Discurso durante a 77ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar os 20 anos da Rede Vida de Televisão Televisão, nos termos dos Requerimentos nºs 171 e 498/2015, de autoria do Senador Paulo Paim e outros Senadores.

Autor
Edison Lobão (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar os 20 anos da Rede Vida de Televisão Televisão, nos termos dos Requerimentos nºs 171 e 498/2015, de autoria do Senador Paulo Paim e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2015 - Página 329
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • PRONUNCIAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, ANIVERSARIO, EMISSORA, TELEVISÃO, VINCULAÇÃO, IGREJA CATOLICA.

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, senhores cristãos tanto quanto eu.

            Está dito que a lei não protege quem se atrasa. Todavia, eu, que desejava ter participado desta sessão desde o início, somente agora chego aqui. Sei que outros oradores já ocuparam a tribuna do augusto Senado da República e fizeram bonito. Não pretendo fazê-lo senão apenas dissertar um pouco sobre meu sentimento cristão sobre este momento tumultuado da vida pública, um instante convulsivo e tempestuoso. É exatamente nestes momentos que nós cristãos vamos nos abrigar sob o manto divino de Jesus Cristo e de tudo aquilo quanto Ele pregou na sua curta caminhada de apóstolo de Deus.

            Quero cumprimentar V. Exª, Sr. Presidente, por ter tido a iniciativa, junto com outros eminentes Senadores, de realização desta sessão.

            Desejo cumprimentar, especialmente, D. Orani Tempesta, que conheci Arcebispo do Rio de Janeiro e que, hoje, é Cardeal. Ele dirigiu aquela festa cristã tão bonita, que foi a visita do Papa ao Brasil recentemente.

            Sr. Presidente, o que é a REDEVIDA, cujo aniversário hoje se comemora? É um instrumento moderno através do qual a religião, o cristianismo deve ser espargido por todas as latitudes do Brasil.

            Mas como fazia Cristo antes dessa modernidade, Senador Garibaldi? Eu ouvia o seu discurso, ainda há pouco, pelo rádio do meu carro e com ele me intimidava, pela falta de condições semelhantes de fazer tão bonito quanto V. Exª. Meus cumprimentos!

            Naquela época, há dois mil anos, veio Jesus. Viveu como filho de carpinteiro, ele próprio carpinteiro, até que chegou aos 30 anos de idade e se transformou no grande pregador religioso. Foi à praia, encontrou Pedro e lhe disse: “Pedro, tu és rocha e sobre ela construirás minha Igreja. E eu te darei as chaves do reino dos céus”. Pedro seguiu com aquele compromisso, que não saiu de sua cabeça, de ser o construtor da Igreja de Cristo.

            Tempos depois, aparece Saulo de Tarso, longamente preparado para ser um grande pregador, um grande propagador do cristianismo. Saulo, um jovem agitado na sua infância, tornou-se estudante de Direito. Inicialmente em Tarso, com ensinamentos que lhe eram transmitidos por um escravo e também por um rabino. Depois, muda-se para Jerusalém, onde era ensinado por Raban Gamaliel, membro do Sinédrio e um grande religioso. Tornou-se juiz, e uma de suas primeiras vítimas como inimigo do cristianismo foi Estevão, mas não apenas ele, tantos outros, até que um dia resolve demandar a Damasco para prender, julgar e executar cristãos que ali se encontravam.

            Na estrada, teve a grande visão de Jesus, que lhe perguntava: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Saulo tombou do cavalo e ficou cego. “Quem és tu, Senhor?” “Eu sou Jesus Cristo, a quem tu persegues.” Foi naquele instante que se operou a grande conversão: o perseguidor do cristianismo transformou-se no seu maior apóstolo do nazareno.

            A sua história é longa, de sacrifícios e de beleza, de perseguição, de sofrimento. Lucas, médico, tornou-se seu discípulo. Há um episódio curioso, quando, um dia, retornando a Jerusalém, os dois encontraram-se com Pedro, que acabara de fundar a primeira Igreja de Cristo, lembrado que estava da ordem de Jesus, à beira-mar, quando sentenciou: “Tu és Pedra e sobre ela construirás minha Igreja”. Encontraram-se com Pedro, que, na periferia de Jerusalém, construía a primeira igreja e que a ela designava o nome de Igreja do Caminho, e não Igreja Católica, e não Igreja Cristã. Lucas pergunta: “Mas por que Igreja do Caminho?”. Ele deu uma explicação que se ligava a São João Batista, que viera à terra para preparar os caminhos do Messias. E aí Lucas sugeriu que se criasse a igreja cristã, já que o que se pretendia era realmente homenagear Cristo e seguir-lhe os passos.

            Conto essas coisas superficiais, para depois chegar ao papel transcendental da REDEVIDA.

            Cristo, antes de morrer, reuniu os apóstolos para a última ceia e fez-lhes uma declaração penetrante: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Momentos depois, Ele, que era a grande verdade, foi confrontado com a grande mentira. A grande mentira era Pilatos, que, em um debate com Ele, perguntou: “Quem és tu, afinal?” “Eu sou a verdade, eu sou da verdade”. E Pilatos balançou os ombros largos de procurador romano e disse: “O que é a verdade?” Jesus não respondeu. E por isso mesmo, senhores, até hoje não se sabe rigorosamente o que é a verdade. Cada qual tem a sua.

            Séculos após, a Escolástica, uma escola famosa na Grécia; dedicou-se ao estudo da verdade.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - Já vou concluir, Sr. Presidente. Até motivado pela fé cristã, eu acho que dissertaria por alguns instantes mais, mas V. Exª, com a sua autoridade superior, já me chama a atenção para a escassez do tempo.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Colocamos dez minutos para cada um mas com a tolerância devida. Fique tranquilo quanto a isso.

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - Obrigado, Presidente.

            A Escolástica estudou profundamente aquilo que dissera Jesus, e também não chegou a nenhuma conclusão.

            Muitos séculos depois, as universidades francesas mergulharam também nesse tema e apresentaram alguma conclusão. Mais ou menos a seguinte: a verdade se divide em três, a sua, a minha e a verdade verdadeira.

            Não foi essa exatamente a conclusão a que chegou um grande político, um grande cristão também e que passou por esta Casa como Senador eminente, Senador Afonso Arinos de Melo Franco, que também se preocupava com os caminhos seguidos por Jesus e, depois, por seus apóstolos.

            A que conclusão chegou Afonso Arinos? À de que, se não se sabe nunca o que é a verdade, sabe-se, todavia, o que não é a mentira; e o que não é a mentira é a verdade. Isso parece um jogo de palavras, todavia não é.

            Sr. Presidente, eu cheguei a Brasília como jornalista, ainda no começo dos anos 60.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - Aqui não havia igrejas católicas nem igrejas evangélicas. Era uma cidade de pouco mais de duzentos mil habitantes. Hoje somos mais de três milhões. Mas havia uma igrejinha, creio que na Superquadra 307/308, chamada Igrejinha, que comporta, ainda hoje, 50 fiéis. Mas, fora dela, um grande pátio. Ali, aos domingos, eram celebradas as missas, a que eu comparecia. Quem eram os pregadores costumeiros? Três Deputados, além do sacerdote da igreja: o Deputado Pedro Aleixo, o Deputado Geraldo Freire e o Deputado Plínio Salgado. Eram grandes oradores, grandes conhecedores do Evangelho, e os cristãos bebiam as palavras deles. Plínio Salgado havia escrito um livro, hoje raro, chamado A Vida de Jesus, que o Vaticano considerou uma das melhores obras já escritas sobre a vida do Messias. Eram esses homens, cristãos na sua raiz, na sua gênese e na sua índole, que pregavam nesta cidade.

            Sr. Presidente, Sr. Cardeal, senhores sacerdotes que aqui se encontram, senhoras e senhores, eu tive uma participação modesta depois disso na construção da grande Catedral de Brasília - participação intelectual, eu diria. A Catedral ficou anos e anos e anos como um esqueleto desenhado por Niemeyer, mas que não avançava, era uma obra cara. Até que veio o governo do Presidente Costa e Silva, e a esposa do Presidente tentou arrecadar óbolos, contribuições para a conclusão da igreja, e não conseguiu. Eu era assessor do prefeito - era prefeito, e não governador da cidade - e sugeri a ele que caminhasse para o tombamento da igreja. E, aí sim, a prefeitura custearia as despesas de construção da Catedral. Assim foi feito, e aí está esse monumento que é a Catedral de Brasília.

(Soa a campainha.)

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - Mas vou concluir, Sr. Presidente, dizendo que a REDEVIDA é hoje a propagadora da voz cristã do Brasil.

            Jesus subia ao Monte e pregava. Paulo fazia o mesmo. Lucas, o mesmo, e tantos outros pregadores. Mas, nos tempos modernos, necessita-se de um som, e o som vem evoluindo tempo a tempo, ano a ano, ora um serviço de autofalante, depois partiu-se para o rádio, depois vieram as primeiras televisões, hoje são as cadeias de televisão que alcançam os lares e todas as consciências.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - A REDEVIDA, concluo, Sr. Presidente, foi, portanto, uma iniciativa generosa, corajosa da Igreja de Cristo, seguramente abençoada por Ele para que pudesse lançar em todas as latitudes deste País a palavra daquele que veio ao mundo, que se sacrificou, sofreu e penou em nome de nós todos.

            Portanto, aos criadores e aos mantenedores desta grande iniciativa, os meus cumprimentos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Apoio Governo/PT - RS) - O Senador Lobão deu uma aula para todos nós de conhecimento intelectual.

            O SR. EDISON LOBÃO (Bloco Maioria/PMDB - MA) - Sem ter tido essa pretensão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2015 - Página 329