Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Destaque para a importância de um planejamento mais eficiente no que diz respeito ao abastecimento de água e energia no Brasil; e outros assuntos.

Autor
Rose de Freitas (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MINAS E ENERGIA:
  • Destaque para a importância de um planejamento mais eficiente no que diz respeito ao abastecimento de água e energia no Brasil; e outros assuntos.
HOMENAGEM:
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho, Ricardo Ferraço.
Publicação
Publicação no DSF de 14/05/2015 - Página 296
Assuntos
Outros > MINAS E ENERGIA
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, IMPORTANCIA, PLANEJAMENTO, POLITICA, ABASTECIMENTO DE AGUA, SISTEMA DE GERAÇÃO, ENERGIA RENOVAVEL, COMENTARIO, CONTRIBUIÇÃO, POPULAÇÃO, PAIS, ENFASE, REDUÇÃO, IMPOSTOS.
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, COMENTARIO, HISTORIA, CONQUISTA (MG), DIREITOS, NEGRO, DEFESA, NECESSIDADE, POLITICAS PUBLICAS, PROMOÇÃO, IGUALDADE RACIAL.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MENDES RIBEIRO, EX-DEPUTADO, LUIZ HENRIQUE, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Primeiramente, eu agradeço, Sr. Presidente. Muito obrigada pela gentileza das palavras.

            E quero agradecer ao Ministro, sempre Ministro, Senador Garibaldi. E dizer a V. Exa que eu ficaria aqui ouvindo V. Exa, com muito prazer. Sei do seu cavalheirismo, sei da sua gentileza e da sua solidariedade. Portanto, muito obrigada.

            Eu gostaria, inicialmente, de fazer uma breve homenagem a este dia de hoje, que é o dia 13 de maio. Lembrar a todos que é a data da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, que, em 1888, aboliu oficialmente a escravidão no Brasil.

            Nós saudamos este dia pelas conquistas que já foram alcançadas pela população negra por meio até de um conjunto de medidas, de políticas sociais e ações afirmativas para o aumento da inclusão e da renda da população negra.

            Nós avaliamos também, Sr. Ministro, que embora o dia 13 de maio esteja presente no calendário oficial e seja contemplado em várias discussões, homenagens pelo País nas escolas, que ensinam sobre isso, a importância dessa abolição, desse ato histórico, que procurou resgatar a dignidade da pessoa humana retirando dela a discriminação pela sua cor, que ela esteja no calendário da história do País, a população negra ainda é obrigada a conviver com a exclusão do processo social por meio, por incrível que pareça, do preconceito, que ainda existe, da intolerância e do racismo presentes em muitas esferas de decisão das próprias políticas ainda implantadas e por todo o processo educacional, que tirou muitas oportunidades dos negros.

            Nós temos muito a conquistar, muito, para que a população negra tenha, de fato, a legítima, digna e plena participação da sociedade com igualdade de oportunidades e de futuro.

            É por esse motivo, por essa importante data, como um dia histórico, sobretudo, que nós queríamos lembrar como mais um dia de luta contra a desigualdade.

            Neste Congresso, por exemplo, eu queria citar: menos de 9% dos Parlamentares são negros. No entanto, 51% da população no Brasil se declara negra.

            Eu faço este registro, lembrando que as mulheres, por serem maior parte da população, ainda sofrem discriminação. São segregadas, em números extremamente inferiores, na participação e na representação neste Congresso Nacional.

            No outro exemplo, dados da 8ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2013, os jovens negros foram 18,4% mais encarcerados e 30% mais vítimas de homicídio do que os jovens brancos.

            É por esse motivo e por tantos outros, Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, que precisamos, neste dia em que se celebram os 127 anos da abolição da escravatura no Brasil, intensificar as nossas ações de parceria e de luta contra essa desigualdade e discriminação para a promoção da igualdade racial. Esse é um fato concreto de que precisamos, ao lembrar e comemorar, fazer uso para colocar na memória dos brasileiros a importância de envolver nas políticas públicas governos estaduais, prefeituras, movimentos sociais e a sociedade organizada para que não só relembremos como calendário histórico, mas que todos nós possamos participar na luta para a construção dessa igualdade tão desejada. Falar da abolição com os números estatísticos que colocamos aqui nos chama à responsabilidade de construir um País democrático, justo, com participação igualitária e respeito à comunidade negra.

            Sr. Presidente, Sr. Ministro, na verdade, o objetivo de acrescentar este registro histórico é falar de um tema que é muito relevante, que está inclusive em debate nesta Casa, sobre o qual foram adotadas medidas recentes pelo Ministro de Minas e Energia, que precisa receber, sobretudo, muito mais atenção por parte do Governo para que possa permitir, ao encarar este tema, trazer o desenvolvimento e o bem-estar da população brasileira. Eu falo da necessidade de definição de planejamento, Senador Ricardo Ferraço, e de ações estratégicas para o abastecimento de energia e água para o País.

            Chegamos a um ponto em que não dá para desconhecer que tudo que estamos sofrendo hoje é a colheita desumana da nossa falta de planejamento, de pensar um pouco mais para frente, de racionalizar o nosso debate, de pragmatizar as nossas metas de planejamento.

            Nós consideramos injustificável que, ainda em 2015, um país com tantos recursos naturais e tanta tecnologia continue submetendo grande parte da sua população a situações recorrentes de falta de água e energia.

            Nós temos pesquisas várias, mas há uma pesquisa do DataSenado em parceria com a Universidade da Columbia, nos Estados Unidos, que fez um levantamento sobre as opiniões dos brasileiros a respeito das políticas energéticas que foram adotadas em nosso País.

            A pesquisa realizada, entre fevereiro e março, com 1.166 entrevistas, apontou resultados que são muito interessantes. Alguns deles, por exemplo, revelaram que a população quer mais ações rígidas, inclusive contra aqueles famosos gatos, como são comumente chamados os furtos de energia e algumas ligações clandestinas que estão espalhadas pelo Brasil afora.

            Também mostrou que o brasileiro estaria disposto a pagar mais pelo melhor uso da energia produzida, com menos desperdício, mas que rejeita, também, o brasileiro, rejeita, sobretudo, o aumento da conta de luz como política para controlar o consumo ou economizar mais energia. Setenta e nove por cento dos 1.166 entrevistados foram contra esse tipo de aumento, que penaliza o consumidor para bancar custos de um setor mal planejado, ineficiente.

            O levantamento aponta que os cidadãos apoiam a energia hidrelétrica, mas preferem, isso que é importante, outras fontes de energia limpa, Senador Ricardo, que é a preocupação de que o investimento em energia não ignore, jamais, a questão ambiental.

            Então, nós avaliamos que essas crises de energia que enfrentamos hoje não ocorrem apenas por alterações climáticas. Não é verdade, esse argumento não se sustenta mais, mas, principalmente, pelos grandes desperdícios, por más gestões administrativas, por omissão diante dessa realidade gritante que está, aí, na nossa cara.

            A pesquisa mostra, por exemplo, que 85% dos entrevistados concordam que o Brasil deve investir mais em fontes de energia limpa, como a energia solar, energia eólica, gerada pelo vento, tão pouco utilizada no Brasil e que, como demonstrado pelas pesquisas, existem áreas que poderiam prover um investimento dessa natureza e abastecer de energia nossa população.

            E, ainda, nessa pesquisa, 77%, Senador Ricardo, concordam, total ou parcialmente, que parte do dinheiro arrecadado com impostos deve financiar projeto desse tipo de energia limpa que nós citamos.

            Portanto, está em tempo de começarmos a pensar de forma mais organizada - e isto cabe aos governantes - o incentivo ao uso de uma energia que não polua o meio ambiente e que gere empregos.

            O Brasil precisa de alternativas, sobretudo da energia positiva, que sejam complementares ao projeto das nossas hidrelétricas, que até hoje têm funcionado maciçamente no Brasil. Que custo tem isso para o meio ambiente?

            Atualmente, a energia solar, por exemplo, contribui com 0,2% da matriz energética. Imaginem isso em um país tropical como o nosso!

            Nesta quarta-feira, queria registrar, a Comissão de Infraestrutura do Senado deu um passo adiante nesta demanda de aprovar a proposta que isenta de IPI, PIS/Pasep e Cofins a produção de painéis fotovoltaicos. Essa iniciativa certamente irá estimular a fabricação de painéis solares no Brasil. Essa proposta terá votação final na Comissão de Assuntos Econômicos, e nós vamos acompanhar de perto. Interesso-me, participei por vinte anos da Comissão de Minas e Energia e quero destacar o esforço que se fazia para contemplar com novas iniciativas, criando alternativas diferenciadas para produção de energia.

            Ainda quero destacar que o Ministério das Minas e Energia informou que o Governo pretende avançar no uso de energia solar em residências e em empresas. Comemoro este momento. Trabalhamos muito nessa discussão e na expectativa que temos de que, em dez anos, cerca de 700 mil consumidores residenciais e comerciais tenham instalado painéis fotovoltaicos em seus telhados e coberturas, para transformar a luz solar em energia elétrica. Estamos muito atrasados em um projeto dessa natureza, mas, enfim, chegou à nossa Comissão de Infraestrutura em um debate e as decisões foram tomadas, inclusive o nosso presidente aqui se encontra, Senador e ex-Ministro Garibaldi Alves. 

            Quando houver excedente, e isto é importante frisar, a energia que sobra desses painéis será vendida para a distribuidora, ajudando a reduzir a conta de luz do domicílio.

            Essa estimativa que registro aqui é da Aneel, a Agência Nacional de Energia Elétrica, que prevê um potencial de dois gigabytes de potência instalada com essa modalidade de geração distribuída nesse período, com foco neste momento da energia que nós citamos, que é a energia solar fotovoltaica.

            O Ministério de Minas e Energia, Sr. Presidente, aponta que esse mesmo conceito de geração distribuída comporta outras formas de geração bem mais próximas do consumidor, como a eólica ou até mesmo a energia de geradores.

            Outra estimativa, essa de mais longo prazo, foi elaborada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que prevê que até 2050 cerca de 13% do abastecimento das residências no País deverão ser - e aí eu comemoro novamente - provenientes da energia solar.

            Entre as medidas que estão anunciadas, estão a simplificação das regras para a geração dessa energia em casas e prédios comerciais, a mudança da tributação da energia produzida e o fomento ao investimento industrial do setor. Isso nós estamos esperando há mais de 15 anos.

            Um convênio levado ao Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), já firmado pelos Estados de São Paulo, Goiás e Pernambuco, neste mês, prevê que o consumidor não pagará o tributo estadual, ICMS, sobre a energia que ele próprio gerar, mas apenas sobre o excedente que ele consumir da rede de distribuidoras. Isso é muito interessante, porque, na verdade, abre um novo modelo de consumo. Por exemplo, uma família que consome 200kW ao mês e que produza 120kW pagará ICMS apenas sobre os 80kW restantes.

            Eu registro esse fato, porque, quando nós falamos nesse assunto, reiteradas vezes, as pessoas perguntam: “Vai ser colocado em prática?”. Então, agora nós temos um projeto apresentado, mostrando o resultado dessa iniciativa, o que ela pode produzir para o Brasil, o que ela pode ainda produzir no preço da energia produzida por iniciativa de cada consumidor.

            Segundo o Ministério - eu não só ouvi falar, como também perguntei -, esse convênio deverá ser firmado também em outros Estados. E nós particularmente do Estado do Espírito Santo já tomamos a dianteira nesse processo de discutir com o Ministério e mostrar o interesse de divulgar isso à população, para que ela se interesse e nós tenhamos um ponto de partida para que a União também reduza a tributação do PIS/Cofins sobre esse tipo de geração de energia. Com a isenção, a instalação de projetos de geração de energia feita pelas residências e pelos prédios comerciais vai se tornar, sem dúvida, muito mais atraente, com maior retorno sobre o investimento.

            Em outra iniciativa, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior anunciou a redução do Imposto de Importação de módulos fotovoltaicos para abastecer o mercado interno e as exportações.

            Eu quero refazer esse registro, dizendo que aí o Brasil está sempre pecando, porque, se tivéssemos investido mais na pesquisa e no desenvolvimento dessa matéria, desse produto, nós não teríamos hoje que estar falando em buscar material externo para construir internamente e introduzir essa energia de que nós estamos falando.

            O tributo, inclusive, deverá cair de 14% para 2% até 31 de dezembro de 2015, segundo o que foi determinado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

            E, para incentivar o uso de energia fotovoltaica também em shopping, em supermercado, a Empresa de Pesquisa Energética encaminhou ao Ministério de Minas e Energia a proposta de criar um preço específico para a venda de energia por esse estabelecimento às distribuidoras.

            Além dessas frentes, serão mantidos leilões de energia solar fotovoltaica - achei muito interessante essa decisão - destinados a geradores de maior porte.

            Este ano, o Governo, Srs. Senadores, vai realizar dois leilões com participação de energia solar nos meses de agosto e novembro. E o Espírito Santo se habilitou para estar incluído nesse primeiro leilão.

            Nós consideramos, Srªs e Srs. Senadores, que, em tese, essa medidas estão em linha com as demandas apontadas nas pesquisas de que nós falamos há pouco, do Data Senado, que tratamos no início deste pronunciamento, e que devemos estar atentos, inclusive, à evolução de seus resultados concretos.

            Água. Nós temos falado tanto de água. Eu gostaria de abordar, também, a questão da água. Recentemente, documento elaborado pela consultoria do Senado, que eu já tive a oportunidade de registrar desta tribuna, esclareceu mitos e verdades sobre a crise hídrica. Concordamos plenamente com a avaliação de que a crise que continua penalizando a população das nossas principais metrópoles não decorre da estiagem ou da falta de investimentos no setor. De jeito nenhum. É o resultado da recorrente incapacidade dos governos, seja ele estadual, seja ele Governo Federal, em lidar com a questão do déficit temporário que acontece ocasionalmente pela seca e por excepcionais fluxos de água. Nos últimos anos, por exemplo, houve, realmente, redução das chuvas que foram registradas no País inteiro, mas isso, isoladamente, não é fator suficiente para gerar crises tão profundas e prolongadas como a que nós estamos assistindo. A estiagem, segundo apontou o estudo, é apenas um fator que ocasiona a crise hídrica.

            Eu faço essas reflexões também sobre a questão da seca, que é provocada pela demora do Poder Público em reduzir o consumo e implementar políticas planejadas para o setor. Se vale a pena lembrar, eu queria registrar os inúmeros depoimentos que foram para a televisão, em que as pessoas sonegavam informação de que era possível reduzir o uso da água, reduzir, incentivar, educar e falar da possibilidade de haver a falta da água. É uma iniciativa muito positiva, mas político tem um vício de comportamento: ele quer só dar notícias boas; as ruins, ele não fala sobre elas em momento nenhum. Quando acontecem, vem a calamidade, e, então, vem o desespero da população. Eu acho, por exemplo, que prever um bônus de tarifa, como foi colocado inúmeras vezes, pra quem economiza água é extremamente positivo, é um fato positivo. Por outro lado, cobrar mais pelos excessos de consumo ou consumo indevido também é uma política positiva. Ninguém quer fazer, mas é necessário. E, quando não são tomadas essas medidas, as consequências são essas que aí estão.

            Eu acho que, ao lado de uma gestão mais competente, mais responsável, mais lúcida, mais eficiente, a superação da crise hídrica passa ainda pela redução do desperdício e pelo incentivo ao reuso como fonte alternativa de abastecimento, como nós vimos na cidade de São Paulo. A água do reuso é aquela água da máquina de lavar, do chuveiro, que, depois do tratamento, pode voltar a ser usada para lavar o carro, irrigar o jardim, de uma maneira inteligente e responsável, liberando a água potável para o consumo humano. Essa prática, de que nós evitamos falar, que nós evitamos divulgar e conscientizar e de que, planejadamente, nós evitamos fazer uma propaganda desse comportamento, não é comum no Brasil. Quando nós falamos em aproveitamento da água de chuva, há uma cultura inóspita que não aceita, de maneira nenhuma, que isso seja feito. Mas, ainda que não seja de grande conhecimento, isso está crescendo em vários Municípios do Brasil, inclusive no meu Estado.

            Isso é necessário? Essa dúvida está na cabeça do brasileiro. O estudo mostra - e aí eu quero registrar - que o desperdício de água tratada no nosso País atinge 37%, exatamente por causa das falhas que existem na tubulação, das fraudes, da falta de uma política adequada. Nós vimos recentemente um programa do Japão mostrando que, quando há um diagnóstico, uma previsão de que aquele material usado está se desgastando, imediatamente, para que se evite o desperdício, é trocada essa tubulação. Nós não temos cultura nem de consertar o que está quebrado.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - V. Exª me concede um aparte, Senadora Rose de Freitas?

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Pois não, Senador, com muito prazer.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - O que surpreende, a cada momento, na larga e competente jornada de V. Exª, antes como Deputada Federal e agora como Senadora, até mesmo quem, como eu, caminhou ao seu lado, de braços dados, ombro a ombro, por todo o Espírito Santo,...

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - O que agradeço muito.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - ... afirmando aos capixabas que nós ganharíamos uma Senadora inteira, uma Senadora completa, uma Senadora que, ao mesmo tempo em que seria municipalista, também seria uma Senadora com grandeza e com visão para trazer para o Senado temas e assuntos estratégicos, como este que V. Exª está trazendo, apontando portas e janelas de oportunidades para que o Governo brasileiro possa refletir à luz desse minucioso, detalhado e competente estudo que V. Exª apresenta a esta hora da noite no plenário do Senado, é a capacidade de V. Exª de conciliar os temas locais, modestos, porém legítimos e importantes, quando nós tratamos de um assunto lá da nossa queridíssima Brejetuba, dos nossos produtores de café, ou quando nós cortamos o Estado e vamos à Nova Venécia ou vamos a Guaçuí para tratarmos dos assuntos relacionados à nossa Santa Casa de Misericórdia... Enfim, os nossos desafios do dia a dia não são pequenos no nosso querido Espírito Santo. E V. Exª não se descuida desses assuntos nunca, mas concilia e integra a importância dos assuntos que fazem parte do dia a dia da nossa gente com temas estratégicos como este que está relacionado à necessidade de o Brasil superar os problemas relacionados à nossa crise hídrica e aos nossos desafios no campo da energia. A minha manifestação é de uma extraordinária alegria e felicidade por ver que o Senador Magno Malta e eu ganhamos aqui uma Senadora extraordinária, que já chega ao Senado pela porta da frente, assumindo, como disse o Senador Dário Berger, a Comissão Mista de Orçamento, uma comissão complexa, difícil. E V. Exª, como mulher, com a fibra que tem, com a energia que tem, comanda a Comissão Mista de Orçamento, presente na Comissão de Constituição e Justiça, presente na Comissão de Infraestrutura, enfim, dando conta do recado com sobra, representando aqui os brasileiros e os capixabas. É a minha manifestação de alegria de ter o privilégio de compartilhar com V. Exª a representação do nosso Espírito Santo aqui, no Senado. Cumprimentos a V. Exª.

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Eu agradeço a V. Exª o aparte, que só enriquece o nosso discurso.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Senadora Rose de Freitas

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Lembro que essa caminhada foi uma caminhada em que tive ao meu lado pessoas que sempre perseguiram os mesmos ideais em que eu acredito. Eu agradeço muito a V. Exª.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Senadora Rose.

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Senador Garibaldi.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Eu vejo que o verdadeiro cavalheiro aqui é o Senador Ricardo Ferraço, mas ele não é apenas cavalheiro, ele faz justiça à trajetória de V. Exª e agora à sua incansável luta em favor de que tenhamos novas alternativas para nossa matriz energética. V. Exª tem debatido esse tema na nossa Comissão de Infraestrutura e tem se revelado, assim, uma Senadora que vem cada vez mais merecendo a nossa admiração. Eu pedi este aparte, porque, dada a importância do discurso de V. Exª, eu não apenas cedi o tempo como vou abrir mão do discurso, mas V. Exª vai permitir que eu possa fazer um ligeiro registro, rápido. Terça-feira, dia 19, às 9h, a Comissão de Direitos Humanos, dirigida pelo Senador Paulo Paim, vai realizar uma audiência pública a respeito de um grave problema que já foi tratado junto ao Ministro da Saúde pelo Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Cardíacos, o Dr. Marcelo Matos Cascudo, que é um paraibano que se tornou norte-rio-grandense. E, na verdade, Senadora Rose, sem querer tomar o tempo de V. Exª, estando à frente o Dr. Marcelo, médicos expuseram ao Ministro da Saúde que houve uma diminuição de 10 mil cirurgias cardiovasculares no Brasil nos últimos quatro anos. Em 2010, foram realizadas 102.300 cirurgias cardiovasculares, e esse número caiu para 92.106 cirurgias realizadas no ano passado. O motivo teria sido o fechamento de hospitais e o fim de serviços de alta complexidade. Então, Senadora Rose, agradecendo a V. Exª essa minha intromissão no seu discurso - indevida, mas é importante que eu faça este registro -, essa audiência vai contar com a presença do Dr. Marcelo e outros representantes do colégio que representa a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular; vai contar com representantes do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Secretários de Saúde e estaduais de saúde; vai contar ainda com a presença do Ministério Público e de representantes da CGU, e está marcada, portanto, para o dia 19, às 9 horas. Quem quiser debater esse grave problema que compareça a essa audiência pública na terça-feira, na Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo Senador Paulo Paim. Agradeço a V. Exª e peço desculpas por estar interferindo no seu discurso, porque realmente trato de um assunto que não tem a ver muito com o seu pronunciamento, mas sei que V. Exª dá total apoio a essa preocupação dos cirurgiões cardiovasculares. Agradeço a V. Exª.

            A SRª ROSE DE FREITAS (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Agradeço a V. Exª. Estou concluindo as minhas palavras para que possa disponibilizar o tempo a fim de que V. Exª possa concluir o seu discurso.

            Apenas para encerrar as considerações que fiz e todas essas pesquisas que vão alavancando a construção de políticas adequadas para a distribuição e o uso da água para que nós possamos produzir energia, eu também registro a dificuldade que nós temos, Sr. Ministro, de identificar e corrigir os problemas dessa estrutura de distribuição de água.

            Então, quero registrar também que esse cenário da manutenção, da distribuição do uso da água refere-se ao fato de que, na agricultura, por exemplo - e eu citava há pouco o Senador Ricardo -, de cada 100 litros de água consumidos no País, 72 litros são usados na irrigação da nossa agricultura. Em 2010, a demanda da captação do País foi de 54% para irrigação, 22% para abastecimento humano urbano, 17% para uso industrial, 6% para consumo animal e 1% para abastecimento humano rural.

            Então, a distribuição da água efetivamente usada foi esta que eu disse: 72% para irrigação - veja isso -; 11% para consumo animal; 9% para abastecimento humano urbano; 7% para uso industrial; e, repetindo, 1% para abastecimento humano rural.

            Portanto, Sr. Presidente, Srs. Senadores, diante desses dados que consideramos aqui da tribuna, daqui em diante, a médio e longo prazos, devermos dar prioridade em manter o foco no novo modelo de uso e de gestão da água. Também para empreender esses novos modelos energéticos, temos que acelerar obras de geração de energia e transmissão, além de retomar programas de eficiência energética.

            Encerrando, quero dizer que avaliamos, sobretudo, que, mesmo diante de um cenário totalmente adverso, o Governo tem instrumentos, sempre teve em sua mão, para conhecer as demandas expressas da nossa população e, efetivamente, consolidar avanços na qualidade de vida e no crescimento sustentável do País.

            Agradeço a V. Exª.

            Quero só dizer que, diante de todas essas reflexões, sobra uma consideração final, que acho que V. Exª sabe que terei dificuldade em fazer, que é homenagear o Deputado Mendes Ribeiro, nosso colega que perdemos esta semana, assim como o Luiz Henrique.

            Nós estamos mais pobres, Sr. Presidente. A vida política do País perdeu dois companheiros. Eu perdi um grande amigo e um líder, que V. Exª conheceu tão bem e sobre quem falou longamente outro dia. É difícil falar dessas coisas quando temos valores a serem preservados e reconhecemos nesses homens públicos valores que jamais foram esquecidos na atividade política que cuida de todos os interesses do povo brasileiro.

            Portanto, onde quer que estejam o Mendes e o Luiz Henrique, eu sei que vão levar o carinho da sua companheira de política. Estarão sempre na memória da população de onde viveram, por onde passaram, como homens públicos, dignos, trabalhadores e respeitados por todos.

            Por que nós estamos mais pobres, então? Pela passagem deles nas nossas vidas, deveríamos considerar que ficamos mais ricos por esse conhecimento. Eu sou muito grata às pessoas que encontrei e, sobretudo, àquelas com as quais convivi.

            Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/05/2015 - Página 296