Senador Luiz Henrique, eu não poderia, neste instante, faltar com a palavra, que julgo absolutamente desnecessária, de solidariedade. V. Exª não precisa da nossa solidariedade diante da insólita situação que estamos aqui discutindo. Eu tive a oportunidade, inclusive, de ver a matéria veiculada no Jornal Nacional. Não pude acompanhar o início do pronunciamento de V. Exª, mas estamos diante de uma situação surreal, uma acusação de advocacia administrativa, quando se tenta salvar vidas, quando se exerce o aspecto mais nobre da atividade pública, que é poder ajudar a quem precisa. Talvez não tivesse agido V. Exª em defesa da vida da sua conterrânea, pudesse hoje estar sendo acusado de omissão, de não ter tomado providências para socorrer a quem precisava da assistência do Estado, que, pelo que pude entender, sequer foi concretizada, porque a paciente foi atendida, ao final, em um hospital privado.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - E eu não tomei conhecimento do caso, não sabia. 

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Não sabia?

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Fui saber no dia 1º de abril, pelo blogue de uma emissora de televisão.

            O Sr. Cássio Cunha Lima (Bloco Oposição/PSDB - PB) - Então, fica aqui toda a preocupação que temos neste instante, para que possamos entender o momento grave, de fato, que a democracia representativa enfrenta, com todas as análises que foram feitas, mas mantenha-se tranquilo, como V. Exª está. Ao fim e ao cabo desse procedimento, não restará outra decisão senão, obviamente, a sua absolvição diante da situação que chega à raia do surrealismo, de algo esdrúxulo. Do contrário, vai-se dizer “Olha, não assuma nenhuma função executiva mais no Brasil, não seja prefeito, não seja governador de Estado, sob pena de estar naturalmente sendo compelido a exercer uma atividade de altíssimo risco”. É um desestímulo para as novas gerações o que acontece diante de uma trajetória como a que V. Exª construiu ao longo de seus 45, 50 anos de vida pública. Receba meu fraterno abraço, a solidariedade e a compreensão plena de que, ao final desse processo, o resultado será, obviamente, o arquivamento ou a absolvição, porque, no mérito, não há como alguém imaginar que um governador possa ser condenado pela assistência médica a um paciente num hospital público ou privado. É de um surrealismo tamanho que não há como imaginar que haja condenação por um gesto de correção, de solidariedade e de prestação de serviço, a socorro de uma vida humana.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Com a palavra, a Senadora Ana Amélia.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP) - Presidente... Senador Luiz Henrique...

            A Srª Ana Amélia (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Quero agradecer, Senador Fernando Bezerra. Estou um pouco sem fôlego porque a nossa agenda aqui é corrida, e, desde que o Senador Luiz Henrique começou a falar, eu estava indo para uma reunião de prefeitos de cidades de fronteira. Como sou de um Estado, como diz o Senador Moka, de fronteira com dois países, o tema também tem relevância. E vi quando V. Exª disse que era o último aparteante o Senador Cássio Cunha Lima, mas pensei: “Vou chegar lá em tempo de falar com o Senador Luiz Henrique”. Quero dar um testemunho pessoal, primeiro por conhecer a trajetória do Senador. Esse fato está sendo importante para o senhor ter a noção exata de quanto seus colegas Senadores e o País o respeitam. Às vezes, há males que vêm para bem, Senador Luiz Henrique, mas não era preciso, evidentemente, um episódio tão lamentável quanto esse, em que instituições que nos cobram comportamentos e atitudes também tenham agentes que não fazem e não cumprem com seu dever constitucional e ético. Então, temos de ter cuidado e usar a mesma régua para todas as instituições e para todos os agentes que compõem as instituições, seja do Congresso Nacional, seja do Senado, seja do Ministério Público, seja do Poder Judiciário ou do Poder Executivo. Não podemos estabelecer um critério de julgamento para uns e outros, de forma diferente. É muito importante que o critério de exigência de virtudes e honestidade para nós, Parlamentares, seja o mesmo nas outras instituições. Por isso, eu também fiquei chocada com o que está acontecendo hoje nessa sua manifestação, Senador. Chocada não só por conhecê-lo, mas chocada, sabe por quê? Porque, com muita frequência, no meu Estado, pessoas que sofrem acidentes e que ficam traumatizadas, com sequelas gravíssimas, pedem internação para tratamento no Hospital Sarah Kubitscheck. Quantos dos senhores aqui não passam pela mesma situação? E eu mando cartas escritas, porque tem que ser transparente isso. Quando li a matéria, Senador Luiz Henrique, eu pensei: “Será que eu também serei, da mesma forma, acusada de estar me valendo da minha condição de Senadora para pedir a internação de uma pessoa que precisa em um órgão?”. Aliás, essa é uma fundação, a Sarah Kubitscheck, fantástica. E de outras tantas, Senador. E se nós não fizermos isso, não estaremos cumprindo com a nossa missão. Nunca passará por sua cabeça pedir que haja fura-fila para ninguém. Então, Senador, eu vim aqui apenas para lhe dizer que é lamentável o que aconteceu. E nem quero imaginar o que está por trás disso. É muito triste, na hora em que nosso País deveria estar concentrado na solução dos graves problemas nacionais. Esta tarde mesmo, estaremos aqui discutindo uma questão seriíssima, que é a questão federativa, da relação da dívida, do novo indexador que votamos, um projeto do Governo que veio para cá. Os Estados estão à míngua, os Municípios estão arrasados financeiramente. E nós estamos fazendo esta manifestação a V. Exª para dizer que é preciso que os agentes públicos de todas as instituições tenham responsabilidade, e que o mesmo grau de cobrança que fazem a nós que façam também aos seus pares. A minha solidariedade, Senador Luiz Henrique.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª o esforço que fez para chegar aqui. Eu a vi ofegante ao microfone, V. Exª veio correndo. Para mim é comovente. Obrigado pela solidariedade.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP) - Senador Luiz Henrique.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Randolfe, ouço V. Exª com muito orgulho.

            Quero dizer a V. Exª que feliz será esta Nação se milhares de jovens como V. Exª adentrarem a vida pública e exercerem a vida pública com a dignidade com que V. Exª exerce. Eu sempre tenho lhe dito em particular e quero lhe dizer em público que V. Exª é o futuro desta Casa, é o futuro desta República, é o futuro da política deste nosso País.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP) - Senador Luiz Henrique, agradeço-lhe. Eu não poderia deixar de me associar a tantos outros colegas desta Casa, que, neste momento, ao utilizarem os seus microfones, hipotecam... Como já disse o Senador Cássio Cunha Lima, V. Exª não precisa de solidariedade, mas todos aqui apresentam para o Brasil as credenciais de quanto confiam em V. Exª. É lógico, Senador Luiz Henrique, que, em um Estado de direito, em que prevalece o império da lei, ninguém está acima da lei. Às vezes é até bom acontecerem episódios como esse, porque vão mostrar - não que fosse preciso - a retidão da condução política de V. Exª, da história de V. Exª. V. Exª foi governador dos catarinenses e é referência pelo governo que fez: democrata e probo. V. Exª chega ao Senado da República depois de uma vasta experiência política, de uma vasta experiência em ocupar postos políticos, e ninguém pode fazer uma acusação de improbidade contra V. Exª. Portanto, Senador Luiz Henrique, eu quero me associar ao que já foi testemunhado pelos demais colegas. Desça dessa tribuna consciente de que essa questão não só não manchará a sua biografia, como será um testemunho a mais da trajetória de V. Exª. V. Exª é daqueles homens públicos que nós aqui podemos dizer que nos responsabilizamos por sua conduta. E eu devolvo o elogio dizendo: quem dera a composição do Senado e da Câmara, do Congresso Nacional, fosse repleta de homens públicos com a trajetória de V. Exª. Não só é descabida a acusação que pesa sobre V. Exª; mais do que isso, essa acusação também servirá para provar mais uma vez a trajetória de V. Exª como homem público. E é uma trajetória, Senador Luiz Henrique - eu testemunho e lhe digo -, que inspira principalmente nós que somos Parlamentares mais jovens desta Casa.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª. E peço desculpas, Sr. Presidente...

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senador Luiz Henrique, antes de V. Exª deixar a tribuna desta Casa, quero manifestar a alegria que tive por estar presidindo a sessão do Senado Federal no momento em que V. Exª veio à tribuna para expressar sua indignação com o lamentável episódio que V. Exª já detalhou e já abordou.

            V. Exª foi aparteado por 16 Senadores e Senadoras de todas as regiões do Brasil, de praticamente todos os partidos com assento nesta Casa. O que me cabe aqui dizer é que Santa Catarina o conhece muito bem e o Brasil o respeita e o admira.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª e a todas as Srªs e os Srs. Senadores...

            O Sr. Raimundo Lira (Bloco Maioria/PMDB - PB) - Sr. Presidente, eu ainda gostaria que o Senador Luiz Henrique concedesse um tempinho para eu fazer um aparte bem curtinho, porque, a exemplo da Senadora Ana Amélia,...

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Com grande prazer, meu colega Senador Raimundo Lira, de tantas lutas.

            O Sr. Raimundo Lira (Bloco Maioria/PMDB - PB) - A exemplo do que aconteceu com a Senadora Ana Amélia, eu estava em um hotel no interior, chamado Brejo das Freiras, a 30 quilômetros de Gajazeiras, cidade do interior da Paraíba, e me desloquei em meu automóvel, com um cunhado meu, um médico. Quando nós chegamos na estrada, havia um tumulto, muita gente. O que aconteceu? Um acidente, um cidadão da zona rural havia se acidentado. Ele estava em uma bicicleta e um veículo bateu nele, deixando-o todo machucado. Eu perguntei: “Está passando tanto carro aqui e ninguém leva esse rapaz?”. Disseram: “Não, o pessoal para, mas não quer sujar o carro de sangue”. Eu estava com meu cunhado médico, Olívio Bandeira. Procuramos saber se havia algum parente, coloquei o rapaz no carro e fui levá-lo ao hospital. Pedi que o hospital o atendesse em emergência. Imaginem! Hoje, eu ficaria intimidado de fazer um gesto dessa magnitude. Quero dizer a V. Exª, para encurtar, porque a sessão precisa continuar, que V. Exª fique tranquilo. O seu nome, a sua trajetória, a sua vida, a sua história política são maiores do que isso. São acidentes que acontecem. Às vezes, quando acontece alguma coisa ruim em minha família, a minha mulher diz: “Sabe por que aconteceu isso? Para nós nos lembrarmos que existe Deus, para nos lembrarmos que não há perfeição na vida humana”. Então, V. Exª pense dessa forma e releve isso. Não deixe que a indignidade machuque o seu coração, a sua mente, a sua bondade, porque V. Exª é maior do que tudo isso, Senador Luiz Henrique.

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Bezerra Coelho. Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Senadora Lúcia Vânia.

            A Srª Lúcia Vânia (Bloco Oposição/PSDB - GO) - Senador Luiz Henrique...

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Já concederei o aparte a V. Exª.

            Lembro-me, Senador Raimundo Lira, do episódio que atormentou a vida do grande Humberto Lucena. E falo isso para homenagear a Paraíba.

            O grande Humberto Lucena recebeu uma acusação injusta, e eu vivenciei, na casa dele, com a sua família, o amargor que aquilo lhe provocou.

            Por isso é importante que nós tenhamos, como eu disse, uma mudança comportamental neste País, principalmente em relação aos homens públicos, porque, para chegar aqui, é uma longa trajetória, são muitos embates. A nossa vida vai para um raio X, e o raio X vai para a janela, para todos verem a imagem que nele se reflete. Para chegar aqui, cada um dos senhores passou por um verdadeiro turbilhão de lutas, e isso tem que ser respeitado neste País.

            Concedo aparte à Senadora Lúcia Vânia, com grande prazer.

            A Srª Lúcia Vânia (Bloco Oposição/PSDB - GO) - Senador Luiz Henrique, eu não poderia deixar também de expressar aqui a nossa solidariedade a V. Exª. Para nós, que conhecemos a sua trajetória, a sua seriedade, a sua lisura, é surpreendente uma acusação dessa natureza, mas receba o nosso abraço, o nosso carinho e, acima de tudo, o reconhecimento de que V. Exª não precisa dar a esta Casa explicações, o comportamento de V. Exª fala por si. Muito obrigada.

            O SR. LUIZ HENRIQUE (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª, agradeço a paciência do Sr. Presidente, meu companheiro de tantos anos, Fernando Bezerra Coelho.

            Obrigado, de coração, mas termino dizendo: não sou eu, é o Senado como um todo que está em jogo nesta questão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2015 - Página 376