Discurso durante a 58ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Preocupação com as cheias que atingem o Estado do Amazonas; e outros assuntos.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. CALAMIDADE PUBLICA. ENERGIA. :
  • Preocupação com as cheias que atingem o Estado do Amazonas; e outros assuntos.
Aparteantes
Telmário Mota.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2015 - Página 126
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. CALAMIDADE PUBLICA. ENERGIA.
Indexação
  • REGISTRO, CRIAÇÃO, COMISSÃO, SENADO, OBJETIVO, ACOMPANHAMENTO, GREVE, PROFESSOR, ESTADO DO PARANA (PR).
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), MOTIVO, AUMENTO, NIVEL, AGUA, RIO, DEFESA, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ASSUNTO, CRIAÇÃO, BENEFICIO, ASSISTENCIA SOCIAL, INUNDAÇÃO.
  • REGISTRO, REUNIÃO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SENADOR, REGIÃO NORTE, EDUARDO BRAGA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), ASSUNTO, INVESTIMENTO, SETOR, ELETRICIDADE, REGIÃO.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Donizeti, senhoras e senhores.

            Sr. Presidente, antes de tratar dos assuntos que me trazem à tribuna, quero aqui registrar a minha preocupação, e, ao mesmo tempo, já destacar o acerto da definição, no dia de ontem, da aprovação, Senadora Lídice, de uma Comissão para acompanhar as negociações entre o Governo do Estado do Paraná e os professores daquele Estado.

            Eu estou aqui com uma matéria divulgada pela internet às 15h07 - já são 17h09 -, mostrando fotografias do ato que apontam situações extremamente delicadas a que estão submetidos os professores. Parece que muito gás lacrimogêneo foi atirado contra os trabalhadores, os professores, o que mostra o confronto que novamente ocorreu ou está ocorrendo ainda em frente à Assembléia Legislativa do Paraná, por conta do início da votação do projeto do Governo Beto Richa, do PSDB, que modifica a Previdência dos servidores do Estado.

            Dizem que há um cerco muito forte por parte da Polícia Militar do Estado e que bombas de gás, balas de borracha e jatos d’água estariam sendo utilizados para dispersar a população. São inúmeros os trabalhadores e trabalhadoras machucados, - é a notícia que recebo -, mas espero que nada de mais grave tenha acontecido. Foi composta uma comissão de Senadores no dia de ontem para acompanhar o desenrolar desses fatos. Entre eles estão os Senadores Roberto Requião e Gleisi Hoffmann. Espero que eles possam estar lá ajudando, procurando amenizar essa situação, que é lamentável!

            É com muita tristeza que falo isso, Sr. Presidente, porque, além de farmacêutica, fui professora durante muitos anos na rede pública do meu Estado, o Amazonas, e dirigi o Sindicato dos Trabalhadores em Educação por muito tempo, participei da direção do Sindicato lá e participei também da direção como Vice-Presidente Norte da CNTE, hoje, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, mas, à época, era CPB, Confederação dos Professores do Brasil. Posteriormente, o Sindicato e a Confederação ampliaram o seu espectro e passaram também a representar os trabalhadores em educação, além dos professores.

            Na época em que estive também participando diretamente do movimento sindical, foram inúmeras vezes, infelizmente, em que em nosso Estado, no meu Estado do Amazonas, enfrentamos, tivemos confronto com a polícia do Estado e confrontos desnecessários, porque jamais qualquer categoria de trabalhadores, sobretudo professores, vai às ruas ou fazem greves, movimentos paredistas, se, de fato, não houver muita necessidade. Jamais!

            Eu lembro que, à época, a nossa luta levou à conquista do piso salarial para a categoria de três salários mínimos, que anos depois viemos a perder.

            E, hoje, as reivindicações dos professores do magistério do Paraná não são diferentes das reivindicações que são desenvolvidas em outros Estados brasileiros, porque, infelizmente, a remuneração e a valorização do professor e da professora em nosso País ainda deixam muito a desejar.

            Por isso que eu tenho vindo a esta tribuna, ocupado essa tribuna, insistentemente, trazendo aqui o assunto Petrobras. Porque o assunto Petrobras traz questões que vão além da própria atuação econômica na área do petróleo. Eles falam, dialogam diretamente com a questão da educação.

            Então, eu quero, aqui, fazer um apelo e dizer que temos plena confiança, esperança de que nossos Senadores lá presidentes possam ajudar a pelo menos minimizar esse confronto, mas dar aqui a minha solidariedade, apresentar a minha solidariedade a todos os professores do Brasil, sobretudo os professores do Estado do Paraná, e dizer que estamos trabalhando para que os seus problemas sejam todos resolvidos.

            Mas, Sr. Presidente, eu ouvi, com muita atenção, o pronunciamento feito há alguns minutos pela Senadora Lídice da Mata, em que tratou também, entre outros assuntos, de uma situação delicada vivida em Salvador, por conta da inundação.

            No meu Estado não é diferente. Está aqui, eu tenho matéria do jornal - eu nem trouxe o jornal do meu Estado, porque lá parece que já virou paisagem, matérias em todas as páginas -, mas há aqui uma matéria do jornal Correio Braziliense que mostra uma fotografia de uma área de desbarrancamento, o barranco caindo, lá no Estado do Amazonas. E mostra como o Estado está inundado.

            De fato, Sr. Presidente, esta enchente que atinge o meu querido Estado do Amazonas tem deixado muitos Municípios em estado de alerta, de emergência e um, em particular, em calamidade pública. Um em calamidade pública, dezesseis em situação de emergência e dois em estado de alerta.

            Todos os dias se a gente for ver, de um ou outro canal de televisão, mas todos mostram a situação delicada por que passa a nossa gente.

            São mais de 20 mil famílias já afetadas com as enchentes que passaram a viver de forma extremamente precária. Muitas das famílias constroem marombas - marombas, Srs. Senadores, são aqueles andares a mais, pois, conforme o rio sobe, os moradores vão construindo novos pisos para suas casas. Então, o piso que era lá embaixo passa a ser mais alto, passa a ser mais alto até o ponto em que as pessoas não conseguem mais permanecer dentro de casa. É exatamente nesse ponto que as famílias abandonam as suas casas para viverem em abrigos. E por que as famílias constroem essas marombas - ou seja, um piso em cima do outro - e se submetem a viver em espaços muito baixos, muito pequenos, que, muitas vezes, representam a metade do seu corpo? Porque lá é diferente do que acontece na maior parte dos Municípios brasileiros, onde vem uma chuva muito forte e alaga, mas, depois, a água volta ao normal. Lá não. A nossa enchente dura dois, três e, às vezes, quatro meses. O gado tem que ser retirado da terra, porque está toda alagada, e tem que viver em balsas, que sobem, ou também em marombas, que são construídas e têm que ser subidas permanentemente de acordo com a subida do próprio rio e da própria água. Então, é uma situação extremamente precária. E muitas dessas famílias que fizeram marombas, porque têm medo de largar suas casas e seus pertences, medo de serem saqueadas, subtraídas no pouco que têm, já foram obrigadas a deixar suas casas e viver em alojamento.

            Quero dizer que, apesar dessa situação de dificuldade, tem havido um compasso muito importante entre o Governo Federal e o Governo estadual no sentido de colaborar para amenizar o problema dessa gente e o problema dessas famílias. Portanto, desde o início do problema, as ações de ajuda já vêm chegando a toda a população, principalmente às famílias atingidas. Recentemente, o Governo Federal e o Estado enviaram mais de 325 mil toneladas de alimentos não perecíveis. Foram enviados às famílias kits dormitórios, kits de higiene pessoal, kits de medicamentos, além de colchões e outros instrumentos importantes. Os Municípios de Envira, Itamarati e Eirunepé e Boca do Acre, que estão em calamidade pública, receberam, diretamente, em torno de R$1.253.000. O Governo Federal, além de repassar recursos e mantimentos ao Governo, que os distribui às famílias atingidas, já passou diretamente - repito - aos Municípios de Boca do Acre, Eirunepé, Canutama, Tapauá e Itamarati em torno de R$1,3 milhão.

            São ajudas, Sr. Presidente, muito importantes, fundamentais para a manutenção da qualidade de vida das pessoas e para amenizar este problema com que elas passam a conviver.

            Por isso, Sr. Presidente, eu quero dizer que nós - e eu, com muita insistência, todos os anos, infelizmente, venho à tribuna para dizer isto - precisamos encontrar, no Brasil, uma forma muito mais eficaz e muito mais ágil de colaborar com essas pessoas que sofrem com esses problemas quase que num período anual, embora seja óbvio que existem cheias que são muito maiores do que aquelas normais.

            Eu apresentei, no ano passado, pensando nisso, um projeto que tomou o número 303 aqui, na Casa. É o Projeto nº 303, de 2014, um projeto que estabelece o que nós chamamos de seguro-cheia. O que vem a ser seguro-cheia, Sr. Presidente? Nós podemos dizer que seguro cheia seria uma forma de seguro defeso ou uma forma de seguro-desemprego. Os trabalhadores, quando perdem os seus empregos, podem acessar seguro-desemprego temporariamente. Os pescadores, quando estão impossibilitados, por uma normatização legal do Governo Federal, de trabalharem na pesca por conta da defesa da espécie, recebem, também, por parte do Governo Federal, o que se chama de seguro defeso. E o que vem a ser, então, o seguro-cheia? O seguro-cheia deverá ser dirigido aos agricultores, Sr. Presidente, especialmente, os pequenos agricultores, aqueles que não têm acesso ao seguro obrigatório, que não têm acesso a absolutamente nada. Esses poderiam acessar o seguro-enchente ou o seguro-cheia, porque, quando eles sofrem com a cheia, eles não apenas são obrigados a viver dentro das marombas nas suas próprias casas, que eles são obrigados a construir com os seus próprios recursos, mas eles perdem o principal instrumento de sobrevivência, que é o trabalho, porque toda a plantação se perde e fica impossibilitada de seguir. Então, é muito importante que possamos analisar projetos como esses que pelo menos deem aos trabalhadores e às suas famílias uma segurança maior para que continuem trabalhando e tendo, se não trabalharem diretamente no plantio, um meio de sobrevivência para si e para a sua família.

            A situação desses agricultores e das comunidades ribeirinhas é delicada, porque, muitas vezes, não é o trabalho de um ou dois meses que se perde, é toda uma safra que só acontece uma vez por ano. Então, penso que uma ajuda de alguns meses seria fundamental para esses trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. E aí alguém pode dizer: “Mas mais uma despesa para o Governo Federal?” Não, Sr. Presidente; eu acho o que nós devemos fazer é pensar em como redistribuir melhor os recursos e da forma mais inteligente. Isso não seria uma doação, seria um reconhecimento e um seguro para aqueles que trabalham e ajudam o Brasil a produzir. Podemos pensar na criação de um fundo, porque, para o médio e grande agricultor, existe algo chamado seguro, Sr. Presidente, que é um fundo que garante que, quando há perda da produção, há a reposição pelo menos de parte dessa perda. E para aquele pequeno que vive lá, na Região Amazônica, o que tem para cobrir a sua perda?

            Assim, está na hora de analisarmos isso, e o projeto que eu apresentei vem exatamente nesse sentido. Não quero dizer que o projeto esteja perfeito, pronto e acabado. Precisamos iniciar o debate, precisamos dar continuidade ao debate, O fato é que eu não tenho dúvida nenhuma de que nós precisamos avançar seriamente no sentido de dar uma garantia maior a trabalhadores que perdem a sua produção, o meio de sobrevivência, por conta desses desastres naturais.

            Fica aqui a minha solidariedade aos trabalhadores rurais do Estado do Amazonas, à gente que vive nesses vários Municípios que estão em situação de alerta e de calamidade. Só sabe do sofrimento quem passa pelo sofrimento, Sr. Presidente. E não é fácil. Imaginem quem, em um ou outro momento de sua vida, enfrentou uma grande cheia, uma cheia em que o rio enche rapidamente e alaga a casa, mas, depois de algumas horas, de alguns dias, a água baixa. Agora, imaginem quem convive com isso durante meses. Imaginem o que significa cidades inteiras alagadas: as ruas passam a ser os rios, e o meio de transporte é a canoa. Estivemos, há algum tempo, no Município de Anamã, na cheia anterior, que foi a cheia histórica, e vimos as dificuldades por que passam as pessoas que enfrentam problemas da falta de recursos, de saúde.

            Creio que é preciso não só destacar o problema. São vários os Estados brasileiros dos quais vários Parlamentares têm ocupado a tribuna para relatar casos semelhantes como este vivido no meu Estado do Amazonas.

            Ficam aqui não só a minha solidariedade, mas a minha mensagem aos amazonenses, àqueles que enfrentam este momento extremamente delicado e difícil, de que nós na Bancada estamos unidos e procurando não só ajudar neste momento, mas ajudar no sentido de garantir instrumentos por parte do Estado brasileiro para que, em outros momentos em que o problema se apresente, o impacto desse problema seja cada vez menor para a população.

            Por fim, Sr. Presidente, para concluir, eu quero aqui falar um pouco do que foi uma reunião que tivemos ontem - V. Exª estava presente à reunião - da Bancada dos Senadores do Norte com o Ministro de Minas e Energia, Senador Eduardo Braga, momento em que discutimos os investimentos para o setor na Região Norte e na Amazônia. No debate de ontem, Sr. Presidente, ficou claro que nós representantes da Amazônia precisamos ter um protagonismo mais forte, um protagonismo mais presente no debate sobre os investimentos no desenvolvimento energético do Brasil e sobre também as compensações a serem realizadas, visto que é a nossa região, a Região Amazônica, a Amazônia, aquela que tem a maior capacidade de geração de energia elétrica no Brasil. Pois 70% da capacidade de geração de energia hidráulica elétrica no Brasil vêm da Amazônia. E, de longe, nós não consumimos nem 20% quanto mais os 70% que nós geramos. Não há nenhum óbice de nossa parte que nossos rios e nossa região sejam utilizados para gerar energia elétrica, mas o que nós queremos é tão somente a compensação por isso e também a certeza de que a nossa gente e a nossa região não sofrerão - não é, Senador Telmário? - com a falta de energia elétrica.

            Foi com essa perspectiva que o Ministro Eduardo Braga - e é muito bom ter um Ministro amazônida, ter alguém da nossa região à frente do Ministério de Minas e Energia - anunciou a expansão, por exemplo, das linhas de transmissão na região e o aumento das conexões com o Sistema Interligado Nacional. Pelo plano do Ministério de Minas e Energia, até o ano de 2018, com a integração de Boa Vista, menos de 1% da energia elétrica consumida no Brasil estará fora do Sistema Interligado Nacional. Até há pouco tempo, quando olhávamos o mapa do Brasil, víamos uma extensa região, que era a Amazônia, isolada do Sistema Interligado Nacional. Repito: hoje, com 2018 chegando, com a conclusão e a interligação de Boa Vista, capital do seu Estado, Senador Telmário, menos de 1% da geração estará apartada do Sistema Interligado Nacional.

            Concedo aparte a V. Exª.

            O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Senadora Vanessa, primeiro, eu quero cumprimentá-la por essa matéria que V. Exª está abordando. Para o Brasil inteiro, a questão energética é crucial. E, na nossa Região Amazônica, nem se discute, principalmente no meu Estado, pois hoje a energia que chega lá está chegando de forma precária, vinda da Venezuela, que vive essa crise institucional, essa crise por que passa o país venezuelano. Com isso, eles deixaram de dar a manutenção que era necessária, e caiu a quantidade de energia que eles teriam que fornecer para o nosso Estado. De forma que isso prejudicou. Graças à eficiência do Ministro Eduardo Braga, que me orgulha e orgulha principalmente V. Exª, que é daquele Estado - o Eduardo é uma pessoa competente, é uma pessoa comprometida com a Amazônia, é uma pessoa comprometida com a Amazônia de forma geral e conhece a nossa realidade -, eu fico tranquilo. A preocupação é forte, porque as obras para o linhão chegar a Roraima estão atrasadas há mais de um ano, mas eu sei que, se dependesse do Ministro, já estava em Roraima há muito tempo, uma vez que, primeiro, ele tem eficiência, tem compromisso, é uma pessoa que conhece como ninguém aquela realidade nossa e sabe da importância do assunto, pois Roraima precisa da energia. Roraima é um Estado ainda em desenvolvimento, é um Estado que passou por uma administração desastrosa, comandada por um grupo extremamente corrupto - acho que o maior do País. Falo assim, com força, porque me revolta. Deixaram a educação no estado de emergência, a saúde no estado de emergência. Roraima vive hoje de dinheiro público, do contracheque. É um Estado em que há ali...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Fora do microfone) - ... 500 mil habitantes.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Isso aí são os poderosos conspirando contra a gente, porque o Presidente ali tem a maior boa intenção. Voltando, de forma séria, há ali a Venezuela com 30 milhões de habitantes. Eu repito isto, porque eu aprendi que água mole em pedra dura tanto bate, Senadora Vanessa, até que fura. E, hoje, os grãos que vão para a Venezuela são da Nicarágua; o leite que vai para a Venezuela é do Equador; a carne vai do Brasil. E, em Roraima, que é vizinha, há campo, área, povo, cultura, pecuária. Quando fomos Território, fomos o Território que mais exportava carne bovina do Norte do País, e hoje nós não mandamos 1kg de carne.

            Roraima teve essa ingovernabilidade, e a deixaram, inclusive, contaminada pela aftosa. Então, a energia chega ali e vai, com certeza, dar infraestrutura e garantia para o Brasil crescer por ali, para os investidores chegarem ali. Nós temos uma terra extremamente fértil, uma área que pode produzir bastante, para, a partir dali, fazermos uma grande integração, pegando Rondônia, pegando Manaus. Agora, recentemente, parabenizei a Governadora, fiz uma fala com esta. Houve um encontro com o Governador do Amazonas. Ali foram aprender como criar alguns tipos de peixes, como o matrinxã e outros que são criados hoje em Manaus em igarapés. Em Roraima, são criados mais em lagoas, em açudes, em redes e tal. É outro sistema que não afeta o meio ambiente. Dessa ordem, com essa integração do Norte, vamos poder fornecer isso para a Venezuela, para a Europa. Então, quero aqui parabenizar V. Exª por trazer uma fala dessas, por mostrar que, quando muitos pregam a falta de otimismo, denegrindo o Brasil, dizendo que o Brasil está à beira de um colapso, essa questão energética está sendo conduzida com maestria pelo Ministro Eduardo.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Telmário Mota (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Busca-se o caminho correto para quiçá poder atender todo o Brasil! Nós estamos torcendo. Eu não pude ir à audiência à qual V. Exª foi, mas eu soube das informações. Tenho conversado, por telefone, com o Ministro Eduardo. Nós estamos numa torcida absoluta, usando nossa força política, para, rapidamente, fazermos essa energia chegar lá e computarmos esses dados maravilhosos que V. Exª colocou. Parabéns pela fala de V. Exª!

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Muito obrigada. Eu é que agradeço o aparte de V. Exª, Senador Telmário. Se me permite, quero integrá-lo ao meu pronunciamento, porque V. Exª levanta uma parte e já me poupa de falar disso.

            Quando falamos em energia, não falamos apenas na luz de casa. Falamos na possibilidade do desenvolvimento, na possibilidade da geração de renda, da geração de emprego. Sem energia, nós não chegamos a canto algum. E é sobre isso que nós estamos falando. Estamos falando de uma região que tem 70% da capacidade energética do Brasil, mas que sofre falta de energia ainda e que, até pouco tempo, não estava interligada, Senador Paim, ao sistema elétrico brasileiro, ao Sistema Interligado Nacional. Agora é que estamos tendo essa capacidade.

            Repito: com a presença, como diz V. Exª, de um Ministro da Região Amazônica, de um Ministro que, tecnicamente, é muito familiarizado com o assunto, porque é engenheiro eletricista e, portanto, é do setor, nós poderemos fazer com que o Brasil e, sobretudo, a nossa Amazônia querida deem um salto muito importante e recebam aquilo que sempre mereceram.

            Ontem, por exemplo, ele mostrou o anúncio de investimentos no Norte que somam uma quantia superior a R$15 bilhões. Só no meu Estado do Amazonas, serão investidos em torno de R$6 bilhões, dos quais R$1 bilhão ainda neste ano de 2015. Em Manaus, serão aplicados R$400 milhões para a continuidade das obras da usina de Mauá III, que vai gerar em torno de 570MW, o que vai contribuir em muito com a expansão da capacidade instalada na capital, que é de 1.700MW, Sr. Presidente.

            No plano apresentado pelo Ministro ontem à Bancada da Região Norte, constam ainda investimentos de R$662 milhões no interior do meu Estado para a construção...

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - ...de 33 usinas com potência instalada de 158MW nas bacias dos Rios Solimões, Juruá e Japurá. Mais R$600 milhões serão destinados para a construção de 47 usinas com potência de 150MW.

            Outra obra importante programada para o Estado do Amazonas - aqui vou falar muito sobre o Estado do Amazonas, porque creio que cada Estado deverá falar sobre seus empreendimentos - é a construção do linhão Parintins-Tucuruí. É o linhão Tucuruí-Manaus que passa por Parintins. É exatamente a esse linhão que se refere o Senador de Roraima, porque o linhão que liga o Amazonas ao Pará vai permitir também, Senador Telmário, a interligação do Estado de Roraima. Então, o linhão Parintins-Tucuruí vai permitir a ligação do Município ao Sistema Interligado Nacional. O investimento é superior a R$768 milhões.

            Agora, o mais importante no anúncio feito em relação a esta obra do linhão Tucuruí-Manaus é que serão beneficiadas cidades para as quais, até então, não havia a decisão de que receberiam energia elétrica. Ontem, o Ministro já havia confirmado isso em Manaus e, agora, confirmou novamente. Cidades como Itacoatiara, Silves, Itapiranga, Rio Preto da Eva, Iranduba, Manacapuru e Autazes, além de todas as cidades que estão no caminho do linhão Parintins-Manaus, como Barreirinha, Nhamundá e várias cidades que estão ali, não receberiam energia, mas está confirmado que elas passarão a receber energia.

            A prioridade no Programa Luz para Todos também é algo que foi muito destacado pelo Ministro.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Há prioridade no Amazonas e em todos os Estados da nossa Região. Serão mais de 10,2 mil novas ligações entre este ano e o ano que vem no Amazonas, o que deverá resultar em investimentos de quase R$200 milhões.

E estão previstas mais 12 mil ligações para serem feitas entre os anos de 2017 e 2018.

            Ou seja, são obras - vou concluir, Sr. Presidente - muito importantes, que estão sendo programadas, e algumas delas já foram realizadas no Amazonas, em Tocantins, no seu querido Estado do Tocantins, no Estado de Roraima, nos Estados do Acre, do Pará e de Rondônia. Essas obras, por muito tempo, representaram um sonho.

            Eu nunca me esqueço de um episódio - com isso, concluo, Senador Donizeti - ocorrido quando eu era Deputada Federal. Creio que isso se deu em 1999.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Nós alugamos o transporte, três ou quatro ônibus. Todas as comunidades da estrada de Balbina, próximo a Manaus, entre Manaus e Presidente Figueiredo, foram no ônibus, e a gente foi ter uma reunião com o Presidente da Eletronorte, que se encontrava em Manaus, para reivindicar energia para essas comunidades de produtores rurais. As casas ficavam embaixo, e em cima passava o linhão que levava energia da Hidrelétrica de Balbina até a cidade de Manaus. Chegando lá, o então Presidente da Eletronorte abriu um mapa muito grande no meio de uma mesa e disse o seguinte: “O projeto está aqui. Agora, o projeto custa tanto. Eu não sei se essas famílias terão dinheiro para pagar.” Aquilo marcou minha vida. E, depois de muitos anos, temos a possibilidade de ter um programa como o Programa Luz para Todos, em que o Estado brasileiro, a parte mais rica subsidia a parte mais pobre.

            Então, ver aquela gente morando nas comunidades...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) -...e acessando a energia elétrica é para nós muito mais do que um sonho realizado. Vemos algo que parecia uma simples utopia virar uma grande realidade.

            Então, quero aqui dizer que, apesar de todos os problemas por que passamos e vivemos, a gente, na Região Amazônica... Sempre digo que a Amazônia não é um problema, a Amazônia é a solução para o problema do Brasil e do mundo inteiro, Sr. Presidente, porque lá a gente guarda, conserva, reserva riqueza de toda ordem e de todos os aspectos. E, na energia, não é diferente, porque não é só a capacidade hidráulica, mas também a biomassa, a energia solar. Enfim, é muita coisa. Mas o importante é que esses investimentos estão sendo feitos e também estão beneficiando a população local. Isso é muito importante, isso é que é solidariedade, isso é que é justiça social.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2015 - Página 126