Pela Liderança durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Tristeza pelo falecimento do Senador Luiz Henrique.

Autor
Dário Berger (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Dário Elias Berger
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Tristeza pelo falecimento do Senador Luiz Henrique.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Fernando Bezerra Coelho, Hélio José, Lindbergh Farias, Reguffe, Valdir Raupp, Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2015 - Página 89
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIZ HENRIQUE, SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside os trabalhos nesta tarde, Srªs e Srs. Senadores, nessa longa trajetória de nossas vidas, deparamo-nos com muitos desafios, inclusive o desafio da própria existência. Nunca imaginei que fosse passar por um momento como este que, hoje, estou passando aqui, no Senado Federal.

            Profundamente sensibilizado e particularmente emocionado, dirijo-me a V. Exªs consciente da minha responsabilidade. É difícil expressar aqui com exatidão a dor, a angústia e a tristeza do povo catarinense com o passamento prematuro e inesperado do ilustre e eminente Senador Luiz Henrique da Silveira.

            Será essa a primeira vez que me pronuncio desta tribuna sem encontrar, neste plenário, Presidente, o semblante firme, proeminente, o olhar atento, cuidadoso, o gesto acolhedor de incentivo do sempre líder, do meu amigo, do meu professor, do meu mestre Luiz Henrique da Silveira.

            Desse universo de sentimentos inéditos que trago em meu peito hoje, um vazio me visita, provocado por tão inesperada perda. Ainda é com perplexidade que leio as notícias sobre o sepultamento do nosso Senador, ainda possuído pela angústia, pela saudade e pela tristeza. O Brasil perdeu um homem de imenso valor; Santa Catarina, um filho ilustre; eu, um amigo e um líder; e o Senado da República perdeu um político de rara inteligência.

            Luiz Henrique da Silveira foi um homem incansável, de ideais inabaláveis e de uma generosidade incomum. Tenho a convicção de que Luiz Henrique da Silveira realizou mais do que qualquer outro político catarinense do seu tempo, transformou sonhos em realidade, e nos deixa um grande legado.

            Ele deixa conosco um trabalho de realização e de prosperidade em Santa Catarina. Leva com ele um pedaço da história de Santa Catarina, leva com ele um pedaço da história do seu partido, o PMDB, e deixa a saudade e a certeza de que, agora, temos que caminhar sem o grande líder.

            Foi um cidadão do mundo, culto, leitor ávido, apreciador da boa música, entusiasta da cultura como elemento catalisador do desenvolvimento social. Viveu e morreu na sua amada Joinville, imortalizada em sua frase - abre aspas: “Estar longe de Joinville é sentir uma dor no peito, uma dor na alma, uma dor que só se acalma quando chego à Curva do Arroz.” - naturalmente, a Curva do Arroz é uma curva de chegada nas proximidades da nossa querida Joinville.

            Luiz Henrique nos deixa uma visão rara de mundo, nos faz sentir uma imensa saudade.

            Luiz Henrique é e será um homem insubstituível.

            Santa Catarina, Sr. Presidente, hoje, envolvida em densa bruma de orfandade, procura um líder como o Governador e o Senador o foi. Nenhuma sociedade ou partido político está pronto para perder tamanha figura. Agora temos de caminhar sem a mão segura do grande líder. Haveremos de levar em nossos corações seus ensinamentos, seus valores, acalanto precioso em hora de tamanha perda.

            Recentemente, cunhou imortal ensinamento, ao avaliar a disputa, nesta Casa, mistura de desejo e sonho que ele sempre teve de conduzir a Presidência desta augusta Casa - abre aspas: “Fui derrotado? Não. Fui um vencedor, porque combati o bom combate.” - fecha aspas. Ativo, sempre foi um vencedor. Exerceu 12 mandatos consecutivos com a chancela sempre do voto democrático.

            Esse era Luiz Henrique da Silveira, e é justamente um dos seus bons combates que deve reorientar nossos destinos e sonhos, nossas esperanças e desejos.

            Na esfera estadual, lá em Santa Catarina, foi um administrador público corajoso, inovador. Promoveu uma revolução, levando o seu governo para o interior do Estado de Santa Catarina, e deixou três marcas inconfundíveis: a política da descentralização, valorizando tremendamente o municipalismo e fazendo com que o interior fosse protagonista da sua própria história. Implantou uma administração moderna, visionária. Implantou as secretarias regionais em praticamente todo o Estado de Santa Catarina, aproximando o seu governo da sociedade como um todo.

            O programa de interligação asfáltica de todos os Municípios catarinenses transformou os 295 Municípios. Graças a Luiz Henrique da Silveira, todos os Municípios catarinenses têm, pelo menos, um acesso asfaltado.

            Também dedicou atenção especial à área do turismo e do desenvolvimento regional, com a construção de inúmeros centros de eventos, como integradores da cultura e do lazer, que ele tanto amava.

            Na esteira de sua visão de desenvolvimento, promoveu a cultura, desenvolveu o turismo como sinônimo de excelência, ampliou divisas comerciais e econômicas por meio do agronegócio e da indústria, promoveu a geração de empregos e perseguiu níveis de educação e de desenvolvimento humano só vistos em países de primeiro mundo.

            Ao refletir, ainda, sobre as realizações do Governador e Senador Luiz Henrique da Silveira, eu tenho um sentimento muito claro de que ele ainda guardava muitos sonhos, acalentava viver um Brasil sonhando em sua juventude.

            Luiz Henrique tinha um sentimento vivo e forte: “Ainda faltam reformas, faltam mudanças, mas, sobretudo, deve haver vontade e determinação”.

            Hoje, aqui desta tribuna, tenho certeza também de que recai sobre nós, os 81 representantes do povo brasileiro no Senado Federal, eleitos pelo voto popular, assumirmos esse papel de protagonista das mudanças. Devemos ser os agentes das mudanças, das transformações que a sociedade brasileira tanto aguarda e das quais precisa, que eram tão almejadas pelo nosso mestre e pelo nosso líder.

            Luiz Henrique trazia em seu cerne, Sr. Presidente, energia suficiente para fazer a sua parte. Era um defensor feroz de uma revisão, de um novo modelo, de um novo Pacto Federativo, para que este seja capaz de reduzir a concentração da arrecadação dos impostos na mão da União, que detém hoje praticamente dois terços da arrecadação tributária do País. Afirmava que os demais entes federados estão - abre aspas - “imobilizados e envolvidos à beira de um colapso” - fecha aspas.

            E tinha razão. Tinha muita razão.

            Em outra mão, Luiz Henrique empunhava fartos argumentos na busca por ampliar o debate sobre a necessidade da tão propalada reforma política, a reforma das reformas.

            Defendia que todos os mandatos deveriam ter seis anos, justamente para tirar o País do chamado "estado de emergência”. Criticava retumbantemente os pleitos sucessivos e os altos custos das campanhas eleitorais.

            Também propunha com veemência a renúncia dos mandatos dos candidatos à reeleição para Presidente da República, para Governadores e para Prefeitos.

            Sempre fez política pelo exemplo: quando disputou a reeleição para o Governo do Estado de Santa Catarina, renunciou ao mandato para disputar o cargo. E venceu.

            Em seu terceiro pilar, e não menos importante, fez ecoar dentro desta Casa a aprovação de substitutivo de sua autoria com o qual se vislumbra e vislumbrava o fim da guerra fiscal.

            Sonhou em pé e avaliou, abro aspas: “São passos decisivos para o País caminhar rumo às tão almejadas reformas, tanto tributária quanto do Pacto Federativo”.

            Destaca-se ainda o empenho na relatoria do Código Florestal dentre outros tantos projetos importantes que ele aqui relatou.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao saber do alto desta tribuna, que não encontrarei mais o olhar fraterno do amigo, do Líder Luiz Henrique da Silveira, justamente daí, de onde V. Exªs estão a me olhar agora, é que uma certeza me invade. Busco em Saint-Exupéry o socorro para expressar meu mais profundo sentimento: “Aqueles que passam por nós não vão sós...

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - V. Exª me concede um aparte, Senador Dario?

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Já concedo o aparte a V. Exª.

            “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

            Concedo agora o aparte a V. Exª, Senador Moka.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Senador Dário Berger, eu conheci o nosso Senador quando ele virou Presidente Nacional do nosso Partido. Depois, a convivência, ele era muito próximo também do nosso saudoso Senador Ramez Tebet. Enfim, conheci Luiz Henrique ainda, eu Deputado Estadual e ele já Líder da Bancada do PMDB, ainda na época do Dr. Ulysses. Nada me deixou, nos últimos tempos, mais triste do que essa perda porque ele, nos últimos tempos e principalmente recentemente, num convívio mais próximo, quando da sua disputa aqui para a Presidência do Senado, eu passei a conviver diariamente e, daí, você se aproxima não só do político, você se aproxima do cidadão, do chefe de família, da pessoa que ele sempre foi. E eu quero lhe dizer que é também com muita tristeza que fui ontem a Joinville prestar a minha última homenagem a esse grande amigo, a esse grande amigo, como ele mesmo dizia e eu costumo dizer lá no Mato Grosso do Sul, do MDB velho de guerra porque ele sempre foi uma referência muito grande para aqueles que estão e que militam no PMDB. Então, eu quero, ao me solidarizar com V. Exª, mandar um abraço - fiz isso pessoalmente - mas principalmente à D. Ivete e a seus filhos e dizer que nesta Casa ele só deixou uma recordação, bons amigos e digo sempre, Senador Luiz Henrique é um exemplo de um homem que honrou o mandato, é um exemplo de postura política, de dignidade, daqueles que querem ver um País mais justo, mais fraterno e, sobretudo, mais honesto.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Agradeço a V. Exª e concedo o aparte ao Senador Bezerra.

            Em seguida para o Senador...

            O Sr. Fernando Bezerra Coelho (Bloco Socialismo e Democracia/PSB - PE) - Dário Berger, acompanhando o pronunciamento de V. Exª a gente percebe que a emoção, o embargo da sua voz traduz a imensa tristeza, a imensa dor que o povo de Santa Catarina está possuindo pelo desaparecimento repentino do nosso querido amigo, Senador Luiz Henrique da Silveira. Eu tive a alegria de conhecer Luiz Henrique no início da minha caminhada na vida pública. Cheguei ao Congresso Nacional em 1987, como Deputado Federal, e encontrei Luiz Henrique já como um dos grandes do PMDB. Tive o privilégio de ter sido o seu Vice-Líder na Câmara dos Deputados. Depois testemunhei, como Prefeito de Petrolina, a presença de Luiz Henrique como Ministro da Ciência e Tecnologia do nosso País. Tive muita alegria ao voltar ao Congresso Nacional, desde 1993, para ter a companhia do Luiz Henrique aqui no Senado Federal. Estivemos juntos na sua luta para que ele pudesse chegar à Presidência do Senado Federal e convivi de perto poucos meses. A gente lamenta porque S. Exª foi muito feliz. O Senado Federal perdeu um dos seus grandes políticos. Santa Catarina perdeu, talvez, a sua maior liderança, a sua maior referência, que vai fazer falta ao Brasil neste momento de crise, de transformações que a nossa sociedade vive. Luiz Henrique certamente daria uma contribuição para que a nau brasileira pudesse atravessar esses mares revoltos e chegar - como todos nós queremos - a um porto seguro. Portanto, receba a solidariedade que vem de Pernambuco, do carinho que todos os pernambucanos tinham por essa figura exemplar, emblemática do MDB, do PMDB, de um grande construtor da Constituinte cidadã, de um grande Ministro de Estado, de um grande Governador, de um grande Prefeito - apaixonado que era pela causa municipalista -, um brasileiro na acepção da palavra. Portanto, o abraço e a solidariedade neste momento de dor que o povo de Santa Catarina sente.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Obrigado a V. Exª.

            Concedo a palavra, então, ao eminente Senador Cristovam Buarque. Em seguida, ao Senador Lindbergh Farias.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Dário, eu quero dizer que seu discurso tocante usou a palavra chave “legado”, que nos deixa Luiz Henrique. Mas, ao lado dessa palavra, há outra que ele nos deixa: desafio. Quando eu tomei conhecimento da notícia - não pude ir ao velório dele -, a primeira coisa que me veio à cabeça, além da tristeza de perder uma figura como ele, que é uma figura muito especial, foi do desafio que ele nos deixa. Primeiro, nesta Casa lutar para fazê-la mais próxima das aspirações do povo, fazer suas direções mais próximas das decisões coletivas de nós Senadores. Ele morreu, sendo o símbolo da nossa luta pela renovação do Senado, graças a sua candidatura à Presidência. Esse é um desafio que ele nos deixa. Vamos ter que enfrentar isso sem a presença dele, mas vamos ter que enfrentar, sem dúvida alguma daqui para frente. Segundo desafio que ele nos deixa, é que ele era um dos raros políticos brasileiros com uma visão muito clara de progresso baseado em ciência e tecnologia, que, quando foi ministro, ele praticou de uma forma tão intensa e, aqui também nesta Casa, ele sempre fez questão de participar do debate sobre o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. Além disso, o seu compromisso com a democracia, em todas as formas e da maneira mais transparente possível, faz com que ele nos deixe desafios. No seu caso, mais ainda, porque, no seu caso, além desses como Senador da República, o senhor tem o desafio de lutar para que o Estado de Santa Catarina substitua esse Líder, que, como o senhor disse, talvez tenha sido o maior que Santa Catarina teve ao longo de muitas e muitas décadas. Parabéns a Santa Catarina, por ter tido um brasileiro como Luiz Henrique.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Cristovam, vai ser impossível substituir o eminente Senador Luiz Henrique. Eu passo a palavra, então, ao eminente Senador Lindbergh Farias.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Senador Dário, quero aqui trazer minha solidariedade a V. Exª, a todo o povo de Santa Catarina e dizer que esta Casa perde muito. Cada um de nós revê a sua forma junto com Senador Luiz Henrique. Eu fui Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos e o Senador Luiz Henrique era Vice-Presidente, mas era um período eleitoral e ele, na verdade, copresidiu uma reunião, eu presidia a Comissão de Assuntos Econômicos, na outra reunião, a reunião era presidida pelo Senador Luiz Henrique e o que me impressionava no Senador Luiz Henrique é que era um daqueles políticos que não se movem pelo pragmatismo barato, um homem de ideias, de projetos, que começou sua vida pública há muito tempo. Foi seguidor de Ulysses Guimarães, amigo de Ulysses Guimarães, Ministro da Ciência e Tecnologia.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - Agora, quando V. Exª fala da questão federativa, eu queria destacar aqui um ponto nas ideias de Luiz Henrique que eu acho que o Brasil tem que aprender. Ele era o maior entusiasta da tese da descentralização. Refiro-me tanto à descentralização no Governo Federal quanto àquela que ele implementou no seu governo. Quando alguém ia conversar com o Senador Luiz Henrique sobre o sucesso de sua administração - ele foi reeleito e saiu com a aprovação popular de 80% -, ele dizia: “O sucesso do meu governo ocorreu porque eu fiz um processo de descentralização.” Eu fui candidato a governador. Tive umas 20 reuniões com o Senador Luiz Henrique - se não foi menos -, discutindo esse processo, porque eu queria fazê-lo no Estado do Rio de Janeiro. O que fez o Senador Luiz Henrique? Ele dividiu o Estado de Santa Catarina por regiões e fez uma coisa...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Apoio Governo/PT - RJ) - ... revolucionária. Não sei o que está acontecendo aqui. (Fora do microfone.) Dividiu o Estado de Santa Catarina em regiões, mas não só isso. Com base em critérios, ele dividiu o orçamento. E mais ainda: quem decidia o que ia ser investido naquela região, com base no orçamento, era um conselho, que contava com a participação de prefeitos, de vereadores, da sociedade civil, de entidades. Ele entendeu essa distância que existe entre as pessoas, o eleitor e o governante. Então, esse é um ponto que nós tínhamos que entender, porque, hoje, quando discutimos a nossa representação política, há um distanciamento muito grande. O Senador Luiz Henrique teve essa sensibilidade. Eu me lembro - não quero me alongar, porque vamos ter uma sessão aqui para passar uma tarde inteira falando sobre o Senador Luiz Henrique - de que, na Comissão de Assuntos Econômicos, ele, com 75 anos, era um homem antenado, cabeça à frente. Foi ideia dele. Ele insistiu conosco lá e dizia o seguinte: “Não pode mais haver essas reuniões da Comissão de Assuntos Econômicos em que distribuímos a pauta em papéis.” Eram páginas e páginas. Ele dizia: “É um absurdo!” Foi ele quem incentivou aquele processo que nós fizemos. Hoje, vemos que há um processo de informatização. Mas eu queria encerrar, por fim, dizendo como é lamentável saber da morte do Senador Luiz Henrique. Lembrei-me dele, há um mês, um mês e meio, neste plenário, falando sobre uma injustiça cometida contra ele, logo o Senador Luiz Henrique. Todos nós sabemos aqui que não existia pessoa mais íntegra que o Senador Luiz Henrique. Mas ele sofreu algo que tem muito a ver com essa onda de criminalização da política, em que às vezes a pessoa, antes de existir um processo, é condenada. E fizeram com o Senador Luiz Henrique, sinceramente, uma grande covardia, que deve, nesses últimos um mês e meio, dois meses, tê-lo atormentado muito. Foi o início de um processo de investigação que logo saiu na cadeia de televisão. Sabe por quê, Senador Reguffe? Porque diziam que ele havia pedido uma vaga num hospital para internar uma pessoa. Quão bárbaro é isso! E, na verdade, era um hospital privado! É um desconhecimento do que é a vida pública - nós estamos em contato com as pessoas. Só lamento o Senador Luiz Henrique, pelo homem que foi a vida inteira, ter tido esse constrangimento no final de sua vida. Sei como isso deve tê-lo perturbado. Acho sinceramente que o Supremo Tribunal Federal, nesse caso, apesar de o Senador Luiz Henrique estar morto, tem que resolver essa questão. Não é porque o Senador Luiz Henrique morreu que se deve arquivar - não! Tem que resolver essa questão. O Senador Luiz Henrique não aceitaria deixar a vida sem que isso fosse resolvido no Supremo Tribunal Federal. Muito obrigado.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Senador Reguffe, depois Senador Hélio José e, para concluir, o Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Reguffe (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Senador Dário, quero aqui deixar o meu abraço a toda a população de Santa Catarina, que escolheu o Senador Luiz Henrique para representá-la aqui no Senado Federal. Quero também fazer minhas as suas palavras; dizer que V. Exª tem uma responsabilidade ainda maior, porque, com a ausência do Senador Luiz Henrique, vai aumentar a responsabilidade e a cobrança sobre V. Exª; e dizer que só lamento que um político só tenha seu valor reconhecido pelas pessoas quando não está mais entre nós, quando não está mais aqui. O Senador Lindbergh falou muito bem desse processo crescente de criminalização da atividade política, e considero que este é o pior mal que a sociedade pode fazer a ela mesma. Os desvios de dinheiro público e os roubos de dinheiro público, isso tem de ser punido com rigor, para o bem do contribuinte, mas não se pode generalizar e não se pode criminalizar a atividade política. Ao criminalizar a atividade política, a sociedade corre o risco de tirar da política não o bandido, mas a pessoa de bem. E o Senador Luiz Henrique foi uma pessoa de bem, uma pessoa muito educada, muito afável no trato humano. Nas últimas semanas aqui nós conversamos algumas vezes, e tenho certeza de que será uma grande perda para a população de Santa Catarina e também para o Senado Federal.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Obrigado.

            Senador Hélio José.

            O Sr. Hélio José (Bloco Maioria/PSD - DF) - Senador Dário Berger, meu vizinho aqui de ala, realmente esse é um momento muito difícil, porque V. Exª sabe o quanto o Senador Luiz Henrique era admirado por todos nós, meu ídolo. Eu acompanhei a Constituinte de perto, porque naquela época eu estava coordenando um sindicato importante, o Sindicato dos Eletricitários, e também era diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Eu vi o quanto o Senador Luiz Henrique foi importante para nós trabalhadores e democratas, quando ele foi coordenador do MUP. O MUP foi fundamental para contrapor o Centrão naquele momento difícil de discussão dos direitos sociais, naquele momento difícil por que o Brasil passava. A questão daquele trabalho que ele fez junto com o Mário Covas e vários outros democratas daquele período, os colegas do PT e outros, foi assim fundamental. Deve-se muito dos direitos sociais de hoje à atuação do nosso querido Senador Luiz Henrique. Eu estive ontem em Santa Catarina, vi o sofrimento do povo, a emoção estampada em cada um, um contingente enorme de pessoas. A nossa Presidenta da República com toda a emoção, colocando o sentimento de uma nação pela perda de um filho tão bacana, tão rente como o Senador Luiz Henrique. Eu confesso para você que acho que nós perdemos um grande homem e o céu ganhou uma pessoa extraordinária, um universalista. A gente viu o entusiasmo que o Senador Luiz Henrique tinha na relação com os outros povos, com a Rússia, com esses grupos de trabalho, com a República Tcheca, com a Eslováquia. Foi um incentivador para mim. Hoje eu assino praticamente todos esses grupos de integração dos povos. O Senador Luiz Henrique era aquela pessoa sempre simpática, que sempre dava uma palavra de apoio, de construção. Então, a gente perde muito, a tecnologia perde, a democracia perde, perde o povo de Santa Catarina, perde o Brasil. Eu que sou Senador do Distrito Federal, sei o tanto que é importante a concepção municipalista, esse Pacto Federativo, essa discussão toda que estamos fazendo agora é importante, a reforma política, o tanto que o Luiz Henrique, nosso Senador, era entusiasta da necessidade de se fazer a reforma política. Acho, inclusive, ontem lá estavam também o Presidente Renan e vários outros Senadores nossos, em Santa Catarina, e até em homenagem ao nosso querido Senador Luiz Henrique, que a gente deve, de fato, fazer a reforma política que o Brasil tanto espera, até em homenagem a este grande homem, que foi o Senador Luiz Henrique. Eu quero fazer das suas palavras e das palavras das outras Excelências que me antecederam aqui, minhas palavras também, porque tudo o que se falar do nosso querido Senador Luiz Henrique é pouco, pelo que ele representou e representa para o nosso País. Muito obrigado.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Obrigado, Senador Hélio José.

            Com a palavra o Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Senador Dário Berger, Joinville, Santa Catarina e o Brasil perderam um grande homem público.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Um homem diferente. Luiz Henrique era diferente. Ele ocupou praticamente todos os cargos que a política nos proporciona. Prefeito, por três vezes; Deputado, por várias vezes; Governador, por duas vezes. E seria de novo. O se que fala em Santa Catarina é que, se ele não tivesse partido e fosse candidato daqui a três anos, seria eleito no primeiro turno. É quase unanimidade. Foi Ministro, Presidente do nosso Partido, Presidente Nacional do PMDB, e tinha o PMDB no coração. Tinha o 15 do PMDB. Tanto é que, por ironia do destino, faleceu no ano 15, às 15h15. Então, é muita coincidência, porque ele tinha, realmente, o PMDB...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Valdir Raupp (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Para que eu possa concluir o aparte e o nobre Senador Dário Berger possa concluir o seu pronunciamento, Presidente. Muito obrigado. Parafraseando Santo Agostinho, Luiz Henrique não nos deixou, ele apenas está do outro lado, no andar superior. Que Deus possa confortar a família, os catarinenses, seus amigos e que possa acolhê-lo no lugar que ele merece! Muito obrigado.

            O SR. DÁRIO BERGER (Bloco Maioria/PMDB - SC) - Quero agradecer aos Srs. Senadores. E no momento em que já não vejo mais o nome do eminente Senador Luiz Henrique da Silveira no painel deste cenário, quero ainda acrescentar que, por onde ele passava, demonstrava extraordinária grandeza, pois grande é aquele que enxerga o futuro com respeito e humildade às pessoas. Dedicou a sua vida a servir, a ajudar, a somar, a multiplicar ações, obras e projetos que levaram dignidade a milhares e milhares de catarinenses. E tudo o que ele fazia, ele fazia com o coração.

            Haverei de carregar e trazer comigo a lembrança dele e buscarei respeitar seus ideais, seus sonhos e esperanças, que conheci na convivência que com ele tive. Eu posso garantir aos Srs. Senadores e às Srªs Senadoras que nós juntos somos capazes, iluminados pela chama viva do exemplo do Senador Luiz Henrique, de buscar as mudanças que irão nos levar a sermos o País e a Nação que sonhamos e podemos ser.

            Obrigado, Sr. Presidente, era esse o pronunciamento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2015 - Página 89