Pela Liderança durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Tristeza com o falecimento do Senador Luiz Henrique da Silveira.

Autor
Paulo Bauer (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Paulo Roberto Bauer
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Tristeza com o falecimento do Senador Luiz Henrique da Silveira.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2015 - Página 159
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIZ HENRIQUE, SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATIVIDADE POLITICA.

            O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Dário Berger, que, neste instante, preside esta sessão, que já se transforma em uma sessão de homenagem, pela manifestação de várias Srªs Senadoras e vários Srs. Senadores, ao nosso querido amigo Senador Luiz Henrique da Silveira, que faleceu no último domingo.

            Quero aqui, inicialmente, dizer a V. Exª, Senador Dário Berger, que, no início desta sessão, V. Exª e eu estávamos aqui para usar da palavra, e quando eu recebi a informação de V. Exª de que faria uso da palavra para homenagear Luiz Henrique, eu aguardei para falar mais tarde, já que V. Exª é do mesmo Partido que o Senador Luiz Henrique e, obviamente, poderia fazer uma homenagem até mais partidária naquele momento.

            Também fui informado, depois, que V. Exª apresentou um requerimento para uma sessão solene, uma sessão especial de homenagem à memória de Luiz Henrique, e eu consulto V. Exª se, também, posso ser subscritor desse requerimento, uma vez que também pretendia apresentar um idêntico em nome da Bancada do PSDB. Só não o fiz porque iria coletar as assinaturas na sessão da tarde, na qual esperávamos ter Ordem do Dia e presença de todos os Senadores em uma única oportunidade, coisa que não aconteceu devido à decisão da Mesa de priorizar a audiência pública que está acontecendo na Comissão de Constituição e Justiça.

            Se V. Exª me der a honra, eu, até por dever de justiça, quero também ser subscritor do requerimento para que nós, naquela sessão, possamos, aqui, enaltecer, mais uma vez, a figura e os feitos desse ilustre catarinense que nos deixou.

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - É uma honra, para mim, compartilhar com V. Exª esse requerimento.

            O SR. PAULO BAUER (Bloco Oposição/PSDB - SC) - Muito obrigado. Quero, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, aqui também fazer um rápido depoimento que pretende muito mais ser uma homenagem do que um discurso em memória do Senador Luiz Henrique da Silveira.

            Fui adversário do Senador Luiz Henrique. Comentava, agora há pouco, com o ex-Deputado Paulo Bornhausen, ex-Deputado Paulo Bornhausen, que aqui se encontra presente, que é do meu Estado, que, por várias eleições, fui candidato na cidade de Joinville, onde sou eleitor, em eleições das quais também participou Luiz Henrique. Competimos e concorremos, Senador Paim, para alcançar mandatos de Deputado Federal. Teve até uma eleição na qual eu fiz mais votos que Luiz Henrique, nas outras todas ele fez mais do que eu.

            Dizia Luiz Henrique, nas várias oportunidades em que nos encontrávamos, na caminhada eleitoral, que ele tinha por mim respeito porque eu sabia fazer a política, mesmo em condições de oposição, com ética, com respeito, coisa que, aliás, era prática dele. Em todas as campanhas eleitorais das quais participei na cidade de Joinville, seja para eleição de prefeito, de vereador, sempre pude verificar que Luiz Henrique sabia respeitar seus adversários, sabia administrar a opinião contrária e conflitante à dele. Aliás, ele era mestre em conviver com aliados e era mestre em respeitar adversários.

            Se muitas vezes ele não era respeitado por um adversário, ele não reagia, não revidava, não fazia disso um fato que merecesse notícia. Aliás, Senador Dário Berger, V. Exª, que o conheceu muito bem, sabe que em muitos momentos até se comentava que ele era um tanto quanto morno, pacífico demais em relação à reação que todos esperavam que ele fosse praticar quando alguma manifestação, quando alguma opinião visava criticar, atacar a sua conduta ou as suas decisões.

            Felizmente, estamos aqui, hoje, falando de alguém que sabia ser governo, que sabia ser oposição, que sabia ser um político que administrava conflitos e opiniões divergentes.

            Mas, acima de tudo, era um agregador. Era tão agregador que, na eleição de 2006, quando eu disputei uma vaga para a Câmara dos Deputados pelo PSDB, minha primeira eleição pelo PSDB, eu não fui feliz. Faltaram 500 votos para alcançar o mandato. Cheguei aos 70 mil, e faltaram 500. Coincidentemente, faltaram 500 porque o irmão do Senador Dário Berger foi eleito naquela eleição Deputado Federal. E os dois, o irmão do Senador Dário e eu, disputávamos no mesmo partido. E ele teve a felicidade de obter os votos em número suficiente para alcançar o mandato, e eu, não.

            Luiz Henrique me olhou e disse: “Paulo, você não conseguiu a eleição. Mas foi a primeira vez que você me apoiou na vida pública. E eu não vou retribuir o seu apoio com o esquecimento. Você será meu secretário de Estado. E, se não for, você vai exercer o mandato de Deputado em Brasília porque eu vou chamar um Deputado eleito para o meu colegiado.” Ele não só chamou um Deputado para o seu colegiado, no caso o Deputado Mauro Mariani, como acabou me levando também para uma secretaria de Estado, no caso, a Secretaria de Educação, onde permaneci durante todo o seu governo e pude ter a oportunidade de conviver com Luiz Henrique no dia a dia, na dificuldade da administração pública, na dificuldade de administrar um setor tão importante quanto é o da educação. E ali nós construímos uma amizade sólida. Nós construímos uma relação de perfeita e integral confiança.

            Aliás, posso lhes assegurar que eu havia decidido encerrar minha carreira política ao término do mandato de secretário, e não pude fazer isso porque, de novo, o irmão do Senador Dário Berger, eleito Prefeito da cidade de São José, deixou o mandato de Deputado, e se ofereceu a oportunidade para eu reassumir o mandato como Deputado Federal. Luiz Henrique não me deixou em Brasília. Levou-me de novo para a educação, e lá eu permaneci até o final. Fui candidato a Senador pelo meu Partido, PSDB, numa coligação que se formalizou e se viabilizou grande e forte graças a Luiz Henrique da Silveira.

            E a curiosidade, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ouvintes, é que a campanha começou com Luiz Henrique alcançando, nas pesquisas eleitorais, 52%, 53%, 54% da preferência dos catarinenses para exercer o mandato de Senador.

            O candidato a governador iniciou lá com seus 15%, 20%. Começou lá embaixo. E eu comecei com menos ainda. Eu comecei com 12%. Trabalhando muito durante a campanha, desenvolvendo o trabalho eleitoral, eu fui alcançando 17%, 21%, até chegar aos 30%. E, quando alcancei 32%, Sr. Presidente, eu comecei a ver dificuldade para avançar mais. Começou a parecer impossível vencer a eleição com o número necessário de votos.

            E aí Luiz Henrique praticou um gesto que eu quero, aqui na tribuna, tornar público - e, em Santa Catarina, já é conhecido de todos -, que poucos políticos na história deste País puderam e tiveram a oportunidade de praticar. Luiz Henrique foi à televisão, foi aos programas eleitorais, foi às reuniões políticas, aos comícios e a todos os lugares e disse para os seus aliados de PMDB e para toda a sociedade que quem não quisesse votar no Paulo Bauer para Senador também não precisava votar nele.

            Isto, Srs. Senadores, prezados telespectadores e ouvintes, é uma raridade na política: alguém colocar a sua vitória já antecipadamente assegurada em jogo para eleger um parceiro e um companheiro que ele queria ver aqui no Senado ao seu lado, fruto daquela história que acabo de contar, fruto daquela parceria no Governo do Estado, fruto daquela convivência saudável que tivemos.

            Chegamos ao Senado juntos, para a alegria dele e para a minha. Ele mais velho, mais experiente, ex-ministro, ex-presidente de partido nacional, ex-governador, ex-prefeito. E eu, com um currículo mais modesto, mas também muito bem realizado, seja na Câmara dos Deputados, seja na Assembleia Legislativa, como Vice-Governador de Santa Catarina, como secretário de Estado, mas sempre procurando aprender com ele.

            Em quase todas as vezes que falei aqui, no Senado, como Senador, Presidente Dário Berger, eu falei da tribuna de lá. Mas, hoje, eu fiz questão de falar da tribuna de cá porque, daqui, eu posso ver a cadeira que Luiz Henrique ocupava na última fila deste plenário, à minha frente.

            Vamos ter muitas saudades dele, não tenho dúvida. Eu, pessoalmente, mais ainda porque aqui convivi com ele esses quatro anos. E, há dois anos, quando o meu pai faleceu - meu pai, que também foi ex-Prefeito e muito amigo de Luiz Henrique apesar de serem de partidos diferentes -, Luiz Henrique resolveu ser uma espécie de pai ou de tutor da minha atividade política e da minha presença neste plenário.

            Ontem, no velório, em Joinville, eu mostrava para os jornalistas as mensagens do meu celular que o Luiz Henrique mandava para mim daqui deste plenário. As mensagens diziam assim: “Paulo, o painel está aberto. Falta você votar. Paulo, venha logo. Vão encerrar a votação.” Um Senador da República, que foi governador duas vezes do seu Estado, três vezes prefeito da sua cidade, ministro e presidente de partido nacional, se incomodar e se preocupar com a presença do seu humilde e modesto seguidor, que aqui está graças ao empenho e ao voto dele, sem dúvida nenhuma, demonstra que tipo de gente era Luiz Henrique, um homem de bem, um homem fraterno, um homem amigo, um homem sério e um homem sincero.

            Neste ano, senhores - isso ainda não foi dito aqui -, houve um dos momentos mais tristes do mandato de Senador, quando uma denúncia feita em Santa Catarina, na área do Ministério Público, chegou à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, dizendo que ele havia promovido e feito gestões para que uma pessoa doente com problema renal passasse à frente de outros na fila do SUS para atendimento hospitalar. Ele rechaçou isso na tribuna do Senado, contestou, porque não era verdadeira essa afirmação e essa denúncia. Entretanto, ele sabia, como poucos, administrar essas questões e absorver essas situações que a vida pública nos proporciona e nos impõe.

            Eu tenho certeza de que hoje Luiz Henrique está em paz com Deus e está olhando por todos nós, porque, acima de tudo, por ser um homem de bem e por ser alguém que queria o bem das pessoas, ele aqui, neste plenário, nesta Casa, só fez amigos, admiradores, companheiros e parceiros, como eu e todos os senhores, pelos quais, tenho certeza, ele vai torcer bastante de onde estiver para que tenhamos sucesso. Vai torcer pelo sucesso do Senador Dário Berger, recém-eleito pelo nosso Estado, em nome do PMDB. Vai torcer pelo sucesso do seu sucessor, do seu 1º Suplente, Dalírio Beber, que deve tomar posse na semana que vem, integra os quadros do PSDB e foi colaborador do seu governo.

            Como tenho certeza e esperança, também torça, um pouco, para que eu próprio possa continuar na missão, afinal, agora, dos três Senadores de Santa Catarina, sem querer, sem esperar e sem desejar, eu me tornei o veterano e, por isso, tenho mais responsabilidades ainda e vou procurar desempenhar o meu papel, me inspirando nos grandes e bons exemplos do nosso querido Senador, meu grande amigo e quase meu grande segundo pai, Luiz Henrique da Silveira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2015 - Página 159