O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco Apoio Governo/PT - BA. Sem revisão do orador.) - Eu quero tocar rapidamente, Paim, na questão do seu papel - acho que é importante isso - ao longo de todo esse processo, porque uma das coisas mais importantes na vida, principalmente de um Parlamentar, é coerência política e princípios. E você é uma figura que sempre aprendemos a respeitar.

            Nós tivemos a oportunidade de estar juntos ali, na Câmara Federal. Depois, você nos deixou lá na Câmara, mas fez aqui, no Senado, eu diria, a continuidade de um caminho brilhante. E eu tive a oportunidade, depois, de vir para cá, para segui-lo. Você saiu de lá, e eu vim atrás.

            Eu acho que, no dia de hoje, as pessoas falaram, levantaram coisas daqui, dali e dacolá. É óbvio que a culpa de quem foi ou de quem não foi pouco importa, mas há uma coisa que ficou muito importante ao longo do tempo inteiro desse debate: foi exatamente a sua persistência, a sua tenacidade, a sua resistência e, principalmente, a sua crença de que, mesmo derrotado, um dia, lá na frente, a gente iria transformar essa derrota de batalha numa vitória de uma guerra.

            Eu estou dizendo isso aqui de coração, por ter por você um carinho muito grande, não só de companheiro de Bancada, mas principalmente como um amigo que eu tive oportunidade de conhecer, para além das fileiras do Partido, na nossa convivência na Câmara. Você é uma pessoa que admiro bastante pela sua forma. Eu nunca presenciei, Paulo Paim, você mal-humorado, raivoso, alterado, xingando ninguém; pelo contrário, sempre ali na sua serena e tranquila batalha. E muita gente chegava até a dizer que o Paim era Parlamentar de uma nota só, porque batia numa tecla, mas foi o sujeito que, batendo em várias teclas, conseguiu transformar essas batidas numa boa composição, uma composição que levou à história do salário mínimo; que abriu a picada para várias soluções, inclusive, de diversos trabalhadores; que teve a capacidade de permitir, por exemplo, que esse tema estivesse sempre à tona. Foi o rapaz responsável aqui pela história da PEC Paralela da Previdência, quando nós todos sofremos. Lá na Câmara, você terminou encontrando um caminho para suavizar aquele processo. Depois disso, já contigo aqui, no Senado, a possibilidade de mudar as regras no que diz respeito à questão da correção do salário mínimo. Então, assim, é uma história de vida recheada de proposituras.

            Eu não vi, em nenhum momento, Paulo Paim... Nessa sua jornada, toda vez que você criticava uma medida ou qualquer posição de governo, isso era feito com consistência, com conteúdo e com proposta, sem adjetivos, mas com substantivos.

            Assim, é minha alegria dizer, usando a expressão que você, na tarde de hoje, da tribuna, tirou do fundo do coração: “Espero, em Deus, que não haja veto”. Mais do que bravata, durante esses últimos 15 dias em que tivemos oportunidade de verbalizar esse tema, nós não fizemos nenhuma ameaça ao Governo, se vetar ou não vetar ou coisa do gênero, mas acho que é essa fé que o conduziu a uma vitória expressiva no dia de hoje. É essa fé que, com certeza, vai nos colocar diante da possibilidade de, uma vez por todas, sepultar essa história do fator.

            Eu diria que você é um dos grandes exemplos e símbolo dessa luta, podendo transformar até, poderíamos dizer assim, esse velho limão que foi colocado - em certo momento, até ardeu bastante nos nossos olhos -, dele vamos extraindo, pelo menos, uma limonada.

            Essa é minha alegria de poder compartilhar com você dessas horas e dessa jornada.

            Valeu, Paim!