O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, também pela ordem, para requer, nos termos do art. 218 do Regimento Interno, do Senado Federal, que seja inserido em ata da sessão do dia de hoje voto de pesar pelo falecimento de um cidadão de nacionalidade uruguaia, mas que, na verdade, é cidadão de nacionalidade mundial, Eduardo Hughes Galeano, que dedicou a sua vida à Literatura e à História. A voz de Galeano foi, para todos nós na América Latina, a voz daqueles que não tinham voz e a voz, também, daqueles que estavam condenados à memória.

            Autor de diversas obras que retratam a alma latino-americana - como As Veias Abertas da América Latina, o seu clássico de 1972, e Memória do Fogo, de 1982 -, Galeano deixa uma enorme lacuna para todos que acreditam na utopia que ele mesmo propagandeava, uma enorme lacuna para a Literatura e uma enorme lacuna para a História.

            É de se destacar, de várias passagens da forma livre e solta como Galeano se pronunciava, um trecho que ele sempre registrava em suas viagens. Num desses trechos ele dizia o seguinte: “No aeroporto, na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: É proibido cantar. No aeroporto do Rio, um outro cartaz avisa: É proibido brincar com os carrinhos, ou seja, ainda existe gente que brinca e que canta.”

            É com essa poesia de Galeano e com a sua alma latinoamericana que ficará para sempre escrita para todos que amam a poesia, a literatura e amam a história.

            Então, na verdade, Galeano, mais que cidadão uruguaio, é cidadão de todos os brasileiros e cidadão de todo o mundo.

            A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Cumprimento o Senador.

            Na forma regimental, a solicitação de V. Exª será atendida, Senador Randolfe Rodrigues.

            Ontem a imprensa deu grande destaque à morte de Eduardo Galeano, que realmente marcou essa geração referida por V. Exª. Ele, ao final da vida, morando na Espanha, já havia feito uma reflexão diferente um pouco daquilo que pensava como adolescente, porque juventude sem espírito de rebeldia é servidão precoce. 

            Agora, Senador Capiberibe, V. Exª estava inscrito, mas, Senador, pelo Regimento, é a Senadora Sandra Braga, porque ela é a última oradora inscrita para uma comunicação inadiável.

            Então, posteriormente a ela, V. Exª o será. Falou um Líder e agora é V. Exª.

            O SR. RANDOLFE RODRIGUES (Bloco Socialismo e Democracia/PSOL - AP) - Presidente, só para acrescentar, o voto de pesar é escrito por mim e pelo Senador João Capiberibe.