Pronunciamento de Vanessa Grazziotin em 05/05/2015
Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica à aprovação do requerimento que diz respeito à visita de parlamentares brasileiros à Venezuela, a fim de averiguar a situação do país.
- Autor
- Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
- Nome completo: Vanessa Grazziotin
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INTERNACIONAL:
- Crítica à aprovação do requerimento que diz respeito à visita de parlamentares brasileiros à Venezuela, a fim de averiguar a situação do país.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/05/2015 - Página 176
- Assunto
- Outros > POLITICA INTERNACIONAL
- Indexação
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- CRITICA, APROVAÇÃO, SENADO, REQUERIMENTO, OBJETIVO, VISITA, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, MOTIVO, ANALISE, SITUAÇÃO, POLITICA, PAIS, AUSENCIA, CONVITE.
A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, se V. Exª me permite, eu gostaria de fazer algumas observações, pouquíssimas em relação ao mérito, a maioria delas em relação à metodologia que o Senado está adotando e a mudança que eu percebo de comportamento de alguns Parlamentares.
Eu, desde que cheguei à Casa, componho a Comissão de Relações Exteriores. Eu me lembro, Sr. Presidente, quando das últimas eleições da Venezuela, de que eu apresentei um requerimento na Comissão de Relações Exteriores, para que formássemos um grupo de Parlamentares para acompanhar as eleições da Venezuela. Meu requerimento teve o apoio dos membros da comissão, inclusive do Senador Aloysio Nunes Ferreira - inclusive -, mas foi arquivado pela Presidência da Comissão, à época, do Senador Ferraço. Qual o argumento? Não havia qualquer convite - porque eu não havia anexado ao requerimento - de qualquer instituição do país Venezuela para que pudéssemos aqui formar uma comissão.
Porque é óbvio, Presidente, este aqui é o Senado da República Federativa do Brasil. A nossa função é praticar a autodeterminação, a amizade entre os povos, mas eu não creio que seja correto, do ponto de vista da legislação internacional, do Direito internacional, da prática internacional, sem que tenhamos tido qualquer convite, uma comissão de Senadores desembarcar na Venezuela. Para falar com quem? Para decidir o quê, Sr. Presidente?
Em relação ao mérito, quero aqui concordar com o que disse o Senador Lindbergh. Aliás, o Senado recebeu há algum tempo uma ex-Deputada chamada Corina. Eu participei de toda a reunião. A Deputada Corina não chegou do nada, ela recebeu um convite para aqui estar. Ela não veio do nada, ela recebeu um convite de Parlamentares desta Casa para participar na Comissão de Relações Exteriores. O que não há, agora, por parte da Venezuela. Nenhum convite, nenhum requerimento, absolutamente nada.
Os Parlamentares estão aprovando aqui, mas amanhã não vamos reclamar se a Alemanha, se os Estados Unidos, se a França, se a Colômbia, se o Peru mandar para cá um grupo de parlamentares para fazer qualquer tipo de verificação. Não vamos estranhar, porque estamos abrindo um precedente.
Enfim, essa ex-Deputada Corina, que foi muito festejada e recebida como uma grande mulher, foi questionada por mim, e não apenas com palavras, mostrando um documento apoiando o golpe. E falando de democracia, Sr. Presidente?
Em relação ao mérito, tenho as minhas opiniões, o que não significa dizer aplaudir muitos dos atos do presidente do país vizinho. Não, de forma alguma. Tenho muitas críticas. Agora, acho que temos que ter muito cuidado com as nossas relações políticas, com as nossas relações institucionais, Sr. Presidente.
O Brasil tem um Ministério de Relações Exteriores, tem um Itamaraty. Acho que a ele cabe a prática da política internacional. A nossa cabe aqui dentro do País.
Então, eu quero fazer essas ponderações e dizer que estamos aqui não apenas ouvindo discursos que estabelecem dois pesos e duas medidas, mas também práticas que não se sustentam.
Eu repito: eu tive o meu requerimento indeferido por conta disso. Vamos fazer o que em um país para o qual não tivemos convite? Eu é que pergunto agora: o que vai fazer uma comissão em um país que nenhum convite enviou?
É isso, Sr. Presidente.