Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pelo falecimento do Senador Luiz Henrique e do ex-Deputado Mendes Ribeiro Filho.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. HOMENAGEM. :
  • Lamento pelo falecimento do Senador Luiz Henrique e do ex-Deputado Mendes Ribeiro Filho.
Aparteantes
José Agripino, Paulo Paim, Ricardo Ferraço, Walter Pinheiro.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2015 - Página 144
Assunto
Outros > SENADO. HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIZ HENRIQUE, SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MENDES RIBEIRO, EX-DEPUTADO, ORIGEM, RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - O próximo orador inscrito é o eminente Ministro, sempre Ministro e ilustre Senador, uma simpatia de pessoa, Garibaldi Alves.

            Enquanto o Senador segue para a tribuna, quero dar conhecimento ao Plenário de matéria recebida da Câmara dos Deputados.

 

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) -

PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO RECEBIDO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

            Ofício n° 172, de 2015, do Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados, submetendo à apreciação do Senado Federal o Projeto de Lei de Conversão n° 3, de 2015, que altera as Leis n°s 7.998, de 11 de janeiro de 1990, que regula o Programa do Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e institui o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); 10.779, de 25 de novembro de 2003, que dispõe sobre o seguro-desemprego para o pescador artesanal; e Lei 8.213, de 24 de julho de 1991; revoga as Leis n°s 7.859, de 25 de outubro de 1989; e 8.900, de 30 de junho de 1994; e dá outras providências (proveniente da Medida Provisória n° 665, de 2014).

 

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) -

COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA

            A Presidência comunica ao Plenário que o prazo de 45 dias para apreciação da Medida Provisória encontra-se esgotado, e o de sua vigência foi prorrogado por Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional e esgotar-se-á em 1º de junho.

 

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Era o que tinha a informar aos Srs. Senadores.

            Com a palavra, então, o eminente Senador Garibaldi Alves; em seguida, o Senador Flexa Ribeiro.

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Dário Berger, Srªs e Srs. Senadores, a exemplo da Senadora Lídice da Mata e de todo o Senado Federal, nós também estamos chegando aqui à tribuna possuídos por uma imensa tristeza. O Senador Luiz Henrique da Silveira deixa uma lacuna imensa não apenas no que toca ao PMDB, não apenas, sobretudo, no que toca ao seu Estado, Santa Catarina, à sua cidade, Joinville, que ele governou por três vezes, mas a todo o Brasil, que pranteia a memória do grande brasileiro que foi Luiz Henrique da Silveira. Não pude ir, Sr. Presidente, ao velório dele, ao sepultamento, que foi realmente um momento, pelo que vimos na televisão, Senador Flexa Ribeiro, de grande comoção na cidade de Joinville.

            Na verdade, quem convivia aqui com o Senador Luiz Henrique tinha a impressão de que ele não seria, de maneira alguma, traído por um problema de saúde fulminante. Na verdade, segundo depoimento da esposa, ele estava tranquilamente na sua residência, comemorando o Dia das Mães, e, de repente, ao subir a escada que o levava ao primeiro andar da sua residência, tombou. E tombou ali um grande brasileiro. Tombou, mas deixou aqui o seu exemplo de homem inteligente, corajoso, capaz, competente.

            Lamento até mesmo, Sr. Presidente, Sr. Senador Paulo Paim, não ter convivido com ele nos primeiros quatro anos e nos últimos quatro anos do seu mandato como Senador, porque encontrava-me como Ministro da Previdência justamente nesses quatro anos. Mas, com Luiz Henrique, não era preciso muitos anos de convivência, não era preciso estar ao seu lado muitos anos para saber o que ele representava para todos nós.

            Realmente, foi um choque, foi um trauma que se abateu sobre todos nós. O Senador Luiz Henrique andava ausente dos nossos trabalhos, e eu até pensei, quando soube da sua morte, que ele estava doente nos últimos dias, mas, na verdade, ele tinha sofrido um acidente e havia quebrado o pé.

            Então, Sr. Presidente, só nos resta aqui lamentar. Esta Casa hoje só tem a lamentar que não possa contar com a liderança dele. Uma liderança que ele exercia através de um temperamento de certa maneira ameno.

            E eu tenho em mão não apenas o depoimento dos Senadores, mas o depoimento que o Jornal do Senado nos trouxe, Senador Flexa Ribeiro, dos servidores que trabalhavam no seu gabinete. Servidores que se deslocaram até Joinville para a última despedida. Servidores que conviviam com ele e sabiam de perto o humanista que ele era.

            Sr. Presidente, eu já estou no Senado há alguns anos. Por isso mesmo, como o Senador Paulo Paim - acredito que no terceiro mandato...

            Senador, parece-me que já está no quarto mandato.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Se V. Exª me permitir, já faço um aparte a V. Exª, Senador e ex-Ministro Garibaldi. Primeiro, dizendo que, como eu estava aqui na Casa ontem, ao assumir a Presidência, fiz a leitura de inúmeras mensagens de solidariedade à família e ao País pela perda de um grande filho, um grande líder e um estadista. Só vou dizer uma frase que disse aqui ontem, com que, na minha avaliação, V. Exª, que é um grande Líder do PMDB e do País, há de concordar. O Senador Luiz Henrique, desde a Constituinte, foi sempre um homem que olhou para o horizonte, fazendo o bem sem se preocupar com quem. Foi um homem que tinha a paciência e a sabedoria dos mestres, mas também a coragem dos tigres quando tinha que defender o seu Estado e o povo brasileiro. Perdemos, de fato, um grande líder. Enfim, diria que ele está lá em cima com tantos outros, dialogando e pensando sobre a realidade brasileira. Está lá com Covas, com Ulysses Guimarães, com Brizola, com Tancredo Neves e tantos outros que marcaram o seu tempo ao longo da história das suas vidas. Ele, com certeza, deixou demarcada aqui a sua história de forma muito bonita, que orgulha o seu Estado, os seus familiares e todo o povo brasileiro. Parabéns a V. Exª!

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Agradeço ao Senador Paulo Paim, que trouxe uma grande contribuição ao meu discurso. Ele conviveu nos últimos quatro anos - eu não tive essa oportunidade, já disse aqui - com o Senador Luiz Henrique da Silveira.

            Por mais que eu diga aqui da nossa saudade, por mais que eu diga aqui da nossa tristeza, por mais que eu diga aqui do vazio que ele deixou, eu não direi o que significa para o Estado de Santa Catarina - aí, sim - a perda do Senador Luiz Henrique da Silveira!

            Sr. Presidente, com relação a Santa Catarina, ele era um sonhador. Eu diria até que ele era um visionário. Afinal de contas, ele me dizia, num encontro que tivemos em Comandatuba, da sua emoção de, como governante, ter trazido o Ballet Bolshoi para Santa Catarina. E não ficou só nisso aí: ele criou uma Escola de Teatro em Santa Catarina, porque ele era um homem fascinado pela atividade cultural do seu Estado.

            Eu quero sobretudo, mas sobretudo mesmo, solidarizar-me com o povo de Santa Catarina. E quero dizer, com emoção e com orgulho, ao povo de Santa Catarina - que, nesta hora, ainda está chorando a perda do grande líder -, quero assegurar àquele povo que o exemplo de Luiz Henrique há de perdurar nesta Casa e há de fazer, como diziam alguns Senadores, com que assumamos o compromisso de continuar, nesta Casa, seguindo o seu exemplo.

            Agradeço, Sr. Presidente, não apenas a V. Exª, Presidente Dário Berger, mas também à Senadora Vanessa, que era a oradora inscrita para falar, mas que estava tão dedicada lá à sabatina do Ministro Fachin que perdeu a vez, e eu estou agora a falar nesta tribuna - claro, em primeiro lugar, sem a beleza dela; em segundo lugar, sem a inteligência dela; em terceiro lugar, sem realmente aquilo que fascina a todos nós, que é a sua simpatia.

            Portanto, Sr. Presidente, eu queria apenas dizer que, vitimado... Eu pediria que me localizassem aquelas anotações que fiz a respeito das reflexões... Eu, em matéria de organização, Sr. Presidente, deixo muito a desejar. Mas eu queria dizer aqui, com a permissão de V. Exª, da nossa imensa saudade e tristeza, porque perdemos também um companheiro do PMDB, também um político da Região Sul do Brasil, um gaúcho chamado Mendes Ribeiro. Mendes Ribeiro, que teve uma trajetória no Congresso Nacional que não me permitiu conviver com ele, mas, ele já no Ministério da Agricultura, nós nos aproximamos e pude realmente sentir o que representava o ex-Deputado, o ex-Ministro Mendes Ribeiro. A vida pública, a vida política no Brasil ficou mais pobre.

            Foram duas grandes perdas. De um lado, a perda de Luiz Henrique e, do outro lado, a perda do nosso companheiro, ex-Ministro da Agricultura, ex-Deputado Mendes Ribeiro, conterrâneo do nosso Senador Paulo Paim.

            Quero, Sr. Presidente, agradecer a V. Exª.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - V. Exª me concede um aparte, Senador Garibaldi?

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Pois não, Senador Ricardo Ferraço.

            O Sr. Ricardo Ferraço (Bloco Maioria/PMDB - ES) - Senador Garibaldi, V. Exª me dá a oportunidade, com esse discurso, que é visível brotar do coração de V. Exª, do sentimento mais puro, de me associar às manifestações quanto ao colega Luiz Henrique e também ao Deputado Mendes Ribeiro, dois valorosos quadros, um do Rio Grande do Sul, o Deputado Mendes Ribeiro, ex-Ministro da Agricultura, e o nosso querido e estimado amigo e irmão Luiz Henrique, que nos deixou. Na companhia do Senador Dário Berger, na companhia do Senador Paulo Bauer, na companhia de um conjunto expressivo de Senadores, tivemos a oportunidade, ontem, de dar o último adeus ao Luiz Henrique, a sua senhora, dona Ivete, ao Cláudio, à Márcia, a sua família. Foi, de fato, um momento mágico, porque nós pudemos perceber na face das pessoas em Santa Catarina, em Joinville, nas pessoas simples, nas pessoas que devotam, no seu anonimato, no dia a dia, todo o respeito a esse extraordinário amigo, extraordinário pai de família, extraordinário homem público, extraordinário Governador, Prefeito, Senador da República, com quem, ao longo dos últimos três anos e meio, eu tive o privilégio de conviver. Era, por assim dizer, o grande líder dos debates que nós fazíamos aqui na defesa de uma Federação mais justa, de um Brasil com menos Brasília e de um Brasil com mais Nordeste, com mais Norte, com mais Centro-Oeste, com mais Sul. O sempre saudoso Senador Luiz Henrique deixa um legado extraordinário não apenas na política, nas relações humanas, mas deixa um legado extraordinário no campo da cultura. Conseguiu a primazia de trazer para o Brasil e para a sua cidade, Joinville, que o fez Prefeito três vezes, a Escola do Teatro Bolshoi de dança, a única escola fora de Moscou. Portanto, todos nós, seus amigos e admiradores, estamos agora na responsabilidade, Senador Dário Berger, de cuidar do legado do Senador Luiz Henrique. E eu estarei me associando a V. Exª, ao Senador Paulo Bauer, ao Governador Raimundo Colombo, a todos que admiravam o Senador Luiz Henrique, na expectativa de que nós possamos cuidar de tudo aquilo que ele deixou plantado, que não foi pouca coisa. De modo que eu agradeço a V. Exª a oportunidade de trazer aqui a minha sincera manifestação de saudade ao nosso querido e estimado Senador, Ministro, Prefeito, Governador, pai de família, mas sobretudo amigo. Amigo querido, de todas as horas, nos últimos quatro anos. Muito obrigado a V. Exª, e meus cumprimentos pela homenagem que faz ao Deputado Mendes e ao nosso estimado amigo Senador Luiz Henrique.

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Agradeço, Senador Ricardo Ferraço, e sei do seu pesar, porque, na verdade, V. Exª era um grande amigo do Senador Luiz Henrique. Conviveu com ele, inclusive, nesses últimos anos, mais de perto do que, talvez, muitos de nós. Do que eu, não tenho dúvida, porque eu não tive a felicidade de conviver com ele nestes últimos quatro anos.

            E V. Exª assinalou um grande feito na área cultural que eu já havia dito aqui, que foi essa escola de teatro, esse pioneirismo que fez dele um verdadeiro incentivador da cultura do seu Estado, fez dele Governador, um Governador de muitos legados. Eu acho que o Senador Dário Berger sabe, melhor que eu, o que representou a administração dele, em todos os campos, na educação, na saúde, e me restou aqui exaltar esse exemplo no campo da cultura.

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - V. Exª me permite?

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Olha, um aparte do Presidente é uma ordem, não é um aparte.

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Considerando que estamos tratando de Luiz Henrique da Silveira, Senador Garibaldi, eu tive a oportunidade de me manifestar hoje, no início da tarde, mas eu queria acrescentar que, domingo à tarde, de forma inesperada, possuído por um sentimento de perplexidade enorme, recebi o comunicado do passamento do Senador Luiz Henrique, o que me trouxe uma sensação de tristeza, de amargura, de dor e de angústia muito grande.

            E o Luiz Henrique, eu acho que eu posso afirmar para o senhor e para todos nós Senadores, com convicção, Senador Ricardo Ferraço, Senador Paulo Paim, Senador Walter Pinheiro, que nós estamos falando da maior personalidade política das últimas décadas em Santa Catarina e um dos mais expressivos Senadores, que levou com ele um pedaço da história de Santa Catarina e levou com ele um pedaço enorme do PMDB, do Partido que ele fundou, que criou. E ele me mencionou, em inúmeras oportunidades, o amor que ele tinha pelo PMDB. Discípulo de Ulysses Guimarães, disse-me que, em muitas oportunidades, cuidou mais do PMDB do que da própria família. Ele parte, mas deixa um legado extraordinário, como V. Exª está mencionando, de realização, de trabalho, de companheirismo, de homem público, de firmeza, de atitude. Um homem diferente, um homem que esteve sempre à frente do seu tempo, um visionário, que fez uma administração inovadora em Santa Catarina, que implantou uma forma diferente de governar, de forma descentralizada, como ele era um amante da descentralização, do novo Pacto Federativo, das reformas de base, sobretudo a política, e era um homem de muitos princípios e de muitos valores. E eu, mais do que ninguém, sou um afilhado do Senador Luiz Henrique. Dividia com ele a cadeira e, hoje, possuído pela emoção, posso perceber que ele já não está mais aqui, já não faz mais parte. Então, V. Exª pode imaginar a dor, a tristeza e a saudade que eu já estou sentindo, não só de um amigo e um companheiro, mas também de um grande líder, um grande guia, um grande Senador. E que ele possa, na paz, descansar. E quero, mais uma vez, me solidarizar com a Dona Ivete, com a Márcia, com o Cláudio. Em muitas e muitas oportunidades, entrei na sua casa, discutimos, sonhamos, e hoje nos deparamos com essa situação inusitada, inesperada, com a morte prematura de um grande amigo, de um grande líder. Agradeço e parabenizo V. Exª, porque eu sei que V. Exª tinha uma admiração muito grande pelo Senador Luiz Henrique, assim como nós todos, evidentemente, também temos.

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Agradeço, Sr. Presidente, e acho que seria a hora de terminar.

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - V. Exª me dá um aparte?

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Pois não.

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco Apoio Governo/PT - BA) - Senador Garibaldi, eu não tenho, obviamente, a jornada de convivência que agora a gente acabou de ouvir, um testemunho de alguém que conviveu com ele no seu Estado, que partilhou de todos os momentos, inclusive momentos importantes para o País, e nem a convivência de V. Exª com o Senador Luiz Henrique. Mas quem conviveu com ele aqui, no Senado, quem conviveu com ele na Câmara dos Deputados, quem conviveu com ele na luta da Constituinte... Eu tive oportunidade de fora, não era Parlamentar, mas aqui convivia, buscando inserir naquela Constituinte os nossos desejos, e quem conviveu, quem passou por esses momentos, sempre encontrou, no nosso querido Luiz Henrique, uma figura capaz de, mais do que ouvir, auscultar, uma figura capaz de dialogar, e uma das coisa mais importantes que eu aprendi aqui, na vida, nesse tempo de convivência com o Senador Luiz Henrique: o seu sonho. Eu costumo sempre falar das pessoas que estão um pouco mais adiante no tempo do que no meu caso, eu costumo até brincar com elas, e disse isso a ele, quando da disputa aqui, na Casa. Eu disse assim: “No outono da sua juventude, Senador Luiz Henrique.” Porque ele falava como um jovem, ele não mirava o tempo; pelo contrário, ele mirava os desafios, o horizonte, ele brilhava com as ideias. Eu estive agora, ao meio-dia, meu caro Senador Garibaldi, na Embaixada da Alemanha, fui convidado para um almoço em que o Luiz Henrique deveria estar, como resultado de uma viagem que ele fez à Alemanha. E ouvi lá o testemunho do Embaixador da Alemanha no Brasil, chocado com a passagem do Luiz Henrique, e, ao mesmo tempo, dizendo assim: “Eu só posso falar desse homem com alegria, pelas contribuições, pelo legado, pela história de vida.” Então, essa é uma coisa que fica. Eu sei que para a família é muito duro perder o seu companheiro, o seu pai, e, para o povo de Santa Catarina, perder seu guerreiro, alguém que laborou a vida inteira por aquele Estado. E aqui eu vi o testemunho, agora, de um companheiro seu de jornada, que disse: “Cuidou mais dos outros do que de si.” Há, inclusive, uma passagem que o Apóstolo Paulo escreve, em sua carta aos filipenses, que ele diz isto: “Cuide mais dos outros que de si mesmo.” Luiz Henrique é uma dessas figuras. A prova é o que aconteceu no domingo. Alguém que se entregou à causa dos outros; alguém que verdadeiramente a gente pode dizer aqui que era um homem público, um homem da causa pública. Luiz Henrique é alguém sobre quem a gente pode afirmar isso. Portanto, fica para a gente aqui... Quando cheguei aqui cedo - o Dário se lembra -, nos encostamos e olhamos o painel. E você me dizia aqui: “Pinheiro, nem o nome está mais lá.” Quer dizer, é aquela coisa que a gente procura, e a gente procura uma explicação: por quê? Por que se foi, como vapor? A gente fica se perguntando. E sabe por que, Senador Garibaldi? Porque todo mundo aqui gostava de Luiz Henrique - e muito. Então, o sentimento nosso não é um sentimento de perda material; é o sentimento da ausência de uma contribuição criteriosa, qualitativa, de alguém que só fazia as coisas com a capacidade de esmero ou de exame de qualidade. Não havia um relatório feito por Luiz Henrique aqui na perna. Era algo de estudar, ao ponto, inclusive, de que, quando ele sentia que não estava bom, era capaz de pedir para adiar. Olhe a história da dívida. Ele dizia: “Não, quero ouvir; tenho paciência; não há problema nenhum. Alguém pode, inclusive, trazer coisas melhores do que eu coloquei.” Aí, eu digo aqui agora: talvez, se não fosse essa posição - talvez não, com certeza se não fosse essa posição - do Senador Luiz Henrique, a gente não tivesse aprovado aqui esse projeto das dívidas com a inclusão dos depósitos judiciais, com o aprimoramento. Se fosse o açodamento de qualquer um... Porque isso é do ser humano, Senador Garibaldi Alves, querer aprovar logo, até para ver aprovado ou, às vezes, até para ver o nome exaltado. O Senador Luiz Henrique teve a tranquilidade, a experiência de quem passou por diversas sanhas para dizer: “A gente pode aprimorar.” Talvez a gente vá perder um pouquinho, mas a gente vai ganhar muito mais porque eu vou ter condição de aprimorar. E sabe o que é isso? É alguém que não pensa em si; é alguém que pensa no outro; é alguém que pensa no bem público; é alguém que pensa em construir as coisas, não para faturar individualmente, mas para a sociedade e para o Brasil. No domingo eu cheguei a colocar exatamente isto: que nós perdemos um homem público no Brasil, dos mais importantes, um dos Senadores mais qualificados, e o povo de Santa Catarina perdeu um guerreiro, perdeu o seu guerreiro! E aí fica exatamente uma das coisas que o seu companheiro de jornada em Santa Catarina agora terá: uma tarefa hercúlea, terá uma tarefa dura, capaz de tocar, não tenho a menor dúvida. Mas há uma vantagem que esse companheiro de Luiz Henrique vai ter daqui para frente agora no Senado: a vantagem é que o Luiz Henrique abriu a picada, abriu o caminho, deixou um legado. Se a gente seguir, Dário, a gente fará inclusive muito melhor do que o que a gente pensa.

            O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - Permita-me um aparte, Senador Garibaldi.

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Concedo um aparte ao Senador José Agripino, meu conterrâneo.

            O Sr. José Agripino (Bloco Oposição/DEM - RN) - Senador Garibaldi, V. Exª presta uma justíssima homenagem a um vazio que a gente vai encontrar daqui para frente neste plenário, que é a falta do Senador Luiz Henrique. O Senador Dário Berger estava lá em Joinville, ontem, como eu estava, e viu que 18 colegas de Luiz Henrique do PMDB, do PT, do PCdoB, do PPS, do PSDB, do PR e do PP estavam lá. Eram Senadores de quase todos os partidos com assento nesta Casa, e aquilo ali era a imagem reproduzida em presenças de solidariedade. Ao lado da viúva, ao lado dos filhos, a Presidente da República deslocou-se até lá, o Presidente Renan Calheiros, vários ministros de Estado e 18 colegas Senadores foram lá. Eu cancelei uma viagem que faria aos Estados Unidos para poder estar presente no funeral do Luiz Henrique e para poder levar a minha homenagem a um Senador de muito boa qualidade. Luiz Henrique, como V. Exª sabe, Senador Garibaldi, era um homem de excelente convivência política e pessoal, e esse era o traço marcante dele. Ele foi Deputado estadual, Deputado Federal... Eu percorri um pouco as ruas de Joinville, e as pessoas que iam comigo diziam que Joinville é o que é, a maior cidade de Santa Catarina, devido a Luiz Henrique, que foi prefeito e governador. Ele morava lá, ele não morava em Florianópolis, ele morava em Joinville. Ele morava lá, numa cidade do interior, que é, por acaso, a maior cidade de Santa Catarina, é um polo industrial importante. Um polo industrial é claro que acontece por condições de logística, por condições geográficas, mas muito mais pelo input, pelos incentivos, pelos caminhos abertos por homens públicos ligados à terra. No caso, era Luiz Henrique. A indústria de conexões Tigre está lá; a BMW está a 30km de lá; os motores WEG estão perto de lá. Joinville é uma espécie de São Caetano, São Bernardo da região de Santa Catarina. Ele foi um articulador, ele era um agregador. Eu votei em Luiz Henrique e participei da sua campanha como candidato a Presidente do Senado; foi quando mantive e estabeleci uma relação mais próxima com ele. Ele era do PMDB, e eu do Democratas, e não tinha havido ainda tantas oportunidades de conviver com o Luiz Henrique. Eu sabia da vivência dele como Deputado estadual, Deputado Federal, prefeito, governador, ministro de Estado, Senador - ele teve uma carreira política riquíssima -, mas os predicados de habilidade política a gente conhece quando convive de perto. Na campanha dele como candidato a Presidente do Senado, primeiro de tudo, vi a obstinação dele pelas boas causas, o espírito público e, depois, a capacidade de agregação. Isso tudo fez com que Luiz Henrique fosse, em Santa Catarina, tudo. Ele nunca perdeu eleição em Santa Catarina. Todas as eleições que disputou, ele ganhou. Era talvez a manifestação de vaidade que ele mais exibia, se é que se pudesse dizer manifestação de vaidade: nunca ter perdido uma eleição. De modo que, com essa manifestação, quero cumprimentar V. Exª, Senador Garibaldi, pela lembrança de fazer este pronunciamento nesta tarde-noite de terça-feira, dia seguinte ao dia em que Santa Catarina, Joinville sepultou o seu filho muito querido. Tive a oportunidade de ver, no Centreventos de Joinville, feito por ele - uma maravilhosa construção, com uma quadra de esportes, com um palco, com uma estrutura coberta de grandes proporções -, milhares de pessoas chegarem ao centro de eventos para tributarem a última homenagem ao seu filho e ao seu líder Luiz Henrique. E tive a felicidade de estar presente ao lado do meu candidato a Presidente do Senado, sem demérito a Renan Calheiros, para tributar a ele a minha homenagem de companheiro, de político e de cidadão que reconhecia em Luiz Henrique as qualidades de espírito público e, acima de tudo, padrão ético irretocável, que são padrões que entendo como fundamentais em quem quer fazer vida pública aqui ou em qualquer lugar do mundo. A V. Exª meus cumprimentos pela iniciativa do discurso meritório que faz nesta tarde-noite.

            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (Bloco Maioria/PMDB - RN) - Senador José Agripino, quero agradecer a V. Exª esse aparte que traz uma contribuição muito importante para o meu pronunciamento. E diria até que me sinto devedor desses apartes magníficos que se incorporaram e vão ser incorporados ao meu discurso.

            V. Exª acaba de dizer em seu depoimento que, como Senador do DEM, não havia convivido tão de perto - claro, conviveu aqui os quatro anos que eu não convivi com o Senador Luiz Henrique -, mas que, na qualidade de candidato a Presidente do Senado, pôde realmente ter a dimensão do que representava Luiz Henrique para este Senado e para o Brasil.

            Quero agradecer a V. Exª, que é meu conterrâneo, que foi governador, que foi prefeito, que é Senador, que tem uma trajetória, Sr. Presidente, semelhante à trajetória do Senador Luiz Henrique, e que pode muito bem avaliar o que significaram os serviços prestados pelo Senador Luiz Henrique a Santa Catarina e ao Brasil.

            Quero agradecer ao Senador Walter Pinheiro pelo seu depoimento de grande sensibilidade a respeito do Senador Luiz Henrique; agradecer a V. Exª mais uma vez; agradecer a todos os Senadores, Ricardo Ferraço, que me apartearam.

            Mas quero dizer aqui que realmente eu senti, nesse momento sobre o qual falou o Senador José Agripino, um certo constrangimento do Senador Luiz Henrique na qualidade de candidato a Presidente do Senado, porque, de qualquer maneira, a sua candidatura representou, como representou a candidatura do Senador Renan Calheiros, uma divisão do nosso PMDB nesta Casa. E eu sei o quanto sentiu o Senador Luiz Henrique por ter que enfrentar uma disputa interna nesta Casa, dividindo a Bancada do PMDB. Eu pude sentir isso mais de perto quando ele deixou de comparecer à reunião de nossa Bancada.

            O Senador Waldemir Moka, que acaba de chegar, sabe muito bem o quanto representou para ele se sentir constrangido, porque ele sabia que, àquela altura, a Bancada já havia tomado a decisão de votar no Senador Renan Calheiros. E não era pelo fato de ele ter sido preterido, como de fato ele não o foi. Era pelo fato de aquelas duas candidaturas emergirem do PMDB, o partido que foi sempre o partido de Luiz Henrique. E não era nem o PMDB, porque o seu carinho era pelo MDB de Ulysses Guimarães.

            Então, Sr. Presidente, eu quero dizer ao Senador Renan Calheiros que ele, se não deve alguma coisa a mim, vai ficar devendo, vai ficar devendo o voto que eu dei a ele para Presidente desta Casa. Não é que ele não tenha qualidades. É que eu de certa maneira também votei constrangido, porque estava votando não apenas contra um companheiro do partido, mas estava votando contra o nome de Luiz Henrique da Silveira.

            Sr. Presidente, quero dizer, finalmente - eu não esperava, Senador Paulo Paim, que meu discurso fosse tão prestigiado, inclusive pelo aparte de V. Exª -, do meu pesar não apenas pelo falecimento de Luiz Henrique, mas também pelo falecimento de Mendes Ribeiro. Quero dizer que perdemos dois grandes companheiros. Mas nós não perdemos, quem perdeu foi este País.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2015 - Página 144