Discurso durante a 94ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a homenagear o Sr. Luiz Henrique da Silveira, Senador da República, falecido no dia 10 de maio último, nos termos do Requerimento nº 499/2015.

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a homenagear o Sr. Luiz Henrique da Silveira, Senador da República, falecido no dia 10 de maio último, nos termos do Requerimento nº 499/2015.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2015 - Página 10
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO, POLITICA.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco Oposição/PSDB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, minha caríssima amiga Ivete e todos os familiares do nosso Senador Luiz Henrique; quero cumprimentar o Senador Jorge Bornhausen, aqui presente, o Governador Raimundo Colombo, o Prefeito de Joinville, Udo Döhler, a Ministra Izabella Teixeira, a ex-Ministra Ideli e todos aqueles que estão hoje conosco para homenagearmos a figura desse extraordinário político que foi o nosso Luiz Henrique da Silveira.

            Agradeço a gentileza do Presidente de ter me facultado o uso da palavra agora, porque estou presidindo a Comissão de Relações Exteriores e, além de ter perdido um amigo de mais de 30 anos, perdi também o Vice-Presidente da Comissão, de modo que devo voltar, logo em seguida, para continuar os trabalhos daquele Colegiado.

            É, para mim, uma enorme dificuldade, meus amigos, assumir a tribuna hoje. É uma tarefa muito difícil, porque, passados aqueles instantes do choque inicial da notícia, que me chegou por um telefonema do Senador José Agripino; passada a emoção do drama das cerimônias fúnebres, agora vai-se assentando, em cada um de nós, o sentimento da perda irreparável, uma perda sem remédio.

            Ao mesmo tempo, meus amigos, todos temos a obrigação de cultivar a memória de um homem bom, de um político exemplar. Essa memória continuará viva entre todos aqueles que o conheceram. Em todas as vezes que seus amigos se reunirem, surgirá a lembrança de Luiz Henrique, às vezes até de maneira inadvertida. A respeito de um livro que se está lendo, de uma música que se ouve, de uma história que se viveu com ele, surgirá a lembrança de Luiz Henrique. Essa é a lembrança que todos nós, seus amigos, cultivamos no calor da nossa amizade, que é imorredoura. Mas há também outra lembrança que é preciso cultivar, que é a lembrança da exemplaridade da sua vida pública.

            A dificuldade que tenho de falar, meus amigos, é porque não estou falando apenas de um grande vulto da política brasileira, mas de um amigo queridíssimo, um amigo cuja generosidade me beneficiou ao longo de muitos e muitos anos, um amigo que abriu meus caminhos quando cheguei à Câmara dos Deputados, um amigo que foi meu companheiro no MDB e cuja amizade abarcou também a amizade da minha mulher e o convívio com sua família.

            É um vulto da história do Brasil! Luiz Henrique foi um grande lutador pela democracia. Luiz Henrique presidiu o MDB, foi Líder da nossa Bancada. Luiz Henrique tinha a firmeza de suas convicções e, ao mesmo tempo, uma enorme capacidade de encontrar convergências para abrir o caminho das soluções não apenas possíveis - eu diria -, mas também das soluções necessárias para os grandes problemas que enfrentou ao longo de sua vida.

            Um dos últimos desafios que Luiz Henrique enfrentou, Ministra Izabella, foi ao lado de Jorge Viana na condução da tramitação do projeto do Código Florestal aqui, na nossa Casa.

            Luiz Henrique foi um Prefeito que sempre manteve a sua Joinville no centro das suas preocupações. Era um homem universal. Como bem lembrou Jorge Viana, Luiz Henrique tinha uma extraordinária cultura - cultura jurídica, cultura histórica, cultura romanesca, cultura cinematográfica, cultura musical. Quando Luiz Henrique ocupava a tribuna, para tratar dos temas mais áridos, ele sempre encontrava a oportunidade de encaixar ali uma citação poética, a citação de um personagem da História brasileira ou da História universal. Era um leitor voraz. Mas nunca deixou de se referir ao exemplo da sua cidade - cidade empreendedora, cidade progressista, e cujo progresso e empreendedorismo ele incrementou como Prefeito, em todos os campos, inclusive nessa joia fantástica que ele nos deixou, que é a Escola do Teatro Bolshoi.

            Luiz Henrique foi um grande Governador. Ele se orgulhava do seu trabalho; não apenas das obras físicas, dos serviços que criou, mas da gestão. Ele tinha muito orgulho da descentralização, da gestão descentralizada que ele considerava um dos pilares da sua ideologia - para usar essa palavra tão desgastada -, da ideologia do seu PMDB.

            Meus amigos, Luiz Henrique era apaixonado pela História; por isso, apaixonado pela política: a política é a História se fazendo. A política é a deliberação humana, a deliberação de romper a ordem natural das coisas, de romper as rotinas, de começar coisas novas, de fundar e de aprofundar os fundamentos da cidadania. Por isso, Luiz Henrique jamais sossegou - jamais! Sempre em busca de coisas novas, sempre em busca de soluções inovadoras, nunca se conformando com a rotina. Ele morreu assim. E nos deixa essa saudade enorme e essa lição imorredoura. Ele ficará para sempre entre nós.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2015 - Página 10