Discurso durante a 88ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Município de Caracaraí-RR pelo transcurso dos 60 anos de sua criação; e outros assuntos.

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Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem ao Município de Caracaraí-RR pelo transcurso dos 60 anos de sua criação; e outros assuntos.
ECONOMIA:
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SAUDE:
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POLITICA INTERNACIONAL:
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Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2015 - Página 78
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > ECONOMIA
Outros > SAUDE
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JUSTIÇA ELEITORAL, DEFESA, NECESSIDADE, INSTALAÇÃO, VOTO, PROCESSO ELETRONICO, ELEIÇÕES, CRITICA, ATUAÇÃO, SENADOR, MOTIVO, DESACATO, JUIZ, MUNICIPIO, MUCAJAI (RR), RORAIMA (RR), IMPRENSA, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, CARACARAI (RR), RORAIMA (RR), COMENTARIO, IMPORTANCIA, PESCA, ECONOMIA, CRITICA, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PESCA E AQUICULTURA (MPA), MOTIVO, AUSENCIA, VISITA.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, EXAME, MULHER, OBJETIVO, PREVENÇÃO, DOENÇA, CANCER.
  • COMENTARIO, OPINIÃO, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, ASSUNTO, OPOSIÇÃO, INTERNACIONALIZAÇÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM).

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, hoje, pela manhã, esta Casa fez uma sessão especial em homenagem ao TSE. E aqui estiveram presentes diversas autoridades: o Ministro Dias Toffoli, Presidente do TSE, vários desembargadores, promotores públicos, juízes. Fiz uma ressalva, saudando todas essas autoridades, em nome da juíza Patrícia Oliveira Reis.

            Nas eleições passadas, essa juíza foi humilhada, destratada, desrespeitada na sua atividade. Um político sem escrúpulo a abordou no Município de Mucajaí e ali tentou intimidá-la, constranger a juíza no exercício de sua função, para impedi-la de fazer prevalecer as resoluções, as normas estabelecidas pelos TRE e pelo TSE.

            Portanto, fiz uma saudação a todos os presentes na sessão em nome dessa juíza, que se manteve firme, embora pressionada, no seu propósito de fazer a lei prevalecer.

            Também colocamos aqui, Sr. Presidente, as nossas sugestões para aprimorar mais e mais os trabalhos executados pelos TREs e pelo TSE. Eu acho que, para o voto eletrônico dar mais segurança, mais transparência, ele tem que ser on-line. Votou, já está lá.

            Também sou contra, por exemplo, políticos sem escrúpulos que tentam influenciar a indicação dos juízes classistas. Portanto, devem ser de carreira.

            Também sugerimos aqui que os meios de comunicação têm que ser mais democratizados. O meu Estado é pequeno, e, ali, há alguns meios de comunicação dominados por grupos que não têm nenhuma responsabilidade e que acabam passando o dia inteiro rodando pesquisas, tentando influenciar o eleitor.

            Outro fator que nós colocamos também, com o qual há necessidade de se ter muito cuidado, é com essas pesquisas. Por exemplo, o Ibope, no meu Estado, não serve para nada! Eu nunca vi o Ibope acertar em nada lá. Errou para o Senador Augusto, errou para o Senador Mozarildo e, agora, com relação a mim, foi uma barbaridade: a pesquisa me colocava com 13%; as urnas abriram e foram 42%. Fui o mais votado na história de Roraima. Portanto, no meu Estado, o Ibope tenta votar pelas pessoas. É algo que merecia uma CPI, para botar na cadeia esses irresponsáveis que tentam induzir o eleitor a não errar o voto, porque muita gente não quer perder o voto e não vota em quem está ruim nas pesquisas.

            Fizemos essas colocações.

            Mas, senhores, Presidente, o que me traz hoje a este plenário também é saudar os amigos e amigas do Município de Caracaraí. Caracaraí inteirou 60 anos de criação, de 1955 a 2015. Foi criado pela Lei Federal nº 2.795, de 28 de maio de 1955, com terra desmembrada do Município de Boa Vista. Foi administrada por 22 prefeitos. É o terceiro Município do Estado de Roraima em população, com 19.981 habitantes.

            Caracaraí tem o forte da sua economia na pesca. Ali, há aproximadamente mil famílias que vivem da pesca artesanal, e eu lamento profundamente que o Ministro da Pesca tenha ido agora, recentemente, ao meu Estado e não tenha ido até o Município de Caracaraí, onde a pesca é tradicional, é um meio de vida e cujo Município tem história. Lamento que as pessoas que levaram o Ministro não tiveram o compromisso de levá-lo até Caracaraí, para ouvir aqueles pescadores, ouvir aquelas famílias - mil famílias - que vivem exclusivamente da pesca. Por isso que, às vezes, é ruim um ministro ir a um Estado tentar fazer política ou fazer um governo paralelo com pessoas que não têm compromisso com o Município ou com o Estado. Aí, acabam não levando o Ministério devidamente àquelas pessoas corretas.

            Fica aqui o meu repúdio a essa decisão de um Ministro da Pesca ter ido ao Estado de Roraima e não ter ido até Caracaraí ouvir os pescadores. Fica aí o meu protesto. Isso não pode acontecer, até porque quem levou o Ministro lá não foi quem apoiou a Dilma. Foi exatamente quem apoiou o Aécio. Eu não sei como o PSDB reclama tanto, porque o PT trabalha para o PSDB! No meu Estado é assim. No meu Estado, os órgãos federais são ocupados por um grupo que trabalhou para o PSDB. Então, não poderiam estar reclamando, não.

            Eu queria aproveitar, hoje, para falar de um assunto da área da saúde que está acontecendo no meu Estado e também no Brasil inteiro. Refiro-me às mamografias gratuitas. Atualmente, a lei contempla só as mulheres de 50 a 69 anos. Há uma nova lei que está vindo da Câmara e que estende esse direito também às mulheres de 40 a 50 anos. Isso é muito importante, porque, hoje, a Medicina já entendeu que as mulheres precisam passar por esse exame a partir dos 35 anos, não é nem dos 40 anos, para evitar o grande índice que há de câncer de mama e que pode ser evitado com uma mamografia gratuita.

            O meu Estado, hoje, está coberto só por cinco aparelhos desses, dois públicos e três privados, e eles não estão em estado adequado.

            Aqui, fazemos um apelo à Governadora, ao Secretário de Saúde do Estado, no sentido de que recuperem o mais rápido possível esses aparelhos. Eles são fundamentais para a saúde da mulher. Se se fizer um exame prévio, um exame com muita antecedência, pode-se evitar um tratamento mais agressivo, um tratamento pior.

            Fica aqui a nossa posição a respeito. Nós queríamos falar, a priori, dessas duas coisas.

            Também me chama a atenção um fato que acho importante abordar. O Senador Cristovam esteve em uma universidade nos Estados Unidos. Ali, um dos estudantes, um jovem americano, perguntou-lhe o que achava da internacionalização da Amazônia. Sr. Presidente, Senador Medeiros, que é da Região Amazônica, veja a resposta do Senador Cristovam, que achei importante trazer para esta tribuna, porque me disseram que ela não tomou o cunho necessário, não teve a divulgação necessária:

De fato, como brasileiro, eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

            Olha o que diz o Cristovam:

Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.

            Disse também o Cristovam:

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.

Não faz muito, um milionário japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

            E Cristovam diz mais:

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola.

            Cristovam vai mais longe, Presidente Medeiros. Diz:

Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.

Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!

            Essas foram as palavras do Senador Cristovam em uma universidade dos Estados Unidos, quando provocado por um aluno, jovem americano, querendo a internacionalização da Amazônia. Ele fez a proposta: internacionalizar Nova York, todos os equipamentos bélicos dos Estados Unidos, o petróleo do mundo inteiro, as crianças do mundo inteiro, o capital internacional, Londres, Paris, as grandes cidades do mundo inteiro.

            É muito fácil tentar internacionalizar o que não é deles. A Amazônia é dos brasileiros, e temos que defendê-la com unhas e dentes, com sangue se necessário. A Amazônia é nossa e nós sabemos cuidar do que é nosso. Os americanos têm que cuidar do que é deles, e cuidam muito mal. Nós sabemos cuidar da nossa Amazônia.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2015 - Página 78