Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas aos Governos Acreano por suposta lentidão na recuperação da BR-364 no Acre.

Autor
Gladson Cameli (PP - Progressistas/AC)
Nome completo: Gladson de Lima Cameli
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas aos Governos Acreano por suposta lentidão na recuperação da BR-364 no Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2015 - Página 146
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • COMENTARIO, RECOLHIMENTO, ASSINATURA, SENADOR, OBJETIVO, INSTAURAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ASSUNTO, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, CONCLUSÃO, CONSTRUÇÃO, ESTRADA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, MOTIVO, FALTA, REPARAÇÃO, RODOVIA, ESTADO DO ACRE (AC), PAIS, ELOGIO, ACORDO, GOVERNO FEDERAL, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, PERU, OBRAS, FERROVIA, CONEXÃO, ATLANTICO SUL.

            O SR. GLADSON CAMELI (Bloco Apoio Governo/PP - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de iniciar o meu discurso, eu gostaria de registrar à Mesa que a Senadora Ana Amélia, que se encontrava nesta Casa, teve de ir a uma audiência no Ministério da Saúde. S. Exª já se inscreveu para uma comunicação inadiável e irá fazer um discurso quando retornar.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz à tribuna nesta tarde de quinta-feira é tratar de um assunto que gerou debate na Assembleia Legislativa do meu Estado, o Acre, referente à BR 364, que liga Rio Branco, nossa capital, a Cruzeiro do Sul.

            Ontem, o Senador Sérgio Petecão esteve, também, aqui na tribuna do Senado, falando sobre o mesmo assunto.

            Os Parlamentares estão colhendo assinaturas para a instalação de uma CPI para pedir explicações, porque a obra, até hoje, ainda não está totalmente concluída, como mandam os deveres, as normas técnicas do DNIT.

            Para fazer alguns esclarecimentos, isso é importante - e quero falar ao meu País, ao Brasil -, alguns setores da imprensa ligados ao Governo do Estado questionaram - sou Senador de oposição - que Deputados de oposição estavam colhendo assinaturas porque empresas da minha família teriam feito a obra. Quero esclarecer a esses setores da imprensa estadual, ligados ao Governador do Estado, que eu fico muito tranquilo, até porque as obras que foram feitas pelas empresas de minha família estão muito bem feitas. Elas estão lá e, quando foram concluídas, o DNIT queria recebê-las, o Estado é que não quis entregar a obra para o DNIT, porque as outras que foram contratadas não concluíram a obra da BR-364. E, por isso, sou a favor, realmente, de que se investigue, porque quem não deve não teme, e eu parto desse princípio.

            Amigos e amigas que nos acompanham pelas redes sociais e pela Rádio e TV Senado, quero, mais uma vez, desta tribuna, alertar as autoridades competentes acerca do estado em que se encontra a BR-364, rodovia essa, Sr. Presidente, que é o único meio de ligação do Acre com o restante do Brasil. Justamente por ser a única ligação, não devo e não posso ficar inerte e deixar que o Acre volte para o isolamento em pleno século XXI.

            Senador João Capiberibe, que já morou na minha terra natal, Cruzeiro do Sul, V. Exª sabe da importância que tem a BR-364, porque tira uma região, o segundo Município, a segunda região do Estado do Acre, do isolamento.

            O que me traz aqui, Senador Capiberibe, é que, desde o início do ano passado, o Acre foi castigado por uma das piores enchentes de sua história. As águas do Rio Madeira engoliram parte da BR-364, no sentido Rondônia e Acre. Sem ela, faltaram produtos nas prateleiras e houve racionamento na maioria dos Municípios, uma verdadeira calamidade pública.

            Percorri, há poucos dias, o trecho de Rio Branco, nossa capital do Estado, a Cruzeiro do Sul, minha cidade natal, pouco mais de 600 km. Essa viagem, em condições normais, dava para ser feita em média de seis a oito horas. Hoje, para se ter uma ideia, o percurso de Tarauacá a Cruzeiro do Sul, Senador João Capiberibe, que antes durava em média duas horas, duas horas e meia, um trecho com pouco mais de 200km, chega-se a levar mais de quatro horas para ser percorrido.

            Sou engenheiro civil de profissão e, por conhecer a realidade dos problemas que estamos enfrentando com a manutenção da estrada, sou categórico ao afirmar que, se não for implementada de maneira urgente uma operação de recuperação, corremos o risco, sim, de voltar, mais uma vez, a perder o direito constitucional de ir e vir dentro de nosso Estado.

            Não estou aqui fazendo politicagem. Estou aqui cobrando das autoridades competentes que, realmente, façamos a recuperação imediata da BR- 364. Senador João Capiberibe, para V. Exª ter uma ideia, já há um ano essa BR não tem um palmo de asfalto para tapar buraco, não está tendo recuperação, ela não suporta mais um inverno amazônico. Por que eu estou cobrando isso das autoridades competentes? Porque estamos iniciando o verão, estamos iniciando o verão amazônico e é este o momento oportuno para o DNIT, realmente, fazer uma operação emergencial, e porque nós não podemos ficar calados, nós não podemos ficar de braços cruzados.

            Ontem, mais uma vez, tive a notícia, por meio da imprensa local, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de que foi lido o requerimento, na Assembleia Legislativa, pedindo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar os gastos com as obras da BR-364. A BR-364 no Acre é conhecida como a estrada que não se conclui, apesar de ser inaugurada a cada gestão pelo Governo do PT, que já chega há quase duas décadas no Acre - há vinte anos estão no poder e, a cada meio metro, é uma inauguração.

            Tive notícias, também através da imprensa, de que a China, o Brasil e o Peru preparam acordo preliminar para construir uma megaferrovia, que ligaria os dois países sul-americanos, criando um corredor de trilhos entre o Atlântico e o Pacífico. A obra está estimada em R$30 bilhões. Parabéns! Ótimo! É mais uma grande iniciativa para o progresso, para desenvolver o nosso Estado.

            Consta que o Governo brasileiro incluirá trechos da ferrovia Transoceânica no plano de investimentos e que irá ser anunciados em junho. Na semana que vem, o primeiro-ministro chinês desembarca em Brasília para fechar parcerias com o Palácio do Planalto.

            A ideia é que empresas do país asiático participem dos futuros leilões para levar alguns dos trechos do pacote. Ministros e técnicos da Esplanada afirmam que as negociações estão avançadas no trecho Campinorte, que liga Goiás a Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, e cinturão brasileiro do agronegócio, por onde passa a maior parte da produção nacional de grãos.

            Há trechos brasileiros que já haviam sido lançados no programa de concessões, de Dilma, de 2012, mas até hoje não foram licitados. Pelo desenho original, a Transoceânica começa no Rio de Janeiro, passa por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre e, de lá, segue para o Peru.

            A ideia não é nova. A construção desse empreendimento mudaria o mapa do sistema logístico internacional e encontra fortes ressalvas pelo alto custo de construção para cortar a Cordilheira dos Andes.

            Como Senador eleito pelo Estado do Acre, irei, sim, acompanhar os trâmites desse projeto para sua viabilidade, mas não podemos esquecer que, por enquanto, trata-se somente de intenções de cooperação. O importante agora é unir nossa Bancada, por meio de ações junto ao Governo Federal, em busca de recursos para tirar a BR-364 da UTl.

            Sr. Presidente, para concluir meu discurso, meu pronunciamento, nesta tarde, quero, mais uma vez, pedir não como Senador da República, mas como cidadão acreano, como cidadão nascido nas barrancas do Rio Juruá, e peço até pelo amor de Deus, ao Ministro dos Transportes e ao DNIT: não deixem acabar a nossa querida BR-364, sonho de todos os acreanos.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2015 - Página 146