Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Indignação com a decisão da Petrobras de fechar a Unidade de Operações de Exploração e Produção Sul, no Município de Itajaí-SC.

Autor
Dário Berger (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Dário Elias Berger
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
INDUSTRIA E COMERCIO:
  • Indignação com a decisão da Petrobras de fechar a Unidade de Operações de Exploração e Produção Sul, no Município de Itajaí-SC.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2015 - Página 99
Assunto
Outros > INDUSTRIA E COMERCIO
Indexação
  • CRITICA, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), MOTIVO, ANUNCIO, FECHAMENTO, UNIDADE, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, LOCAL, MUNICIPIO, ITAJAI (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), APREENSÃO, PREJUIZO, ECONOMIA, REGIÃO.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Telmário, que preside os trabalhos desta sessão, meus cumprimentos a V. Exª. Muito obrigado pela oportunidade de, aqui da tribuna, expressar novamente um dos grandes problemas que Santa Catarina está vivendo na atualidade.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, a crise provocada pela má gestão e pela corrupção na maior empresa brasileira, a Petrobras, orgulho até então de todos os brasileiros, começa a atingir milhares e milhares de brasileiros que não têm culpa alguma do vírus avassalador que infectou a empresa símbolo da riqueza brasileira.

            Pretendo, neste pronunciamento, Sr. Presidente, trazer ao conhecimento de V. Exªs e ao povo do meu Estado, o Estado de Santa Catarina, um fato que provocou um misto de surpresa, indignação e revolta.

            A Petrobras, em nota oficial divulgada no dia 17 de abril, de 2015, confirmou o fechamento da unidade de operações de exploração de petróleo no Município de Itajaí. Daí a minha grande preocupação. Atitude, a meu ver, intempestiva, inconsequente, sobretudo pelo que representa para a economia de Santa Catarina e do Brasil.

            Num momento de crise como esse em que estamos vivendo, a Petrobras acaba de anunciar um prejuízo superior a R$21,5 bilhões e mais de R$6 bilhões por conta da corrupção que avassalou a empresa nos últimos anos. No momento, numa atitude inesperada, a Petrobras anuncia o fechamento de uma unidade responsável pela produção diária, nada mais, nada menos, Sr. Presidente, do que 73 mil barris de petróleo, em Itajaí, no meu Estado, que gera negócio na ordem de cerca de US$7,5 bilhões por dia.

            Essa unidade, Sr. Presidente, é a quinta colocada em volume de operação no País. Ela opera um dos maiores e com melhores custos de produção. Portanto, uma unidade enxuta, eficiente e que não merece esse tratamento. É a unidade da Petrobras com o maior resultado operacional bruto por empregado, infinitamente superior a todas as outras. Possui apenas cerca de 200 empregados, entre empregados diretos e apoiadores, enquanto que, segundo informações que me passaram, as outras unidades contam com milhares e milhares de empregados.

            Essa unidade de exploração e produção de Itajaí foi criada em 2010, para aliviar a sobrecarga existente da unidade de operações de exploração da Bacia de Santos. Seria, então, ainda responsável pela exploração de outras áreas, como a Bacia de Pelotas e, em terra, pela produção do Campo de Barra Bonita, na Bacia do Paraná.

            Sr. Presidente, por incrível que pareça, após uma ampla mobilização do Estado de Santa Catarina, sobretudo do Vale do Itajaí, que recebeu, entre tantos apoios, o do Fórum Parlamentar Catarinense, coordenado pelo atuante Deputado Federal Mauro Mariani - fórum composto por 3 Senadores e 16 dezesseis Deputados Federais -, diante disso, o Presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou ontem, durante audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que a Petrobras de Itajaí não vai fechar, contrariando a versão da própria companhia, cujo assunto foi discutido durante reunião com Deputados Estaduais, Vereadores e lideranças locais no próprio Município de Itajaí, um dia antes. Bendine afirmou: "A mudança é simbólica, e o que está sendo feito são apenas pequenos ajustes, que passa a ser centralizada em Santos.”

            Realmente, Sr. Presidente, a mudança parece muito simbólica. Diga-se de passagem, esse, na minha opinião, seria o primeiro procedimento da empresa para, no futuro, promover a sua desativação total.

            É muito estranho, então, que, de uma hora para outra, sem maiores explicações, num momento de crise e descrédito da empresa, que precisa sair do atoleiro em que se encontra devido à má gestão e à corrupção estampada, toma-se uma atitude que vem prejudicar, e muito, a economia catarinense.

            O impacto social será expressivo e significativo para toda a região. A remoção dos trabalhadores implicará ainda enormes custos adicionais.

            Também é de se esperar um efeito pernicioso sobre o curso de graduação de Engenharia do Petróleo, mantido peia Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), causado pela falta de investimentos, que por certo virá.

            Estamos atravessando, Sr. Presidente, um momento em que gostaríamos de ver a Petrobras se reerguendo. Seu papel é fundamental, é vital para o desenvolvimento econômico do Estado de Santa Catarina.

            E esse problema, não é a primeira vez que ocorre; já é a segunda vez que Itajaí sofre com a notícia da desativação da unidade local da Petrobras. A primeira foi em 2002, mas aí estávamos no final de uma era de governo, e a situação foi revertida com a posse do Presidente Lula. E agora estamos no início de Governo, se bem que abalado por uma crise sem precedentes. Isso, porém, não poderia ser motivo para se aplicar um golpe sobre a economia de uma região que se destaca pela capacidade laborativa de seu povo. Isso não justificaria o desmonte da estrutura da maior empresa do País, uma das mais destacadas do Planeta e sobre a qual o Governo, indubitavelmente, tem toda a sua influência.

            É por isso que estamos, nesta oportunidade, fazendo uso da palavra para dar conhecimento aos nobres Srs. e Srªs Senadoras da situação absurda, inaceitável que se quer impor a Santa Catarina, retirando desse Estado um dos maiores e mais relevantes polos da economia catarinense. Peço atenção mais acurada das autoridades responsáveis por nossa produção mineral, especialmente os envolvidos com a área do petróleo e aos dirigentes da maior empresa brasileira que reflitam sobre essa medida, isento de imaginar e imaginando que isso possa ter sido um equívoco.

            Espero, portanto, Sr. Presidente, que constate a importância que Itajaí conquistou no cenário catarinense e nacional, que alcançou o quinto lugar em produção da Petrobras e que, com esse desempenho, não faz sentido a sua desativação.

            Era o que tinha a relatar, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2015 - Página 99