A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes da Rádio Senado, telespectadores da TV Senado, venho à tribuna hoje, Sr. Presidente, para solicitar o apoio desta Casa para a instalação de um grupo parlamentar, que é o Grupo Parlamentar Brasil-Paraguai, com o objetivo de fortalecer as relações entre os Parlamentares dos dois países.

            Há dez anos, V. Exª, Sr. Presidente Renan Calheiros, sancionou a Resolução do Senado nº 60, de 2005, oriunda de um projeto de sua autoria, que institui o Grupo Parlamentar Brasil-Paraguai. E, agora, considerando o novo momento que vive o continente americano, parece-me uma excelente oportunidade investir no aprofundamento das relações com todos os países do continente e mais ainda com os nossos vizinhos.

            Digo isso, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, com entusiasmo e satisfação, sobretudo após o sucesso da já histórica 7ª Cúpula das Américas, ocorrida na semana passada na cidade do Panamá, que depois de mais de 50 anos representou o retorno oficial de Cuba às reuniões de alto nível interamericanas.

            A Cúpula contou, pela primeira vez, com a participação dos líderes das 35 nações que compõem as Américas, com natural destaque para as presenças dos Presidentes Barack Obama e Raul Castro, respectivamente dos Estados Unidos e de Cuba, cujo esperado aperto de mão, depois de décadas de distanciamento, fez história. Aliás, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, é fundamental reconhecer e louvar a inestimável contribuição do Papa Francisco para que este momento épico fosse concretizado.

            Representando o Brasil neste evento memorável, a Presidenta Dilma Rousseff igualmente aproveitou a oportunidade para avançar a política externa brasileira defendendo de forma enfática e compromissada a integração de todos os países das Américas como premissa fundamental para assegurarmos e sustentarmos o desenvolvimento econômico e social em toda a nossa região.

            A Presidenta participou de encontros bilaterais de grande relevância para os interesses brasileiros, com destaque para a reunião com o Presidente Barack Obama, quando foi agendada uma visita de trabalho da Presidenta Dilma aos Estados Unidos para o próximo dia 30 de junho, dando uma demonstração evidente de que os dois países caminham para superar com maturidade o distanciamento recente.

            Além do apoio irrestrito à reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, merece destaque o suporte dado por todas as nações que estiveram na Cúpula às negociações envolvendo o Governo do Presidente Santos, e a sociedade colombiana em geral, para o fim do conflito com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). 

            A opção por uma solução negociada representa um avanço extraordinário em busca da paz em todo o continente.

            Srªs e Srs. Senadores, os líderes americanos que estiveram no Panamá ainda concordaram em torno de outros relevantes temas para o nosso continente, como educação, segurança, saúde, energia e políticas de imigração.

            O único desencontro havido na Cúpula das Américas, responsável, inclusive, pela ausência de uma declaração final, foi a exigência da Venezuela de incluir no documento uma condenação às sanções impostas pelos Estados Unidos ao país.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, todos têm acompanhado com atenção e preocupação a situação política na Venezuela. Penso que, acima de tudo, é fundamental que haja equilíbrio e moderação para a superação dos impasses.

            Neste sentido, vejo com esperança o trabalho da comissão de chanceleres criada no âmbito da Unasul para promover o diálogo entre o governo e a oposição naquele país.

            Por fim, Srªs e Srs. Senadores, reafirmando minha expectativa positiva em torno desse novo momento experimentado no continente americano, cujos movimentos recentes evidenciam uma aposta na maior integração entre os países, chamo atenção para a importância de fortalecermos ainda mais o nosso Mercosul.

            Divirjo daqueles que atacam o Mercosul, entendendo ser acertada a estratégia de privilegiar o bloco como ponto fundamental da nossa política externa. Os resultados do bloco falam por si. O comércio dos países que formam o Mercosul, que girava em torno de U$5 bilhões no momento da sua criação, em 1991, hoje corresponde a U$60 bilhões.

            Aliás, muito mais do que os resultados comerciais, que são inegáveis e expressivos, o Mercosul promoveu uma grande estabilização em nosso continente. Se no passado havia uma competição evidente entre Brasil e Argentina em torno da hegemonia na região, hoje os países passaram à condição de verdadeiros parceiros.

            O mesmo vale para os demais integrantes do bloco e, por isso, como Senadora da República que representa o Estado do Paraná, eu não poderia aqui, Sr. Presidente, negligenciar a importância da relação com o Paraguai.

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Temos, Srªs e Srs. Senadores, a fronteira mais populosa do Brasil exatamente na região de Foz do Iguaçu, em meu Estado, a Cidade do Leste, no Paraguai, e a Cidade de Porto Iguaçu, na Argentina.

            Em território paraguaio, vivem hoje centenas de milhares de brasileiros, e a cooperação entre os dois países é essencial para o futuro daquela região.

            Se o Paraguai estiver mal, Srs. Senadores e Sr^as Senadoras, não tenham dúvidas, o Brasil sentirá negativamente o impacto.

            Infelizmente, entretanto, vejo que alguns setores da sociedade brasileira, inclusive aqui no Parlamento, têm manifestado críticas e até preconceitos em relação à cooperação brasileira e paraguaia, algo que para quem conhece a nossa fronteira é inaceitável.

            Li recentemente na imprensa, com grande preocupação, uma declaração...

(Interrupção do som.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Li recentemente na imprensa, com grande preocupação, uma declaração atribuída ao Senador José Serra, por quem tenho grande respeito, afirmando que o Presidente do Paraguai, Horacio Cartes, seria contrabandista. Quero crer que houve algum mal-entendido, especialmente considerando a biografia e o peso político do Senador José Serra e o quanto uma afirmação desta poderia repercutir negativamente nas relações entre os nossos países.

            O Paraguai tem demonstrado grandes avanços, seja de ordem social, seja de ordem econômica. O Produto Interno Bruto do Paraguai cresceu 5,8% no quarto trimestre de 2014, uma aceleração em comparação ao trimestre anterior, quando a atividade econômica subiu 4,4%, apontou um relatório divulgado pelo Banco Central do Paraguai nesta sexta-feira. O relatório assinalou que os setores com maior crescimento...

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - ... foram construção, pecuária e indústria.

            A expansão do setor da pecuária se mantém pelo décimo trimestre consecutivo, influenciada pelo bom posicionamento da carne paraguaia no exterior. O Paraguai é o sexto exportador de carne bovina do mundo, posição que assumiu desde que conquistou o status de país livre da febre aftosa, em novembro de 2013.

            O setor da construção cresceu pelo oitavo trimestre consecutivo, com uma taxa anualizada de 19,4%. Com um crescimento acumulado de 14,9% em 2014, foi o setor mais dinâmico da economia paraguaia.

            A produção do setor de mineração e indústria apresentou uma expansão de 10,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

            O Banco Central paraguaio prevê que a economia do país crescerá 4,5%, em 2015.

(Interrupção do som.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Só para concluir, Sr. Presidente.

            Esta previsão é superior à média esperada para a América Latina e o Caribe, de 2,2%, indicou o BCP.

            Diante desse momento de reaproximação, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs. Senadoras, de países nas Américas, depois de conversar também com o Presidente Renan Calheiros, autor do projeto que deu origem à Resolução n° 60, de 2005, que institui o Grupo Parlamentar Brasil-Paraguai, penso que poderia ser muito útil, para quebrar preconceitos e desfazer mal-entendidos, além de contribuir para o fortalecimento das nossas relações, a instalação desse grupo parlamentar, proporcionando assim um novo fórum de debate bilateral.

            Quero aqui manifestar o meu respeito, o meu carinho e a minha consideração pelo povo paraguaio, por sua autonomia, pelas relações...

(Soa a campainha.)

            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - ... que temos com esse país e, sobretudo, o meu respeito pelo Presidente Cartes, que tem tido para com o Brasil sinalizações importantes e parcerias importantes de desenvolvimento dessas duas nações, para o crescimento de toda América do Sul e de toda América Latina.

            Então, no momento em que a diplomacia nas Américas evoluiu significativamente, espero que possamos também avançar em nosso território sul-americano, mostrando ao mundo o exemplo da região pacífica, democrática e integrada que nós podemos ser.

            Por isso, peço apoio dos senhores na consolidação desse grupo e, especialmente, peço o apoio do Senador Renan Calheiros, que foi o autor do projeto, para que possamos, o mais rápido possível, instalar o Grupo Brasil-Paraguai.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.