Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a crise econômica e de credibilidade do Brasil e anúncio do incremento na produção de duas grandes fábricas de celulose do Estado do Mato Grosso do Sul.

Autor
Simone Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Simone Nassar Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Comentários sobre a crise econômica e de credibilidade do Brasil e anúncio do incremento na produção de duas grandes fábricas de celulose do Estado do Mato Grosso do Sul.
ATIVIDADE POLITICA:
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
Aparteantes
Waldemir Moka.
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2015 - Página 772
Assuntos
Outros > ECONOMIA
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, MOTIVO, AUMENTO, TARIFAS, ENERGIA, TRANSPORTE, PREÇO, ALIMENTOS, CESTA DE ALIMENTOS BASICOS, CRESCIMENTO, INDICE, INFLAÇÃO.
  • COMENTARIO, PARCELA, POPULAÇÃO, AUSENCIA, CONFIANÇA, CLASSE POLITICA, MOTIVO, AUMENTO, INDICE, INFLAÇÃO, DESEMPREGO.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, EMPRESA PRIVADA, REALIZAÇÃO, INVESTIMENTO, LOCAL, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), OBJETIVO, AUMENTO, NUMERO, VAGA, EMPREGO, REGIÃO.

            A SRª SIMONE TEBET (Bloco Maioria/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente, Senador Jorge Viana. Em seu nome, cumprimento os demais colegas, Senadores e Senadoras, e todos aqueles que estão nos ouvindo neste momento e nos assistindo pela TV Senado.

            O que tenho a dizer aqui é muito breve, mas é importante fazermos, antes, uma reflexão sobre este nosso momento. Temos acompanhado a mídia, temos ouvido a população nas ruas, e, infelizmente, nada preocupa mais a Nação, a sociedade brasileira, a classe política, os meios de comunicação, do que a crise, ou melhor, as crises pelas quais o Brasil atravessa. E não é para menos. Não podia ser diferente. Estamos diante da maior crise dos últimos 30 anos ou, talvez, do período de redemocratização deste País. É uma crise econômica, é uma crise política, é uma crise institucional, é uma crise ética.

            Em relação à crise econômica, de modo especial, nós não precisamos ler os periódicos econômicos, abrir os jornais, ligar a televisão ou acessar as mídias sociais. A crise econômica já chegou ao bolso do trabalhador e à classe média deste País. Essa crise econômica está nas estatísticas. Recentemente, veio o IBGE informar que, nos últimos 12 meses, a energia subiu 40%; o transporte, 6,86%. Isso, no curto período de dez meses. As tarifas públicas acumularam um acréscimo de 13,39%; a cesta básica e os alimentos avançaram 7,95%.

            Mas tão perversa quanto a crise econômica, e que me chama muito a atenção, Senador José Medeiros, é a crise de credibilidade, que leva a uma desconfiança não só da sociedade, não só dos trabalhadores, não só da classe média, mas também do empresariado deste País. E essa crise institucional de credibilidade não ocorre só em relação à classe política, porque isso se resolve nas urnas, por meio do voto. Aqui, todos nós estamos políticos. Nós não somos políticos. A cada quatro ou oito anos, renova-se a Casa, por intermédio do sufrágio universal.

            O problema é que a crise chegou às instituições. A população não crê mais nos Poderes, e não só no Executivo e no Legislativo. A desconfiança também já chegou, ainda que em menor quantidade, em menor percentual, ao Poder Judiciário. Portanto, isso leva a um pessimismo. Aumento de inflação, desemprego e falta de investimentos levam a um pessimismo muito pernicioso, porque tudo isso contamina, contagia.

            Diante do pessimismo, é necessário ter ação. Quando temos boas novas, boas notícias, temos, também, que apresentá-las. O que venho hoje fazer, neste momento, por meio da TV Senado, é anunciar para os meus colegas Senadores e Senadoras e para a população brasileira que o melhor ajuste fiscal que se pode fazer é buscar incentivar investimentos. É nesse sentido que venho aqui louvar a confiança de duas grandes empresas nacionais no crescimento, no desenvolvimento e na força deste País. Venho anunciar que, nesta semana, no meu Estado, mais especificamente, Senador Collor, no meu Município de Três Lagoas, que tive o privilégio de governar por duas vezes, duas grandes empresas, as duas maiores fábricas de celulose do mundo, instaladas lá, resolveram dobrar sua capacidade de produção. No momento em que o Governo Federal precisa fazer um ajuste para economizar R$ 60 bilhões, estamos falando de dois investimentos da ordem de R$15,7 bilhões, provavelmente o maior investimento privado do Brasil, neste ano e no próximo. Duas fábricas que vão dobrar a produção. Quando o IBGE acaba de apresentar a maior taxa de desemprego dos últimos dois anos, de 7,9%, no primeiro trimestre deste ano, tenho a dizer que cada fábrica, no pico da sua construção, estará gerando 10 mil empregos diretos, portanto 20 mil novas oportunidades de trabalho para todo o Brasil. Mato Grosso do Sul não tem esse percentual de trabalhadores para ser absorvido. Por exemplo, nós traremos, em determinado momento, para a instalação das caldeiras, gente do Piauí; da estrutura metálica, gente do Rio de Janeiro. É o trabalhador do Nordeste que vai ser empregado, junto com o do Norte, do Centro-Oeste, lá no nosso Estado de Mato Grosso do Sul.

            São duas grandes fábricas: Fibria e Eldorado. Fibria, associada à International Paper, do Grupo Votorantim; Eldorado, associada à JBS. A produção atual, hoje, de 3 milhões de toneladas de celulose branqueada do eucalipto será dobrada, passando, portanto, para 6 milhões de toneladas/ano.

            Para se ter uma ideia da grandeza desses números - não falo apenas dos R$15,7 bilhões de investimentos, ou dos 20 mil empregos diretos no pico da construção, podendo chegar a quase 40 mil empregos indiretos -, são empresas que mexem no PIB do Estado e no PIB nacional, no mesmo momento em que se fala numa possível retração da economia, em recessão, em queda do PIB nacional, que pode chegar a 0,8% negativos. Ou 1,2%, para alguns especialistas na matéria.

            Essas duas fábricas, sozinhas, fomentam a economia local em 300%; elas mexem, significativamente, no PIB industrial do meu Estado. Cada uma, em 10%; e cada uma também tem condições de alavancar o PIB do Brasil em 0,15%, tamanha é a importância e a grandeza dos investimentos.

            É importante, Presidente, como eu disse, num momento de crise, num momento de pessimismo, poder olhar para frente. Recentemente, escutei algo que já havia ouvido no passado: “quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”. 

            É o momento de o Brasil avançar sem descuidar da crise, porque ela é perigosa. E aí, eu relembro uma frase do ex-Presidente americano John Fitzgerald Kennedy em relação à China - aproveitando a vinda do Primeiro Ministro chinês ao Brasil - “Crise, na China, tem dois caracteres um, que significa perigo, o outro, que significa oportunidades.” Temos que cuidar dessa crise, mas olhando para frente, buscando investimentos.

            Antes de concluir, quero dar a palavra para um aparte ao Senador Waldemir Moka, do meu querido Mato Grosso do Sul.

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Primeiro, quero agradecer pelo aparte, Senador Simone, mas V. Exª está sendo modesta. V. Exª tem uma participação muito grande nisso. V. Exª, como Prefeita e Vice-Governadora, junto com o Governador André Puccinelli, contribuiu, e muito, para que isso hoje se tornasse realidade, desde aquisição da área até todas as tratativas. Só para esta Casa ter uma ideia, e por ser um segmento que conheço relativamente bem, nós temos ali algo em torno de 720 mil hectares de floresta plantada. São 720 mil hectares, sendo que cada fábrica consome algo em torno de 150 mil ou 300 mil. O número correto seria 300 mil. As duas juntas consomem 600 mil. Quer dizer, há um preparo. Isso tudo foi feito com antecedência. É claro que essas fábricas não iriam para lá se não tivéssemos esse maciço florestal. Na verdade, é o cavaco que eles falam. Eles aproveitam para gerar energia. As fábricas são abastecidas pela energia que elas mesmas conseguem produzir, e até com excesso. E esse excesso é comercializado.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Veja que beleza! Tudo isso é um grande investimento. É uma região inteira, porque Três Lagoas é, na verdade, a capital da região que chamamos de Bolsão, da qual V. Exª sempre foi a representante. Então, parabenizo V. Exª também por ter tido o cuidado, logo que recebeu a notícia, de me ligar comunicando que o investimento era realidade. Então, eu queria agradecer à diretoria da Fibria e à diretoria da Eldorado, assim como pela ousadia, pelo empenho e pela determinação de V. Exª e do Governador André Puccinelli, que tornaram esse sonho realidade para Três Lagoas...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Waldemir Moka (Bloco Maioria/PMDB - MS. Fora do microfone.) - ... e para toda aquela região.

            A SRª SIMONE TEBET (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Eu é que agradeço, Senador Moka, primeiro pelas palavras gentis, muito mais fruto da nossa amizade do que pelo meu merecimento e por engrandecer aqui o meu discurso com informações preciosas.

            V. Exª traz duas informações muito importantes. Nós temos um maciço de 720 mil hectares. Nós estamos preparados para receber esses dois grandes investimentos bilionários que vão, repito, gerar empregos, no momento de crise que o País atravessa, para todo o Brasil.

            Segundo, numa crise energética como esta, aquela fábrica não apenas vai gerar energia para si própria como vai colocar no sistema integrado energético do Brasil 160 MWH de energia. Eu não sei quantas pequenas cidades poderão ser abastecidas, durante todo o ano, em razão dessa venda energética.

            Para concluir, um dado que reputo também muito importante, encaminhando-me já para o final da minha colocação.

(Soa a campainha.)

            A SRª SIMONE TEBET (Bloco Maioria/PMDB - MS) - O Brasil pode até ser a sétima maior economia do mundo, mas é a vigésima em exportação. E isso é muito triste num país de dimensões continentais. Nós somos o quinto maior país, na geografia e na demografia. Essas fábricas, que terão praticamente 90% da sua produção para exportação, também vão mexer na balança comercial brasileira. Elas são de uma importância ímpar.

            Para finalizar, eu tenho que tocar numa questão que me preocupa e que diz respeito à informação um pouco deturpada que algumas pessoas têm de que os incentivos fiscais, hoje, são um verdadeiro bicho-papão para a nossa economia e para os Estados federados. Essas fábricas não iriam para nenhum outro Estado e poderiam sair do País. Muitas vezes, nós damos incentivos para manter essas indústrias no Brasil. Portanto, quando ouvirmos falar em uniformidade de alíquota de ICMS, não podemos pensar apenas nos fundos de compensação para os Estados, vamos pensar num fundo que também ajude a continuar desenvolvendo o interior deste País, especificamente o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste.

            Não podemos perder essa forma de fomentar o interior do País, sob pena de perdermos para nós mesmos. Com relação à fábrica da Fibria, nós fomos aos Estados Unidos, quando eu era prefeita, para disputar com a Rússia e a China. Não havia uma disputa entre ato Grosso do Sul e São Paulo; ou entre Alagoas e Mato Grosso do Sul; ou entre o seu Mato Grosso, Senador José Medeiros, e o Mato Grosso do Sul. Nós estávamos disputando os investimentos pelo Brasil. Então, no momento oportuno, vamos nos pronunciar em relação à unificação das alíquotas, sem perder esse mote.

            Encerro, portanto, a minha fala, agradecendo o tempo que me foi dado, mas dizendo que efetivamente temos de combater a crise não só com ajustes fiscais, mas acreditando na classe empresarial,...

(Soa a campainha.)

            A SRª SIMONE TEBET (Bloco Maioria/PMDB - MS) - ... para que possamos continuar a desenvolver o nosso Brasil.

            Eu acredito no Brasil, acredito na grandeza desta terra, na fertilidade dos nossos rios, mas acredito, acima de tudo, na capacidade de superação do nosso povo, que é muito maior do que todos nós. O Brasil é maior do que todos nós, é maior do que qualquer governo. O Brasil tem condições de sair desta crise, e vai sair dela, com a ajuda do Senado Federal, do Congresso Nacional e, não tenho dúvida, da classe política deste País.

            Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2015 - Página 772