O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu quero até ser breve neste pronunciamento, mas eu fiz questão de me inscrever, Senador Fernando Bezerra, porque eu ando muito preocupado com o processo que se desenha, do Nordeste brasileiro. Nós estamos enfrentando uma fase muito difícil, em que é necessária uma retomada imediata.

            Amanhã nós teremos aqui um debate importante sobre essa questão do caminho de saída para essa crise, ao mesmo tempo de propostas para a retomada do desenvolvimento econômico, mas me assusta muito o que nós estamos vivenciando na nossa região. E a preocupação vem exatamente a partir de diversos elementos.

            Nós enfrentamos um período crítico, chamado de período hidrológico mais crítico da história da nossa região. Se fizermos uma comparação disso com o que se processou na relação entre a hidrologia e a nossa geração de energia, a hidroeletricidade, eu diria, a partir do que os técnicos apontam, que esse é o período mais crítico dos últimos 83 anos.

            Só que essa não é uma reação só do chamado processo de causa e efeito com a energia, ou seja, a partir da chegada da água, a sua chegada aos lagos, a geração de energia, mas do desdobramento que isso aponta, ou seja, o impacto dessa questão da hidrologia na nossa agricultura, o impacto dessa questão da hidrologia exatamente na geração de energia e consequentemente a questão da energia na nossa atividade produtiva.

            Então nós enfrentamos problemas de diversas ordens. Nós vamos tendo um processo também de desaquecimento da economia do Nordeste, nós que adotamos, desde 2011, uma política para o setor automotivo, Paim, no Nordeste, uma política agressiva. Os dados inclusive de venda de veículos, ou melhor, de queda na venda de veículos são assustadores.

            O Nordeste no mês passado, aliás, desde fevereiro, vem acumulando números negativos no Caged, na geração de postos de trabalho.

            No caso da Bahia, Senador Fernando Bezerra, nos últimos oito anos, é a primeira vez que a gente apresenta números negativos na geração de postos de trabalho. Nós últimos oito anos. Portanto, é uma preocupação muito grande e não quero aqui chamar essa questão como uma questão alarmante, mas ela é uma questão que requer do Governo uma atitude imediata.

            O Senador Otto pilota aqui, a partir da Comissão de Meio Ambiente, que ele preside, um debate importantíssimo sobre a revitalização do São Francisco, a necessidade de adoção imediata de políticas no chamado leito, desde sua nascente até - no nosso caso específico - a chegada nos lagos que estão no Nordeste. O rio tem, de forma cada vez mais crescente, perdido sua vazão, tem convivido com o problema da poluição, com o assoreamento e com a própria questão da inexistência, que já é algo, meu caro Paim, quase - eu diria assim - desestimulador de nossa expectativa no que diz respeito às matas ciliares. Um rio que tinha uma vazão expressiva no período passado hoje padece ali na casa dos 1.500/1.600m³ por segundo. Portanto, isso vai criando um ambiente de dificuldades. Nós temos problemas sérios nas capitais do Nordeste a partir da queda da atividade de serviços. Consequentemente, nós enfrentamos problema seriíssimo na capital Salvador, na capital Recife, que envolve também as empresas que estão na Lava Jato, como é o caso da refinaria em Pernambuco e das grandes obras da Bahia. O estaleiro na Bahia, Paim, que é assustador. Nós tínhamos perspectiva de ampliar de sete para 10 mil postos de trabalho no estaleiro e estamos agora assistindo a uma verdadeira queda nesse nível de trabalho, não tendo hoje, inclusive... Os números apontam abaixo dos 500 postos de trabalho.

            As atividades dessas empresas, as atividades econômicas (a própria questão da infraestrutura) apontaram para o Nordeste como importantes as obras da 101, da 116; as obras de mobilidade urbana. Agora há pouco, antes de chegar aqui, recebi a notícia de que nosso Governador Rui Costa vem a Brasília...

(Soa a campainha.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... para buscar recursos e apoio do Governo Federal para dar resposta à tragédia que nós enfrentamos a partir do volume de água que se processou sobre a cidade de Salvador, ceifando vidas e, ao mesmo tempo, também mexendo em nossa estrutura, que já não era boa. O Governo do Estado tinha feito o compromisso de 98 encostas... Seis já foram entregues. Portanto, ali, no final do Governo Jaques Wagner foram anunciadas essas obras, e o Governador Rui Costa está vindo a Brasília para buscar recursos para ajudar a nossa cidade de Salvador. Ao mesmo tempo, vem também para consolidar o repasse de recursos para essas obras de mobilidade, de infraestrutura na capital e na região metropolitana, mais precisamente no nosso metrô, para manter o nível de atividade econômica e, ao mesmo tempo, entregar à cidade...

(Interrupção do som.)

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - ... uma estrutura de modal que a permita se mover.

            Mas minha preocupação, inclusive, Senador Paulo Paim, é porque essa questão se agrava. E ouvi, agora há pouco, algumas questões já respondidas pelo Senador Jorge Viana acerca do BNDES. Ora, boa parte desses investimentos... Lembro-me de que, quando fui Secretário do Planejamento, uma das operações que fiz foi com o BNDES, para aportar recursos em investimentos na Bahia.

            Na semana passada, entramos de corpo e alma na energia do vento, nos leilões. A Bahia, mais uma vez, é um Estado que entra no leilão com força total. Portanto, para esses empreendimentos, precisamos dos recursos do BNDES.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Senador Walter, me permita só, porque a moçada está saindo e já é a segunda turma, cumprimentar todos: a turma que saiu e a turma que está saindo agora, alunos do ensino médio da Escola Educandário de Maria, de Riacho Fundo. Sejam bem-vindos! Levem a mensagem para seus coleguinhas!

            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Como eu estava dizendo, é uma questão preocupante.

            Então, queria encerrar, mas chamar a atenção para isso. Vamos fazer o debate. É preciso que o Governo tenha um olhar, diria, bem específico. É óbvio que sei que a Presidenta Dilma tem a tarefa do Brasil, mas é importante olharmos para uma região que, nos últimos oito anos, vinha tendo um crescimento acelerado e precisa desses investimentos, precisa da retomada das obras do PAC, das obras de infraestrutura, principalmente de um programa que possa restabelecer a geração de postos de trabalho e, ao mesmo tempo, a atividade econômica que nos permita crescer, principalmente com inovação e tecnologia, e dar uma resposta a um dos pontos que também, Senador Fernando Bezerra, enfrentamos no Nordeste hoje, que é a questão da energia, neste momento em que precisamos tanto exportar a nossa indústria do eletrointensivo, que tem a preparação, a condição e já atua no mercado internacional. Portanto, poderia ser um dos pontos importantes para ampliarmos a nossa capacidade de exportar, aproveitar este momento e, ao mesmo tempo, dar respostas na nossa região com essa atividade produtiva, com geração de postos de trabalho e, consequentemente, fazendo circular recursos na nossa economia para que a gente possa manter a vida em cada cidade.

            Os prefeitos estão vindo a Brasília permanentemente. Há uma dificuldade enorme, inclusive para a sustentação da máquina. Os governadores do Nordeste estiveram aqui. E, agora, nós precisamos apresentar respostas incisivas e rápidas, inclusive com capacidade transformadora para termos a oportunidade de, com essas políticas, socorrer e, ao mesmo tempo, reestimular essa economia muito forte do nosso Nordeste brasileiro.

            Muito obrigado, Senador Paulo Paim.