O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Oposição/PSDB - MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Da mesma foram, Presidente Renan Calheiros, faço coro a V. Exª e cumprimento o grande Parlamentar e hoje um dos mais avaliados, senão o mais bem avaliado prefeito do Brasil, ACM Neto, que vive na pele - talvez seja testemunha mais próxima que temos, pelo menos aqui hoje - do estado de abandono em que os Municípios vivem no Brasil, através de uma política, nesses últimos anos, extremamente centralizadora e que esfacelou a capacidade de gestão dos Municípios brasileiros.

            Salvador, com toda dificuldade, ainda consegue apresentar resultados extremamente positivos pela qualidade do gestor, pela qualidade da sua equipe e tenho certeza que é inspiração para muitos de nós que fazemos vida pública.

            Meus cumprimentos também ao Prefeito.

            Presidente Renan, não era nem essa a razão da solicitação da palavra que fiz a V. Exª, mas reitero a V. Exª que o que faz o Líder do PSDB, Senador Cássio Cunha Lima, é expressar o sentimento de todos os brasileiros. No momento em que as investigações em relação àquilo que nós não podemos mais chamar ou aceitar que seja chamado de malfeitos, mas em relação aos crimes cometidos seja na Petrobras ou em outras áreas da administração federal, surpreende a todos nós que dados que poderiam ser importantes para compreendermos a real participação de cada um dos atores desse processo de corrupção sistêmica que tomou conta da maior empresa brasileira pudesse vir à luz.

            Confesso que fomos realmente surpreendidos com a informação da Petrobras, agora ancorada num parecer ou num regulamento do seu Conselho de Administração, que temos que respeitar, mas, em casos tão graves como esses que ocorreram, era preciso, sim, que a Petrobras tivesse, como nós acreditamos que possa ter, instrumentos para reavivar essas reuniões, tendo em vista sabermos efetivamente de que forma cada um dos membros do Conselho de Administração da Petrobras atuou, seja naquela compra desastrosa, cujo prejuízo já foi assumido no balanço da própria empresa, ou mesmo em outras reuniões.

            O que nós queremos é dar oportunidade até para que injustiças não sejam cometidas e que, em especial, a então Presidente do Conselho de Administração possa, de forma muito clara, desanuviar, deixar clareza, transparência em relação ao seu papel naquele danoso episódio.

            Mas a razão maior, Presidente Renan, que me traz a esta tribuna, na verdade, é para também fazer coro à manifestação do Senador Romero Jucá em relação à manifestação que cumprimento de V. Exª em favor da democracia na América Latina e de repúdio, portanto, ao não cumprimento das cláusulas democráticas do Mercosul por parte da Venezuela.

            Participei, algumas semanas atrás, de um evento na capital do Peru, Lima. Ali ficou patenteado, claro, como tem sido danosa para a democracia em alguns países da região, Senador Reguffe, que tanto preza pelas liberdades democráticas no nosso País, como é sentida a ausência de uma palavra mais forte daquela que é a mais sólida economia, o mais populoso país da nossa região.

            Em todos os pronunciamentos, não apenas de políticos, não apenas de esquerda, não apenas liberais, mas também de todos os matizes ideológicos, ao lado de sociólogos, ao lado de sociólogos, ao lado de intelectuais da altura de Mário Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, todos eram unânimes em cobrar das forças democráticas do Brasil um posicionamento claro em favor da democracia na Venezuela, de forma especial, mas também em outros países da região.

            O Senado Federal age à altura das melhores tradições desta Casa. E faço um convite de público, em nome também do Senador Aloysio Nunes, Presidente da Comissão de Relações Exteriores, aos Srs. Senadores, para que, depois de amanhã, quinta-feira, a partir das 10 horas da manhã, compareçam e prestigiem a presença, entre nós, de Mitzy Capriles de Ledezma, esposa do prefeito de Caracas, que se encontra preso, o Prefeito Ledezma, e também de Lilian Tintori López, esposa de Leopoldo López, um dos principais líderes da oposição, já há um ano e um mês presos.

            Senador Renan, todos nós temos aqui a capacidade de nos sensibilizar com aquilo que é real e também de manifestar nossa repulsa com aquilo que é fantasioso, que é artificial.

            Os senhores que lá estiverem - e faço um convite especial para os Senadores do PT, democratas que são, acredito, todos eles - ouvirão o testemunho real das esposas desses oposicionistas sobre o que vem acontecendo na Venezuela.

            Não é aceitável que nós sejamos contemporâneos, em países vizinhos, de presos políticos presos única e exclusivamente porque manifestam a sua opinião, manifestam a voz da sua consciência e lutam por um país diferente.

            O Brasil tem, sim, responsabilidade com a democracia tão duramente conquistada na nossa região em muitos dos países. O Senado Federal tem a opção, tem a oportunidade de, suprindo essa lacuna do Governo Federal, ser a voz do Brasil, suprapartidária, como deve ser, para que de alguma forma se sensibilizem as autoridades daquele país.

            E não é objetivo de nenhum de nós, de nenhuma das forças que se manifestaram nesses encontros, a derrubada do governo lá constituído e eleito. Absolutamente nada disso querem essas lideranças. Mas não é possível que nós voltemos aos tempos mais obscuros na nossa região, em que adversários políticos são tratados nas masmorras como inimigos e como criminosos.

            Portanto, é uma bela oportunidade que se apresenta ao Congresso Nacional, ao Senado em especial. Tenho certeza de que V. Exª se fará presente e, com a responsabilidade institucional que tem, será, ao lado de todos nós, a voz do Senado Federal clamando por liberdade, clamando por democracia na Venezuela.