Discurso durante a 94ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a homenagear o Sr. Luiz Henrique da Silveira, Senador da República, falecido no dia 10 de maio último, nos termos do Requerimento nº 499/2015.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a homenagear o Sr. Luiz Henrique da Silveira, Senador da República, falecido no dia 10 de maio último, nos termos do Requerimento nº 499/2015.
Publicação
Publicação no DSF de 12/06/2015 - Página 36
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO, POLITICA.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio ao Governo/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Senhoras e Senhores Senadores, quando a política perde alguns de seus mais sagrados nomes, de seus faróis, de suas luzes, de seus mirantes, de seus mangrulhos.

            O peito, de todos nós, que vivemos neste universo, que respiramos este ar dói, arde, queima, transborda como que um vulcão que explode; que chora: que perde o rumo. Ainda mais quando esses nomes não passaram despercebidos nas nossas vidas. Entraram nas nossas vidas Eram amigos.

            Perdemos o senador de Santa Catarina, do Brasil, Luiz Henrique da Silveira - um alto quilate da política brasileira - no dia 10 de maio, no Dia das Mães.

            Quando eu recebi a noticia da viagem do amigo Luiz Henrique, eu estava sorvendo um chimarrão, aqui em Brasília. Quieto no meu canto. Apegado a mim mesmo. Aos meus pensamentos. Acarinhando os meus olhos mal dormidos. Construindo ideias e traçando rumos, sonhos, pois sem isso, o que seria das nossas vidas. O que seria de nossos dias.

            Conheci o amigo Luiz Henrique durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Ele fazendo a sua parte, lutando por um Brasil Nação, por melhores dias para os brasileiros.

            Atuou nas comissões de Organização dos Poderes e Sistema de Governo e na de Trabalho e Legislação Social.

            Ali na Constituinte eu percebi que estava diante de um grande homem. Passei a admirá-lo mais ainda aqui no Senado. O político, o Senador, o brasileiro, o colega, o amigo, o pai, o esposo, o avô.

            Assim era Luiz Henrique...

            Ele foi imprescindível na proposta de renegociação das dívidas dos estados e municípios. Foi o relator. Um belíssimo trabalho que as futuras gerações ainda iram aplaudir.

            O Senador Luiz Henrique era um extraordinário homem público, democrata e humanista.

            Um brasileiro apaixonado pelo que fazia. A sua marca e o seu atavismo eram notados por todos nós. Estavam lá: nas pequenas coisas cotidianas aos acalorados embates no Congresso Nacional.

            Um líder nato que compreendia que a força do diálogo é base da boa política. O Brasil chora a sua morte.

            Na noite do seu passamento, o céu de Brasília estava diferente. O céu do Brasil estava mais iluminado Uma grande estrela chegará ao céu. Chorei de tristeza. Chorei de alegria por ter conhecido Luiz Henrique.

            Foi quando me lembrei de uma canção que ele gostava muito. E que faz parte de um DVD que ele me deu de presente.

            "Vai tua vida. Teu caminho é de paz e amor» A tua vida. É uma linda canção de amor. Abre os teus braços e canta. A última esperança. A esperança divina. De amar em paz. Existiria a verdade. Verdade que ninguém vê. Se todos fossem no mundo iguais a você".

            Senador Luiz Henrique da Silveira... Se todos fossem iguais a você.

            Assim falam as antigas escrituras. “Uma geração vai, e outra geração vem. Porém a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar donde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo seus círculos".

            Quero que esses ventos nos tragam outros Luiz Henrique.

            Os homens do Sul amam uma cavalgada, seus pingos, muitos estão nas pradarias do céu, nas invernadas, tropeando.

            Estão nos galpões campeiros se aquecendo junto a um fogo de chão. Estão cantando, proseando, quem sabe, refletindo sobre o momento atual do Brasil, junto a Getúlio Vargas, João Goulart, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Leonel Brizola, Floriceno Paixão, Marcos Freire, Mario Covas, Cristina Tavares, Ruth Cardoso, Florestan Fernandes, Plínio Arruda Sampaio, João Hermasin, Paulo Brossard, Rodolpho Tourinho, e tantos outros.

            Estão lá em roda de chimarrão. Estendendo as mãos em fraterna comunhão. São homens que já lapidaram a pedra bruta e, em vida ofereceram as suas vidas para o bem do Brasil.

            Assim foi Luiz Henrique...

            A eternidade a esses homens pertence. Eles são sujeitos da história. Cada um do seu jeito. Vida longa aos ideais de Luiz Henrique da Silveira.

            Nós que continuamos aqui temos esses exemplos Tudo depende de nós. Nós brasileiros, temos direito a boa luta, ao bom combate, a seguir os passos largos dos nossos avós, a encontrar a teimosia da nossa meninice

            Temos direito ao vento na cara, a lua e ao sol, temos direito de pisar na areia e abraçar o azul do mar.

            Temos direito de cantar e dançar, acariciar a eternidade.

            Assim era Luiz Henrique...

            Temos direito de fazer novos planos na velhice, como aquele primeiro beijo, como a imensidão do primeiro amor.

            Temos que acreditar na vida, nas pessoas, buscar a realização dos nossos sonhos Eles são tão apegados a nós.

            Assim era Luiz Henrique...

            Triste daqueles que não sonham Que são pássaros cativos, que só olham o horizonte dos relógios.

            Felizes aqueles que buscam mudar a realidade, que sabem que a rosa dos ventos está na palma das mãos.

            Assim era Luiz Henrique...

            Os seus ideais, as suas causas, as suas palavras trazidas pelos ventos do sul estão agora a nortear nossas vidas.

            Vida longa aos ventos que nos mantêm próximos a ele. Ao inesquecível Luiz Henrique da Silveira. Assim era e sempre será Luiz Henrique da Silveira.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/06/2015 - Página 36