Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em 8 do corrente, e críticas à Presidente da República por ausência em cerimônia ocorrida no Rio de Janeiro para celebração da data.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em 8 do corrente, e críticas à Presidente da República por ausência em cerimônia ocorrida no Rio de Janeiro para celebração da data.
Publicação
Publicação no DSF de 14/05/2015 - Página 234
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ENCERRAMENTO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, COMENTARIO, HISTORIA, CONFLITO, ENFASE, PARTICIPAÇÃO, TROPA, BRASIL, CRITICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, AUSENCIA, CERIMONIA, COMEMORAÇÃO, LOCAL, RIO DE JANEIRO (RJ).

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Oposição/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, o mundo inteiro celebrou os 70 anos de um dos mais importantes acontecimentos da história da humanidade, o Dia da Vitória, o dia 8 de maio, a vitória da democracia, a vitória da liberdade contra o nazifascismo, o fim da Segunda Guerra Mundial.

            Em todo o Planeta, milhares de pessoas comemoraram o fim de um conflito que envolveu o mundo todo, em que nações foram destruídas, atrocidades cometidas. Cometeu-se um dos crimes mais terríveis contra o ser humano, que foi o holocausto contra o povo judeu. Mais de 80 milhões de seres humanos pereceram nessa guerra, dos quais mais de 20 milhões apenas entre os povos da antiga União Soviética.

            Para os povos que participaram diretamente da Segunda Guerra Mundial, o 8 de maio - na Rússia, o 9 de maio - é marcado por um simbolismo fortíssimo, porque mesmo tendo decorrido tempo longo, 70 anos, o fim da maior guerra que já incendiou o mundo representou o término de muitos anos de violência, de sofrimento, de perdas irreparáveis. E também representou o colapso da opressão conduzida sob a égide de um regime de terror, de uma ideologia de ódio, de racismo, de segregação, pois naquele dia 8 de maio a Europa e o mundo viram-se aliviados da tirania do fascismo e do nazismo.

            Essa data representa ainda o recomeço da reestruturação de um mundo devastado pela guerra, a esperança do triunfo da democracia sobre o autoritarismo, a instauração de um sistema de governança mundial que pudesse, e que conseguiu, muitas vezes, prevenir conflitos, harmonizar a vida entre as nações.

            O fim da Segunda Guerra Mundial precipitou o processo da descolonização, o fim da Segunda Guerra Mundial modificou radicalmente o cenário da política do mundo, com a emergência de duas grandes potências, a União Soviética e os Estados Unidos, e deu início a uma fase dramática, difícil da vida da humanidade, que foi o equilíbrio do terror, a Guerra Fria. Mas, ao mesmo tempo, depois da Segunda Guerra Mundial, afirmaram-se com muita ênfase os direitos dos trabalhadores, os direitos democráticos, enfim os direitos humanos. A construção da União Europeia foi resultado do trabalho de estadistas notáveis, como Charles de Gaulle e Konrad Adenauer, e hoje é realidade presente no mundo, em crise, é verdade, mas que conseguiu afastar o fantasma da guerra desse antigo continente.

            Por isso, Srª Presidente, essa data é festejada em todo o mundo desde 1945: Canadá, Austrália, Reino Unido, Rússia, nas ruas de Londres, de Paris, de Washington, de Bruxelas, Varsóvia, Kiev, homens e mulheres de diferentes origens e diferentes convicções políticas e religiosas relembram aquele episódio da primavera de 1945.

            Nesse dia 8 de maio, foram homenageados um remanescente de homens e mulheres que participaram da guerra, um grupo de pessoas idosas que trazem na sua vida, na sua memória, o testemunho desse momento dramático. Por isso, ao lado da comemoração do Dia da Vitória, nesse dia homenageamos também aqueles que morreram, a memória dos que perderam a vida no conflito entre civis e militares, e celebramos também a presença entre nós, e desejamos que ela se prolongue por muito tempo ainda, dos remanescentes, os nossos pracinhas da FEB, dos sobreviventes, daqueles que passaram por essa provação e estão aqui vivos entre nós, dando seu testemunho.

            O Brasil foi o único País da América do Sul que enviou tropas para combater na Europa. Infelizmente, no nosso País, o único País da América do Sul que enviou tropas para combater na Europa, as comemorações no Dia da Vitória restringiram-se aos quartéis e círculos militares e a um evento, na manhã do dia 8 de maio, no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra, ou Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro.

            Foi uma cerimônia marcante, tocante, na qual os nossos veteranos, os nossos pracinhas foram homenageados.

            Entretanto, registro com tristeza que, na cerimônia do monumento aos pracinhas, a Senhora Presidente da República esteve ausente. A Presidente Dilma Rousseff não compareceu a essa homenagem aos que viveram, combateram e morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

            Não compareceu à celebração do fim do maior conflito da história. Ela foi, certamente, a única Chefe de Estado de um País que participou da guerra a se ausentar das comemorações dos 70 anos do fim do conflito. Pasmem, alegou que precisava estar presente no casamento de um médico amigo em São Paulo!

            De uma forma injustificada, a Presidente Dilma simplesmente não foi à celebração do Dia da Vitória. Talvez temendo manifestações populares, que surgem, que eclodem a cada vez que ela aparece em público.

            Enquanto líderes do mundo todo comemoravam com o seu povo esta data, a Presidente Dilma preferiu fechar-se no seu bunker simbólico, o Palácio do Planalto, longe dos brasileiros.

            Mais ainda, Srª Presidente, estive há 15 dias na Rússia, na companhia do Senador Jorge Viana e do Senador Luiz Henrique, nosso querido Senador Luiz Henrique, nosso insubstituível Senador Luiz Henrique.

            Como todos sabem, Luiz Henrique é uma pessoa estimadíssima na Rússia. A ligação de Luiz Henrique com essa instituição cultural, que é um farol da cultura, das artes cênicas, que é o Teatro Bolshoi, é conhecida de todos nós. Ele conseguiu, como Prefeito de Joinville, instalar na sua cidade uma escola do Teatro Bolshoi - a única instalada fora da Rússia.

            Pois havia enorme expectativa - e nós tivemos contato ali com Parlamentares, com Senadores da Rússia - pela visita da Presidente Dilma Rousseff. Presidente do único País da América do Sul a enviar tropas para combater o nazifascismo na Europa - uma enorme expectativa.

            A celebração lá foi monumental. O fim do que os Russos até hoje chamam: A Grande Guerra Patriótica. Pois, no dia 8 de maio, a Presidente Dilma também não apareceu, também faltou a esse compromisso assumido com os russos sem nenhuma justificativa séria.

            Por isso, Srª Presidente, ao lado do registro que faço da nossa homenagem àqueles que participaram da Segunda Guerra como combatentes brasileiros, aos nossos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira que, enfrentando as condições climáticas mais adversas, enfrentando a precariedade dos seus armamentos, a precariedade do seu preparo para enfrentar o frio com que combateram contra os nazistas no Monte Castelo, aqueles que deram o testemunho da fé do Brasil, testemunho de sangue da fé do Brasil na democracia, ao lado de registrar a minha homenagem, registro também a minha tristeza pelo fato de a Presidente Dilma não ter participado como deveria dessa comemoração.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/05/2015 - Página 234