O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pronuncia seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros; Presidente do Conselho do Diploma José Ermírio de Moraes, Senador Douglas Cintra; Vice-Presidente do Conselho do Diploma José Ermírio de Moraes, Senador José Agripino; Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Humberto Martins; Ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro; Senador, no período de 1991 a 1999, Guilherme Palmeira; Prefeito de Aracaju, João Alves Filho; Prefeito de Maceió, Rui Palmeira; ex-Governador do Estado de Alagoas, Senador Teotônio Vilela.

            Saúdo também os agraciados com o prêmio José Ermírio de Moraes: Albano Franco; Carlos Alberto Sicupira; o nosso ex-Deputado Armando de Queiroz Monteiro Filho, representado aqui pelo seu neto Armando Bisneto; o Sr. Nevaldo Rocha, representado pelo seu filho Flávio Rocha; e Antônio Ermírio de Moraes, representado aqui pelo seu filho Rubens Ermírio de Moraes.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, a entrega do Diploma José Ermírio de Moraes, que ocorre nesta Casa desde 2010, é um momento muito simbólico para o Senado. É uma forma de o Parlamento manifestar o seu profundo reconhecimento a personalidades que ofereceram e oferecem ao Brasil uma contribuição relevante à economia nacional e ao desenvolvimento sustentável e inclusivo, por meio da sua atuação no setor industrial.

            Todos os agraciados no dia de hoje, sem dúvida, ofereceram contribuições significativas ao País, ao desenvolvimento da indústria, ao desenvolvimento econômico da sociedade brasileira, e é com muito orgulho que estamos homenageando nesta Casa um homem que encarna esse espírito incansável: Dr. Armando de Queiroz Monteiro Filho.

            É um pernambucano que, ao longo de décadas de luta no empreendedorismo, marcou de maneira indelével a história política e de desenvolvimento do nosso Estado e do nosso País.

            Ingressou na escola de engenharia na Universidade de Recife em 1945 e teve participação ativa na política universitária na luta contra o autoritarismo do Estado Novo.

            Foi nomeado, em 1951, Secretário Estadual de Viação e Obras Públicas, cargo que ocupou até 1954, quando, na condição de suplente, assumiu vaga aberta na Assembleia Legislativa de Pernambuco pelo PSD.

            Candidato à Câmara dos Deputados em outubro de 1954, foi o Deputado Federal mais votado do Estado, assumindo o mandato em 1955 e, em 1958, reelegendo-se Deputado Federal.

            Em seu segundo, mandato participou da elaboração do projeto que criou, em 1959, o Conselho de Desenvolvimento Econômico do Nordeste, base para a constituição, no final do mesmo ano, da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que tanto fez bem à nossa Região.

            Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, em 1961, Armando Monteiro Filho votou a favor da emenda constitucional que instituiu o parlamentarismo como fórmula conciliatória para garantir a ascensão do Vice-Presidente João Goulart à Presidência da República.

            No dia seguinte, o pecedista Tancredo Neves foi nomeado Primeiro-Ministro, e Armando Monteiro Filho, indicado para o Ministério da Agricultura. À frente da pasta, procurou reforçar as receitas para a área, por meio da criação do Fundo Federal Agropecuário.

            Interessado na questão da reforma agrária, apresentou um projeto enviado a este Congresso que visava conjugar a distribuição de terras aos trabalhadores rurais com a mecanização da lavoura e a formação de cooperativas.

            A fórmula para contornar o dispositivo constitucional que exigia a prévia indenização em dinheiro pelas terras desapropriadas era alterar o Imposto Territorial Rural, de modo a obter recursos para cumprir a lei. O projeto, contudo, não chegou a se tornar lei.

            Com a renúncia do Gabinete de Tancredo Neves, em 1962, deixou a pasta da Agricultura e reassumiu sua cadeira de Deputado Federal.

            Em outubro daquele ano, disputou o governo de Pernambuco pelo PSD, à época enfrentando Miguel Arraes, que naquela ocasião venceu a corrida para o Palácio do Campo das Princesas.

            Mas voltou à Câmara e lá apoiou a campanha de retorno ao presidencialismo, votando a favor da antecipação do plebiscito, aprovada em 1962, no mês de setembro.

            Realizada em 6 de janeiro de 1963, a consulta decidiu pela volta do presidencialismo. Ainda em janeiro, Armando Monteiro Filho encerrou seu mandato na Câmara Federal.

            Contrário ao golpe militar que destituiu João Goulart, em 31 de março de 1964, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro, partido de oposição ao regime ditatorial, sob cuja legenda concorreu a diversas eleições e sempre se manteve, mesmo na condição de um empresário de bastante influência no Nordeste e no Brasil, no campo da oposição, na oposição ao governo militar.

            Após o fim do bipartidarismo, em novembro de 1979, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), liderado por Leonel Brizola, que retornara pouco antes do exílio.

            Durante anos, acompanhou ativamente a política, longe de mandatos eletivos, enquanto trabalhava no conglomerado de empresas que montou em favor do desenvolvimento econômico de Pernambuco e do Brasil. Somente em outubro de 1994, voltou a disputar um cargo público, concorrendo a uma vaga de Senador, ao lado do ex-Governador Miguel Arraes.

            Sua carreira empresarial é marcada de êxitos e de investimentos em muitas áreas. Sua vida de trabalho começou aos 17 anos, quando se dedicou às atividades de uma das empresas comandadas por seu pai, Armando Monteiro, a Fiação e Tecelagem Ribeirão.

            Depois de casar com D. Maria do Carmo Magalhães de Queiroz Monteiro, filha do importante político pernambucano Agamenon Magalhães, com quem teve cinco filhos, entre eles o nosso colega Senador e atual Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, deu início à sua vida empresarial de fato, quando o pai o convocou para assumir o cargo de Diretor Comercial da Companhia Geral de Melhoramentos em Pernambuco, que na época tinha apenas a Usina Cucaú.

            Terminado o segundo mandato de Deputado Federal, voltou aos negócios da família: Usina Cucaú, Fiação e Tecelagem Ribeirão e Capri. Fez uma grande transformação na Fiação e Tecelagem Ribeirão, trocando velhos equipamentos por novas máquinas. A partir daí, com a colaboração dos seus irmãos, Múcio e Rômulo, e de seu cunhado Humberto Pontes, fundou e adquiriu várias empresas. Na década de 60, o grupo investiu no segmento de automóveis: Sael Veículos, Verde Mar Veículos, Sael Moto e Norasa.

            Na década de 70, adquiriu a Usina Laranjeiras e a Açucareira Altamira, na Bahia. Ainda nessa década, com a participação de seu irmão Rômulo, fundou o Banco Mercantil de Pernambuco e várias empresas a ele ligadas, como a Mercantil Empreendimentos e Participações, a Corretora Mercantil e a Mercantil Corretoras de Seguros. É também dessa época a aquisição da Noraço e da Five Lille, em Alagoas.

            Já na década de 80, junto com outro sócio, adquiriu a Destilaria Gameleira.

            Hoje, o ex-Ministro Armando Monteiro Filho é Presidente da AMF Empreendimentos e Participações S.A.; Diretor Presidente da Mercantil Empreendimentos e Participações S.A., da Noraço S.A. e da Fives Lille; e Presidente da Destilaria Gameleira S.A. e do Conselho de Administração da Editora Folha de Pernambuco, empresa proprietária da Folha de Pernambuco e da Rádio Folha, além de conselheiro do Instituto Cidadania.

            De forma que o Senado Federal presta hoje mais do que uma homenagem: um justo reconhecimento a um homem cuja história de vida se confunde com a própria história política e econômica do Brasil, especialmente do século XX.

            É com muita honra, Dr. Armando - que deve nos assistir -, que este Senado o condecora com esta comenda, na esperança de que o seu exemplo de luta, compromisso democrático e empreendedorismo inspire as novas gerações.

            Muito obrigado pela tolerância.

            Parabéns. (Palmas.)