Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o fato de a Presidente da República não fazer, em princípio, o pronunciamento oficial em homenagem ao Dia do Trabalho, em 1º de maio.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Considerações sobre o fato de a Presidente da República não fazer, em princípio, o pronunciamento oficial em homenagem ao Dia do Trabalho, em 1º de maio.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2015 - Página 55
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, AUSENCIA, APOIO, POVO, CONGRESSO NACIONAL, ENFASE, OMISSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PRONUNCIAMENTO, ASSUNTO, DIA INTERNACIONAL, TRABALHO, MOTIVO, CORRUPÇÃO, AUMENTO, INFLAÇÃO, JUROS, CORTE, DIREITO DO TRABALHO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, HOMENAGEM, TRABALHADOR, LOCAL, ESTADO DO PARA (PA).

            O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco Oposição/PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Vanessa Grazziotin, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, para que um governante possa governar de fato é preciso haver um grau mínimo de confiança por parte daqueles que são governados. Sem essa relação, o governante fica engessado. Governabilidade, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, não diz respeito apenas ao funcionamento do governo e a seu relacionamento com o Poder Legislativo. Esse conceito político está intrinsecamente ligado às relações entre Estado, mercado e sociedade.

            Sem a credibilidade por parte dos governados, o governante se torna um personagem sob amarras e mordaças, um verdadeiro pato manco, impedido de dar qualquer movimento eficaz, sob pena de inflamar cada vez mais os descontentes e perder o apoio dos poucos que ainda permanecem na ilusão do discurso vazio.

            A insatisfação, Senador Pimentel, que preside a sessão neste momento, e a descrença do povo, de um lado, e os baixos índices de governabilidade, por outro, calarão a Presidente Dilma pela primeira vez nestes cinco anos. Sem ter nada de positivo para falar aos brasileiros e temendo novas manifestações, a Presidente não fará o seu pronunciamento oficial em cadeia nacional de rádio e TV em homenagem ao Dia do Trabalho.

            Com essa postura, a Presidente Dilma, do Partido dos Trabalhadores, prefere se manter isolada, ignorando os efeitos da crise que impôs ao nosso País. Como comemorar o Dia do Trabalho com manchetes nos jornais que noticiam a elevação da taxa de desocupação no Brasil? Dados do IBGE indicam que em março passado a taxa foi de 6,2%, a pior desde maio de 2011, ano em que a Presidente fez o seu primeiro pronunciamento em comemoração ao dia 1º de maio. À época, a Presidente Dilma, Senador Alvaro Dias, ressaltava o bom desempenho da economia e o crescimento no número de empregos e renda no Brasil. No discurso de 2012, o ataque aos altos juros cobrados pelos bancos privados deu o tom no pronunciamento da Presidente. Na época, a Presidente Dilma considerou - abro aspas: “inadmissível que o Brasil, com um dos sistemas mais sólidos e lucrativos, continuasse com as taxas de juros mais altas do mundo” - fecho aspas. Passados dois anos, em 2013, a Presidente dos sofismas e dos atos irresponsáveis e pouco planejados disse que - aspas - "não iria descuidar nunca para controlar a inflação" - fecho aspas. No ano passado, em clima de campanha, a Presidente Dilma anunciou a correção de 4,5% da tabela do Imposto de Renda e o reajuste de 10% dos benefícios do Bolsa Família.

            Emprego, taxa de juros, inflação, benefícios sociais - as promessas da Presidente são descumpridas de forma quase sistemática, frustrando as expectativas e as esperanças da população brasileira.

            E, neste ano, o que teria a Presidente a falar aos trabalhadores brasileiros? Vai repetir sua afirmação absurda de que, com a publicação do último balanço, a Petrobras virou a página? Ou vai admitir que não foi capaz de frear a inflação e que essa já ultrapassou a barreira dos 8% anuais? Que incentiva a elevação dos juros, com a taxa Selic alcançando 13,25%, reduzindo ainda mais o poder de compra dos brasileiros e voltando a ser a maior taxa de juros do mundo? Que está cortando direitos dos trabalhadores? Ou que, por conta da péssima gestão e da corrupção generalizada do seu Governo, estaria provocando uma grande crise econômica e a maior crise ética do País?

            Em vez do silêncio, a Presidente deveria ser sincera, Senador Jorge Viana, que preside a sessão neste momento, e admitir que errou na condução das políticas econômicas e sociais do seu Governo e que o PT foi o grande responsável pelas perdas acumuladas com a corrupção que se espalhou pelas instituições brasileiras.

            A última edição da revista Veja denuncia os benefícios dados pelo ex-Presidente da OAS, Dr. Léo Pinheiro, preso pela Operação Lava Jato, ao ex-Presidente Lula. O cerco está se fechando, e as investigações vão chegando mais perto do núcleo responsável pela situação pela qual passa, lamentavelmente, o nosso Brasil.

            Os brasileiros não confiam neste Governo. Já não acreditam mais nas mentiras da Presidente Dilma. Reflexo desse descrédito está acontecendo com a Caixa Econômica Federal, instituição centenária e que também foi abalada pelo Governo do PT. Sem confiança e, pior, com medo do que pode vir a acontecer, os brasileiros vêm retirando os investimentos da poupança, principal fonte de financiamento para o crédito imobiliário.

            No ano, a caderneta já perdeu R$30.2 bilhões. Por conta dessa escassez de recursos, a Caixa já anunciou que, a partir da próxima segunda-feira, 04 de maio, reduzirá 50% do limite de financiamento para operações com base na poupança. Será que esse não seria um bom tema para a Presidente esclarecer os brasileiros em seu pronunciamento no Dia do Trabalho? Covardemente, a equipe técnica do Governo justifica que o silêncio da Presidente, nas rádios e tevês, seria, na verdade, uma estratégia para valorizar outros modais de comunicação. As redes sociais seriam, então, o novo palco escolhido para que a Presidente pudesse proferir suas mentiras, escapando assim das críticas e manifestações públicas.

            Com essa medida, a Presidente erra duplamente: erra por tentar silenciar uma manifestação legítima da democracia, garantindo à população que dê evidência de sua insatisfação, e erra também por selecionar o público, haja vista que nem todos os trabalhadores deste País estarem conectados às redes sociais. Mais uma vez, com um erro atrás de outro, o PT e a Presidente Dilma tentam criar uma realidade paralela, uma ficção dentro da dura realidade a qual os trabalhadores deste País foram condenados.

            Quero, ao finalizar, Senador Jorge Viana, deixar aqui um abraço aos trabalhadores do meu Brasil e, em especial, aos trabalhadores e trabalhadores do meu Estado, o Estado do Pará.

            Que eles não percam a esperança, que eles continuem lutando na manutenção das conquistas anteriores, porque as medidas provisórias que foram editadas pela Presidente Dilma, que diminuem e inviabilizam grande parte dessas conquistas, terão de ser discutidas e votadas no plenário da Câmara Federal e no plenário do Senado Federal.

            Neste instante, na tramitação nos plenários das duas Casas do Congresso Nacional, tenho certeza absoluta de que os Deputados e os Senadores, assim como as Deputadas e as Senadoras irão manifestar seu apoio aos trabalhadores brasileiros, àqueles que, com o suor do seu rosto, fazem com que nosso País possa retomar o caminho do desenvolvimento e da melhor qualidade de vida para todos.

            Era o que tinha a dizer, Senador Jorge Viana.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2015 - Página 55