Comunicação inadiável durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre reunião realizada hoje pela Comissão Especial para o Aprimoramento do Pacto Federativo; e outro assunto.

Autor
Marta Suplicy (S/Partido - Sem Partido/SP)
Nome completo: Marta Teresa Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Considerações sobre reunião realizada hoje pela Comissão Especial para o Aprimoramento do Pacto Federativo; e outro assunto.
GOVERNO FEDERAL:
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2015 - Página 195
Assuntos
Outros > ECONOMIA
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, COMISSÃO, ASSUNTO, FINANÇAS, ESTADOS, MUNICIPIOS, ENFASE, REVISÃO, PACTO FEDERATIVO, COMENTARIO, PROPOSIÇÃO, GOVERNADOR, SÃO PAULO (SP), ALTERAÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), CRIAÇÃO, FUNDOS, COMPENSAÇÃO, REDUÇÃO, INDEXAÇÃO, PRECATORIO, PERCENTAGEM, DEPOSITO, BANCOS, CRITICA, AUSENCIA, REPASSE, HOSPITAL, DINHEIRO, AGENCIA NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR (ANS), MINISTERIO DA SAUDE (MS), DESONERAÇÃO TRIBUTARIA, RECEITA, ENTE FEDERADO, COBRANÇA, PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMONIO DO SERVIDOR PUBLICO (PIS-PASEP).
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, CRISE, ECONOMIA, CONTESTAÇÃO, ALEGAÇÕES, ARTIGO DE IMPRENSA, CULPA, JOAQUIM LEVY, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ENTENDIMENTO, RESPONSABILIDADE, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GUIDO MANTEGA, EX MINISTRO, ALOIZIO MERCADANTE, CHEFE, CASA CIVIL.

            A SRª MARTA SUPLICY (S/Partido - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Eu gostaria de debater dois temas da Comissão que trata das finanças dos Municípios e dos Estados. Hoje tivemos reunião tanto das finanças municipais como das finanças do Estado.

            Quanto às finanças do Estado, essa Comissão que está debatendo a revisão do Pacto Federativo teve a presença do Governador do Estado de São Paulo e propôs alguns itens que deveriam constar dessa revisão. Os itens são extremamente importantes, na minha avaliação, não só para São Paulo, mas para toda a Nação.

            O primeiro foi a reforma do ICMS, que devemos finalmente encarar, de forma a resolver essa questão predatória. Temos de ter uma alíquota pensada num contexto mais amplo. Sabemos que o Estado de São Paulo é o Estado que mais produz, então é o Estado que terá mais perda. Por isso mesmo, o Governador enfatizou a necessidade da criação de um fundo compensatório, que vai compensar São Paulo, mas vai compensar outros Estados também, Senador Amorim.

            A outra questão que foi colocada como importante é a do pagamento de precatórios. Aqui eu fui relatora das dívidas dos Estados e Municípios, do indexador, para diminuir esse indexador que coloca uma situação nos Estados e Municípios que realmente não permite investimento, e essa dívida já foi paga um zilhão de vezes. Parece prédio de apartamento da Cohab, que a pessoa fica pagando, pagando, pagando, e cada vez ela tem um montante mais alto do que quando começou a pagar. Então, esse desindexador vai aliviar a dívida de várias cidades - a cidade de São Paulo, principalmente, que é uma das grandes devedoras.

            É muito interessante que, quando fui fazer essa relatoria, aceitei uma emenda do Senador José Serra que é relacionada aos depósitos judiciais. Todos os Estados e Municípios têm questionamentos na Justiça, e os depósitos desses questionamentos são colocados em bancos que trabalham esse recurso. Mas os Estados e Municípios... Esses depósitos ficam lá, mas, se o Estado ou o Município ganhar, sei lá quantos anos depois, ele deixou de usar aquele recurso.

            Então, essa proposta do Senador de São Paulo é interessante porque vai permitir que uma porcentagem... Só 30% vão ficar no banco, e o restante vai para o Estado ou para o Município, que vai poder usar para pagar precatório, uma parte.

            Por que é importante? Porque a situação dos precatórios é um desastre no dia de hoje. Não há condições de pagar. Só para vocês terem uma ideia, a cidade de São Paulo deve 16 bilhões de precatórios. Não há hipótese de se pagar isso. Fica o prefeito tentando fugir para não ser preso por causa disso.

            É algo que temos que pensar como situação insolúvel. Quando é insolúvel, saiu da medida, temos que pensar em algo realista que possa facilitar a resolver a questão. A apropriação pelos Estados e Municípios dos depósitos judiciários é essa solução. Inclusive, nós sabemos que, nessa proposta, parte desse dinheiro, dos 70% que irão para o Estado ou o Município, obrigatoriamente irá para pagamento de precatório. Não é tudo, mas é uma parte.

            Outro aspecto que o Governo de São Paulo colocou, que achei muito bom, é o financiamento de saúde. Na primeira reunião, todos os governadores do Brasil estiveram presentes aqui, a convite do Senador Renan Calheiros, para exporem os problemas que tinham. Eles achavam...

(Soa a campainha.)

            A SRª MARTA SUPLICY (S/Partido - SP) - ... que a União poderia agilizar a resolução de alguns problemas que são simples, mas ficam aqui rodando, e ninguém os soluciona.

            Então, nós fizemos um levantamento, a partir da orientação dos governadores e de prefeitos, de quais áreas seriam mais importantes. A partir desse levantamento, o financiamento da saúde foi uma das questões levantadas. O Governador de São Paulo também expôs esse problema, e eu até me apressei na época e fiz a lei propondo que, quando uma pessoa é atendida num hospital público e tem seguro de saúde, o hospital público cobre do seguro de saúde dessa pessoa.

            O que acontece? O Ministério da Saúde, hoje, deveria receber esse dinheiro através da ANS. Só que o Ministério da Saúde e a ANS não cobram. Não há fiscalização, e eles não recebem esse dinheiro. Então, nós temos 37% só desse dinheiro que foi cobrado.

            O meu projeto de lei propõe que o Estado ou o Município, dependendo do hospital, se é municipal ou federal, cobre e já fique com o recurso, porque afinal o hospital é dele, então é justo que vá para ele, porque os hospitais realmente estão com muita dificuldade orçamentária. E seria muito mais ágil e correto também, de certa forma, que essa cobrança fosse feita.

            E a última questão sobre esse assunto que eu queria falar é a desoneração de receitas estaduais, porque o PIS/Pasep continua sendo cobrado nos Estados, mas não é aplicado onde deveria ser, que é para o trabalhador. Então, esta também foi uma sugestão do Senador Serra de que fosse extinto. Acho corretíssimo isso e acho que nós vamos votar.

            Então, Senador Jorge Viana, Senador Amorim, eu acredito que, realmente, a proposta do Presidente Renan Calheiros, de votarmos questões que vão afetar... Nós estamos aqui conversando com o ex-Governador, eu fui Prefeita de São Paulo, e há muita coisa que podemos fazer, aqui no Legislativo, que vai ajudar. Depois que conseguirmos alinhavar quais os melhores projetos e que tenham mais consenso, vamos fazer um mutirão aqui, nesta Casa, e votar tudo. Acho que nós vamos dar um salto e agilizar mais essa questão financeira.

            A outra parte do meu discurso é uma parte mais política, pois eu tenho visto nos jornais um discurso muito ridículo. É um discurso ridículo que diz que o Ministro Levy não pode ser transformado em Judas. E outro discurso, também ridículo...

(Soa a campainha.)

            A SRª MARTA SUPLICY (S/Partido - SP) - ... que diz que, na verdade, ele é um Cristo. Quer dizer, ele vai de Judas a Cristo.

            Mas o que eu quero dizer é que a Chefe de Governo é a Presidenta Dilma, e quem executou pedaladas fiscais que desarranjaram as contas públicas foi o então Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O Ministro Chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante, chegou até muito próximo - está na Casa Civil agora, do lado da Presidenta há algum tempo - e é um dos artífices de tudo que aconteceu.

            E eu acho que nós temos que registrar esta memória: quem desarticulou tudo não foi o Ministro Levy, que agora vira Judas; quem fez toda essa desarticulação - antes que esta história seja reescrita e o outro acabe de Judas - foi esse trio que eu mencionei, que levou o País à recessão e o está levando ao desemprego, como há tempos não tínhamos. Há maquiagem de dados oficiais, e, para falar a verdade, despistam, ficam despistando de como é a situação real do País.

            O inevitável estouro das contas públicas não foi obra do Espírito Santo e nem de Judas...

(Soa a campainha.)

            A SRª MARTA SUPLICY (S/Partido - SP) - ... mas de pessoas de carne e osso.

            Entretanto, a mensagem que se quer passar a partir do Palácio do Planalto é a de que eles são expectadores; que têm que proteger o Levy para não virar Judas ou falar que, no fundo, ele está fazendo uma coisa tão boa que vai virar Cristo.

            Ora, a iniciativa de transferir toda a responsabilidade para o Ministro da Fazenda Levy tem por base a mesma desonestidade intelectual que nós estamos vivendo desde o período da eleição. Colocar agora o Levy - que jamais fez parte desse trio que levou o País à situação em que está - no poste de Judas ou na cruz de Cristo, sucessiva e alternadamente, é praticar uma clássica manobra diversionista.

            O Ministro - frise-se - não tem a mínima culpa pelo pecado original do Governo. Ele apenas atendeu a um convite - ora, diga-se de passagem - recalcitrante da Presidenta Dilma, que levou...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARTA SUPLICY (S/Partido - SP) - ... semanas a fio, até entender a importância de contar com um economista do gabarito dele, para consertar os malfeitos cometidos pela própria Presidente e seus áulicos, sobre a economia brasileira, para tirar o País do rumo econômico irresponsável em que foi lançado.

            Levy não merece comparação a um traidor, nem a um mártir. Ele é apenas um homem realizando uma das tarefas mais complexas da economia global: reposicionar a oitava economia do mundo na direção da responsabilidade.

            Obrigada, Presidente, pelo tempo extra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2015 - Página 195