Pela Liderança durante a 63ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo do Estado de Sergipe.

Autor
Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas ao Governo do Estado de Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2015 - Página 125
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), ENFASE, FALTA, PLANEJAMENTO, PAVIMENTAÇÃO, RODOVIA, LIGAÇÃO, MUNICIPIOS, PIRAMBU (SE), PACATUBA (SE), EMBARGO, INSTITUTO DO PATRIMONIO HISTORICO E ARTISTICO NACIONAL (IPHAN), OBRAS, MOTIVO, EXISTENCIA, PATRIMONIO ARQUEOLOGICO, APREENSÃO, AUMENTO, CRIME, HOMICIDIO, POLICIAL, AMPLIAÇÃO, INDICE, ANALFABETISMO, AUSENCIA, MATERIAL HOSPITALAR, CONDIÇÕES DE TRABALHO, SAUDE PUBLICA.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco União e Força/PSC - SE. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senadora e nossa Presidente, neste momento na Mesa, Senadora Rose de Freitas. Obrigado pelas palavras.

            Parabéns Senador Paim pelo pronunciamento! Tomara que um dia este País respeite as nossas mulheres, os nossos filhos. E uma das formas de respeitar as nossas mulheres é possibilitando mais vida, mais anos de vida. Lógico, prevenir câncer é prolongar a nossa vida.

            Então, qualificando, o caminho para isto seria, realmente, dar oportunidade a todas as mulheres, todas. A partir da idade determinada, medicamente falando, através da medicina, ter a possibilidade de ter acesso fácil a um momógrafo, a um especialista, enfim, jeito existe. É só, com certeza, dar qualidade ao gasto e priorizar.

            Acredito muito nisso, mas, enquanto isso não acontece, vamos, no nosso dever e na nossa missão, bradando, falando para que, realmente, possamos, quem sabe, ser assim ouvidos e ter concretizadas todas essas ações. Parabéns pelo pronunciamento!

            Sra Presidente, Senadores, colegas Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, o que me traz à tribuna, na tarde desta quinta-feira, aqui no Senado, é mais uma vez expor a lamentável situação do desgoverno do meu Estado, o Estado de Sergipe. Como é triste, Senador Paim!

            Gostaria de falar de coisas boas - que a saúde vai bem, a educação vai bem, a segurança vai bem - e não de mostrar aqui a tentativa do Governo de Sergipe de continuar tapando - ou de insistir em tapar - o Sol com a peneira - como se diz no popular -, iludindo, ludibriando a população sergipana.

            Hoje o Jornal da Cidade, um dos jornais mais importantes do nosso Estado, traz em sua página política uma matéria cuja manchete é - abro aspas: “Aos incrédulos, mais uma obra do Proinveste” - fecho aspas. Está aqui: “Aos incrédulos, mais uma obra do Proinveste”.

            Eu que pergunto: será que dá para acreditar num Governo como esse? No Governo que lá está? Claro que não. O povo sente na pele.

            Ora, colegas Senadores, o Governo refere-se à obra da rodovia que liga a cidade de Pirambu à cidade de Pacatuba. Comemora, com extremo estardalhaço, a pavimentação de uma estrada que lá está, mas que, na verdade, serão realizados 21km de obras de pavimentação - quando, na verdade, o previsto era muito mais do que isso -, já que o incompetente Governo que lá está não conseguiu autorização por parte do IPHAN e embargou a obra, em função da inexistência de alguns sítios arqueológicos.

            E aqui cabe um questionamento: se a estrada já existe e sabe-se que na região há áreas a serem preservadas, por que não foi realizada consulta ao órgão técnico responsável para que a obra fosse realizada integralmente? Bem antes? Isso mostra que o Governo não tem planejamento. A quem aquele Governo - o Governo do meu Estado - quer enganar? Na verdade, é o povo de Sergipe que não acredita mais no Governo.

            Há cerca de um mês, o portal de notícias Infonet divulgou - abro aspas: "Proinveste: R$25 milhões investidos na segurança" - fecho aspas. E o que temos presenciado? Pois lhes digo o que temos presenciado: a questão da falta de segurança está instalada de tal maneira no Estado, que o próprio portal Infonet, na coluna do conceituado jornalista Adiberto de Souza, publicou, nessa terça-feira passada, uma nota com outro título - abro aspas: "Sergipe assustado" - fecho aspas.

            Em sua nota, o jornalista mostra, de maneira clara e objetiva, a insegurança à qual o povo sergipano está submetido, quando relata - abro aspas:

“É visível e lamentável a incapacidade do Governo para proteger o patrimônio e a vida do povo sergipano. Somente no último final de semana ocorreram 22 assassinatos em Sergipe, mas a polícia não conseguiu colocar as mãos na maioria dos responsáveis por esses crimes”. E segue o jornalista - abro aspas: “No interior a situação é tão grave, tão grave, que alguns policiais evitam dormir nas delegacias com medo de serem atacados na calada da noite.”

            E isso existe, Senador Paim. A Delegacia de São Domingos, disseram os moradores de lá, é lacrada. A janela é lacrada por grades, a porta também, e aí é fechada; os policiais estão também com muito medo de serem atacados. Ora, se nem a polícia está segura, imaginem a indefesa população! Abro aspas - palavras do jornalista, continuando: “Inteirados sobre a falência da segurança pública, os marginais continuam aterrorizando os cidadãos” de bem do nosso Estado - fecho aspas.

            Srª Presidente, entre as 22 vítimas de assassinato no último final de semana em Sergipe, estava o ex-Prefeito de Itabaianinha - cidade importante do nosso Estado, Município localizado no Leste sergipano -, Joaldo Lima de Carvalho, que foi morto a tiros em sua propriedade na zona rural de Itabaianinha. E daqui, da tribuna do Senado, gostaria de externar mais uma vez os meus sinceros sentimentos a toda a família de Joaldo Lima de Carvalho e a todo o povo de Itabaianinha. Bárbaro assassinato.

            Srª Presidente, colegas Senadores, diante dos fatos resta-nos a perplexidade. É assim que está o povo sergipano. Somos um dos Estados com maiores índices de analfabetismo do País. Em pleno século XXI, temos em Sergipe, Srª Presidente, 125 mil adolescentes analfabetos entre 15 e 17 anos; mais de 200 mil analfabetos adultos; e mais de 266 mil sergipanos com mais de 25 anos que se encontram na mesma situação. Em relação ao Ideb, no tocante ao ensino fundamental somos os penúltimos do Nordeste, e no ensino médio temos a pior nota da Região.

            E o que dizer da saúde? Sergipe, Srª Presidente, tem a pior taxa de leitos por habitantes do Nordeste. O caos nos hospitais públicos está instalado, e não é de hoje. Os pacientes têm sido atendidos de forma desumana, em macas e em cadeiras - cadeiras plásticas. Falta-lhes tudo: de remédios básicos a condições dignas de atendimento.

            Aos abnegados profissionais de saúde faltam condições de trabalho, porque pior do que uma má remuneração é uma má condição de trabalho. A Medicina, Srª Presidente, são anos e anos de estudos: são seis anos de faculdade, mais quatro ou cinco anos de residência, para você aprender a tratar. Muitas vezes, na hora de tratar, falta um simples analgésico, uma simples ampola, que, muitas vezes, não custa R$1 e que, muitas vezes, é o limite entre a continuidade da vida e a morte prematura. E é assim que acontece nos nossos hospitais de Sergipe: faltam condições de trabalho, faltam salários dignos, e a ambos, pacientes e profissionais da saúde, falta-lhes esperança. Lamentável tudo isso!

            Não é de hoje que venho alertando ao povo sergipano que o Estado possui uma dívida que ultrapassa R$5 bilhões. Fui, também, um dos primeiros a chamar a atenção para a irresponsabilidade fiscal do Estado - com o atual Governo que lá está: passou a priorizar a duvidosa política de empréstimos em detrimento, realmente, da qualidade do gasto público.

            E aqui, Srª Presidente, retorno à questão do Proinveste. Antes, porém, gostaríamos de saber onde foram gastos os mais de R$2 bilhões contraídos através de empréstimos anteriores? Gostaria de saber, Senador Paim. Será que não devíamos focar na qualidade dos gastos públicos? Afinal de contas, dinheiro emprestado, não é dinheiro dado, e, em algum momento, essa dívida terá que ser paga. E quem pagará a conta com juros e correção monetária? Claro que, mais uma vez, vai sobrar para o já sofrido povo sergipano. Mas há, ainda, um questionamento que gostaria de fazer quanto aos juros em relação ao empréstimo do Proinveste que já estamos devendo. Quanto? Quanto? Com certeza, dos cofres do povo sergipano sairá, este ano, quase R$1 bilhão para pagar os juros e a amortização de toda essa dívida.

            Há poucas semanas denunciei, aqui, o déficit da Previdência em Sergipe, que, por incrível que possa parecer, está em uma situação pior do que outros 22 outros Estados da nossa Federação no tocante ao déficit previdenciário. Mas, contraditoriamente, Srª Presidente, contraditoriamente à boa qualidade do gasto público, diariamente, se a senhora abrir o Diário Oficial de Sergipe, o que vai ver são nomeações e mais nomeações, os chamados CCs. Nunca, na história do nosso Estado, estivemos tão endividados. Nem os servidores públicos têm a certeza, dito pelos próprios secretários do Governo que lá está, se receberão ou não seus devidos salários dentro do próprio mês, além de sermos o penúltimo Estado na qualidade de acesso à transparência do gasto público no País. Sabemos, Srª Presidente, que, quando falta transparência, a corrupção está ali ao lado, como a irmã siamesa, lado a lado.

            Diante de tudo isso, Srª Presidente, qual crédito de confiança que este Governo quer receber da população sergipana? Com certeza, não há nenhum. Essa não é uma questão de incredulidade da oposição. O que relato são fatos lamentáveis, e esses fatos não foram criados pela oposição. Aquele Governo, que lá está, herda de si mesmo o próprio desgoverno.

            Finalizo, Srª Presidente, o meu pronunciamento, citando Martin Luther King, em seu célebre discurso. Assim como ele, eu também tenho um sonho, e o meu sonho reflete-se em vários outros sonhos: no sonho de todo o povo sergipano de, um dia, voltarmos a ser um Estado pacífico, ordeiro, crescente, desenvolvimentista, conhecido por sua segurança e qualidade de vida.

            Não podemos, Srª Presidente, de forma nenhuma, cruzar os braços, sermos omissos e calar, diante de tanta perversidade que lá está. Eu não sou incrédulo, mas a realidade que o povo sergipano vive, com a qual convive, é extremamente perversa, por causa do desgoverno que temos no nosso Estado.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2015 - Página 125