Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à forma como foi conduzida a Parada Gay em São Paulo.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO:
  • Críticas à forma como foi conduzida a Parada Gay em São Paulo.
Aparteantes
Ana Amélia, Gladson Cameli, Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2015 - Página 179
Assunto
Outros > RELIGIÃO
Indexação
  • CRITICA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, LESBICAS GAYS TRAVESTIS TRANSSEXUAIS E TRANSGENEROS (LGBT), LOCAL, SÃO PAULO (SP), MOTIVO, DESRESPEITO, SIMBOLO, RELIGIÃO, CRISTÃO, ATENTADO AO PUDOR, DESAPROVAÇÃO, PATROCINIO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF).

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jorge Viana, Srs. Senadores, Senadoras, telespectadores, telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, hoje eu venho a esta tribuna para a gente falar da transparência da coisa pública, mas não poderia me calar e confesso que estou estarrecido com o que eu vi, ouvi e os jornais estamparam sobre a Parada Gay em São Paulo. Eu entendo, Senador Raupp, que para você ser respeitado, você tem que respeitar; para você querer exigir uma norma, você tem que respeitar a norma. E ali eu vi um verdadeiro exagero em procedimentos.

            Eu acho que algumas ações nessa marcha ultrapassaram, e de longe, não só a lei do homem, a lei brasileira, como a lei de Deus, a lei divina. O que eu vi ali foi uma afronta. O que eu vi ali foi um grupo que se autodiscrimina - ele se autodiscrimina!

            Agrediram, sobretudo, a fé da maioria absoluta do povo brasileiro. O povo cristão - os evangélicos, os católicos e aqueles que acreditam em Deus, assim como eu -, com certeza absoluta, ficou estarrecido com aquelas atitudes ali apresentadas. As pessoas usaram símbolos, entre eles a cruz, como tapa-sexo; usaram a cruz, como instrumento de prazer. Olha, isso é ultrapassar todos os limites da tolerância - é ultrapassar todos os limites da tolerância!

            A ordem jurídica deste País, a ordem moral foi violentamente agredida por alguns atos naquele movimento. Então, quero aqui manifestar o meu protesto. Não aceito isso. Não comungo.

            Acho que querer lutar pelos seus direitos é justo. Agora, tudo tem limite. O limite não é ultrapassar nem desrespeitar as famílias, a crença do povo brasileiro, ofendendo da forma agressiva como se portaram naquela marcha.

            É preciso que as autoridades constituídas tomem providências, Senadora Ana Amélia, providências seriíssimas, para que isso não volte mais a acontecer. Ali houve atentado ao pudor; houve atentado a uma crença.

            Eu nasci dentro de uma igreja; eu sempre frequentei as igrejas, católica, evangélica. Aquilo ali, para mim, foi, sem nenhuma dúvida, um estado de anarquia - um estado de anarquia! Acho que desrespeitaram as normas brasileiras, as famílias brasileiras, a crença, e acho que esse não é caminho - não é o caminho!

            Então, é preciso que se respeite a maioria. Não é possível que uma minoria tente implantar a desordem, a desorganização, o estado de desrespeito absoluto.

            Senadora Ana Amélia com a palavra.

            A Srª Ana Amélia (Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador Telmário, a manifestação de V. Exª, imagino, passa pela maioria dos corações e mentes dos brasileiros e brasileiras que, como o senhor e como eu, viram essas imagens, as imagens da intolerância e do desrespeito de um grupo que quer ter o reconhecimento dos direitos da sociedade à liberdade de gênero. E nós aqui estamos trabalhando para que isso aconteça. Agora, para que se tenha o respeito a essa demanda legítima, não se pode usar de uma agressão, de um ato, eu diria, de violenta demonstração de intolerância até religiosa, porque a cruz e Cristo são imagens que estão diretamente relacionadas com a crença de católicos e cristãos, que vêem na figura de Jesus Cristo a figura de um salvador e de um líder que conduziu a humanidade para o caminho do bem, da paz e da justiça. O que aconteceu em São Paulo foi exatamente o descrédito de um grupo radical que conseguiu, com esse gesto, não apenas uma demonstração de intolerância e desrespeito, mas, sobretudo, digamos, a falta de apoio a essa causa, que é uma causa legítima, a causa do gênero ou a causa dos gays, dos homossexuais. Então, penso que V. Exª aborda a questão com serenidade, chamando à responsabilidade as autoridades pelo que houve de agressão a um símbolo que é respeitado em todo o mundo. Imagino o Papa Francisco, com toda a sua humildade, olhando essas fotos, o que há de pensar, e outros líderes religiosos, de outras religiões, que ecumenicamente respeitam a imagem de Cristo na cruz. Então, foi uma violação da fé, uma violação de uma imagem sagrada, não apenas para os católicos. Temos a obrigação, para sermos respeitados, de respeitar o direito à liberdade religiosa dos outros. Pareceu-me muito, quando essas imagens apareceram, aquilo que estamos condenando, que é o exército islamita matando cristãos - matando! -, degolando cristãos, executando cristãos apenas, porque são cristãos. Cumprimento o Senador Telmário Mota.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Obrigado, Senadora Ana Amélia.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - V. Exª me concede um aparte, Senador?

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Concedo para o Senador Magno, mas incorporo a fala de V. Exª, Senadora Ana Amélia.

            Concedo o aparte ao Senador Magno.

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Parabéns, Senador Telmário, eu estava vendo V. Exª pela televisão. Ontem, eu estive neste plenário e fiz um longo discurso. Eu precisava me pronunciar, como V. Exª, repudiando essa indignidade, essa leviandade, esse insulto, esse desrespeito à fé de uma nação majoritariamente cristã. Sou evangélico, não temos imagens. Senador Telmário, a imagem é algo caro para os católicos, é algo caro para os católicos a imagem. Amamos Cristo. Senador Telmário, se não fosse Cristo ter-me redimido das drogas, eu não estaria aqui. A minha avó conheceu Jesus e, quando ela conheceu Jesus, minha mãe e meu tio, Pastor Manuel Nascimento, certamente, escreveu uma história nossa para frente. O Senhor da vida e Senhor da morte, a Bíblia diz que estava no princípio, e nada do que foi feito, foi feito sem Ele. Essa ofensa, Senador, a todos nós. Aqui, a Senadora Ana Amélia fala com propriedade e faz uma pergunta que fiz ontem: a quem eles queriam colocar do lado deles? Qual era a intenção de conquistar o que e quem? Era sensibilizar o Parlamento? Por isso, eu gostaria de ver todos os Senadores na tribuna como V. Exª, porque, aqui, não há um Senador que chegou nesta Casa sem voto de cristão. Quero ver aqueles Senadores que fazem discurso nas Comissões, defendendo a causa GLBT, e que respeitamos, o homem tem livre-arbítrio, Deus deu. Quem sou eu, quem é V. Exª para tirar? Cada um segue o seu caminho, defendendo os que fizeram sua opção sexual, aqueles que defendem identidade de gênero no currículo escolar, eu gostaria de vê-los agora, na tribuna, dizendo: “Olha, eles passaram do limite; fiquei decepcionado, porque minha mãe é católica, também sou.” E alguns defendem e dizem até que são, mas atacaram a imagem. Eu dizia ontem: “Cristo não precisa nem de mim, nem do senhor, para defendê-lo.” Não precisa, mas a indignação de nós, que somos cristãos, é uma coisa tão séria. E eu estava vendo lá na televisão o seu rosto, o seu olhar, um misto de tristeza com indignação de V. Exª. E parabéns, porque ninguém suporta, Senador Cameli, ninguém suporta, Senador Humberto Costa...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Veja essa imagem: um enfiando o crucifixo no ânus do outro, no meio da rua, na frente de crianças. Uma crucificada aqui, e eles iam e beijavam na boca. E aqui os outros seminus e no tapume do órgão genital, um crucifixo. Enquanto eles quebram as imagens de Nossa Senhora, Senadora Ana Amélia, quem eles estavam querendo conquistar? O meu voto aqui? O seu? Para que eles criem um império homossexual neste País, onde eles podem tudo e ninguém pode nada? Ora, chega de passar do limite e ninguém nada fazer, ninguém nada falar! Quando V. Exª começou o seu pronunciamento, de lá eu vi V. Exª levantando o papel por duas vezes, essas imagens estão na sua mão, e V. Exª pode levantar. E aqui, Senador Cameli, no trio, o patrocínio da Caixa Econômica e da Petrobras. Da combalida Petrobras e da Caixa. Ontem, Senador Humberto, eu fiz um ofício, e estou citando o Senador Cameli e o Senador Humberto, que estão no plenário, porque sei, Senador Humberto, Senador Cameli, todos chegaram aqui com voto de cristão do Pernambuco, voto de cristão do Acre, e nós não podemos deixar esse povo sem uma reposta nossa. Vão dizer: “Na hora do voto vieram aqui; na hora em que a família é atacada, em que a minha fé é atacada, eles se calam.” V. Exª está de parabéns. Isso é ridículo. E ontem eu fiz, Senador Jorge Viana, um ofício que foi protocolado nesta Mesa, pedindo à Petrobras e a Caixa que informe os valores gastos, Senador Raupp, com essa indignidade contra a família católica lá do seu Estado, do seu Acre, contra a família cristã. E falo do meu segmento, Senador Jorge, porque sei quantos evangélicos estiveram na sua administração que hoje estão na administração de Tião Viana e como eles tratam vocês no Acre. Eu gostaria de ver os radicais da defesa de tudo isso, das Comissões, aqui em plenário dizendo: “Eles exageraram!” Ou dizendo: “Não, eles fizeram muito bem, foi bonito, palmas para eles!” Senador Telmário, desculpe ter feito esse aparte tão longo, mas V. Exª vem para a tribuna de forma corajosa. Tenha certeza de que o orgulho do povo cristão do seu Estado é muito grande com relação a sua manifestação. E a mim também, se eu pudesse fazer um hashtag com as mãos, V. Exª me representa. Muito obrigado.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Obrigado, Senador Magno. Incorporo ao meu discurso a fala de V. Exª, com toda a propriedade.

            V. Exª, sem nenhuma dúvida, vem enfrentando essa causa há muito tempo. E V. Exª tem toda razão quando cobra da Petrobras e da Caixa uma explicação.

            Eu quero ver a Caixa, antes de passar, Senador ...

(Interrupção do som.)

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Eu quero ver a Caixa, eu quero ver a Petrobras patrocinando a marcha para Jesus, porque ali o povo está se confraternizando, ali o povo está se integrando, ali o povo está se pacificando, ali o povo está se encontrando com o nosso Deus, em que nós acreditamos.

            Agora, aqui, isso é uma marcha comandada...

            Eu aprendi desde cedo que o que é ruim... Isso aqui, com certeza, é extremamente agressivo. Eu não consigo compreender tamanha agressão, tamanho desrespeito, essa afronta à religião de um povo absolutamente majoritário, que é o povo brasileiro. Foi uma blasfêmia.

            Senador Cameli.

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - Senador Telmário, é muito oportuna esta sua fala, e eu não poderia deixar de dar a minha opinião...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Gladson Cameli (Bloco Apoio Governo/PP - AC) - ... em favor das famílias brasileiras, das famílias de todos os cristãos. Realmente, são gestos obscenos, e temos que respeitar o nosso superior, que é o nosso Pai, Deus, e realmente pararmos com a demagogia. Todos querem o seu direito, mas respeitem o direito de todos. O Brasil é de todos. Então, a forma como fizeram esses gestos, nós não podemos ficar calados; temos que, sim, repudiar esse tipo de manifestação. Então, quero associar-me a V. Exª em seu discurso e parabenizá-lo pela tão importante fala que V. Exª está fazendo para a Nação brasileira. Eu faço parte de suas palavras. Muito obrigado.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Obrigado, Senador.

            Concluo, Sr. Presidente, deixando aqui o meu protesto e fazendo um apelo às autoridades, ao Governo de São Paulo, ao Governo Federal. Esses movimentos tão desrespeitosos, que ferem a lei brasileira, que ferem a lei espiritual, que machucam as famílias, que ofendem a fé; têm que ser tomadas as devidas providências. Isso é marginalidade. Isso não se pode aceitar dentro de uma sociedade civilizada. Não se conquistam direitos ferindo os dos demais. É preciso respeitar os limites.

            Nasci dentro das igrejas. Desde criança, frequento as igrejas. E acredito num Deus, sim. Acredito muito! Imagine o filho de uma empregada doméstica chegar a ser Senador da República, sem nem sequer um braço político, sem nem sequer um braço empresarial...

(Soa a campainha.)

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - ... sem nem sequer poder econômico...

            O Sr. Magno Malta (Bloco União e Força/PR - ES) - Só a graça de Deus.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR) - Pela graça de Deus, pela força de Deus. E era ali, era ali que eu buscava as minhas energias, era ali que eu me fortalecia e é ali que me fortaleço.

            Portanto, eu me senti extremamente agredido, como a família brasileira se sentiu. Exigimos providência.

            Meu muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2015 - Página 179